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Iluminismo

O Iluminismo foi um movimento filosófico que nasceu na Inglaterra do


século XVII, mas que teve seu apogeu na França do século seguinte.
Também conhecido como o “pensamento das Luzes”, o Iluminismo
correspondeu a um aprofundamento do ideário renascentista, com a
valorização da razão e da liberdade (valores eminentemente burgueses), que
questionava diversos aspectos das sociedades e as mentalidades da Época
Moderna – o Absolutismo, o Mercantilismo, os privilégios sociais e o
catolicismo.
O Iluminismo foi a ideologia dos revolucionários franceses do século
XVIII que rejeitavam o passado, com suas crenças e tradições. Seu
desenvolvimento só foi possível graças ao desenvolvimento do capitalismo e
da burguesia, que lutava contra os vestígios remanescentes do feudalismo na
sociedade setecentista (a sociedade estamental, por exemplo).
Entre as mais importantes características do pensamento das Luzes
está a crença inabalável na razão e na ideia de progresso. Buscava-se, acima
de tudo, uma nova concepção de mundo – racionalista e regido por leis
naturais.
Já no século XVII, alguns pensadores lançaram as bases do ideário
iluminista, entre os quais se destacaram:
 René Descartes (1596-1650): fundador da filosofia moderna e autor
da obra Discurso sobre o Método, Descartes defendia a ideia de que
a razão humana era a única fonte de conhecimento e fundamento da
existência humana. É famosa a sua afirmação: “Penso, logo existo”.
Matemático e físico, afirmava que na filosofia era necessário partir de
axiomas (verdades indiscutíveis) para depois, usando o método
matemático da dedução, atingir verdades mais amplas. Introduziu
ainda o conceito mecanicista do universo, segundo o qual o universo
era governado por leis naturais e imutáveis, apreensíveis por meio da
razão;
 John Locke (1632-1704): considerado o pai do liberalismo político,
Locke é autor de duas importantes obras - Segundo Tratado sobre o
Governo Civil e Ensaio sobre o entendimento humano. Na sua obra
Segundo Tratado sobre o Governo Civil, Locke defende a ideia de
que os homens possuem direitos naturais – à vida, à liberdade e à
propriedade – que devem ser defendidos pelo Estado por meio da
Constituição. Caso o Estado não seja capaz de defender tais direitos,
aqueles que vivem em sociedade têm o direito de substitui-lo (direito
de rebelião contra a tirania). Em Ensaio sobre o entendimento
humano, Locke contradiz a tese de que os seres humanos possuem
ideias inatas (ideias que já existem no momento do nascimento). De
acordo com Locke, cada ser humano é fruto do meio em que vive e
das experiências por que passa ao longo de sua existência: é uma
“tábula rasa” na qual se vão inscrevendo os valores sociais. À luz
disso, na visão de Locke, compartilhada por Francis Bacon, o
empirismo, a experiência e a observação são fundamentais.
 Isaac Newton (1642-1727): apesar de não ser um filósofo, Newton
contribuiu muito para a difusão dos ideais iluministas no século XVIII.
Considerado o pai da Física Moderna, Newton comprovou o
mecanicismo defendido por Descartes.

As principais características do Iluminismo:

 Valorização da razão, considerada o mais importante instrumento


para se alcançar qualquer tipo de conhecimento;
 Valorização do questionamento, da investigação e da experiência
como forma de conhecimento tanto da natureza quanto da
sociedade, política ou economia;
 Crença nas leis naturais, normas da natureza que regem todas as
transformações que ocorrem no comportamento humano, nas
sociedades e na natureza;
 Crença nos direitos naturais, que todos os indivíduos possuem
em relação à vida, à liberdade, à posse de bens materiais;
 Crítica ao absolutismo, ao mercantilismo e aos privilégios da
nobreza e do clero;
 Defesa da liberdade política e econômica e da igualdade de todos
perante a lei;
 Crítica à Igreja Católica, embora não se excluísse a crença em
Deus.

Independência dos Estados Unidos

Antes da Independência, os EUA eram formados por treze colônias


controladas pela metrópole: a Inglaterra.
Dentro do contexto histórico do século XVIII, os ingleses usavam estas
colônias para obter lucros e recursos minerais e vegetais não disponíveis na
Europa. Era também muito grande a exploração metropolitana, com relação
aos impostos e taxas cobrados dos colonos norte-americanos.
Colonização dos Estados Unidos
Para entendermos melhor o processo de independência norte-americano
é importante conhecermos um pouco sobre a colonização deste território. Os
ingleses começaram a colonizar a região no século XVII. A colônia recebeu
dois tipos de colonização com diferenças acentuadas:
 Colônias do Norte: região colonizada por protestantes europeus,
principalmente ingleses, que fugiam das perseguições religiosas.
Chegaram na América do Norte com o objetivo de transformar a região
num próspero lugar para a habitação de suas famílias. Também
chamada de Nova Inglaterra, a região sofreu uma colonização de
povoamento com as seguintes características: mão-de-obra livre,
economia baseada no comércio, pequenas propriedades e produção
para o consumo do mercado interno.
 Colônias do Sul: colônias como a Virginia, Carolina do Norte e do Sul e
Geórgia sofreram uma colonização de exploração. Eram exploradas pela
Inglaterra e tinham que seguir o Pacto Colonial. Eram baseadas no
latifúndio, mão-de-obra escrava, produção para a exportação para a
metrópole e monocultura.

Guerra dos Sete Anos


Esta guerra ocorreu entre a Inglaterra e a França entre os anos de 1756
e 1763. Foi uma guerra pela posse de territórios na América do Norte e a
Inglaterra saiu vencedora. Mesmo assim, a metrópole resolveu cobrar os
prejuízos das batalhas dos colonos que habitavam, principalmente, as colônias
do Norte. Com o aumento das taxas e impostos metropolitanos, os colonos
fizeram protestos e manifestações contra a Inglaterra.

Metrópole aumenta taxas e impostos

A Inglaterra resolveu aumentar vários impostos e taxas, além de criar


novas leis que tiravam a liberdade dos norte-americanos. Dentre estas leis
podemos citar: Lei do Chá (deu o monopólio do comércio de chá para uma
companhia comercial inglesa), Lei do Selo (todo produto que circulava na
colônia deveria ter um selo vendido pelos ingleses), Lei do Açúcar (os colonos
só podiam comprar açúcar vindo das Antilhas Inglesas).
Estas taxas e impostos geraram muita revolta nas colônias. Um dos
acontecimentos de protesto mais conhecidos foi a Festa do Chá de Boston
(The Boston Tea Party ). Vários colonos invadiram, à noite, um navio inglês
carregado de chá e, vestidos de índios, jogaram todo carregamento no mar.
Este protesto gerou uma forte reação da metrópole, que exigiu dos habitantes
os prejuízos, além de colocar soldados ingleses cercando a cidade.

Primeiro Congresso da Filadélfia

Os colonos do Norte resolveram promover, no ano de 1774, um


congresso para tomarem medidas diante de tudo que estava acontecendo.
Este congresso não tinha caráter separatista, pois pretendia apenas retomar a
situação anterior. Queriam o fim das medidas restritivas impostas pela
metrópole e maior participação na vida política da colônia.
Porém, o rei inglês George III não aceitou as propostas do congresso,
muito pelo contrário, adotou mais medidas controladoras e restritivas como, por
exemplo, as Leis Intoleráveis. Uma destas leis, conhecida como Lei do
Aquartelamento, dizia que todo colono norte-americano era obrigado a
fornecer moradia, alimento e transporte para os soldados ingleses. As Leis
Intoleráveis geraram muita revolta na colônia, influenciando diretamente no
processo de independência.
Segundo Congresso da Filadélfia

Em 1776, os colonos se reuniram no segundo congresso com o objetivo


maior de conquistar a independência. Durante o congresso, Thomas Jefferson
redigiu a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América.
Porém, a Inglaterra não aceitou a independência de suas colônias e declarou
guerra. A Guerra de Independência, que ocorreu entre 1776 e 1783, foi
vencida pelos Estados Unidos com o apoio da França e da Espanha.

Constituição dos Estados Unidos

Em 1787, ficou pronta a Constituição dos Estados Unidos com fortes


características iluministas. Garantia a propriedade privada (interesse da
burguesia), manteve a escravidão, optou pelo sistema de república federativa e
defendia os direitos e garantias individuais do cidadão.

Revolução Francesa

A Revolução Francesa, iniciada no dia 17 de junho de 1789, foi um


movimento impulsionado pela burguesia e que contou com uma importante
participação dos camponeses e das massas urbanas que viviam na miséria.
Em 14 de julho de 1789, a massa urbana de Paris tomou a prisão da
Bastilha desencadeando profundas mudanças no governo francês.

Contexto Histórico

No final do século XVIII, a França era um país agrário, com a produção


estruturada no modelo feudal. Para a burguesia e parte da nobreza era preciso
acabar com o poder absoluto do rei Luís XVI, cujo reinado teria arruinado a
economia francesa.
Enquanto isso, do outro lado do Canal da Mancha, a Inglaterra, sua rival,
desenvolvia o processo de Revolução Industrial.

Fases da Revolução Francesa

Para fins de estudo dividimos a Revolução Francesa em três fases:


 Primeira fase (1789-1792): Monarquia Constitucional;
 Segunda fase (1792-1794): Convenção - 1792/1793 e Terror;
 Terceira fase (1794-1799): Diretório.

Causas

A burguesia francesa, preocupada em desenvolver a indústria no país,


tinha como objetivo destruir as barreiras que restringiam a liberdade de
comércio internacional. Desta forma, era preciso que se adotasse na França,
segundo a burguesia, o liberalismo econômico.
A burguesia exigia também a garantia de seus direitos políticos, pois era
ela quem sustentava o Estado, posto que o clero e a nobreza estavam livres de
pagar impostos.
Apesar de ser a classe social economicamente dominante, sua posição
política e jurídica era limitada em relação ao Primeiro e ao Segundo Estados.

Crise Econômica e Política

A crítica situação econômica, às vésperas da revolução de 1789, exigia


reformas urgentes e gerava uma grave crise política. Ocorreu uma onda de
falências, acompanhada de desempregos e queda de salários, arruinando o
comércio nacional.
As crises econômicas se juntaram às políticas, com demissão de
ministros que haviam convocado a nobreza e o clero para contribuírem no
pagamento de impostos.
Pressionado pela crise, o rei Luís XVI convoca os Estados Gerais, uma
assembleia formada pelas três divisões da sociedade francesa:
 Primeiro Estado - correspondia ao clero, dividido em alto clero
(desfrutava de privilégios) e baixo clero (apresentava um padrão
de vida semelhante ao das camadas populares);
 Segundo Estado - correspondia à nobreza, que também era
heterogênea. Ao lado da nobreza palaciana ou cortesã,
privilegiada e que vivia na Corte do rei, coexistia a nobreza
provincial – antiga aristocracia feudal que, apesar de possuir
menos regalias que a nobreza palaciana, explorava a mão de
obra camponesa, cobrando tributos feudais. Havia também a
nobreza togada, ou de títulos, cuja origem remontava à burguesia
enriquecida, que comprara títulos e se nobilitara; não era bem
vista pela nobreza tradicional;
 Terceiro Estado - correspondia ao restante da população,
formada por burgueses, artesãos, profissionais liberais,
camponeses e operários. Não possuíam privilégios e lutavam por
igualdade jurídica e melhores condições de vida. Era o Terceiro
Estado que sustentava a nação e os privilégios da elite parasitária
formada pelos outros dois Estados.

O Terceiro Estado, mais numeroso, pressionava para que as votações


das leis fossem individuais e não por Estado. Somente assim, o Terceiro
Estado poderia passar normas que os favorecessem.
No entanto, o Primeiro e o Segundo Estado recusaram esta proposta e
as votações continuaram a ser realizadas por Estado.
Desta forma, reunidos no Palácio de Versalhes, o Terceiro Estado e
parte do Primeiro Estado (baixo clero) se separa da Assembleia.
Em seguida, declaram-se representantes da nação, formando a
Assembleia Nacional Constituinte e jurando permanecer reunidos até que
ficasse pronta a Constituição.

Monarquia Constitucional (1789-1792)


No dia 26 de agosto de 1789 foi aprovada pela Assembleia a
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Esta Declaração assegurava os princípios da liberdade, da igualdade, da
fraternidade (“Liberté, égalité, fraternité” - lema da Revolução), além do direito à
propriedade.
A recusa do rei Luís XVI em aprovar a Declaração provoca novas
manifestações populares. Os bens do clero foram confiscados e muitos padres
e nobres fugiram para outros países. A instabilidade na França era grande.
A Constituição ficou pronta em setembro de 1791. Dentre os muitos
artigos podemos destacar:
 o governo foi transformado em monarquia constitucional;
 o poder executivo caberia ao rei, limitado pelo legislativo,
constituído pela Assembleia;
 os deputados teriam mandato de dois anos;
 o voto não teria caráter universal: só seria eleitor quem tivesse
uma renda mínima (voto censitário);
 suprimiu-se os privilégios e as antigas ordens sociais;
 confirmou-se a abolição da servidão e a nacionalização dos bens
eclesiásticos;
 manteve-se a escravidão nas colônias.

