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Disciplina: História Moderna II

Professora Dr.a Beatriz Polidori Zechlinski


Aluno: Henrique Marins

PROVA DE RECUPERAÇÃO

Respostas

1. O surgimento da Reforma religiosa se deu na medida das necessidades da sociedade


europeia daquela época. A reforma protestante foi um movimento em resposta à Igreja
Católica que não enxergava o ser humano e a sua capacidade individual de se conectar
com Deus, sendo responsável por aterrorizar fiéis e gerar neles os sentimentos de culpa,
angústia e medo. A Europa dos séculos XIV e XV havia passado por diferentes origens de
sofrimento, como a Peste Negra e a Guerra dos Cem Anos; pairava no ar o clima de morte.
Muito se falava sobre esse assunto, sendo a morte um medo coletivo e incessante devido
às punições prometidas a todos (até por coisas muito simples) para o pós-vida. Os católicos
se sentiam constantemente julgados e punidos por Deus, pois durante muito tempo a
experiência popular com a religião foi pautada em: medo de morrer e nas más experiências
com o clero; esses que, além de aterrorizarem os fiéis em um momento que as emoções
populares se encontravam inseguras, também cometiam todos os pecados mundanos com
naturalidade e vendiam a salvação para quem pudesse pagar. O protestantismo trouxe em
suas principais doutrinas a libertação individual do ser humano dentro da religião,
oferecendo uma opção de conexão longe dos grandes dogmas e apegos católicos, tirando a
responsabilidade religiosa de padres ou bispos, e concentrando ela toda na fé e salvação
pessoal, posicionando o texto bíblico como detentor da única palavra infalível. Já que foi
evidente a profanação do sacerdócio, esse fator humano foi tirado de cena para que os fiéis
pudessem se apoiar em uma autoridade infalível, que ia além das palavras dos homens.
Isso ajudou muito com o sentimento de solidão que se fazia presente nos fiéis perante à
Deus, e criou um espaço importante aberto para a independência na conexão divina, por
meio da reza no ambiente de preferência e do culto individual.

2. A eclosão da Revolução Inglesa se deu por meio de uma série de conflitos internos e
mudanças políticas na Inglaterra. Em resposta à concentração de poder na nobreza e ao
sistema de monarquia absolutista, os burgueses, classe que estava em ascensão
econômica na época devido ao crescente desenvolvimento do comércio marítimo, da
indústria têxtil e da agricultura comercial, foram responsáveis por movimentar essas
mudanças políticas e sociais que, além de serem mais condizentes com o pensamento
moderno, permitiriam maior acúmulo financeiro para essa classe de comerciantes que
buscava a expansão do mercado e dos possíveis consumidores. A Monarquia Inglesa havia
cometido erros fundamentais em seus processos administrativos, não atingindo autonomia
financeira por meio dos impostos, fracassando em estabelecer um exército permanente e
não fortalecendo a burocracia interna com funcionários públicos administrativos. A Guerra
Civil Inglesa se deu quando o monarca inglês quis aumentar os impostos sem prévia
autorização do Parlamento, abrindo um conflito entre o Rei Carlos I e o Parlamento, liderado
por Oliver Cromwell. A derrota da monarquia caiu direto para uma ditadura autoritária
conhecida como a República de Cromwell, que focou em internamente retirar os obstáculos
institucionais que dificultavam o livre desenvolvimento do capitalismo. Cromwell governou
por 9 anos, e logo veio a Restauração, que marca a derrota do Absolutismo na Inglaterra,
um passo otimista, ainda que muito longe de um governo democrático.
Nesse processo complexo de reestruturação de poderes, a Inglaterra saiu com uma religião
moderna e um sistema político adaptado, o que os deu muitas vantagens comerciais ao
redor do mundo, e os posicionou como referência comercial e pioneiros no comércio
internacional de grande escala

3. O Iluminismo se desenvolveu fortemente nos ambientes intelectuais europeus do século


XVIII, tendo em sua base a valorização da razão, em contraposição ao absolutismo
monárquico. Era exercitado por esses intelectuais o senso crítico e a discussão de ideias
questionadoras. Buscava-se o homem ideal para frequentar esses espaços, que seria o
homem de letras, estudado com muita carga literária e pronto para pensar por si próprio,
discutir e gerar novas ideias. Esse movimento foi muito importante para a liberdade de
pensamento moderna,e trouxe com ele algumas análises do indivíduo que fundamentam,
por exemplo, os direitos humanos que vemos hoje. Percebeu-se algumas liberdades
fundamentais que todo ser humano merece ao nascer, como: o respeito, a igualdade, a
liberdade em si e a busca pela felicidade. Pensou-se muito também sobre a natureza
humana, analisando os diferentes níveis de racionalidade que poderiam implicar na
execução de atividades que em primeiro momento pareciam apenas instinto animal.
Aplicando isso aos sentimentos, e propondo um filtro constante às emoções, para que
nunca se perca a razão.
A abordagem da autora Mary Wollstonecraft elabora ao redor do conhecimento discutido
pelo movimento iluminista e trabalha em muitos pontos fundamentais da sociedade
moderna, ressaltando falhas no pensamento disseminado que muitas vezes se mostra
egoísta e patriarcal (reflexo de uma sociedade historicamente excludente). Ela aponta que
autores como Rousseau, cometeram erros de raciocínio influenciados pelo ambiente
moderno, que era machista, preconceituoso e muito difícil de ser quebrado. E assim, esses
autores não deixaram de reproduzir em seus textos a visão de família onde prevalecem as
relações de poder e domínio dos homens sobre as mulheres. Mary prova racionalmente que
o movimento iluminista não permitiu a participação de grupos sociais capazes e
importantes. Os autores, por meio de lógicas rasas e em constante contradição,
fortaleceram e reafirmaram irracionalmente sua posição social injusta, o que constata uma
grande inconsistência em relação aos ideais fundamentais do movimento.

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