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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE DIREITO

DISCIPLINA DE HISTÓRIA DO DIREITO

PROFª: SANDRA DO CARMO RESMINI

TURMA 2023 – DIURNO

CRISTIAN CEZAR BOZ

ÉRICA MARANGONI

MILENA APARECIDA VARGAS

THAYNÁ MARQUES ALVES

ERECHIM 27 DE JUNHO DE 2023.

MODERNIDADE
A modernidade é o fruto da construção do pensamento humano em relação
aos fatos que se desenrolam no decorrer da História. A Idade Moderna começou com a
conquista de Constantinopla e o fim do Império Bizantino pelos otomanos em 1453 e
se encerrou com a tomada de Bastilha em 1789 evento que inaugurou a Revolução
Francesa.

O Império Bizantino que perdurou 11 séculos, foi resultado da divisão do


Império Romano, a capital Constantinopla (atualmente é a cidade de Istambul) foi
palco de conflitos extremos entre islâmicos e cristãos, mas que teve fim com a tomada
dos muçulmanos, os bizantinos foram conquistados em 1453 pelo Império Otomano.
Foi no Império Bizantino que também se originaram as Cruzadas, série de guerras
entre cristãos e muçulmanos ocorridas no período de 1095 e 1291. Essas guerras
político-religiosas ocorreram no período da Idade Média e se estenderam até a Idade
Moderna, datando do século XII até XVIII, iniciou-se na Alemanha, França e Itália e se
expandiu para Portugal, com intuito de buscar o arrependimento daqueles
considerados hereges para a Igreja condenar as práticas contrárias ao cristianismo. A
Igreja Católica ganhou milhares de seguidores na Idade Média, foi criada uma
Instituição que possuía autonomia para investigar, julgar e condenar pessoas
consideradas hereges, a Inquisição foi uma ferramenta de controle utilizada para se
desfazer de todos considerados inimigos, tem origens no Direito Romano aonde a
Igreja utilizou o Tribunal do Santo Ofício instituído pelo Papa Gregório IX em 1233, com
emprego da tortura seus principais métodos eram: tortura d’água: o réu é imobilizado
de barriga para cima em uma mesa e é forçado a beber vários litros de água por um
funil; potro: o acusado é posto em uma cama ou esteira e seus membros são
amarrados com cordas, nas quais uma haste fixada é usada como torniquete para
pressionar e causar dor; roda: o suspeito é amarrado em uma roda posicionada sobre
um braseiro ou várias farpas cortantes; pêndulo: o incriminado é preso pelas
extremidades de seu corpo, suspenso alguns metros e largado bruscamente; polé: a
vítima é amarrada pelas extremidades de seu corpo, o qual é esticado até romper os
ligamentos. No decorrer de todos esses acontecimentos e a revolta contra Igreja
Católica pelo abuso de poder e torturas, posteriormente surge o Luteranismo liderado
por Martinho Lutero que apresentou as 95 teses contra os abusos da Igreja Católica e
acreditavam que as pessoas alcançam o caminho da salvação mediante a fé e o seu
comportamento voltado para boas ações, o Calvinismo interpretado por João Calvino,
pregava a Doutrina da Predestinação, o que significa que o caminho de cada pessoa já
está traçado por Deus, e o Anglicanismo propulsionado pelo rei Henrique VIII motivado
pela vontade de se separar de Catarina de Aragão e casar-se novamente para conceder
um herdeiro ao trono, pois todos os filhos que tiveram morreram e a única
sobrevivente foi uma mulher que não poderia herdar o trono, portanto não
reconheciam a autoridade papal. Todos esses movimentos lutavam contra os preceitos
da Igreja Católica, que empregava condolências, punições severas e explorava os fiéis.

Dentre 1453 e 1789 diversos eventos ocorreram, a Idade Moderna também é


considerada o período de mudança da forma de produção feudal que era
caracterizado pelo emprego da técnica de rotação de culturas para o modo de
produção capitalista baseado no sistema econômico que visa ao lucro e à acumulação
das riquezas e está baseado na propriedade privada dos meios de produção, essa
transição se deu pelas práticas econômicas do mercantilismo conjunto de práticas
econômicas que tinha como objetivo garantir o enriquecimento do Estado por meio do
acúmulo de riquezas, essas transições fomentaram a mundialização do comércio
europeu, tendo relação direta com o colonialismo que se estabeleceu quando os
europeus chegaram à América em 1492 através das Grandes Navegações. A expedição
que originou a chegada dos europeus à América foi liderada por Cristóvão Colombo
motivada pelos interesses econômicos da época, pois com a tomada de Constantinopla
pelos otomanos em 1453 os europeus enfrentavam dificuldades de acessar o comercio
oriental, que continha especiarias extremamente valorizadas, por essa razão com o
decorrer do tempo os espanhóis e após os portugueses chegaram e estabeleceram-se
na América para exploração movidos pela necessidade de novo acesso ao comercio, o
que resultou no Tratado de Tordesilhas assinado em 1494 estabelecendo o território
português e o território espanhol, foi o evento mais importante concernente as
grandes navegações da época da Idade Moderna.