O Terror (1792-1794)

Internamente, a crise começava a provocar divisão entre os próprios


revolucionários.
Os girondinos - representantes da alta burguesia, defendiam posições
moderadas.
Por sua parte, os jacobinos - representantes da média e da pequena
burguesia, constituía o partido mais radical, sob a liderança de Maximilien
Robespierre.
Foi assim instalada a ditadura jacobina que introduziu novidades na
Constituição como:
 Voto universal e não censitário;
 fim da escravidão nas colônias;
 congelamento de preços de produtos básicos como o trigo;
 instituição do Tribunal Revolucionário para julgar os inimigos da
Revolução.
Nessa altura, foram ordenadas a morte, pela guilhotina, de várias
pessoas que eram contra a revolução. As execuções tornaram-se um
espetáculo popular, pois aconteciam diversas vezes ao dia num ato público.
O próprio rei Luís XVI foi morto desta forma em 1793. Meses depois a
rainha Maria Antonieta também foi guilhotinada. Essa fase, entre 1793 e
1794, é conhecida como “O Terror”.
A Lei dos Suspeitos aprovava a prisão e a morte cruel dos
antirrevolucionários. Nessa mesma altura, as igrejas eram encerradas e os
religiosos obrigados a deixar seus conventos. Aqueles que recusavam eram
executados. Além da guilhotina, os suspeitos eram afogados no rio Loire.
Para os ditadores, essas execuções eram uma forma justa de acabar
com os inimigos. Essa atitude causava terror na população francesa que se
voltou contra Robespierre e o acusou de tirania.
Nessa sequência, após ser detido, também Robespierre foi executado
na ocasião que ficou conhecida como “Golpe do 9 Termidor”, em 1794.

Diretório (1794-1799)

A fase do Diretório dura cinco anos de 1794-1799 e se caracteriza pela


ascensão da alta burguesia, os girondinos, ao poder. Recebe este nome, pois
eram cinco diretores que governavam a França neste momento.
Inimigos dos jacobinos, seu primeiro ato é revogar todas as medidas que
eles haviam feito durante sua legislação.
No entanto, a situação era delicada. Os girondinos atraíram a antipatia
da população ao revogar o congelamento de preços, por exemplo.
Vários países europeus como a Inglaterra e o Império Austríaco
ameaçavam invadir a França a fim de conter os ideais revolucionários. Por fim,
a própria nobreza e a família real no exílio, buscavam organizar-se para
restaurar o trono.
Diante desta situação, o Diretório recorre ao Exército, na figura do jovem
e brilhante general Napoleão Bonaparte para conter os ânimos dos inimigos.
Desta maneira, Bonaparte dá um golpe - o 18 Brumário - onde instaura
o Consulado, um governo mais centralizado que traria paz ao país por alguns
anos.

Consequências

Em dez anos, de 1789 a 1799, a França passou por profundas


modificações políticas, sociais e econômicas.
A aristocracia do Antigo Regime perdeu seus privilégios, libertando os
camponeses dos antigos laços que os prendiam aos nobres e ao clero.
Desapareceram as amarras feudais que limitavam as atividades da
burguesia, e criou-se um mercado de dimensão nacional.
A Revolução Francesa foi a alavanca que levou a França do estágio
feudal para o capitalista e mostrou que a população era capaz de condenar um
rei.
Igualmente, instalou a separação de poderes e a Constituição, uma
herança deixada para várias nações do mundo.
Em 1799, a alta burguesia aliou-se ao general Napoleão Bonaparte, que
foi convidado a fazer parte do governo.
Sua missão era recuperar a ordem e a estabilidade do país, proteger a
riqueza da burguesia e salvá-los das manifestações populares.
Por volta de 1803 têm início as Guerras Napoleônicas, conflitos
revolucionários imbuídos dos ideais da Revolução Francesa que teve como
protagonista Napoleão Bonaparte.

Revolução Industrial

É denominada Revolução Industrial o rápido e profundo conjunto de


transformações técnicas e econômicas que caracterizaram, em meados do
século XVIII, a substituição da energia física pela mecânica, da ferramenta pela
máquina e da manufatura pela fábrica, no processo de produção de
mercadorias, com desdobramentos sociais, políticos e culturais. Tal processo
foi originado na Inglaterra, atingindo lentamente outras regiões da Europa.
Com a Revolução Industrial, consolidou-se o modo de produção
capitalista. As barreiras feudais sobreviventes da Idade Média, que impediam o
pleno desenvolvimento das forças capitalistas de produção, foram
definitivamente superadas: a partir da segunda metade do século XVIII, a
acumulação de capitais deixou de se realizar exclusiva e prioritariamente na
esfera da circulação de mercadorias e passou a ocorrer na esfera da produção.

Costuma-se dividir a Revolução Industrial em duas fases:

 Primeira Revolução Industrial (1760-1850), também chamada de “era


do carvão e do ferro”, ocorrida na Inglaterra, França e Bélgica; fase do
liberalismo econômico;
 Segunda Revolução Industrial (1860-1914), conhecida como “era da
eletricidade e do aço”; fase que antecede a Primeira Guerra Mundial,
durante a qual a industrialização atinge outras partes do planeta
(Alemanha, Itália, Rússia, Estados Unidos e Japão) e passa por um
processo de sofisticação tecnológica; além disso, caracterizou-se pelo
capitalismo monopolista.

Dentre as causas gerais que propiciaram a ocorrência da Revolução Industrial


na Europa, podemos mencionar:
 A Revolução Comercial (séculos XV-XVII), graças à qual verificou-se
o incremento e a internacionalização do comércio em função,
sobretudo, da exploração de novos continentes; a riqueza oriunda da
circulação de mercadorias concentrou-se na Europa Ocidental,
especialmente na Inglaterra;
 Acumulação primitiva de capital: durante o início da Época Moderna,
houve uma enorme concentração de capitais na Europa Ocidental;
 Invenções ou aprimoramento tecnológico: esse foi um fator
importante, pois permitiu a produção em série, rápida e eficiente.
Entre os principais avanços tecnológicos do século XVIII, utilizados em
grande medida pela indústria têxtil florescente, podemos destacar: a máquina
de fiar de James Hargreaves, de 1767, o tear hidráulico, de Richard Arkwright,
de 1768, e o tear mecânico, de Edmund Cartwright. Além dessas invenções,
que se concentravam no setor produtivo, pode-se acrescentar o
desenvolvimento do sistema de comunicações e transportes: a invenção do
barco a vapor, em 1805, por Robert Fulton, da locomotiva a vapor, em 1814,
por George Stephenson e a do telégrafo, em 1837, por Samuel Morse.
Entre as consequências mais significativas da mecanização industrial,
destacam-se as sociais. O processo de urbanização se acentuou
significativamente: passou a haver nas grandes cidades industrias um imenso
contingente populacional. Ao mesmo tempo, nasceu uma nova categoria social,
o proletariado, expropriado dos meios de produção e detentor apenas de sua
força de trabalho, que vendia no mercado em troca de um salário. Esse
proletariado se opunha à burguesia, detentora do capital (meios de produção),
e que extraía a chamada “mais-valia” da força de trabalho operária.
No início da Revolução Industrial e durante quase todo o século XIX, os
operários que trabalhavam nas fábricas eram sujeitados a longas e
desgastantes jornadas, que se estendiam a mais de 14 horas diárias, em troca
de uma remuneração irrisória. Esses homens, mulheres e crianças viviam de
maneira sub-humana, em habitações inadequadas, malvestidos e mal
alimentados. Não havia qualquer proteção legal em caso de acidentes. Além
disso, sofriam punições - às vezes, até físicas - em caso de erro.
Tal situação de exploração e opressão gerava sistematicamente reações
violentas por parte dos trabalhadores. Ainda no século XVIII, tornou-se famoso
o Ludismo, movimento cujo nome deriva do seu líder, Ned Ludd, que propunha
a destruição de todas as máquinas, pois acreditava que essa era a forma de
eliminar o problema da exploração.
No século seguinte, surgiram movimentos mais estruturados de combate
à exploração industrial. Entre eles, destacam-se o Cartismo – movimento
operário que defendia a instituição de regulamentos (cartas), em que
constassem os direitos e os deveres dos operários – e as trade unions –
embriões dos atuais sindicatos, que reuniam operários segundo atividade
profissional, visando à defesa de seus direitos e reivindicações.
Primeira Guerra Mundial

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi o resultado dos atritos


permanentes provocados pelo imperialismo das grandes potências europeias.
A Grande Guerra, como era denominada antes de acontecer a Segunda
Guerra Mundial, foi um conflito em escala global. Começou na Europa e
envolveu os territórios coloniais.
Dois blocos enfrentaram-se: a Tríplice Aliança, formada pela Alemanha,
Áustria e Itália, e a Tríplice Entente formada pela França, Inglaterra e Rússia.
A contenda envolveu 17 países dos cinco continentes como: Alemanha,
Brasil, Áustria-Hungria, Estados Unidos, França, Império Britânico, Império
Turco-Otomano, Itália, Japão, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Reino da
Romênia, Reino da Sérvia, Rússia, Austrália e China.
A guerra deixou 10 milhões de soldados mortos e outros 21 milhões
ficaram feridos. Também 13 milhões de civis perderam a vida.

Causas da Primeira Guerra Mundial

Vários fatores desencadearam a Primeira Guerra Mundial.


Desde o final do século XIX o mundo vivia em tensão. O extraordinário
crescimento industrial possibilitou a Corrida Armamentista, ou seja: a produção
de armas numa quantidade jamais imaginada.
O expansionismo do Império Alemão e sua transformação na maior
potência industrial da Europa fizeram brotar uma enorme desconfiança entre a
Alemanha e França, Inglaterra e Rússia.
Antecedentes
Acrescentamos as antigas rivalidades entre França e Alemanha, Rússia
e Alemanha, e Reino Unido e Alemanha. Também os desentendimentos
quanto às questões de limite nas colônias gerados pela Conferência de Berlim
(1880).
O antigermanismo francês se desenvolveu como consequência da
Guerra Franco-Prussiana. A derrotada França foi obrigada a entregar aos
alemães as regiões de Alsácia e Lorena, esta rica em minério de ferro.
A rivalidade russo-germânica foi causada pela pretensão alemã de
construir uma estrada de ferro ligando Berlim a Bagdá. Além de passar por
regiões ricas em petróleo onde os russos pretendiam aumentar sua influência.
O antigermanismo inglês se explica pela concorrência industrial alemã.
Às vésperas da guerra os produtos alemães concorriam em mercados que
eram dominados pela Inglaterra.
Todas essas questões tornaram o conflito inevitável a medida que
acirravam os choques de interesse econômico e político entre as potências
industrializadas.

Estopim

A rede de alianças era uma bomba armada pronta para explodir.


Em 1908, a Áustria anunciou a anexação da Bósnia-Herzegovina,
contrariando os interesses sérvios e russos.
A fim de mostrar uma boa relação entre os novos súditos, o herdeiro do
trono Austríaco, Francisco Ferdinando, fez uma visita à região junto com sua
esposa.
No dia 28 de junho de 1914, um estudante bósnio assassinou o
herdeiro do trono austríaco Francisco Ferdinando e sua esposa, em Sarajevo,
capital da Bósnia.
Esse duplo assassinato foi o pretexto para a explosão da Primeira
Guerra Mundial que durou até 11 de novembro de 1918.

Fases da Primeira Guerra Mundial

No começo do conflito, as forças se equilibravam, em número de


soldados, diferentes eram os equipamentos e os recursos.
A Tríplice Entente não tinha canhão de longo alcance, mas dominava os
mares, graças ao poderio inglês.
Os tanques de guerra, os encouraçados, os submarinos, os obuses de
grosso calibre e a aviação, entre outras inovações tecnológicas da época,
constituíram artefatos bélicos de grande poder de destruição.
Com artilharia pesada e 78 divisões, os alemães passaram pela Bélgica,
violando a neutralidade deste país. Venceram os franceses na fronteira e
rumaram para Paris.
O governo francês transferiu-se para Bordeaux e na Batalha de Marne,
conteve os alemães, que recuaram.
Depois, franceses e alemães firmaram posições cavando trincheira ao
longo de toda a frente ocidental. Protegidos por arame farpado, os exércitos se
enterravam em trincheira, onde a lama, o frio, os ratos e o tifo mataram tanto
quanto as metralhadoras e canhões. Este momento é chamado de Guerra de
Trincheiras.
Em 1917, os Estados Unidos, que se mantivera fora da guerra, apesar
de emprestar capitais e vender armas aos países da Entente, principalmente à
Inglaterra, entra no conflito.
Declarou guerra à Alemanha, por temer seu poderio imperialista e
industrial.
Nesse mesmo ano a Rússia, saiu do conflito, por conta da Revolução de
1917, que derrubou o czar e implantou o regime socialista.

