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TEOLOGIA
KEYLLA FERNANDA ALMEIDA CORRÊA
A LIBERDADE RELIGIOSA
SOROCABA
2019
KEYLLA FERNANDA ALMEIDA CORRÊA
A LIBERDADE RELIGIOSA
Sorocaba
2019
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................3
2 DESENVOLVIMENTO............................................................................................5
3 CONCLUSÃO.......................................................................................................10
REFERÊNCIAS...........................................................................................................12
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1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
Foram oito guerras civis que perduraram por quase quarenta anos e que
envolveram diversos conflitos e facções muitas vezes distantes de
interesses fundamentalmente religiosos. As disputas acerca da hegemonia
religiosa se mesclaram aos interesses particulares e levaram a divisões
profundas entre a população francesa. Católicos em oposição a
protestantes, católicos entre si e protestantes entre si. As guerras civis, ora
iniciadas pelo partido dos protestantes, ora pelo partido dos católicos
intransigentes, eram interrompidas pelos éditos de pacificação da Coroa,
que próxima de partidários politiques, procurava estabelecer a tolerância
civil. (GOULART, 2011).
Pierre Bayle considerava que tolerar não era um mal menor, não era
produzir paz civil, nem era um instrumento da política. Tolerar era um
princípio, uma condição moral, deduzida epistemologicamente a partir da
incapacidade do entendimento humano de conhecer a verdade,
especialmente em matéria religiosa. A tolerância de religião ou tolerância
religiosa, para Bayle, é um conceito distinto do de tolerância civil, e significa
a aceitação simples, não provisória e não restritiva, de todas as religiões.
Esse tipo de tolerância não pode ser um instrumento, porque é uma
determinação do espírito, que não podendo ser coagido, também não
poderia coagir ninguém. (GOULART, 2011).
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Ou seja, a tolerância não deve ser encarada como uma prática limitada à
construção da ordem e da convivência, mas necessita ser compreendida como um
elo individual de crescimento e compreensão da própria consciencia religiosa. Como
cita Goulart (2011), “a valorização da moral justificava-se pelo reconhecimento de
que a religião cristã consiste, em sua essência, na pureza da vida; e não nos
debates sobre a veracidade e exatidão das doutrinas [...]”.
Ao trazermos os motivadores históricos citados para nossa realidade,
percebemos que a intolerância mantém a mesmas origens, baseadas no
desconhecimento e na prática religiosa equivocada. A afirmação pode ser
desenvolvida ao estudarmos mais profundamente os casos de intolerância religiosa
registrados nos últimos anos.
De acordo com a antropóloga da Universidade de Brasília, Lia Zanotta, em
entrevista ao Correio Brasiliense, “as religiões que tendem a ser mais discriminadas
e enfrentam maior intolerância são as de matriz africana”. Números apresentados
pelo Relatório de Intolerância Religiosa no Brasil, de 2016, disponibilizado pela
CEAP (Centro de Articulação de Populações Marginalizadas) corroboram com a fala
de Zanotta. Apesar de haver casos que atingem todas as religiões presentes em
território nacional, tal qual o cristianismo, judaísmo, islamismo, dentre outras, as
religiões de matriz africana, em 2015, foram vítimas de 71% dos casos de
intolerância, sendo os agressores, na maioria das vezes, vizinhos ou desconhecidos
que moram nas proximidades dos terreiros atacados. Ademais, é importante apontar
o fato de que os alvos dos ataques normalmente são os próprios centros de
umbanda e candomblé, assim como suas figuras e acessórios de celebração.
Tais informações fazem sentindo se analizarmos os aspectos anteriormente
propostos. O medo gerado pelo desconhecimento das fés atacadas pode ser
considerado o principal motivador dos atos de intolerância. Assim, a crença do
agressor por vezes invade até mesmo o panteão divino do alvo, atribuindo
características diabólicas a imagens e divindades que não possuem polaridades
maniqueístas em sua própria fé, ou seja, o mau é construído pela visão do agressor,
destilando ameaças e ódio não à figura adorada pelo outro, mas a uma ideia criada
dentro de seu próprio código de crenças.
Porém, o problema que assola as religiões de matriz africana no Brasil possui,
também, aspectos relacionados à manutenção da hegemonia religiosa, além de
características racistas.
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Diz Silveira (2006) que ao longo do período colonial, antes que os escravos
fossem trazidos para o Brasil, estes já eram batizados no porto de partida, ainda no
continente africano. Assim sendo, eram forçadamente submetidos a uma nova
religião e código de dogmas, sem a possibilidade de escolha. Além disso, qualquer
prática de sua religião de origem que fosse identificada em solo nacional era
reprimida e tida como uma prática diabólica:
3 CONCLUSÃO
dentro do limite da legalidade jurídica, toda prática só deve ser pensada dentro dos
aspectos morais de sua prórpia crendice, sem ser inundada por códigos morais de
fés distoantes.
Por fim, devemos compreender que os ataques discriminatórios são, a priori,
crimes passíveis de punição e, portanto, devem ser tratados como tal. Maior
investigação contra atos intolerantes e punições severas para aqueles que foram
julgados culpados por crimes de intolerância devem ser tomadas como medidas
governamentais para combater e desmotivar tais ações, conjuntamente com
medidas de conscientização popular por parte do poder público e líderes religiosos.
A partir dessas ações, espera-se promover o respeito, a liberdade e a melhor
convivência entre as crenças e religiões.
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REFERÊNCIAS
SILVA, G. V. A relação estado/igreja no império romano (séc. III e IV). In: SILVA, G.
V.; MENDES, N. M. Repensando o império romano: perspectiva socioeconômica,
política e cultural. Rio de Janeiro: Mauad, 2006, p. 241-266.