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Revolução Francesa 14 de julho de 1789

No início do século XVIII, a França era a maior nação da Europa


ocidental. As grandes cidades tinham uma assinalável dinâmica
económica, o mercantilismo tinha dado à França algum impulso no
comércio interno e externo. Porém, a França era um país rural, com
técnicas agrícolas arcaicas/rudimentares que dificultavam o
crescimento da produção. A posse da terra estava na mão da alta
nobreza e do alto clero (senhores feudais). Os grupos privilegiados
fixaram-se na corte, em Versalhes, não apostaram no
desenvolvimento agrícola e interessavam-se essencialmente em
cobrar impostos sobre o terceiro estado, sobre aqueles que viviam no
meio rural.
A França era um estado absoluto, o rei concentrava em si todos
os poderes: legislativo, executivo e judicial. Após séculos de
resistências senhoriais ao poder real, Luís XIV (1638-1715) submeteu
os grupos privilegiados, fazendo de Versalhes o centro da corte e de
toda a burocracia estatal.
A nobreza e o clero ficaram dependentes do poder real que dava
benesses e privilégios. A corte vivia num grande fausto o que provocou
imensas críticas numa sociedade que já não era a mesma dos séculos
anteriores.
A França, em meados do século XVIII, estava em profunda crise:
moral, financeira, económica e social.
Em 1774, Luís XVI subiu ao trono como monarca de direito
Divino. O seu reinado ficou marcado pela crise profunda que minou a
economia francesa entre 1785 e 1789.
Os iluministas, os letrados: criticavam a corte e os grupos
privilegiados (nobreza e o clero). Que não estavam dispostos a
nenhuma mudança social e política. Os ideais de soberania da nação;
separação dos poderes; as críticas à sociedade de ordens, aos
privilégios adquiridos pela tradição e à teoria da origem divina do
poder dos reis iam fazendo o seu caminho.

Do ponto de vista financeiro, a França aumentou as despesas


durante todo o século XVII e XVIII. Por um lado, a construção do
Estado absoluto exigiu mais meios financeiros para sustentar um
crescente aparelho burocrático. Por outro lado, as sucessivas guerras
continentais em que Luís XIV se envolveu, a participação na guerra
dos sete anos (1756-1763) e a ajuda fornecida à independência dos
EUA deixaram os cofres vazios.

Os empréstimos eram avultados e os juros muito elevados. A


corte, muito criticada pela exuberância, gastava apenas 10% do
orçamento, mas o luxo era obsceno e contrastava com as enormes
dificuldades da grande maioria da sociedade francesa (terceiro estado
que representava, 28 milhões de franceses). Os ministros (Turgot,
Necker, Calonne, Brienne) de Luís XVI reconheceram o problema e
tentaram arranjar soluções. Os privilegiados rejeitavam todas as
reformas, principalmente a taxação da propriedade e tudo o que
mexesse nos seus privilégios.

Para além da situação financeira, os anos de 1770 e 1780 foram


de alarme económico. Existiram uma série de maus anos agrícolas,
devido às violentas tempestades, fizeram com que os alimentos
escasseassem e os preços subissem. A indústria francesa tinha uma
forte concorrência inglesa, que estava em forte expansão. Havia
desemprego urbano e enormes dificuldades no campo.

A crise financeira e económica potenciou a crise social. O artífice


urbano sofria com um salário que não era o suficiente para sobreviver.
O pequeno proprietário não obtinha lucro e tinha dificuldade em
vender os produtos. O mundo rural viu as colheitas diminuídas, os
impostos estatais não davam descanso e os impostos senhoriais
estavam sempre presentes. Os senhores e o Estado exigiam mais em
tempos de crise.

O terceiro estado uniu-se contra os privilegiados, uma pequena


minoria que controlava a riqueza da França. Houve motins em agosto
de 1787 e maio de 1788. Ao lado dos assalariados agrícolas, dos
camponeses, dos pequenos proprietários, dos artífices urbanos
colocou-se um grupo de letrados, intelectuais, dos que viviam dos
rendimentos do comércio e das rendas fundiárias. São o estrato mais
alto do terceiro estado, a quem chamamos burguesia. Reclamavam a
soberania da Nação, o fim dos privilégios de grupo, o reconhecimento
do mérito como único critério para a ascensão social.