Consequências

Embora a Alemanha continuasse sofrendo sucessivas derrotas, seus


aliados tivessem se rendido, o governo alemão continuava na guerra.
Esfomeado e cansado, o povo alemão se revoltou e os soldados e operários
forçaram o kaiser (imperador) a abdicar.
Formou-se um governo provisório e foi proclamada a República de
Weimar. No dia 11 de novembro de 1918, o novo governo assinou a rendição
alemã. A Primeira Guerra chegava ao fim, mas a paz geral só foi firmada em
1919, com a assinatura do Tratado de Versalhes.
As reações aos efeitos do tratado estão entre as principais
consequências da Primeira Guerra Mundial.
Sendo assim, em 1939, pouco mais de 20 anos depois, provocaram a
Segunda Guerra Mundial.
A Grande Guerra deixou profundas consequências para todo o mundo.
Podemos destacar:
 redesenhou o mapa político da Europa e do Oriente Médio;
 marcou a queda do capitalismo liberal;
 motivou a criação da Liga das Nações;
 permitiu a ascensão econômica e política dos Estados Unidos.

Segunda Guerra Mundial

As hostilidades começaram na Europa em 1º de setembro de 1939,


quando divisões nazistas entraram no território polonês. No dia 3, a França e a
Inglaterra declararam guerra à Alemanha.
Utilizando-se de uma estratégia nova – a blitzkrieg, “guerra-relâmpago” -,
os alemães não tiveram dificuldade em vencer os poloneses. Ao fim de duas
semanas, a Polônia já estava derrotada. Em seguida, os nazistas caminharam
em direção à França, que foi dominada rapidamente. Nesse meio tempo,
caíram em poder dos alemães a Dinamarca, a Bélgica, a Holanda e a Noruega.
Grande parte da França ficou sob domínio alemão durante o conflito.
Uma parcela da população resistiu aos nazistas, principalmente os membros
do partido Comunista Francês, no que ficou conhecido como Resistência
francesa.
Do território francês, a aviação alemã começou a bombardear os
ingleses, causando sérios prejuízos materiais e humanos. A Força Aérea
Britânica (RAF), no entanto, conseguiu enfrentar os aviões nazistas e impediu
que o território inglês fosse invadido e ocupado.
A Itália tentou invadir a Grécia, mas suas tropas foram derrotadas,
obrigando o Exército alemão a enviar algumas divisões para ajudar os
fascistas.
Em 1941, ocorreu aquele que, para muitos historiadores, foi o grande
erro de Hitler: sem que a Inglaterra estivesse dominada, ele deu ordens para
ativar a Operação Barbarrossa, por meio da qual invadiria a União Soviética.
Estava rompido o pacto estabelecido com Stálin dois anos antes.
Enquanto os alemães conseguiam importantes vitórias na Europa, na
Ásia o Japão dava prosseguimento ao seu projeto expansionista, invadindo a
China e outras regiões no Pacífico. As rivalidades imperialistas dos japoneses
com os norte-americanos, que já vinham de longa data, explodiram com
intensidade. Em dezembro de 1941, a base naval de Pearl Harbour, no Havaí,
foi atacada pelos japoneses, determinando a entrada dos Estados Unidos no
conflito.

A Guerra Mundial 1941 – 1945

Com a entrada da União Soviética e dos Estados Unidos e com a


consolidação do Eixo Roma-Berlim-Tóquio, as duas guerras localizadas
fundiram-se em um só conflito, de caráter realmente mundial.
Em 1942, os países do Eixo conseguiram vitórias expressivas. Lembre-
se que eles já vinham se organizando há muito para este conflito, enquanto
Estados Unidos e a União Soviética ainda teriam que dispor de tempo para se
preparar adequadamente. Os japoneses continuaram sua expansão vitoriosa,
dominando a Indochina, a Malásia e atacando as Filipinas e várias outras ilhas
do Pacífico. Na União Soviética, a invasão alemã causou um prejuízo violento.
Tropas nazistas chegaram próximo a Moscou.
Em 1943, a sorte do Eixo começou a mudar. Os Estados Unidos
conseguiram as primeiras vitórias contra o Japão, enquanto a União Soviética
conseguia deter o avanço alemão em Stalingrado. A partir daí o Exército
soviético passou a esmagar os nazistas, empurrando-os de volta a Alemanha.
Em 1944, apesar de toda a violência dos combates, já estava claro que
o Eixo chegava ao seu limite máximo de resistência e que teria cada vez mais
dificuldades para continuar no conflito. Ainda mais que, em junho desse mesmo
ano, os norte-americanos e os ingleses desembarcaram na França, e a
Alemanha teve que dividir suas tropas em duas frentes. Essa invasão foi
considerada o Dia D, isto é, o dia decisivo da guerra. De fato, trata-se mais de
um mito do que uma verdade histórica, pois a Alemanha sofreu suas grandes
derrotas no lado oriental, ou seja, o maior responsável pela vitória sobre o
nazismo foi, o Exército soviético.
Neste ano também, o governo brasileiro enviou um corpo de soldados
para lutar na Itália contra os fascistas.
Era a Força Expedicionária Brasileira (FEB) que, apesar de pequena,
deu sua colaboração para a vitória aliada. Em agosto de 1942, o Brasil
declarou guerra à Alemanha e à Itália e a decisão de enviar as tropas em 1944,
além de atender a um pedido dos estados Unidos, deveu-se ao torpedeamento
de alguns navios brasileiros supostamente por submarinos alemães.

Em 1945, finalmente, a guerra terminou, com a derrota do Eixo. Já no


ano anterior a Itália se retirara do conflito. Mussolini fora preso, mas os
alemães conseguiram libertá-lo e ele tentou reorganizar o governo. Em 1945,
foi novamente preso e dessa vez fuzilado. Em abril, a ocupação de Berlim
levou Hitler e alguns de seus auxiliares a se suicidarem. A Alemanha, em maio
de 1945, estava invadida e ocupada pelos soviéticos e pelos norte-americanos.
Terminava definitivamente o conflito na Europa.
Restava o Japão, cujo governo continuava a estimular uma resistência
que causava significativas baixas entre as tropas norte-americanas. A
resistência japonesa, a não aceitação de uma rendição incondicional e o temor,
por parte dos norte-americanos, de uma possível participação soviética na
derrota final do Japão levaram o governo Truman a apressar o desfecho da
guerra. Nesse contexto, explica-se o lançamento de duas bombas atômicas
nos dias 6 e 9 de agosto, respectivamente nas cidades de Hiroshima e
Nagasaki. Seguiu-se a rendição incondicional do Japão, e o armistício foi
assinado em 1945. A guerra terminara, deixando um saldo terrível de cerca de
50 milhões de mortos, países completamente devastados e cidades “varridas”
do mapa.
A Europa, que já havia ficado enfraquecida com a Primeira Guerra, viu
sua situação se agravar, pois quem passava a deter a hegemonia no mundo
eram os Estados Unidos e a União Soviética.
Nos meses finais do conflito, já prevendo a vitória, Roosevelt dos
estados unidos, Churchill da Inglaterra e Stálin da União Soviética começaram
a discutir os rumos da política e da economia mundiais.
As principais reuniões celebradas entre os três líderes durante o conflito
foram:
 A Conferência de Teerã, em 1943. Os três se comprometeram a
continuar a luta até a derrota definitiva do Eixo; decidiu-se que haveria a
abertura de uma nova frente, a ocidente, para obrigar os alemães a
dividirem suas forças.
 A Conferência de Yalta, em 1945. Novamente os três líderes se
reuniram para traçar as áreas de influência de cada um. Por sugestão de
Churchill, acatada por Stálin, a Europa Oriental seria considerada área
de influência da união Soviética.
 A Conferência de Potsdam, em 1945. Decidiu-se pela ocupação da
Alemanha e sua divisão em quatro áreas, situação que deveria se
manter até a completa desnazificação do país. Nessa conferência, o
presidente dos estados Unidos já era Truman, em virtude do falecimento
de Roosevelt.

O fim da Segunda Guerra Mundial

Quando a guerra terminou, o mundo estava dividido: de um lado os


países capitalistas e, de outro, os socialistas. Era a chamada Guerra Fria. Até
os últimos dias da década de 1980, ainda vivíamos sob a ameaça de um outro
conflito entre as potências; e desta vez com armas atômicas, o que significaria
a destruição do mundo. Hoje, isso parece ser um filme de ficção científica. A
derrocada do império soviético colocou um fim na polarização militar mundial.

Revolução Russa de 1917

A Revolução Russa de 1917 foi uma série de eventos políticos na


Rússia, que, após a eliminação da autocracia russa e depois do Governo
Provisório (Duma), resultou no estabelecimento do poder soviético sob o
controle do partido bolchevique. O resultado desse processo foi a criação da
União Soviética, que durou até 1991.
No começo do século XX, a Rússia era um país de economia atrasada e
dependente da agricultura, pois 80% de sua economia estava concentrada no
campo (produção de gêneros agrícolas).

Rússia Czarista

Os trabalhadores rurais viviam em extrema miséria e pobreza, pagando


altos impostos para manter a base do sistema czarista de Nicolau II. O czar
governava a Rússia de forma absolutista, ou seja, concentrava poderes em
suas mãos não abrindo espaço para a democracia. Mesmo os trabalhadores
urbanos, que desfrutavam os poucos empregos da fraca indústria russa, viviam
descontentes com o governo do czar.
No ano de 1905, Nicolau II mostra a cara violenta e repressiva de seu
governo. No conhecido Domingo Sangrento, manda seu exército fuzilar
milhares de manifestantes. Marinheiros do encouraçado Potenkim também
foram reprimidos pelo czar.
Começava então a formação dos sovietes (organização de
trabalhadores russos) sob a liderança de Lênin. Os bolcheviques começavam
a preparar a revolução socialista na Rússia e a queda da monarquia.

A Revolução compreendeu duas fases distintas:


 A Revolução de Fevereiro de 1917(março de 1917, pelo calendário
ocidental), que derrubou a autocracia do Czar Nicolau II da Rússia, o
último Czar a governar, e procurou estabelecer em seu lugar uma
república de cunho liberal.
 A Revolução de Outubro (novembro de 1917, pelo calendário ocidental),
na qual o Partido Bolchevique, liderado por Vladimir Lênin, derrubou o
governo provisório e impôs o governo socialista soviético.

O Governo Provisório e o Soviete de Petrogrado


O Governo Provisório iniciou de imediato diversas reformas
liberalizantes, inclusive a abolição da corporação policial e sua substituição por
uma milícia popular. Mas os líderes bolcheviques, entre os quais estava Lenin,
formaram os Sovietes (Conselhos) em Petrogrado e outras cidades,
estabelecendo o que a historiografia, posteriormente, registraria como ‘duplo
poder’: o Governo Provisório e os Sovietes.
Lenin foi o primeiro dirigente da URRS. Liderou os bolcheviques quando
estes tomaram o poder do governo provisório russo, após a Revolução de
Outubro de 1917 (esta sublevação ocorreu em 6 e 7 de novembro, segundo o
calendário adotado em 1918; em conformidade com o calendário juliano,
adotado na Rússia naquela época, a revolução eclodiu em outubro). Lenin
acreditava que a revolução provocaria rebeliões socialistas em outros países
do Ocidente.
Ao expor as chamadas Teses de abril, Lenin declarou que os
bolcheviques não apoiariam o Governo Provisório, e pediu a união dos
soldados numa frente que viesse pôr fim à guerra imperialista (I Guerra
Mundial) e iniciasse a revolução proletária, em escala internacional, ideia que
seria fortalecida com a propaganda de Leon Trotski. Enquanto isso, Alexandr
Kerenski buscava fortalecer a moral das tropas.
No Congresso de Sovietes de toda a Rússia, realizado em 16 de junho,
foi criado um órgão central para a organização dos Sovietes: o Comitê
Executivo Central dos Sovietes que organizou, em Petrogrado, uma enorme
manifestação, como demonstração de força.

O aumento do poder dos Bolcheviques

Avisado que seria acusado pelo Governo de ser um agente a serviço da


Alemanha, Lenin fugiu para a Finlândia. Em Petrogrado, os bolcheviques
enfrentavam uma imprensa hostil e a opinião pública, que os acusava de
traição ao exército e de organização de um golpe de Estado. A 20 de julho, o
general Lavr Kornilov tentou implantar uma ditadura militar, através de um
fracassado golpe de Estado.
Da Finlândia, Lenin começou a preparar uma rebelião armada. Havia
chegado o momento em que o Soviete enfrentaria o poder. Foi Trotski, então
presidente do Soviete de Petrogrado, quem encontrou a solução: depois de
formar um Comitê Militar Revolucionário, convenceu Lenin de que a rebelião
deveria coincidir com o II Congresso dos Sovietes, convocado para 7 de
novembro, ocasião em que seria declarado que o poder estava sob o domínio
dos Sovietes.
Na noite de 6 de novembro a Guarda Vermelha ocupou as principais
praças da capital, invadiu o Palácio de Inverno, prendendo os ministros do
Governo Provisório, mas Kerenski conseguiu escapar. No dia seguinte, Teotski
anunciou, conforme o previsto, a transferência do poder aos Sovietes.

