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HUMANOS
Introdução
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão é um texto fundamen-
tal na positivação dos direitos humanos, pois disciplina direitos naturais
como inalienáveis e imprescritíveis ao cidadão. Até a sua promulgação,
a França vivia um regime absolutista, em que os direitos do povo eram
menosprezados em prol do clero e da nobreza. Com a Revolução Francesa,
os homens passaram a ser vistos como pessoas iguais, sem a distinção
que pairava no País até o século XVIII.
Neste capítulo, você vai ler sobre o contexto histórico que antecedeu
a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e a influência desse
documento para os direitos humanos. Ainda, vai identificar e analisar os
dispositivos presentes na Declaração.
O renascimento foi um movimento cultural, econômico e político que teve seu início
na Itália do século XIV. Consolidou-se no século XV e, no século XVII, estendeu-se por
toda a Europa. Era inspirado nos valores da Antiguidade Clássica. E, com as modificações
estruturais ocorridas na sociedade, reformulou toda a vida medieval, dando origem
à Idade Moderna (Renascimento..., 2017, documento on-line).
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insatisfação era agravada pela crise econômica que se instalou no país, devido
aos gastos com a Guerra dos Sete Anos (1756–1763), contra a Inglaterra, com o
auxílio destinado aos EUA na Guerra da Independência (1776) e com os altos
gastos da corte francesa. Ainda, para agravar a situação, a França enfrentaria
mais duas crises: a primeira seria no campo, devido às péssimas colheitas
ocorridas nas décadas de 1770 e 1780, que ocasionaram uma inflação de 62%;
a segunda, na esfera financeira, decorrente da dívida pública que se acumulava
pela falta de modernização, principalmente em relação aos investimentos no
setor industrial (FERNANDES, 2018).
A política também foi afetada pela situação econômica. Muitos ministros,
que não conseguiram desenvolver projetos reformistas, foram demitidos.
Para tentar solucionar a crise, o rei pediu o apoio dos burgueses, que exigi-
ram a nomeação de Jacques Necker para o ministério das finanças, em 1788
(CALDEIRA, 2014). No mesmo ano, com o agravamento da crise, Luís XVI
convocou os Estados Gerais, primeira vez em 200 anos, para deliberar sobre
a situação política da França, momento em que o conflito de interesses se
acirrou: de um lado, o terceiro Estado; de outro, o segundo e o primeiro, que
possuíam interesses em comum. Assim, em 5 de maio de 1789, o rei estabeleceu
a Assembleia dos Estados Gerais (FERNANDES, 2018).
Contudo, devido aos impasses, um mês depois, a burguesia (que liderava
o terceiro Estado) propôs uma Assembleia Nacional, em 10 de junho de 1789,
para formular uma nova Constituição para a França. Como a proposta não
foi aceita pelo rei, pela nobreza e pelo clero, os burgueses, trabalhadores e
demais integrantes do terceiro Estado reuniram-se, em 17 de junho, para
formular uma Constituição (FERNANDES, 2018). Paralelo a isso, vendo que
não conseguiria dissolver a assembleia paralela do povo, o rei ordenou que
o primeiro e segundo Estados se unissem a ele, além de convocar o exército
para conter o levante popular em Paris (PISSURNO, 2018).
Diante disso, a população se uniu para tirar o poder das mãos de Luís XVI.
Em 14 de julho de 1789, o povo invadiu os arsenais do governo, apoderando-se
de cerca de 30 mil mosquetes. O primeiro alvo foi a Bastilha, prisão desativada,
mas que representava um dos maiores símbolos do absolutismo. A população
tomou o local, desencadeando a Queda da Bastilha, evento considerado o marco
do início do processo revolucionário (ALBUQUERQUE, 2018). Em seguida, a
Assembleia Constituinte promulgou a Declaração dos Direitos dos Homens
e do Cidadão, em 26 de agosto de 1789. O documento efetivava a ruptura
com a política francesa. Composto por 17 artigos mais o preâmbulo, o texto
se comprometia a estabelecer princípios conhecidos até hoje e que passaram
a embasar a elaboração das constituições ocidentais (MENDES, 2017).
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direito à liberdade;
direito à propriedade;
direito à segurança;
direito à resistência à opressão.
Preâmbulo
Os representantes do povo francês, reunidos em Assembleia Nacional, con-
siderando que a ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos direitos do
homem são as únicas causas dos males públicos e da corrupção dos governos,
resolveram expor, em uma declaração solene, os direitos naturais, inaliená-
veis e sagrados do homem, a fim de que essa declaração, constantemente
presente junto a todos os membros do corpo social, lembre-lhes permanen-
temente seus direitos e deveres; a fim de que os atos do poder legislativo e
do poder executivo, podendo ser, a todo instante, comparados ao objetivo de
qualquer instituição política, sejam por isso mais respeitados; a fim de que
as reivindicações dos cidadãos, doravante fundadas em princípios simples e
incontestáveis, estejam sempre voltadas para a preservação da Constituição
e para a felicidade geral (DIRETORIA DE POLÍCIA COMUNITÁRIA E DE
DIREITOS HUMANOS, 2016, documento online).
Art. 7º Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determi-
nados pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam,
expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos;
mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer
imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência.
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