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As condições sociais, políticas e religiosas na Inglaterra no

começo do século XVIII

Introdução

Olá querido, como vai?

Quero convidar você a


fazermos juntos, uma
abordagem descritiva,
quanto à situação contextual
da Inglaterra do século
XVIII.

Isso será fundamental para entendermos como o metodismo nasceu, se


desenvolveu e realizou sua missão em meio à revolução social, religião e política da
época.

Seguramente não podemos descrever a história de um movimento tão importante


quanto o metodismo, sem levar em consideração os fatos em que ele surgiu.
Sabemos que eventos e fenômenos vão acontecendo sempre mediados por
variáveis sociais, culturais, políticas, econômicas e outros fatores. Por isso a
necessidade de conhecê-lo.

É com essa perspectiva em mente que esta lição se propõe, ou seja, descrever,
ainda que resumidamente, como as condições sócio/políticas e religiosas da
Inglaterra no século XVIII foram afetadas, pelo avivamento metodista, ou se esse
movimento foi influenciado pelo seu contexto.

Então, que seja produtivo em seus estudos, boa aula!

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1. A Inglaterra no século XVIII

Para pesquisarmos sobre uma história, evidentemente temos que levar em


consideração o seu contexto, pois as pessoas envolvidas nessa história estão
sempre envoltas no tempo e espaço em que os fatos se desenrolaram. Também é
interessante saber que o ser humano interfere e é influenciado no meio em que vive.
Não se pode escrever sobre um fato histórico sem levar em consideração o contexto
em que ele se situa.

Para isso vamos analisar pelo menos três aspectos: o social, político e religioso.

1. Aspectos sociais.

O século XVIII é conhecido como o Século das Luzes, esta indicação é devido aos
grandes avanços conquistados neste período pela chegada do Iluminismo. O século
XVIII, foi demasiadamente influenciado por esta corrente filosófica, que
consequentemente trouxe um conceito de religião natural, com cortes racionalistas.

Do mesmo modo, nas águas do


pensamento iluminista, a Igreja
Anglicana se deixava levar por
mandos de conceitos deístas, que
despertou uma crítica ao
cristianismo tradicional e os
diversos relatos de milagres na
Bíblia, exatamente por não
concordarem quanto à imanência
de Deus. Uma das consequências da expansão do iluminismo no fim do século XVII
foi o desenvolvimento do racionalismo na religião.

Com o Iluminismo, veio também a Revolução Industrial, na qual trouxe um


desenvolvimento tecnológico nunca antes experimentado pelo povo inglês. Neste
período a economia e a indústria estavam se desenvolvendo, substituindo as
ferramentas manuais pelas máquinas e a energia humana pela energia motriz.

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Foram várias as invenções ocorridas durante o século XVIII que levaram a Inglaterra
de uma economia agrícola familiar, a uma economia de mercado industrial. Nesse
período, a Inglaterra tornou-se uma grande potência, ela se tornou o centro do
comércio mundial.

Com todas essas mudanças na economia, a consequência imediata foi que, houve
uma crescente necessidade de matéria prima. Isso implicou também numa
mudança na estrutura agrária inglesa. A produção de alimentos deu lugar à
produção de matéria prima para a indústria. Também houve necessidade de
combustível para alimentar as indústrias, principalmente carvão mineral.

Além disso, os grandes latifundiários transformaram suas fazendas em grandes


produtoras de lã, para abastecer o comércio de exportação de tecido. Os
fazendeiros começaram a ocupar as terras cedidas aos agricultores para integrá-las
às suas fazendas e transformá-las em fazendas de lã, utilizando menos mão de
obra levando a expulsão de grande número de camponeses de suas terras para as
cidades, causando pobreza e desemprego em massa, onde muitos destes
passaram a vaguear pela cidade procurando onde ficar.

É esse cenário que o historiador Christopher Hill, apresenta a realidade social na


Inglaterra, do século XVIII. Ele assim diz:

“(...) por baixo da aparente estabilidade da Inglaterra rural, dos vastos e


plácidos campos abertos que cativam o olhar, havia portanto a fermentação
e mobilização dos invasores de florestas, dos artesãos e pedreiros
itinerantes, de desempregados de ambos os sexos em busca de trabalho,
de atores, menestréis e
Jograis ambulantes, bufarinheiros e charlatões, ciganos, vagabundos,
vadios, concentrando-se principalmente em Londres e nas grandes
cidades.” (HILL, Christopher. O mundo de ponta-cabeça. São Paulo:
Companhia Duas Cidades, 1991)

Ainda entre os outros problemas sérios na sociedade inglesa, está a imoralidade e a


corrupção entre o alto escalão do governo; o vício de jogos de azar havia se tornado

incontrolável; o alcoolismo era um problema de saúde pública; a recreação era


bárbara em geral; o roubo de todo tipo era comum, etc.