O novo governo

O poder supremo, na nova estrutura governamental, ficou reservado ao


Congresso dos Sovietes de toda a Rússia. O cumprimento das decisões
aprovadas no Congresso ficou a cargo do Soviete dos Comissários do Povo,
primeiro Governo Operário e Camponês, que teria caráter temporário, até a
convocação de uma Assembleia Constituinte. Lênin foi eleito presidente do
Soviete, onde Trotski era comissário do povo e ministro das Relações
Exteriores e, Stalin, das Nacionalidades.
Josef Stalin foi o dirigente máximo da União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS) de 1929 a 1953. Governou por meio do terror, embora
também tenha convertido a URSS em uma das principais potências mundiais.
A 15 de novembro, o Soviete ou Conselho dos Comissários do Povo
estabeleceu o direito de autodeterminação dos povos da Rússia. Os bancos
foram nacionalizados e o controle da produção entregue aos trabalhadores. A
Assembleia Constituinte foi dissolvida pelo novo governo por representar a fase
burguesa da revolução, já que fora convocada pelo Governo Provisório. Em
seu lugar foi reunido o III Congresso de Sovietes de toda a Rússia. O
Congresso aprovou a Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e
Explorado como introdução à Constituição, pela qual era criada a República
Soviética Federativa Socialista da Rússia (RSFSR).

A guerra civil
O novo governo pôs fim à participação da Rússia na I Guerra Mundial,
através do acordo de Paz de Brest-Litovsk assinado em 3 de março de 1918.
O acordo provocou novas rebeliões internas que terminariam em 1920, quando
o Exército Vermelho derrotou o desorganizado e impopular Exército Branco
antibolchevique.
Lenin e o Partido Comunista Russo (nome dado, em 1918, à formação
política integrada pelos bolcheviques do antigo POSDR) assumiram o controle
do país. A 30 de dezembro de 1922, foi oficialmente constituída a União de
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A ela se uniriam os territórios
étnicos do antigo Império russo.

Regimes totalitários

Os regimes totalitários são aqueles marcados pelo totalitarismo, um


sistema político caracterizado pelo controle absoluto de uma pessoa ou de um
partido sobre toda uma nação. No sistema totalitarista, a pessoa (no cargo de
líder) ou o partido político — ambos representando o Estado — detém um
controle total e absoluto sobre a vida pública e privada por meio de um governo
autoritário.
Os regimes totalitários, em geral, sustentavam um forte militarismo —
muito útil para calar as vozes dissidentes — e eram acompanhados por um
forte aparato de propaganda ideológica, cujo principal objetivo era promover o
culto ao líder e ressaltar os feitos do regime. O terror era outra arma utilizada
pelos regimes totalitários e seu objetivo era amedrontar os opositores.
Os regimes totalitários tiveram seu auge durante as décadas de 1920 e
1930, e seu surgimento está relacionado a todas as consequências do pós-
guerra ou, nesse caso, à Primeira Guerra Mundial. A destruição da guerra
aliada com os ressentimentos causados pelo conflito, o temor do comunismo e
os efeitos devastadores das crises econômicas fizeram com o autoritarismo
fosse visto como a solução para os problemas enfrentados.
Com a defesa do autoritarismo, a maioria dos países liberais e
democráticos viu seus sistemas políticos ruírem e serem substituídos por
governos autoritários. Uma evidência disso foi dada pelo historiador Eric
Hobsbawm, ao apontar que, no período entreguerras, somente cinco nações
na Europa permaneceram com suas instituições políticas democráticas
funcionando: Grã-Bretanha, Finlândia, Irlanda, Suécia e Suíça.|1|
O termo “totalitarismo” surgiu na década de 1920 e foi criado para referir-
se ao fascismo italiano — o primeiro regime de caráter totalitarista que foi
implantado na Europa. Por meio do fascismo italiano é que o fascismo,
enquanto alternativa política, popularizou-se na Europa. Após o exemplo
italiano, uma série de países europeus optou pela saída autoritária. O
totalitarismo consolidou sua força quando os nazistas tomaram o poder na
Alemanha, em 1933.

Características dos regimes totalitários

Quando falamos de regimes totalitários, os três regimes que sempre


vêm à nossa mente são o fascismo, o nazismo e o stalinismo. Esses foram
os três regimes totalitários mais famosos que existiram e que, inclusive, foram
protagonistas na Segunda Guerra Mundial. Apesar disso, o debate sobre
regimes totalitários também se estende a outros regimes, como o regime
comunista do Khmer Vermelho, no Camboja, ou mesmo o atual regime
comunista existente na Coreia do Norte.

As características básicas dos regimes totalitaristas eram:

 Culto ao líder: Os três regimes impunham um forte culto ao líder, e a


imagem deles era espalhada por diversos locais, como escolas e
instituições públicas, por exemplo.
 Centralização do poder: O poder ficava concentrado nas mãos do
líder ou do partido.
 Doutrinação: A população era alvo de uma intensa doutrinação, cujo
objetivo era o de propagar a ideologia do regime. A doutrinação da
população começava com o ensino infantil e estendia-se a outros
grupos.
 Censura: Os meios de comunicação eram censurados, assim como
qualquer manifestação artística. A oposição não tinha liberdade de
atuação. O objetivo da censura era barrar ideologias contrárias e
críticas ao governo.
 Supressão dos partidos políticos: Nesses regimes, somente um
partido tinha autorização de funcionar — o partido do governo.
 Criação de inimigos internos e/ou externos: Os regimes totalitários
criavam inimigos internos e/ou externos, e o combate a esses grupos
era utilizado como justificativa para medidas autoritárias.
 Uso do terror: O terror era utilizado como arma para amedrontar os
opositores políticos e como mecanismo de perseguição a grupos
tratados como “inimigos” etc.

Regimes totalitários na Europa

Durante a década de 1920 e 1930, os três regimes totalitários que


existiam na Europa, e que até hoje são considerados os maiores regimes
totalitários da história, foram o fascismo, nazismo e stalinismo. No campo da
extrema-direita, estão o fascismo italiano e o nazismo alemão; no campo da
extrema-esquerda, está o stalinismo soviético.

Fascismo

O fascismo surgiu na Itália quando Benito Mussolini criou a Fasci


Italiani di Combattimento, em 1919. Posteriormente, esse grupo tornou-se o
Partido Nacional Fascista, pelo qual Mussolini governava a Itália. A ascensão
do fascismo ao poder da Itália aconteceu em 1922, quando aconteceu a
Marcha sobre Roma.
Nesse acontecimento, milhares de fascistas de toda a Itália dirigiram-se
para Roma com o objetivo de pressionar o rei do país, Vitor Emanuel III, para
que ele demitisse Luigi Facta e nomeasse Benito Mussolini como primeiro-
ministro do país. A nomeação de Mussolini aconteceu em 1922, e, em 1925,
ele autoproclamou-se ditador da Itália.
O fascismo é considerado o precursor de todos os regimes de
orientação fascista e conservadores da Europa do período. O próprio nazismo
alemão inspirou-se fortemente no modelo político construído na Itália. Entre as
principais características do fascismo italiano, podem ser destacadas:
 Antiliberalismo;
 Desprezo pelo socialismo;
 Exaltação de valores conservadores e tradicionais;
 Desprezo por valores considerados modernos;
 Controle total do Estado sobre a nação;
 Doutrinação etc.

O fascismo, por meio de Mussolini, governou a Itália entre 1922 e 1945


e, na década de 1930, aliou-se com os nazistas alemães. Durante a Segunda
Guerra Mundial, Itália e Alemanha formaram o Eixo, grupo que lutou contra os
Aliados.

Nazismo

O nazismo surgiu na Alemanha, em 1919, sob o nome de Partido


Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Adolf Hitler foi um dos
primeiros membros do partido e, com o tempo, tornou-se seu líder. O
crescimento de Hitler nos quadros nazistas está associado com sua ótima
retórica e sua capacidade de mobilizar pequenas multidões em seus discursos.
O crescimento do nazismo na Alemanha aconteceu ao longo da década
de 1920 e está associado com a revolta presente no país após a derrota na
Primeira Guerra Mundial e com a humilhação que ele sofreu com o Tratado de
Versalhes. Além disso, a crise econômica, que afetou o país no período,
empurrou uma parte considerável da população para o autoritarismo.
Outro grupo importante no crescimento do nazismo foi o das tropas de
assalto do partido (SA), grupo de militantes armados que perseguiam e
intimidavam comunistas e social-democratas, os grandes opositores do
nazismo. A ideologia do Partido Nazista foi resumida por Hitler no livro que
escreveu durante seu período de cárcere.
Dentro da ideologia nazista, um dos aspectos de destaque é o
antissemitismo. O ódio aos judeus era manifestado na sociedade alemã desde
o século XIX e foi intensamente explorado pelos nazistas. O ódio nazista contra
os judeus resultou no Holocausto, o genocídio que levou à morte de seis
milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
Os nazistas também defendiam a ideia da superioridade da raça alemã e
da formação de um império territorial especificamente para esse povo. Outros
pontos da ideologia nazista são o desprezo pelos valores liberais e pela
democracia, o militarismo, a exaltação da guerra, o controle do Estado, o
nacionalismo extremado, o culto ao líder etc.
O nazismo governou a Alemanha entre 1933 e 1945 e teve seus
poderes estendidos nesse país a partir de 1934, quando Adolf Hitler acumulou
as funções de chanceler e presidente do país. Após isso, Hitler tentou realizar
medidas que contornassem a crise econômica da Alemanha. Ao longo da
década de 1930, o governo nazista começou a desrespeitar as medidas do
Tratado de Versalhes e foi expandindo o território alemão pela Europa.

Stanlinismo

Por stalinismo, entende-se o período em que a União Soviética foi


governada por Josef Stalin. Existe um amplo debate entre historiadores a
respeito do caráter totalitário do governo stalinista, uma vez que alguns deles,
como Eric Hobsbawm, afirmam que a ditadura stalinista não foi totalitária,
enquanto outros intelectuais, como a filósofa Hannah Arendt e o historiador
Timothy Snyder, afirmam que o stalinismo foi totalitário.
Josef Stalin assumiu o poder da União Soviética após a morte de
Vladimir Lenin, líder do partido e da União Soviética desde 1917. Lênin
morreu em 1924, e uma disputa pelo poder fez com que Stalin fosse escolhido
como sucessor e assumisse o poder em 1924. A partir de 1929, Stalin tornou-
se líder supremo da União Soviética e manteve-se na função até 1953, o ano
de sua morte.
O stalinismo é encarado como uma experiência totalitária manifestada
pela extrema-esquerda por conta do governo tirânico de Stalin à frente da
União Soviética. Esse período ficou marcado pela perseguição, tortura e
execução de opositores, pelos expurgos de pessoas de funções públicas,
pela criação de campos de prisioneiros e trabalhos forçados etc.
Um caso conhecido do governo stalinista foi a coletivização das
fazendas na Ucrânia, a partir de 1930. Nessa coletivização, milhares de
camponeses tiveram de entregar suas terras e posses para o Estado, sendo
obrigados a trabalhar nelas, e de entregar sua produção a preços baixos. A
coletivização visava financiar a industrialização soviética. O resultado desse
processo na Ucrânia foi a morte de milhões de pessoas de fome e inanição.
Os que resistiram ao governo Stalin ou que eram enxergados como
ameaça (como os camponeses que se opuseram ao regime de coletivização)
recebiam a execução sumária ou a deportação para campos de trabalho
forçado conhecidos como gulags. Esses campos ficavam em locais inóspitos
da União Soviética, como a Sibéria.
Ao longo da década de 1930, Stalin promoveu expurgos no
funcionalismo do país, e esses expurgos resultaram no fuzilamento de milhares
de pessoas. As principais características do stalinismo eram a exclusão da
religião da vida pública, a coletivização da economia, o fim da
propriedade privada, o culto ao líder, a perseguição de opositores, a
militarização da sociedade etc.

Regimes totalitários no Brasil

No Brasil não existiu nenhum governo que possa ser classificado como
totalitário, mas, ao longo de nossa história, existiram governos autoritários. Um
primeiro exemplo de governo autoritário foi o Estado Novo, implantado por
Getúlio Vargas e que se estendeu de 1937 a 1945. Outro regime autoritário na
história de nosso país foi a Ditadura Militar, implantada por meio de um golpe e
que se estendeu de 1964 a 1985.

