fala-se em constitucionalismo moderno para designar o movimento político, social e
cultural que, sobretudo a partir de meados do século XVIII, questiona nos planos político, filosófico e jurídico os esquemas tradicionais de domínio político, sugerindo, ao mesmo tempo, a invenção de uma nova forma de ordenação e fundamentação do poder político. Este constitucionalismo, como o próprio nome indica, pretende opor-se ao chamado constitucionalismo antigo, isto é, o conjunto de princípios escritos ou consuetudinários alicerçadores da existência de direitos estamentais perante o monarca e simultaneamente limitadores do seu poder. Estes princípios ter-se-iam sedimentado num tempo longo desde os fins da Idade Média até ao século XVIII." Host Dippel enumera os seguintes elementos para caracterizar o constitucionalismo: a soberania do povo, princípios universais, direitos humanos intrínsecos, a constituição escrita como base e fundamento do governo, a responsabilidade do governo e sua obrigação de prestar contas por seus atos, o direito a corrigir, a alterar ou abolir o governo e a ideia de que o governo constitucional deve ser, por definição, limitado. DIPPEL, Horst. História do Constitucionalismo Moderno. Novas Perspectivas. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa. 2007. p. 9. Direito e Política A invenção da Constituição
Supremacia do Direito Natural – ordem imutável e justa das coisas –
dos sofistas até Aristóteles.
Aristóteles – associa constituição e governo como uma ordem estatuída
por aqueles que moram na cidade. Cícero – preleciona que lei consiste na razão suprema gravada na natureza do homem. Cícero definiu e descreveu, em Roma, o termo República. Naquele lugar estabeleceu-se uma diferença entre normas essenciais do Estado de outras disposições.
No medievo, a associação de superioridade e normas de organização
política coube a Tomás de Aquino, Bodin, Hobbes, Grotius .
Em França, houve a distinção entre leis fundamentais e as outras,
inclusive protegidas pelo Parlamento. Na Alemanha ocorreu o mesmo. Constituição e contrato social
Contrato social já existia na Antiguidade: Esparta, Argos e Messina,
segundo Platão. Cícero teria feito a melhor definição.
Magna Carta (1215), Joyesue Entrée dos Países Baixos (1356), Bula de Ouro da Hungria (1222), etc
Constituição mista de Platão, Aristóteles, Políbio e Cícero – três
formas básica de governo: democracia, aristocracia e monarquia. O desrespeito aos direitos das pessoas levaria a um direito de resistência.
O contratualismo moderno chegou com Rosseau e Locke. Trata-se de
um ato fundante. O Estado é obra da arte humana. A palavra Constituição
Cícero – estrutura político-jurídica do Estado; Bodin; Philipe de
Beaumanoir. Mas, o termo não é o mesmo da modernidade.
Jonh Locke cunha uma definição moderna: fundação da ordem
política, ato supremo da sociedade antecedente ao direito positivo, fundamento dos poderes políticos e espaço de disputas de interesses. Rosseau e Montesquieu faziam o uso da expressão no sentido clássico.
O sentido moderno é encontrado em Vattel.
Os Federalistas diziam que era o estatuto do Estado e da cidadania,
dotado de supremacia normativa. Constitucionalismo
Superação do organicismo (família e estados: clero, nobreza e povo) e
a invenção do indivíduo.
Aparecimento da organização social por contrato para superar o poder
absoluto.
Na Inglaterra a monarquia absoluta dos Stuarts (século XVII) culmina
na Revolução Gloriosa. Em França, Luiz XIV (século XVII/XVIII) foi a maior expressão do absolutismo, que mesmo com uma classe comercial que se enriqueceu com o mercantilismo e o colonialismo, entrou em decadência diante dos altos gastos da corte, tributação excessiva e limitação da propriedade – emergência do capitalismo.
As teorias do contrato nascem para promover segurança ao estado de
natureza (homens livres e senhores absolutos de sua vontade), com constituição do Estado. Revolução inglesa
As disputas religiosas entre Anglicanos e Calvinistas (presbiterianos,
puritanos e anabalistas). O parlamento passou a disputar espaço com o rei. No parlamento houve disputas com o crescimento da representação da burguesia e da nobreza rural.
Jaime I passou a restringir o poder parlamentar e implantou uma
monarquia absoluta. Carlos I aprofundou ainda mais os conflitos. Assim, veio o Habeas Corpus ( 1628). A guerra civil começou com a formação do Exército do Parlamento organizado por Oliver Cromwell. Em 1649, o rei foi decapitado e Repúbica foi proclamada. O Instrumento de Governo instalou o protetorado organizado em três funções: Lorde Protetor, o Parlamento e o Conselho de Estado. O documento reconhecia a liberdade de crença, exceto para os católicos.
A monarquia foi restaurada em 1660, com Carlos II, dos Stuarts.