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1. Aspectos políticos.

Quanto à situação política da Inglaterra, no século XVIII, era de certa forma tranquila
se compararmos ao século anterior, quando houve guerra civil e o rei Carlos I foi
destituído e morto em 9 de fevereiro de 1649. Contudo, o sistema político inglês
caminhou para uma política de clientela, que consistia em manipulação de favores e
ameaças. Dependendo do réu, se este era mais ou menos abastado, os favores
consistiam em salvar da cadeia ou condená-lo à força.

No que se diz respeito à situação política/partidária, havia dois partidos políticos: o


Tory, de orientação mais conservadora, e o Whig, mais favorável a reformas e ao
progresso, também com fortes preocupações sociais.

O fato é que a Inglaterra do século XVIII, politicamente era relativamente mais


tolerante, em relação ao século anterior, embora, os nervos de muitos estavam
abalados pela difícil situação econômica/social.

Esta fermentação social, não passou impune. Houve manifestações sociais que
ficaram conhecidas como “turbas”, ou seja, movimentos de protesto social, onde o
conflito subjacente dos pobres contra os ricos era claramente visível.

2. Aspectos religiosos.

Se as condições sociais e políticas da Inglaterra no século XVIII não eram boas, a


mesma coisa pode se dizer a respeito das condições religiosas.

A Igreja, nessa época, perdeu a sua visão de missão cristã, ficou paralisada em sua
vida íntima, ou seja, não estava nas ruas como sal e luz, mas fechada em si e
preocupada em manter seu “status cor”. Não há dúvida que o Deísmo colaborou
para prejudicar ainda mais a Igreja, entretanto, ela por si, não tinha saúde espiritual,
e muito menos firmeza teológica suficiente para repelir as forças contrárias.

Esta falta de visão e paralisia na missão evangélica da igreja, são os elementos que
caracterizavam a condição da igreja, consequentemente todo povo inglês sofreu
dessa letargia religiosa.

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Considerando o estado em que a igreja tinha caído, não é de se admirar que o povo
ficasse indiferente ao poder do Evangelho.

Apesar de tudo isso, e para não dizer que não havia nenhuma preocupação em
trazer alimento espiritual saudável para o povo, houve iniciativas positivas que
procuraram preencher o vazio espiritual do povo Inglês. Essas iniciativas ficaram
conhecidas como “as sociedades”. Estas adquiriram grande importância para a
Inglaterra. Eram compostas, especialmente, por participantes da Igreja oficial
Anglicana.

O historiador metodista Richard Heitzenrater, diz que estas sociedades religiosas


foram iniciadas por Anthony Horneck, na década de 1670, eram formadas de
pequenos grupos de leigos, que representavam uma fusão quase espontânea de
moralismo, devoção e zelo. Além de se preocuparem com a espiritualidade do povo,
também promoviam algumas causas de caridade, combatendo a pobreza e o
analfabetismo.

Depois surgiram outros grupos, como a “Sociedade para a Reforma de Costumes


(SPKC)”. Esta sociedade procurou atacar o que considerou a raiz do problema: a
ignorância.

Mais tarde John Wesley viria a usar as bases desta forma de cultivar a piedade,
para estabelecer as chamadas “sociedades metodistas”, a qual exerceu importante
papel na construção da unidade do movimento metodista.

Conclusão

Como vimos nessa rápida descrição acima, o metodismo surge em meio a diversas
manifestações sociais, políticas e religiosas. O fato é que muito do que o metodismo
praticou foi incorporado ou adaptado por Wesley, como, por exemplo, as
Sociedades. Os próprios antepassados de João Wesley foram influenciados pelas
Sociedades Religiosas especialmente pela SPCK (Sociedade para a Propagação do
Evangelho)

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Os metodistas, posteriormente, deram grande ênfase à educação dos pobres, apoio
aos presos, evangelização, ênfase na santidade, etc. Isto seguramente fruto da
inconformidade de seu contexto negativo da época.

Quando o metodismo iniciou seus trabalhos, as tendências no pensamento e na


vida religiosa na Inglaterra eram bastante preocupantes, porém, apesar de todo
sentimento contrário, o metodismo que serviu de base para o surgimento de
sentimentos de esperança e avivamento espiritual em seu tempo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUYERS, Paul Eugene. História do Metodismo. São Paulo: Imprensa Metodista,


1945.

HEITZENRATER, Richard P. Wesley e povo chamado Metodista. Tradução Cleide


Zerlotti Wolf. São Bernardo do Campo/São Paulo: Editeo, 2006.

LELIÈVRE, Mateo. João Wesley: Sua Vida e Obra. São Paulo: Editora Vida, 1997

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