A crise de 1929 – A grande depressão

Em 1929, o capitalismo passou por sua maior crise até então. Seu
epicentro aconteceu nos Estados Unidos, que já haviam se consolidado como
principal economia do mundo após a Primeira Guerra Mundial, mas seu
alcance alcançou o mundo todo.
A crise de 1929, marcada pela quebra da bolsa de Nova York, foi
seguida por uma grande depressão econômica que resultou na falência de
diversas empresas e no aumento da pobreza e do desemprego.
Politicamente, a crise econômica que se espalhou pelo mundo contribuiu
com a chegada ao poder de regimes totalitários em países que ainda sofriam
as consequências da Grande Guerra.

Contexto histórico

Apesar de ter entrado na Primeira Guerra Mundial apenas um ano antes


do seu término, em 1917, os Estados Unidos foram o país que mais obteve
ganhos com a guerra.
Além de não ter sofrido ataques em seu território, a economia americana
se consolidou como a mais importante do mundo, fornecendo tanto produtos
agrícolas como industriais, e até mesmo crédito aos países fragilizados pela
guerra.
Apesar de não ter consolidado seu plano de paz, como proposto pelo
presidente Woodrow Wilson, após um curto período de dificuldades, a década
de 1920 foi de grande crescimento econômico e otimismo para a economia
americana.
Com a recuperação dos países europeus, os americanos recuperaram
os empréstimos que haviam feito durante a guerra e puderam incrementar sua
indústria. Também nesse período se consolidou o American way of life,
expressão que sintetiza o estilo de vida americano, baseado no bem-estar e no
consumo, e utilizado como propaganda do país.
Em resumo, a década de 1920 marcou o expansionismo americano não
apenas pela exportação de seus produtos, mas também de sua cultura para o
mundo capitalista. O sentimento otimista que se espalhou pelo país, aliado ao
liberalismo econômico quase irrestrito implantado pelo governo, intensificou os
investimentos na produção industrial e agrícola, assim como a especulação no
mercado financeiro.
Contudo, apesar do cenário favorável, gradativamente o processo de
boom na produção encontrou obstáculos no consumo, que não era capaz de
absorver a grande quantidade de mercadorias produzidas.
A concentração de renda, estabelecida principalmente com a formação
de grandes monopólios e oligopólios, acabou afetando o mercado consumidor
que havia se formado entre os trabalhadores americanos.
Em paralelo, a mecanização dos processos de produção e as
dificuldades vividas na agricultura contribuíram com o aumento do desemprego
nos Estados Unidos, fazendo com que as famílias no país não conseguissem
mais consumir da mesma forma.
Esse processo gradual gerou uma crise de superprodução na economia
americana, ou seja, a produção de bens superou em muito a capacidade de
consumo pelo mercado, processo que se manifestou com maior intensidade a
partir de 1929.

A Grande Depressão

Junto com o crescimento econômico, o mercado de ações havia se


popularizado nos Estados Unidos ao longo dos anos 1920. Com a crise o que
atingia o país, milhares de pessoas, não apenas grandes empresários e
investidores, passaram a ficar receosas em relação a seus investimentos na
bolsa.
O clima de pessimismo se espalhou e provocou a venda em massa de
ações na Bolsa de Nova York, no dia 24 de outubro de 1929, conhecida como
quinta-feira negra (em inglês, Black Thursday).
Com a quebra da bolsa, muitas empresas entraram em falência, e a
crise econômica, iniciada como uma crise de superprodução, se transformou
na Grande Depressão. Esse período durou aproximadamente até 1933, e é
comumente lembrado como um dos momentos mais difíceis da história dos
Estados Unidos.
Empresários perderam todo seu patrimônio e houve um aumento brusco
do desemprego. Em razão da piora da economia, ocorreu uma epidemia de
suicídios nos EUA, tanto entre empresários que perderam seus negócios,
como entre trabalhadores que não conseguiam sustentar suas famílias.
Em razão também da interdependência da economia capitalista, a crise
dos Estados Unidos se espalhou pelo mundo. Os países da América Latina,
que dependiam fortemente da exportação de produtos primários para os EUA,
foram muito abalados, pois não havia mais quem comprasse seus produtos.
No caso do Brasil, houve uma crise sem precedentes na indústria do
café, o que acabou gerando consequências políticas. A República de Weimer
(Alemanha) também foi muito atingida, já que desde a Primeira Guerra Mundial
dependia muito de investimentos americanos.
O aumento da crise na Alemanha acabou favorecendo a ascensão do
nazismo e a chegada de Hitler ao poder em 1933. O único país que escapou
relativamente ileso da crise foi a União Soviética, que na década de 1920 já
havia iniciado a transição para o socialismo através da planificação de sua
economia.

O New Deal

Depois do impacto imediato da crise de 1929 e as consequências da


Grande Depressão, os Estados Unidos iniciam sua recuperação com maior
intensidade em 1933, ano de lançamento do New Deal (novo acordo),
implementado pelo presidente Franklin Delano Roosevelt, eleito no ano
anterior.
O plano econômico, desenvolvido principalmente pelo economista
britânico John Keynes, se opunha ao liberalismo vigente na década anterior.
Para isso, propunha um novo papel para o Estado, regulamentando a atividade
econômica para criar demanda e restabelecer o consumo, pilar fundamental da
economia capitalista.
Desse modo, apesar de crítico ao laissez-faire (expressão francesa que
representa o liberalismo econômico), o new deal não rompia com o capitalismo,
mas, ao contrário, procurava salvá-lo. O novo plano de Roosevelt aumentava
os investimentos em obras públicas e reduzia a jornada dos trabalhadores,
procurando, assim, criar empregos.
Além disso, foram feitos investimentos para recuperar a produção
agrícola e criados novos órgãos para resolução de conflitos trabalhistas.
Embora o new deal tenha sido fundamental para recuperar a economia dos
Estados Unidos, seu verdadeiro ponto de inflexão se dará durante a Segunda
Guerra Mundial. Com a reabilitação de indústria bélica e a ajuda aos países
mais afetados, os Estados Unidos de fato reativam sua economia e se
consolidam no posto de maior potência do mundo capitalista.

Guerra Fria

A Guerra Fria, que teve seu início logo após a Segunda Guerra Mundial
(1945) e a extinção da União Soviética (1991), é a designação atribuída ao
período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados
Unidos e a União Soviética, disputando a hegemonia política, econômica e
militar no mundo.

Causas

A União Soviética buscava implantar o socialismo em outros países


para que pudessem expandir a igualdade social, baseado na economia
planificada, partido único (Partido Comunista), igualdade social e falta de
democracia. Enquanto os Estados Unidos, a outra potência mundial, defendiam
a expansão do sistema capitalista, baseado na economia de mercado,
sistema democrático e propriedade privada.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o contraste entre o capitalismo e
socialismo era predominante entre a política, ideologia e sistemas militares.
Apesar da rivalidade e tentativa de influenciar outros países, os Estados Unidos
não conflitaram a União Soviética (e vice-versa) com armamentos, pois os
dois países tinham em posse grande quantidade de armamento nuclear, e um
conflito armado direto significaria o fim dos dois países e, possivelmente, da
vida em nosso planeta. Porém ambos acabaram alimentando conflitos em
outros países como, por exemplo, na Coreia e no Vietnã
Com o objetivo de reforçar o capitalismo, o presidente dos Estados
Unidos, Harry Truman, lança o Plano Marshal, que era um oferecimento de
empréstimos com juros baixos e investimentos para que os países arrasados
na Segunda Guerra Mundial pudessem se recuperar economicamente. A partir
desta estratégia a União Soviética criou, em 1949, o Comecon, que era uma
espécie de contestação ao Plano Marshall que impedia seus aliados socialistas
de se interessar ao favorecimento proposto pelo então inimigo político.
A Alemanha por sua vez, aderiu o Plano Marshall para se restabelecer, o
que fez com que a União Soviética bloqueasse todas as rotas terrestres que
davam acesso a Berlim. Desta forma, a Alemanha, apoiada pelos Estados
Unidos, abastecia sua parte de Berlim por vias aéreas provocando maior
insatisfação soviética e o que provocou a divisão da Alemanha em Alemanha
Oriental e Alemanha Ocidental.
Em 1949, os Estados Unidos juntamente com seus aliados criam a Otan
(Organização do Tratado do Atlântico Norte) que tinha como objetivo manter
alianças militares para que estes pudessem se proteger em casos de ataque.
Em contrapartida, a União Soviética assina com seus aliados o Pacto de
Varsóvia que também tinha como objetivo a união das forças militares de toda
a Europa Oriental.
Entre os aliados da Otan destacam-se: Estados Unidos, Canadá, Grécia,
Bélgica, Itália, França, Alemanha Ocidental, Holanda, Áustria, Dinamarca,
Inglaterra, Suécia, Espanha. E os aliados do Pacto de Varsóvia destacam-se:
União Soviética, Polônia, Cuba, Alemanha Oriental, China, Coreia do Norte,
Iugoslávia, Tchecoslováquia, Albânia, Romênia.
Origem do nome

É chamada "fria" porque não houve uma guerra direta entre as


superpotências, dada a inviabilidade da vitória em uma batalha nuclear.

Envolvimentos Indiretos

 Guerra da Coreia : Entre os anos de 1951 e 1953 a Coreia foi


palco de um conflito armado de grandes proporções. Após a
Revolução Maoista ocorrida na China, a Coreia sofre pressões
para adotar o sistema socialista em todo seu território. A região
sul da Coreia resiste e, com o apoio militar dos Estados Unidos,
defende seus interesses. A guerra dura dois anos e termina, em
1953, com a divisão da Coreia no paralelo 38. A Coreia do Norte
ficou sob influência soviética e com um sistema socialista,
enquanto a Coreia do Sul manteve o sistema capitalista.
 Guerra do Vietnã : Este conflito ocorreu entre 1959 e 1975 e
contou com a intervenção direta dos EUA e URSS. Os soldados
norte-americanos, apesar de todo aparato tecnológico, tiveram
dificuldades em enfrentar os soldados vietcongues (apoiados
pelos soviéticos) nas florestas tropicais do país. Milhares de
pessoas, entre civis e militares morreram nos combates. Os EUA
saíram derrotados e tiveram que abandonar o território vietnamita
de forma vergonhosa em 1975. O Vietnã passou a ser socialista.

Fim da Guerra Fria

A falta de democracia, o atraso econômico e a crise nas repúblicas


soviéticas acabaram por acelerar a crise do socialismo no final da década de
1980. Em 1989 cai o Muro de Berlim e as duas Alemanhas são
reunificadas.
No começo da década de 1990, o então presidente da União Soviética
Gorbachev começou a acelerar o fim do socialismo naquele país e nos aliados.
Com reformas econômicas, acordos com os EUA e mudanças políticas, o
sistema foi se enfraquecendo. Era o fim de um período de embates políticos,
ideológicos e militares. O capitalismo vitorioso, aos poucos, iria sendo
implantado nos países socialistas.

Crise do socialismo

A Guerra Fria começou a esmorecer no final dos anos 80, com uma
crise social, política e econômica que atingiu os países socialistas do bloco
soviético. Em 1985, subiu ao poder na União Soviética o líder Mikail
Gorbatchev, que promoveu duas mudanças básicas no país: a perestroika e
a glasnost.
A perestroika era um conjunto de reformas que visavam modernizar a
economia soviética, permitindo inclusive a entrada de transnacionais dos
países capitalistas.
A glasnost era um conjunto de medidas que visavam garantir a abertura
democrática, proporcionando inclusive maior liberdade de expressão e
imprensa.
A política externa de Gorbatchev foi caracterizada pela aproximação
com os Estados Unidos, que resultou na assinatura de vários tratados de
redução do arsenal nuclear. Apesar do êxito em sua política externa,
Gorbatchev teve muitas dificuldades em seu próprio país. Seus adversários
dividiram-se em dois grupos: uns desejavam reformas rápidas rumo ao
capitalismo e outros não aceitavam qualquer tipo de mudança.
No Leste Europeu, principal área de influência soviética, a população
insatisfeita se mobilizou contra os governos socialistas. Em países como a
Hungria e a Bulgária, as mudanças políticas foram graduais. Já em países
como a Alemanha Oriental, a Tchecoslováquia e a Romênia aconteceram
confrontos violentos entre manifestantes, policiais e militares.
O fim do governo socialista na Alemanha Oriental (1989) abriu caminho
para a sua reunificação com a Alemanha Ocidental (1990), marcada pela
queda do muro de Berlim — símbolo da decadência da ordem bipolar.
Gradativamente, todos os governos socialistas pró-soviéticos entraram
em crise e caíram. No final dos anos 80 e início dos anos 90, a crise agravou-
se na própria União Soviética, que era formada por 15 repúblicas com
diferentes características étnicas e religiosas. As repúblicas situadas nas
imediações do mar Báltico (Lituânia, Estônia e Letônia) foram as primeiras a
declarar-se independentes.
Na Rússia, principal república soviética, subiu ao poder Boris Yeltsin,
adversário político do líder Mikail Gorbachev. Após uma tentativa frustrada de
golpe militar, desferida pelos que não aceitavam a perestroika e a glasnost, a
crise se aprofundou.
O ano de 1991 marcou o fim da União Soviética, que se fragmentou em
15 novas nações independentes. Visando à manutenção dos laços econômicos
entre essas novas nações, foi criada a Comunidade dos Estados
Independentes (CEI), integrada na atualidade pelos seguintes países:
Federação Russa, Ucrânia, Belarus, Moldávia, Armênia, Geórgia, Azerbaijão,
Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomênia, Tadjiquistão e Quirguízia.
Com a fragmentação soviética, a ordem bipolar chegou ao fim. O Pacto
de Varsóvia foi extinto. A OTAN teve que mudar de estratégia, passando a
focar outros problemas, como os conflitos regionais e o terrorismo, além de
avançar para o Leste Europeu com a adesão de nações como Polônia,
República Tcheca e Hungria. Em 2004, aconteceu a adesão da Eslováquia,
Romênia, Bulgária, Eslovênia, Estônia, Letônia e Lituânia. A atual Federação
Russa participa como observadora.