Em 1679 veio o Habeas Corpus para limitar os poderes do novo rei.
James II, o sucessor foi deposto por ser católico, por Guilherme de Orange, que foi coroado junto com Maria Stuart, filha de James II em 1689. No mesmo ano foi aprovada a Declaração de Direitos (Bill of Rights), assegurando direitos fundamentais, competências supremas do parlamento, vedação de penas cruéis, legalidade tributária, o direito de petição, eleições parlamentares livres e a imunidade de fala e debate do parlamento.
A forma constitucional veio em 1701, com Settlement Act, com a
ratificação das garantias do Bill of Rights, a soberania do parlamento e a independência do judiciário (vitaliciedade).
A leitura marxista diz que a revolução foi burguesa.
A revolução norte-americana
As várias restrições impostas às colônias, como tributação e
restrições comerciais, para bancar as guerras da Metrópole, levaram os colonos ao descontentamento e boicote dos produtos ingleses.
O episódio do chá em Boston levou o Governo inglês impor diversas
sanções. Os colonos reagiram contra as medidas do Parlamento Inglês. Em 1774, na Filadélfia ocorreu o I Congresso Continental no qual se decidiram interromper o comércio com a Inglaterra e redigiram a Declaração de Direitos. Os americanos pediram aos ingleses a cessação das leis intoleráveis, mas foi negado e assim deflagrou-se a guerra. O povo da Virgínia aprovou sua Declaração de Direitos em meio a guerra.
Ocorreu o II Congresso e em 4/7/1776 a independência foi declarada, por meio
de documento redigido por Thomas Jefferson. No congresso foram aprovados os “Artigos da Confederação”, em 1777. O Congresso deu lugar ao Congresso Assemblear dos Estados Unidos.
A guerra terminou em 1783 e iniciou o debate entre federalista e antifederalistas.
Uma Convenção foi convocada na Filadélfia em 1787, a pedido dos federalistas, para alterar os Artigos da Confederação, o que acabou por terminar aprovando uma nova Constituição. Correntes definem a revolução americana: 1ª – burguesa e escravocrata; 2ª – concepção religiosa dos protestantes de um duplo contrato; 3ª liberais – trunfo do pensamento lockeano em torno do contrato social e direitos individuais; 4ª republicanos – nega Locke e enfatiza os ideais republicanos dos Whigs – direitos individuais e comunidade.
Os Whigs pensavam numa sociedade organicista, os federalistas viam
uma sociedade pluralista, de pensamento mecanicista. A revolução francesa
O reino da França formado por três estados passava por dificuldades
financeiras. Depois de o réu Luis XVI propor o fim da isenção tributária do alto claro, este e a nobreza deflagram a convocação dos Estados Gerais.
Os representantes do terceiro estado se rebelaram em 15/6/1789. Em 26/8/1789
foi aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (separação de poderes, liberdade, igualdade, propriedade, igualdade e resistência).
A Constituição de 1791 instaurou uma monarquia constitucional. Os cidadãos
foram divididos em ativos e passivos – burguesia se torna maioria no parlamento. Em 1793, a Assembleia foi atacada por populares, veio a segunda Constituição, que aboliu a monarquia e instaurou a igualdade política – burguesia perde a maioria.
Em 1795, veio a terceira Constituição, depois da tomada do poder dos
Jacobinos – baixa burguesia, pelos Girondinos – alta burguesia.
Napoleão lutava contra os ataques à França. Deu um golpe de Estado
em 1799, com apoio da alta burguesia. A monarquia foi restaurada em 1804. A monarquia limitada chegou em 1830. A experiência brasileira
Independência diferenciada dos países latinos americanos: sem
violência, sem desintegração, adoção da monarquia, não sem viés republicano – Inconfidência Mineira (1789), Revolução Pernambucana (1817) e Confederação do Equador (1824).
Retorno da Família real e as pressões para limitar a relativa
independência (econômica) que o Brasil conquistou no início do século XIX, pressionou o rompimento com Portugal. A constituinte foi convocada e se reunir a partir de maio de 1823.
O cenário: restauração das monarquias na Europa, mas com limitações
decorrentes das conquistas liberais. Sentimento liberal, menos quanto à escravidão e semiabsolutismo.
A Assembleia foi dissolvida em novembro de 1823.
Uma comissão elabora outro projeto com a previsão do poder moderador. O
projeto foi enviado às câmaras municipais. Ato adicional de 1834.
Monarquia hereditária. Imperador era pessoa inviolável. Religião era católica.
o personalismo. De acordo com o personalismo, o fundamento da sociedade é a pessoa, que difere do indivíduo, pois é um ser relacional em três dimensões: 1) consigo próprio; 2) com seu semelhante e 3) com o transcendente, que, para alguns, pode ser Deus. O horizonte da proposta é uma civilização personalista