Com o desenvolvimento econômico e as grandes navegações, a ascensão da


ciência e o acúmulo de capital permitiram transformações na indústria da Inglaterra, o
mercantilismo, local que reuniu as condições para a Revolução Industrial em 1760 que
posteriormente propiciou mudanças nas formas e técnicas de trabalho resultando no
capitalismo. A Revolução Industrial propiciou transformações econômicas que se
iniciou na Inglaterra no século XVIII, levou à substituição das ferramentas pelas
máquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo de produção doméstico
(ou artesanal) pelo sistema fabril. Com o desenvolvimento do comercio internacional
nos séculos XVI e XVII os burgueses detiveram um aumento de riquezas o que motivou
contradições por escritores como Karl Marx e Friedrich Engels, mas apesar de opiniões
contrárias foi notório o aumento da produção e lucros quando se empregava máquinas
em grande escala e o quanto isso contribuía com a economia.

Após o decurso de tempo até a Revolução Francesa em 1789 derivada da


tomada de Bastilha, resultado da manifestação popular pela insatisfação quanto ao
Regime Antigo baseado na Monarquia Absolutista, a França se enfraquece pela revolta
popular principalmente pela influência das ideias iluministas e pela divisão de classes
vigente no período, que caracterizava três classes, o primeiro estado era o clero, o
segundo estado era a nobreza, e o terceiro estado era o povo incluindo a burguesia,
entretanto apenas o primeiro e o segundo estado possuíam benefícios como isenção
de impostos e doação de terras, entretanto o povo sustentava a luxuria e a aristocracia
francesa com impostos exorbitantes. O aumento de impostos se originou com o
envolvimento da França com a Independência dos Estados Unidos, o que trouxe
períodos de crise, e a Monarquia Francesa passou a explorar cada vez mais a
população que perecia de fome, situações agravadas pelo inverno e períodos de más
colheitas. Após a Revolução Francesa paradigmas relacionados a Igreja Católica foram
rompidos, as organizações tradicionais que marcaram o período medieval e o
pensamento crítico baseado apenas na religião foram abalados, nascendo uma nova
alternativa de pensamento e ideais desvinculados dos ordenamentos teológicos,
introduzindo o pensamento moderno a partir dos sentidos, da razão, e da ciência
como forma autônoma de conhecer o mundo. Com a Revolução Francesa surge o
importante movimento que delimitou diversos preceitos e se tornou a principal
atribuição da modernidade, o Iluminismo que fragilizou a monarquia vigente no século
XVIII, transformando a França fortalecendo as ideias igualitários e racionais, o
pressuposto de igualdade (nenhum homem acima de outro inclusive o rei), considera-
se o primeiro movimento democrático das Américas. A Revolução Industrial fortaleceu
a Burguesia que posteriormente se revoltou contra a Monarquia, pois a Burguesia
detinha o poder econômico da França, mas não o poder político, por essa razão
defendia o Liberalismo, também pleiteando o fim da isenção de impostos apenas para
o primeiro e o segundo estado, como consequência a família real foi destituída e
exilada, a aristocracia e o clero perderam os privilégios e os camponeses puderam
deixar o campo, e em 1799 após dez anos no início da Revolução Francesa, os
burgueses se aliaram a Napoleão Bonaparte para recuperar a estabilidade da França
que estava fragilizada, uma vez pacificada, a França entre num período de expansão,
com as Guerras Napoleônicas, as quais pretendiam espalhar os ideais da Revolução
Francesa pelo continente europeu, "liberdade, igualdade, fraternidade". O movimento
da modernidade se fortalecia com intuito de denunciar e combater suas formas de
dominação que se escondem sob o manto de um progresso que só chega para alguns,
mas nunca para todos. A passagem da Idade Moderna para a Idade Contemporânea se
deu quando o Iluminismo passou do discurso intelectual e se tornou ação política. A
Revolução Francesa foi a revolução burguesa e liberal por essência e marcou o início
do fim do absolutismo e do Antigo Regime em toda a Europa.

Com o aumento do pensamento crítico e racional derivado das diversas


mudanças ocorridas podemos destacar dentre todos os instigadores das mudanças, o
filósofo e político italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527), que introduziu preceitos
morais e éticos para a política em sua obra póstuma “O Príncipe” publicada em 1532.
Jean Bodin (1530-1596) filósofo e jurista francês criou a “teoria do direito divino dos
reis” sua obra “A República”, destacando que o poder político estava concentrado
numa só figura que representa a imagem de Deus na Terra, baseada nos preceitos da
monarquia. Galileu Galilei (1564-1642) “Pai da Física e da Ciência Moderna”, foi um
astrônomo, físico e matemático italiano, que corroborou com descobertas cientificas.