Perestroika

Perestroika ou “reestruturação” consistia em acabar com a centralização


econômica instaurada por Lenin depois da Revolução Russa, em 1917.
A economia soviética era planificada pelo Estado, não existia a
propriedade privada e os preços dos produtos industrializados e agrícolas eram
estabelecidos pelo governo.
Desta maneira, não havia concorrência e se as pessoas não passavam
fome, tampouco havia variedade ou abundância.
Igualmente, a maior parte dos investimentos ia para a indústria pesada
de armas e para a guerra contra o Afeganistão.
Gorbachev, aos poucos, abre o mercado soviético com as seguintes
medidas:

 redução de subsídios à economia;


 fim do planejamento econômico estatal,
 liberalização do comércio exterior,
 eliminação dos limites de fabricação de produtos,
 autorização de importação de produtos estrangeiros,
 redução de fabricação de armamentos.

A Perestroika fracassou em abrir a economia russa por vários fatores.


O primeiro foi a resistência dos políticos liberais e dos comunistas em
aceitar estas medidas. Segundo, a indústria russa estava muito defasada em
relação à Ocidental e, de repente, se viu sem subsídios.
Finalmente, com a desorganização do campo, seguiu-se o
desabastecimento de alimentos causando revolta na população.

Glasnost

Glasnost ou "transparência" foi a política que visava aproximar a


população das decisões políticas da União Soviética. Também buscava
combater a corrupção entre os membros do Partido Comunista.
Essas medidas contribuíram para o fim da União Soviética, pois o povo
teve espaço para discutir as mudanças que estavam sendo operadas naquele
momento.

Assim podemos citar as principais medidas da Glasnost:

 anistia aos presos políticos,


 fim oficial do Gulag,
 fim da censura aos jornais e a artistas,
 liberdade para grupos religiosos
 fim do sistema de partido único
 reabilitação das vítimas do governo de Stalin.

Republica velha

A história do Brasil é marcada por diversos períodos bastante


característicos. Um deles, sem dúvidas, é a República Velha, época delimitada
pela proclamação da república brasileira, em 1889, e pelo início da Era Vargas,
em 1930.

O que foi a República Velha?


Como sabemos, o Brasil não nasceu uma República. Nosso país teve
uma história conturbada, que passou pelos períodos Colonial e também por um
longo Império, dividido em duas etapas: o Primeiro Império, conduzido por
D. Pedro I, e o Segundo Império, guiado por D. Pedro II.
O fim do reinado de D. Pedro II deu origem a uma nova etapa da história
brasileira: a República. Também conhecida como República das Espadas
(1889-1894) e República Oligárquica (1895-1930), esse primeiro período não
deixou em nada a desejar aos anteriores em relação aos conflitos e
instabilidades vividas no país.

República Velha

Assim como ocorreu em outros períodos de nossa história, a transição


do Império para a República se deu de modo bastante passivo em relação à
movimentação popular. As camadas mais simples da população tiveram pouca
ou nenhuma participação no contexto histórico da época, que foi muito mais
comandado pelas elites, como a burguesia, o exército e os grandes
latifundiários.
O período republicano começou por meio de um golpe militar, que
culminou com a proclamação da República em 15 de novembro de 1889.
Esse fato foi facilitado por uma série de fatores, entre eles o apoio das
camadas mais altas da sociedade, que se encontravam descontentes com o
governo de D. Pedro II.
A primeira delas foi a indisposição do imperador com a grande elite
cafeeira, especialmente com os cafeicultores do Oeste Paulista. As crises com
a mão de obra escrava, os altos impostos cobrados e a dificuldade de diálogo
com a Coroa deixavam os produtores de café infelizes com o governo.
Depois, podemos citar o Exército como um fator fundamental para a
aplicação do golpe graças aos problemas desse grupo com o Império por uma
série de fatores. Entre eles, podemos citar a questão da escravidão e o
fortalecimento da Guarda Nacional.
A Igreja também foi uma grande contribuinte para o fim do Império, no
evento conhecido como Questão Religiosa. Em síntese, esse episódio
corresponde ao momento em que D. Pedro II rejeitou uma exigência do Papa,
que determinava a excomungação de todos os membros da maçonaria. Ele
mesmo, no entanto, fazia parte desse grupo e ignorou a recomendação.
Por fim, outro ponto importante para a ingovernabilidade do imperador. A
herdeira direta de D. Pedro II, Isabel, era casada com um conde francês, algo
que não agradava em nada as elites. Além disso, ela era uma mulher, o que
tornava a situação ainda mais desagradável para esses grupos.
Com o golpe, foi instituído o modelo presidencialista e federativo,
baseado nas ideias de Auguste Comte, importante nome do Positivismo.
Houve, em seguida, a separação do Estado e da instituição da Igreja. Esse
período, no entanto, não foi uma etapa tranquila da história do Brasil, em parte
por conta da grande crise financeira deixada pelo Império.
De modo geral, esse período é dividido em duas partes:

República das Espadas

A República das Espadas compreende o período entre o início da


República Velha, em 1889, e o ano de 1894. Essa denominação foi feita por
conta dos presidentes (Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto) que
caracterizaram o momento histórico. Ambos foram militares que governaram o
país com ‘’mãos de ferro’’.
Durante esse período, foi promulgada a primeira Constituição da
República Brasileira, em 1891. Além disso, a industrialização do país deu os
seus primeiros passos também nessa época, com o investimento em novas
tecnologias para o setor agrícola e também com a modernização e urbanização
dos principais centros.
Outro fator interessante está no início da preocupação com questões
sanitárias e de saúde. Foi nesse momento, inclusive, que Oswaldo Cruz
aplicou as primeiras vacinas no povo brasileiro. Apesar disso, no entanto, o
Marechal Deodoro não contava com grande apoio no Congresso e até mesmo
entre os militares.

República Oligárquica
República Oligárquica é o nome dado ao período que se inicia com o fim
do governo de Floriano Peixoto. Também marcado por revoltas e muita
instabilidade, essa época contou com 10 presidentes diferentes.
A política dos governadores, prática que deu origem à denominação
dessa etapa da história brasileira, teve início no governo de Campos Sales.
Ela era caracterizada pela ‘’política do café com leite’’, que determinava a
alternância entre governantes dos estados de São Paulo e Minas Gerais no
poder.
Essa estratégia gerou muitos problemas internos com governantes de
outros estados, que não conseguiam ascender politicamente. O principal caso
se encontrava entre indivíduos do estado do Rio Grande do Sul, que se viam
muito prejudicados por essa prática.

Características da República Velha

Esse período foi marcado por uma série de elementos que o tornam
muito característico em meio a história de nossa nação. A seguir, confira
algumas das características mais importantes do momento:

 alta desigualdade social;


 forte poder dos coronéis (voto de cabresto);
 domínio das oligarquias estaduais ligadas ao café e ao leite;
 trabalho majoritariamente rural;
 separação da Igreja e do Estado;
 instabilidade política;
 muitas revoltas e insatisfação de várias camadas populares (até mesmo
os militares).

Presidentes da República Velha

Como vimos anteriormente, a República Velha foi um período em que 12


presidentes governaram. Eles foram os seguintes:
 Marechal Deodoro da Fonseca;
 Marechal Floriano Peixoto;
 Prudente de Morais;
 Campos Salles;
 Rodrigues Alves;
 Afonso Pena;
 Nilo Peçanha;
 Hermes da Fonseca;
 Venceslau Brás;
 Epitácio Pessoa;
 Arthur Bernardes;
 Washington Luís.

Esses governantes passaram por períodos importantes, como o


nascimento da consciência social entre os operários e, até mesmo, eventos de
importância global, como a Primeira Guerra Mundial (no governo de Venceslau
Brás).

Revoltas da República Velha

O período da República Velha foi marcado por muitas revoltas e


levantes, de origem popular e militar. A seguir, veremos quais foram os
episódios mais emblemáticos:
 Revolta da Vacina;
 Revolta da Armada;
 Revolução Federalista;
 Guerra do Contestado;
 Guerra de Canudos;
 Rebelião dos 18 do Forte de Copacabana;
 Revolta de 1924;
 Revolta da Chibata.
Embora todos esses movimentos tenham sua importância para o
período histórico, podemos destacar a Revolução Paulista de 1924, que
originou a Coluna Prestes. Além disso, esse período foi fortemente marcado
por greves operárias e outros problemas de cunho social.

Crise da República Velha

Muitos fatores contribuíram para a chegada da crise da República Velha.


Confira, a seguir, os mais importantes:
 a queda do prestígio do café;
 revoltas tenentistas;
 avanço dos movimentos operários;
 crise da bolsa de valores de Nova Iorque (1929).

No entanto, o fator que mais contribuiu para os problemas com a


República Velha foi, sem dúvidas, a crise sucessória da política do café com
leite.

Fim da República Velha

A crise internacional que ocorreu como consequência à Quebra da Bolsa


de Valores, em 1929, afetou diretamente a produção e o comércio de café em
nosso país. Assim, divergências surgiram até mesmo entre os cafeicultores,
algo que prejudicou a dinâmica e causou conflitos internos no período.
Somado a isso, a insatisfação de comerciantes e produtores do sul se
agravava cada vez mais. Os altos impostos e a falta de valorização do principal
produto sulista, o charque, fizeram com que esse grupo ficasse fortemente
insatisfeito.
Além disso, o atual presidente, Washington Luís, pretendia nomear outro
paulista para sucedê-lo após o fim de seu mandato. Isso ia contra as regras da
política de oligarquias, que demandava a alternância de poder entre paulistas e
mineiros. O escolhido, nesse caso, foi Júlio Prestes.
Nesse contexto, surge Getúlio Vargas, do Rio Grande do Sul, como uma
alternativa para o fim dessa política. Esse candidato, com o seu vice João
Pessoa, foram apoiados até mesmo pelos mineiros. No entanto, João Pessoa
foi assassinado e o poder foi tomado por Getúlio, em um golpe de estado que
deu origem à Era Vargas.

Era Vargas

Era Vargas é o nome que se dá ao período em que Getúlio Vargas


governou o Brasil por 15 anos, de forma contínua (de 1930 a 1945). Esse
período foi um marco na história brasileira, em razão das inúmeras alterações
que Getúlio Vargas fez no país, tanto sociais quanto econômicas.
A Era Vargas teve início com a Revolução de 1930, onde expulsou do
poder a oligarquia cafeeira, dividindo-se em três momentos:
 Governo Provisório -1930-1934
 Governo Constitucional – 1934-1937
 Estado Novo – 1937-1945

Revolução de 1930

Até o ano de 1930 vigorava no Brasil a República Velha, conhecida hoje


como o primeiro período republicano brasileiro. Como característica principal
centralizava o poder entre os partidos políticos e a conhecida aliança política
"café-com-leite" (entre São Paulo e Minas Gerais), a República Velha tinha
como base a economia cafeeira e, portanto, mantinha fortes vínculos com
grandes proprietários de terras.
De acordo com as políticas do "café-com-leite", existia um revezamento
entre os presidentes apoiados pelo Partido Republicano Paulista (PRP), de São
Paulo, e o Partido Republicano Mineiro (PRM), de Minas Gerais. Os
presidentes de um partido eram influenciados pelo outro partido, assim, dizia-
se: nada mais conservador, que um liberal no poder.

