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haviam sido expressas nas entrelinhas. “Era preciso, ademais, assinalar sua importância para o
momento histórico atual”. (p.8).
O Socialismo Utópico, livro publicado pela primeira vez em 1947, resultado de textos
escritos por Martins Buber entre a primeira e a segunda guerra mundial. Nasce com o nome de
“Caminhos da Utopia”, mas na tradução que estudamos recebemos o nome de “O socialismo
utópico”. Os títulos dão pistas da intenção do autor de expor as teorias a que Max e os
marxistas denominaram de “socialismo utópico” e, particularmente seu postulado de uma
renovação da sociedade. A obra traz reflexão sobre o socialismo baseada em sua antropologia
filosófica.
Buber, faz parte de um grupo de intelectuais que foram influenciados pelo anarquismo,
o anarcossindicalismo ou uma interpretação romântica e libertária do marxismo. Siqueira
(2009) ao analisar a obra “Romantismo e messianismo” de Lövy , conclui que que a nostalgia
das sociedades pré-capitalistas são tipos ideais que podem se combinar e se articular de
diferentes maneiras na obra de cada autor que optou pela recusa de todos os nacionalismos e
por uma utopia romântica anticapitalista internacionalista na qual as desigualdades sociais e
nacionais seriam radicalmente abolidas.
Segundo Schaefer (2020) desencantamento com o que considerava o intelectualismo
vazio do pensamento moderno levou Buber a deixar a ilusão da multiplicidade e das restrições
de tempo e espaço, buscou nas tradições místicas a liberdade e passa a experimentar "a
unidade do eu com o mundo".
De acordo com Buber (2007), a obra de Saint-Simon e Fourier desde de o início do
século XIX anunciam a crise da humanidade e a harmonia universal. Neste sentido, a
finalidade do chamado “socialismo utópico” é substituir o Estado por uma sociedade autentica
na qual se faz necessário as seguintes condições: ela não pode constituir-se de um agregado de
indivíduos que não estejam estreitamente vinculados entre si, compor-se de pequenas
sociedades comunitárias e das federações dessas mesmas sociedades e tanto as relações entre
os membros dessa sociedades , como as das sociedades e federações entre si devem ser
determinadas, pelo princípio societário e pelo de vinculação íntima , colaboração e auxilio
mútuo .
Dascal e Zimmerrmann (1987), os conceitos de “Comunidade” (Gemeinschaft), como
aos seus fins (Gemeinde, Bund, Zusammenleben etc.) e aos seus antagônicos (Gessellschaff –
sociedade; massa; Estado; etc.) foram “pedras-angulares do pensamento social e político de
Buber” (p.13).
O caminho da utopia apresentado por Buber, é plural, traçado pelo passo dos próprios
viajantes, indivíduos os grupos humanos que à medida em que, titubeando, eles avançam
( Löwy, 2009).
Os doze capítulos que compõe o livro expõem como ações, práticas e teorias de
“pensadores ativos, agrupados nessa disposição em função da geração a que – pertencem” p.
27. Influenciaram na construção ou reconstrução de novo modelo de Sociedade ou Estado.
O primeiro capítulo do livro é a explicação de como foi cunhado o conceito de
socialismo utópico “o termo utópico foi o último e o mais afiado dardo desfechado nessa
luta na qual as teorias a que Marx e os marxistas denominaram de “socialismo utópico” .
“Inicialmente, Marx e Engels davam o nome de utopistas àqueles cujas
idéias precederam o desenvolvimento decisivo da indústria, do
proletariado e da luta de classes, os quais não poderiam, por isso, levar
estes fatores em consideração. Posteriormente, este conceito foi
aplicado indistintamente a todos aqueles que, segundo Marx e Engels,
não queriam ou não podiam ou não podiam nem queriam levar em
conta esses fatores. Desde então, a denominação “utopista” passou a ser
a arma mais poderosa da luta do marxismo contra o socialismo não-
marxista” (p. 14).