Um dos primordiais e principais filósofos do período moderno é René Descartes


(1596-1650) que introduziu o pensamento moderno, a obra de maior destaque
“Discurso do Método” apresentou o método cartesiano abordando o caminho para
obter o conhecimento científico: a evidência, a análise, a síntese e a enumeração,
período em que se caracteriza pela realidade social, cultural e econômica. René
Descartes inspirou a base de construção do pensamento moderno, o pensamento
racional e o método cartesiano propostos, despertaram o início da era moderna,
mudanças motivadas pelos diversos conflitos bélicos e ideológicos que a Europa
passava na época, principalmente as guerras napoleônicas que estimulavam a acirrada
disputa armamentista que exigiu a produção de bens materiais elevados e de potencial
superior. Thomas Hobbes (1588-1679) foi um filósofo e teórico inglês buscou analisar
as causas e propriedades das coisas, deixando de lado a metafísica Sua obra mais
emblemática é um tratado político denominado de “Leviatã” de 1651, mencionando a
teoria do “contrato social”. Immanuel Kant (1724-1804), foi um filósofo alemão
influenciado pelo iluminismo, propôs “exame crítico da razão”. Em sua obra “Crítica da
razão pura” (1781) apresenta o conhecimento empírico (a posteriori) e o
conhecimento puro (a priori).

O sociólogo, jurista e economista Max Weber (1864 – 1920), classificou esse


momento de transformação como “desencantamento do mundo”, núcleo religioso
desvinculando-se da realidade atual. Os Estados como conhecemos hoje foram
embasados na lógica de exclusão e inclusão, e a busca pela ordem corroborou para
segregação estamental na forma que conhecemos atualmente os países, mas essa
separação fortaleceu-se durante o século 20 e a Primeira e a Segunda Guerra Mundial
se seguiram, as guerras foram catastróficas, a corrida armamentista desenvolveu
tecnologias, inclusive as armas e tecnologia de poder nuclear.

Há indícios da modernidade na Reforma Protestante do século XVI como vimos


anteriormente, e também no Renascimento no século XVII que propiciou o
desenvolvimento cultural, artístico, científico, político e mudança do pensamento no
mundo europeu, e no Iluminismo no século XVIII elevando a razão ao patamar de novo
critério orientador da sociedade embora sua ascensão derive principalmente no
Iluminismo com maior intensidade, foram fatores determinantes para revoluções
ocorridas na época destacam-se a contestação do poder da Igreja Católica e a Reforma
Religiosa. Essas transformações culturais levaram a Revolução Francesa e a Revolução
Industrial, estreando um acelerado movimento de urbanização. O conceito de
Modernidade está associado as transformações das instituições políticas, econômicas,
produto das revoluções, a razão, a tecnologia, a ciência, o Estado eficiente e um
capitalismo produtivo, receberam críticas e desencantos interpretados por sociólogos
clássicos, como Karl Marx. Émile Durkheim remetia à ausência de regras o que
produzia instabilidade e falta de integração social.

O desenvolvimento intelectual foi um marco para esse período, movidos pelo


iluminismo as universidades originarias da Idade Média sofreram sua influência, o
modelo de pesquisa se estabelece entre 1800 e 1900 com base no modelo alemão se
espalhando pela Europa e chegando ao Estados Unidos. Em 1876 surge a Americana
Universidade de Johns Hopkins, na década de 1850 as universidades incorporam a
Matemática e as Ciências da Natureza que originou os bacharelados científicos. A
Universidade de Bolonha é considerada a mãe das universidades juntamente com a
Universidade de Paris e também detiveram as mudanças trazidas pela Modernidade
que se espalhou com o tempo ao mundo todo, aperfeiçoando desenvolvimento
econômico, jurídico, político, cientifico, artístico e cultural.

A Modernidade gera duas perspectivas ao fim do período no século XX, a


primeira remete ao otimismo que entende a mudança e aperfeiçoamento tecnológico
com aquisição de conhecimento e educação, e a perspectiva negativa remete à
destruição ecológica, riscos financeiros, conflitos e desigualdades sociais mais
aparentes. Anthony Giddens destaca três pontos inerentes a Modernidade:

1) uma posição que entende o mundo como aberto à transformação dos homens;

2) um complexo de instituições econômicas baseadas na divisão do trabalho, na


produção industrial e na economia de mercado;

3) um arranjo de instituições políticas, principalmente o Estado moderno centralizado


e as democracias de massa.

Entretanto, é notório as mudanças essenciais que surgiram com todos os


movimentos e apesar de correntes de pensamentos e ideais distintos terem surgido, o
mundo atual que conhecemos hoje é resultado de todas as transformações
intelectuais e conflituosas, dentre prós e contras a Modernidade apesar do relativo
pequeno decurso de tempo comparado aos demais períodos, teve inúmeros
movimentos de alta relevância na história, podemos considerar o período de maiores
acontecimentos que mudou o decurso da história.

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