O Golpe do Exército
Em março de 1930, foram realizadas as eleições para presidente da
República. Eleição esta que deu a vitória ao candidato governista Júlio
Prestes. Entretanto, Prestes não tomou posse. A Aliança Liberal (nome dado
aos aliados mineiros, gaúchos e paraibanos) recusou-se a aceitar a validade
das eleições, alegando que a vitória de Júlio Prestes era decorrente de fraude.
Além disso, deputados eleitos em estados onde a Aliança Liberal
conseguiu a vitória, não tiveram o reconhecimento dos seus mandatos. Os
estados aliados, principalmente o Rio Grande do Sul planejam então, uma
revolta armada. A situação acaba agravando-se ainda mais quando o
candidato a vice-presidente de Getúlio Vargas, João Pessoa, é assassinado
em Recife, capital de Pernambuco.
Como os motivos dessa morte foram duvidosos, a propaganda getulista
aproveitou-se disso para usá-la em seu favor, atribuindo a culpa à oposição,
além da crise econômica acentuada pela crise de 1929; a indignação, deste
modo, aumentou, e o Exército – que por sua vez era desfavorável ao governo
vigente desde o tenentismo – começou a se mobilizar e formou uma junta
governamental composta por generais do Exército. No mês seguinte, em três
de novembro, Júlio Prestes foi deposto e fugiu junto com Washington
Luís e o poder então foi passado para Getúlio Vargas pondo fim à
República Velha.

Governo provisório (1930 - 1934)

O Governo Provisório teve como objetivo reorganizar a vida política do


país. Neste período, o presidente Getúlio Vargas deu início ao processo de
centralização do poder, eliminando os órgãos legislativos (federal, estadual e
municipal).
Diante da importância que os militares tiveram na estabilização da
Revolução de 30, os primeiros anos da Era Vargas foram marcados pela
presença dos “tenentes” nos principais cargos do governo e por esta razão
foram designados representantes do governo para assumirem o controle dos
estados, tal medida tinha como finalidade anular a ação dos antigos coronéis e
sua influência política regional.
Esta medida consolidou-se em clima de tensão entre as velhas
oligarquias e os militares interventores. A oposição às ambições
centralizadoras de Vargas concentrou-se em São Paulo, onde as oligarquias
locais, sob o apelo da autonomia política e um discurso de conteúdo
regionalista, convocaram o “povo paulistano” a lutar contra o governo Getúlio
Vargas, exigindo a realização de eleições para a elaboração de uma
Assembleia Constituinte. A partir desse movimento, teve origem a chamada
Revolução Constitucionalista de 1932.
Mesmo derrotando as forças oposicionistas, o presidente convocou
eleições para a Constituinte. No processo eleitoral, devido ao desgaste gerado
pelos conflitos paulistas, as principais figuras militares do governo perderam
espaço político e, em 1934 uma nova constituição foi promulgada.
A Carta de 1934 deu maiores poderes ao poder executivo, adotou
medidas democráticas e criou as bases da legislação trabalhista. Além disso,
sancionou o voto secreto e o voto feminino. Por meio dessa resolução e o
apoio da maioria do Congresso, Vargas garantiu mais um mandato.

Governo Constitucional (1934 – 1937)

Nesse segundo mandato, conhecido como Governo Constitucional, a


altercação política se deu em volta de dois ideais primordiais: o fascista –
conjunto de ideias e preceitos político-sociais totalitário introduzidos na Itália
por Mussolini –, defendido pela Ação Integralista Brasileira (AIB), e o
democrático, representado pela Aliança Nacional Libertadora (ANL), era
favorável à reforma agrária, a luta contra o imperialismo e a revolução por meio
da luta de classes.
A ANL aproveitando-se desse espírito revolucionário e com as
orientações dos altos escalões do comunismo soviético, promoveu uma
tentativa de golpe contra o governo de Getúlio Vargas. Em 1935, alguns
comunistas brasileiros iniciaram revoltas dentro de instituições militares nas
cidades de Natal (RN), Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE). Devido à falha de
articulação e adesão de outros estados, a chamada Intentona Comunista, foi
facilmente controlada pelo governo.
Getúlio Vargas, no entanto, cultivava uma política de centralização do
poder e, após a experiência frustrada de golpe por parte da esquerda utilizou-
se do episódio para declarar estado de sítio, com essa medida, Vargas,
perseguiu seus oponentes e desarticulou o movimento comunista brasileiro.
Mediante a “ameaça comunista”, Getúlio Vargas conseguiu anular a nova
eleição presidencial que deveria acontecer em 1937. Anunciando outra
calamitosa tentativa de golpe comunista, conhecida como Plano Cohen,
Getúlio Vargas anulou a constituição de 1934 e dissolveu o Poder Legislativo.
A partir daquele ano, Getúlio passou a governar com amplos poderes,
inaugurando o chamado Estado Novo.

Estado Novo (1937 - 1945)

No dia 10 de novembro de 1937, era anunciado em cadeia de rádio pelo


presidente Getúlio Vargas o Estado Novo. Tinha início então, um período de
ditadura na História do Brasil.
Sob o pretexto da existência de um plano comunista para a tomada do
poder (Plano Cohen) Vargas fechou o Congresso Nacional e impôs ao país
uma nova Constituição, que ficaria conhecida depois como "Polaca" por ter
sido inspirada na Constituição da Polônia, de tendência fascista.
O Golpe de Getúlio Vargas foi organizado junto aos militares e teve o
apoio de grande parcela da sociedade, uma vez que desde o final de 1935 o
governo reforçava sua propaganda anticomunista, alarmando a classe média,
na verdade preparando-a para apoiar a centralização política que desde então
se desencadeava. A partir de novembro de 1937 Vargas impôs a censura aos
meios de comunicação, reprimiu a atividade política, perseguiu e prendeu seus
inimigos políticos, adotou medidas econômicas nacionalizantes e deu
continuidade à sua política trabalhista com a criação da CLT (Consolidação das
Leis do Trabalho), publicou o Código Penal e o Código de Processo Penal,
todos em vigor atualmente. Getúlio Vargas foi responsável também pelas
concepções da Carteira de Trabalho, da Justiça do Trabalho, do salário
mínimo, e pelo descanso semanal remunerado.
O principal acontecimento na política externa foi a participação do Brasil
na Segunda Guerra Mundial contra os países do Eixo, fato este, responsável
pela grande contradição do governo Vargas, que dependia economicamente
dos EUA e possuía uma política semelhante à alemã. A derrota das nações
nazi fascistas foi a brecha que surgiu para o crescimento da oposição ao
governo de Vargas. Assim, a batalha pela democratização do país ganhou
força. O governo foi obrigado a indultar os presos políticos, além de constituir
eleições gerais, que foram vencidas pelo candidato oficial, isto é, apoiado pelo
governo, o general Eurico Gaspar Dutra.
Chegava ao fim a Era Vargas, mas não o fim de Getúlio Vargas, que em
1951 retornaria à presidência pelo voto popular.

Regime militar

O Regime militar foi o período da política brasileira em que militares


conduziram o país.
Essa época ficou marcada na história do Brasil através da prática de
vários Atos Institucionais que colocavam em prática a censura, a perseguição
política, a supressão de direitos constitucionais, a falta total de democracia e a
repressão àqueles que eram contrários ao regime militar.
A Ditadura militar no Brasil teve seu início com o golpe militar de 31 de
março de 1964, resultando no afastamento do Presidente da República,
João Goulart, e tomando o poder o Marechal Castelo Branco. Este golpe
de estado, caracterizado por personagens afinados como uma revolução
instituiu no país uma ditadura militar, que durou até a eleição de Tancredo
Neves em 1985. Os militares na época justificaram o golpe, sob a alegação de
que havia uma ameaça comunista no país.

Golpe Militar de 1964

O Golpe Militar de 1964 marca uma série de eventos ocorridos em 31 de


março de 1964 no Brasil, e que culminaram em um golpe de estado no dia
1 de abril de 1964. Esse golpe pôs fim ao governo do presidente João Goulart,
também conhecido como Jango, que havia sido de forma democrática, eleito
vice-presidente pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
Imediatamente após a tomada de poder pelos militares, foi estabelecido
o AI-1. Com 11 artigos, o mesmo dava ao governo militar o poder de modificar
a constituição, anular mandatos legislativos, interromper direitos políticos por
10 anos e demitir, colocar em disponibilidade ou aposentar compulsoriamente
qualquer pessoa que fosse contra a segurança do país, o regime democrático e
a probidade da administração pública, além de determinar eleições indiretas
para a presidência da República.
Durante o regime militar, ocorreu um fortalecimento do poder central,
sobretudo do poder Executivo, caracterizando um regime de exceção, pois o
Executivo se atribuiu a função de legislar, em detrimento dos outros poderes
estabelecidos pela Constituição de 1946. O Alto Comando das Forças Armadas
passou a controlar a sucessão presidencial, indicando um candidato militar que
era referendado pelo Congresso Nacional.
A liberdade de expressão e de organização era quase inexistente.
Partidos políticos, sindicatos, agremiações estudantis e outras organizações
representativas da sociedade foram suprimidas ou sofreram interferência do
governo. Os meios de comunicação e as manifestações artísticas foram
reprimidos pela censura. A década de 1960 iniciou também, um período de
grandes transformações na economia do Brasil, de modernização da indústria
e dos serviços, de concentração de renda, de abertura ao capital estrangeiro e
do endividamento externo.

Governo Castello Branco (1964-1967)

Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Congresso Nacional


presidente da República em 15 de abril de 1964. Em seu pronunciamento,
declarou defender a democracia, porém ao começar seu governo, assume uma
posição autoritária.
Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além de dissolver os
partidos políticos. Vários parlamentares federais e estaduais tiveram seus
mandatos cassados, cidadãos tiveram seus direitos políticos e constitucionais
cancelados e os sindicatos receberam intervenção do governo militar
Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só estavam
autorizados o funcionamento de dois partidos: Movimento Democrático
Brasileiro ( MDB ) e a Aliança Renovadora Nacional ( ARENA ). Enquanto o
primeiro era de oposição, de certa forma controlada, o segundo representava
os militares.
O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova Constituição
para o país. Aprovada neste mesmo ano, a Constituição de 1967 confirma e
institucionaliza o regime militar e suas formas de atuação.

Governo Costa e Silva (1967-1969)

Em 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa e Silva, após


ser eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu governo é marcado por
protestos e manifestações sociais. A oposição ao regime militar cresce no país.
A UNE (União Nacional dos Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a
Passeata dos Cem Mil.
Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários paralisam
fábricas em protesto ao regime militar.
A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada por jovens
idealistas de esquerda, assaltam bancos e sequestram embaixadores para
obterem fundos para o movimento de oposição armada.
No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato Institucional
Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do governo militar, pois aposentou juízes,
cassou mandatos, acabou com as garantias do habeas-corpus e aumentou a
repressão militar e policial.

Governo da Junta Militar (31/8/1969-30/10/1969)

Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta militar formada pelos
ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e
Márcio de Sousa e Melo (Aeronáutica).
Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN sequestram o embaixador
dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigem a libertação de 15 presos
políticos, exigência conseguida com sucesso. Porém, em 18 de setembro, o
governo decreta a Lei de Segurança Nacional. Esta lei decretava o exílio e a
pena de morte em casos de "guerra psicológica adversa, ou revolucionária, ou
subversiva".
No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi morto pelas
forças de repressão em São Paulo.

Governo Medici (1969-1974)

Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o general Emílio


Garrastazu Medici. Seu governo é considerado o mais duro e repressivo do
período, conhecido como " anos de chumbo ". A repressão à luta armada
cresce e uma severa política de censura é colocada em execução. Jornais,
revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas e outras formas de expressão
artística são censuradas. Muitos professores, políticos, músicos, artistas e
escritores são investigados, presos, torturados ou exilados do país. O DOI-Codi
(Destacamento de Operações e Informações e ao Centro de Operações de
Defesa Interna) atua como centro de investigação e repressão do governo
militar.
Ganha força no campo a guerrilha rural, principalmente no Araguaia. A
guerrilha do Araguaia é fortemente reprimida pelas forças militares.

O Milagre Econômico

Na área econômica, o país crescia rapidamente. Este período que vai de


1969 a 1973 ficou conhecido com a época do Milagre Econômico. O PIB
brasileiro crescia a uma taxa de quase 12% ao ano, enquanto a inflação
beirava os 18%. Com investimentos internos e empréstimos do exterior, o país
avançou e estruturou uma base de infraestrutura. Todos estes investimentos
geraram milhões de empregos pelo país. Algumas obras, consideradas
faraônicas, foram executadas, como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio-
Niterói.
Porém, todo esse crescimento teve um custo altíssimo e a conta deveria
ser paga no futuro. Os empréstimos estrangeiros geraram uma dívida externa
elevada para os padrões econômicos do Brasil.
Governo Geisel (1974-1979)

Em 1974 assume a presidência o general Ernesto Geisel que começa


um lento processo de transição rumo à democracia. Seu governo coincide com
o fim do milagre econômico e com a insatisfação popular em altas taxas. A
crise do petróleo e a recessão mundial interferem na economia brasileira, no
momento em que os créditos e empréstimos internacionais diminuem.
Geisel anuncia a abertura política lenta, gradual e segura. A oposição
política começa a ganhar espaço. Nas eleições de 1974, o MDB conquista 59%
dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos Deputados e ganha a prefeitura
da maioria das grandes cidades.
Os militares de linha dura, não contentes com os caminhos do governo
Geisel, começam a promover ataques clandestinos aos membros da esquerda.
Em 1975, o jornalista Vladimir Herzog á assassinado nas dependências do
DOI-Codi em São Paulo. Em janeiro de 1976, o operário Manuel Fiel Filho
aparece morto em situação semelhante.
Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-corpus e abre
caminho para a volta da democracia no Brasil.

Governo Figueiredo (1979-1985)

A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a acelerar o processo


de redemocratização. O general João Baptista Figueiredo decreta a Lei da
Anistia, concedendo o direito de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e
demais brasileiros exilados e condenados por crimes políticos. Os militares de
linha dura continuam com a repressão clandestina. Cartas-bomba são
colocadas em órgãos da imprensa e da OAB (Ordem dos advogados do Brasil).
No dia 30 de abril de 1981, uma bomba explode durante um show no centro de
convenções do Rio Centro. O atentado fora provavelmente promovido por
militares de linha dura, embora até hoje nada tenha sido provado.
Em 1979, o governo aprova lei que restabelece o pluripartidarismo no
país. Os partidos voltam a funcionar dentro da normalidade. A ARENA muda o
nome e passa a ser PDS, enquanto o MDB passa a ser PMDB. Outros partidos
são criados, como: Partido dos Trabalhadores ( PT ) e o Partido Democrático
Trabalhista ( PDT ).

A Redemocratização e a Campanha pelas Diretas Já

Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta vários


problemas. A inflação é alta e a recessão também. Enquanto isso a oposição
ganha terreno com o surgimento de novos partidos e com o fortalecimento dos
sindicatos.
Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol e milhões
de brasileiros participam do movimento das Diretas Já. O movimento era
favorável à aprovação da Emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições
diretas para presidente naquele ano. Para a decepção do povo, a emenda não
foi aprovada pela Câmara dos Deputados.
No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado
Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente da
República. Ele fazia parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição
formado pelo PMDB e pela Frente Liberal.
Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica doente antes de
assumir e acaba falecendo. Assume o vice-presidente José Sarney. Em 1988
é aprovada uma nova constituição para o Brasil. A Constituição de 1988
apagou os rastros da ditadura militar e estabeleceu princípios democráticos no
país.

Nova República

O governo Sarney teve como fato econômico mais importante a


implantação do Plano Cruzado, com vistas a combater a inflação pelo
congelamento de preços e da troca da moeda. O fato político marcante do
período foi a eleição de uma assembleia nacional constituinte, que em 1988
deu ao Brasil uma nova constituição. O fracasso do plano econômico e a
corrupção generalizada contribuíram para polarizar as preferências eleitorais
em 1989 em torno das candidaturas de Fernando Collor de Mello, apoiado por
poderosas forças políticas, e Luís Inácio Lula da Silva, do Partido dos
Trabalhadores.
A vitória de Fernando Collor provocou uma euforia momentânea, logo
dissipada pelo fracasso dos sucessivos planos econômicos e pelas denúncias
de corrupção que atingiam figuras próximas ao presidente. Depois de intensa
movimentação popular, Collor foi afastado do governo, em 1992, pelo processo
de impeachment, conduzido pelo Congresso Nacional.
O Presidente Itamar Franco, sucessor de Fernando Collor, contou com
vasto apoio parlamentar e popular. Seus objetivos principais eram combater a
inflação, retomar o crescimento econômico e diminuir a pobreza do povo
brasileiro. O sucesso das medidas econômicas permitiu a eleição do criador do
Plano Real, Fernando Henrique Cardoso, que conquistou a Presidência da
República, e foi presidente por dois mandatos, de 1995 a 1998 e de 1999 a
2002.
Em 27 de outubro de 2002, Luiz Inácio Lula da Silva é eleito Presidente
da República Federativa do Brasil com quase 53 milhões de votos, e, em 29 de
outubro de 2006 é reeleito com mais de 58 milhões de votos (60,83% dos votos
válidos).
No dia 31 de outubro de 2010, Dilma Rousseff foi eleita presidente do
Brasil, cargo a ser ocupado pela primeira vez na história do país por uma
mulher. Dilma Roussef obteve 55.752.529 votos, que contabilizaram 56,05% do
total de votos válidos.

Movimento operário (1917 e 1920): é um termo que se refere a organização


coletiva de trabalhadores para a defesa de seus próprios interesses,
particularmente através de implementação de leis específicas para reger as
relações de trabalho.

Guerra de canudos: foi um conflito no sertão baiano ocorrido em 1893 e 1897,


que terminou com a destruição do povoado de canudos. Houve varias batalhas
entre tropas do governo federal e um grupo de sertanejos liderados por um
líder religioso, Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio conselheiro. Foi o
maior movimento de resistência a opressão dos grandes proprietários rurais;
esse movimento refletia a extrema miséria em que viviam as populações
marginalizadas do sertão nordestino.

Tiradentes: Famoso por ser um dos lideres da incofidencia mineira e por ter
sido o único, entre os inconfidentes, a receber a pena capital, isto é, a pena de
morte, pela foca.

Inconfidência mineira: ocorreu na então capitania de minas gerias, na década


de 1780. Os chamados inconfidentes, isto é, aqueles que, para a coroa
portuguesa, haviam “faltado com a fidelidade” a metrópole, eram
profundamente influenciados pelos ideais iluministas do século XVII. A queda
da produção de ouro que passou a ocorrer a partir de 1760, se agravava a
cada ano, acentuando a pobreza da população. Mesmo com a diminuição da
extração do ouro, o sistema e o valor de cobrança dos quintos devidos a coroa,
mantinha-se o mesmo. Quando o ouro entregue não perfazia 100 arrobas
anuais, era decretada a derrama. Esta consistia em cobrar da população, pela
força das armas, a quantidade que faltava. Apesar de ter sido decretada
somente uma vez, sempre pairava a ameaça que a derrama poderia se tornar
realidade e isso assustava tanto os exploradores de ouro como a população.
A revolta deveria ter inicio no dia do derrama, que o governo programara para
1788 a acabou suspendendo quando soube da conjuração. Os planos dos
inconfidentes foram frustrados porque três participantes da conspiração
procuraram o governador, visconde de Barbacena, para delatar o movimento.

Revolta da vacina: foi uma insurreição popular ocorrida no rio de janeiro no


inicio do século XX. A revolta ocorreu como uma reação popular a campanha
da vacinação obrigatória, posta em pratica pelo sanitarista Oswaldo Cruz.
A causa principal da revolta foi, sobretudo, o modo como foi implantada a
campanha da vacinação obrigatória. A campanha em si foi idealizada pelo
sanitarista Oswaldo, que foi empossado Diretor Nacional de saúde pública, no
rio de janeiro, na época capital federal. Isto foi feito a mando do presidente
Rodrigues Alvez, como pare de uma serie de reformas e projetos de
urbanização idealizados pela presidência, entre elas a demolição de cortiços e
favelas e de boa parte das construções antigas do centro do rio e a criação das
brigadas de mata mosquitos, destinadas a combater as principais doenças
epidêmicas transmitidas pelo inseto, como a malária e a febre amarela.
Antes da realização da campanha, as outras reformas do presidente já se
mostravam impopulares, pois deslocara uma parte substancial da população
com suas reformas urbanas, e já havia implantado as brigadas mata mosquito
de forma truculenta, entrado a forca nas casas se necessário, e
frequentemente escoltadas por policiais ou militares.
A revolta começou quando, estando boa parte da cidade em ruinas em razão
da demolição dos cortiços e outras construções antigas do centro, e a
população revoltada com a maneira que o governo tinha implantado os mata
mosquito, se anunciou que seria criadas mais brigadas obrigatórias para
promover uma vacinação obrigatória geral, e que essas brigadas tinham
autorização para entrar em casas a força e igualmente a força deter e vacinar
quaisquer de seus habitantes, conforme fosse necessário.
No dia seguinte ao dia da aprovação da lei da vacina obrigatória, 5 de
novembro de 1904, os que se opunham a vacina se organizaram fundando a
liga contra a vacina obrigatória, para protestar contra as medidas do governo.
No dia 10, percebendo que o governo pretendia continuar com as mesmas
praticas a despeito da revolta da população, estourou a insurreição.
A revolta em si durou apenas 6 dias, do dia 10 ao dia 16 de novembro. Durante
esse período, foram saqueadas lojas e prédios públicos, suas fachadas
apedrejadas, bondes queimados, trilhos arrancados, barricadas, tiroteios nas
ruas entre a policia e os manifestantes, o que tornava o aspecto do centro do
rio, já com aparência de canteiro de obras, o de uma praça de guerra. No dia
14 a revolta chegou ao seu ápice, pois receberam o apoio dos militares da
escola de cadetes da praia vermelha, que também se revoltaram. No ultimo dia
o governo fingiu ceder para acalmar a revolta, e suspendeu temporariamente
as brigadas de vacinação, ao mesmo tempo que declarou estado de sitio e
cercou rio de janeiro de tropas. As tropas adentaram a cidade no dia 17, e
prenderam a maior parte dos revoltosos, dos quais alguns foram presos e
outros deportados para o acre. Assim que a cidade foi considerada segura o
governo voltou atrás e continuou com a campanha como previsto.
Revolta da chibata: Até1910, a marinha costumava punir os marinheiros com
castigos físicos, entre eles, a chibatada. Depois que o marinheiro Marcelino
Rodrigues foi punido com 250 chibatadas, acusado de ferir um companheiro a
bordo do encouraçado minas gerais, outros marinheiros inspirados pelo motim
de tripulantes russos no encouraçado potemkin, em 1905, se rebelaram e
iniciaram o que ficaria conhecida com revolta da chibata. Eles tomaram o minas
gerais e ameaçaram bombardear o rio de janeiro. Joao Cândido liderou o
movimento e redigiu uma carta na qual os revoltosos exigiam dos comandantes
o fim dos maus tratos. Ao final da batalha, Joao Cândido ficou conhecido com
almirante negro. Apesar do titulo obre, ele e os outros marinheiros envolvidos
foram expulsos da marinha. Joao chegou a ser internado como louco, sendo
absolvido em 1912.

Guerra do contestado: ocorreu entre as fronteiras de Paraná e de Santa


Catarina, região habitada por sertanejos, pessoas bastante pobres e oprimidas
que sofriam com a falta de terras e de alimentos. O conflito ocorreu entre
outubro de 1912 e agosto de 1916, envolvendo militares dos poderes federal e
estadual, e recebeu o nome do contestado em decorrência da disputa territorial
entre estados.
O contexto histórico que envolve a construção da estrada de ferro que unia são
Paulo e rio grande do Sul, de responsabilidade de uma empresa norte-
americana, mas com o apoio de coronéis e de grandes proprietários rurais que
detinham em suas mãos poderes políticos. Importa destacar que, ainda que
boa parte da estrutura Brasileira a para o comercio, dentre outras questões, a
construção das estradas de ferro fez com que milhares de camponeses e suas
famílias perdessem suas terras, gerando inclusive desemprego, tendo em vista
que os camponeses da região também ficaram sem terras para trabalhar.
Outro fator importante foi a compra de uma extensa área da região por parte de
algumas seletas pessoas ligadas a construtora. Ainda, cabe ressaltar, que a
prioridade foi adquirida para a construção de uma grande empresa madeireira,
que tinha como objetivo exportação. Com a estrada pronta, entretanto, os
trabalhadores que ainda tinham emprego por estarem trabalhando em sua
construção, tendo sido trazidos de diversas regiões do Brasil, ficaram também
desempregados, permaneceram na região sem receber qualquer apoio do
governo ou da empresa que havia contratado.
Diante da enorme insatisfação da população, o aparecimento de lideranças
religiosas destacou a figura do beato José Maria, que pregava a criação de um
novo mundo que seria regido pelas leis divinas, bem assim seria repleto de
paz, prosperidade, justiça, e o que o povo mais queria: terras para trabalhar.
Assim, o beato conseguiu milhares de seguidores, em sua essência aquela que
haviam ficado sem terras durante a construção da estrada de ferro.
A liderança do beato começou a preocupar os coronéis da região, tal qual os
governadores estadual e federal, uma vez que tinha demostrado sua
capacidade de reunir seguidores de forma rápida. Dessa forma, começaram as
acusações contra José Maria de santo agostinho para tentar desestruturar o
governo e a ordem da região, alegando ser ele um inimigo da república. Dessa
forma, teve inicio a perseguição aos seguidores do beato e a figura de José
Maria, bem como o que ela representava para o povo. Forma enviado policiais
e soldados para desarticular o movimento que estava sendo criado, durante os
conflitos, estima-se que um numero entre 5 e 8 mil rebeldes que, em sua
maioria, eram camponeses, morreram. A guerra somente chegou ao fim no ano
de 1916 quando as tropas conseguiram prender um dos últimos chefes da
revolta, Adeodato, condenado a trinta anos de prisão.

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