Face ao impasse, reclamou-se a convocação dos Estados Gerais


(cortes) que já não se reuniam desde 1614. Luís XVI decidiu marcar a
reunião para 1 de maio de 1789, em Versalhes.
O início dos Estados Gerais revelou as contradições da sociedade
francesa. O terceiro estado recusou os formalismos e as práticas
tradicionais de representação social. O Terceiro Estado que
reivindicava o voto por cabeça e não por ordem, recusou-se a
reunir-se em separado: exigiu uma reunião conjunta com todos os
grupos sociais. Após a tentativa de boicote dos privilegiados, o terceiro
estado fez o juramento da sala do jogo da pela: não se separarem até a
França ter uma constituição.(No dia 20 de junho de 1789, em
Versalhes, França, os membros do Terceiro Estado reuniram-se a sala
do Jeu de Paume, ou seja, do jogo da Pela. Neste modesto local,
fizeram o histórico juramento da Sala do Jogo da Pela, com o qual
concordaram em nunca desistir enquanto não fosse adotada uma
nova Constituição francesa. Dada a sua natureza abstrata, há uma
tendência a esquecer-nos que tal juramento foi o principal ponto de
viragem da Revolução Francesa, tanto de um ponto de vista simbólico
como legal.) Comprometeram-se a ficar unidos até à conclusão de
uma constituição, passando a designar-se por Assembleia Nacional
Constituinte. Perante a cedência do rei à determinação do Terceiro
estado, os representantes da nação tornaram-se a fonte do poder
legítimo e a nova autoridade política. A monarquia absoluta chegava
ao fim.

Constitui-se como Assembleia Nacional Constituinte. São os


verdadeiros representantes da França. O rei e os seus aliados tentaram
usar a força, levando à revolta do povo de Paris e à tomada da Bastilha
a 14 de julho de 1789.

No entanto, o rei voltou atrás na sua palavra, e no início de julho


mandou colocar 50000 homens armados às portas de Paris. A 14 de
julho de 1789, o povo parisiense, indignado com a desconfiança do rei
face à assembleia e revoltado com a alta dos preços do pão, liderou
aquele é o acontecimento emblemático da revolução francesa: a
tomada da Bastilha, nessa fortaleza-prisão, símbolo do absolutismo
procuraram as armas necessárias. Nada deteve a multidão que para lá
se dirigiu. A Bastilha foi demolida e o Governador Massacrado.

A queda da prisão da Bastilha simboliza o fim do Antigo Regime


às mãos dos grupos populares mais desfavorecidos e é um marco da
História mundial. Este momento de rutura marca o início da era
contemporânea e é uma baliza incontornável na periodização da
História da Humanidade.
Abolição dos direitos feudais: entre 20 de julho e 26 de agosto a França
foi invadida por uma autêntica revolução camponesa conhecida por
grande medo. Pressionados pela fome, os camponeses atacaram
castelos, queimaram os registos onde constavam as taxas e obrigações
que deviam os senhores e mataram quem ousou fazer-lhes frente. Os
nobres, em pânico acabaram por consentir na supressão dos direitos e
privilégios feudais. na noite de 4 de agosto de 1789, a assembleia votou
as seguintes votou as seguintes determinações: abolição das corveias e
servidões pessoais (imposto sobre o trabalho); supressão da Dízima à
igreja; possibilidade de resgatar/acabar com as rendas e foros;
eliminação das jurisdições privadas; supressão da venalidade
(compra) dos cargos públicos e consequente livre admissão aos
empregos públicos civis e militares. Numa só noite a Assembleia
destruía os alicerces do antigo regime. (As perturbações e desordens
na província, conhecidas pelo nome de Grande Medo, estimularam a
Assembleia a agir. Na sessão da noite de 4 de agosto, clero, nobreza e
burguesia renunciaram aos privilégios. Chegava-se a uma fase de
moderação, na qual se destacava a burguesia como grupo liderante do
processo revolucionário. Dias depois foi aprovado um decreto que
declarou a abolição dos direitos feudais, prevendo, no entanto,
compensações em certos casos. Ao mesmo tempo, aprovava-se a
legislação de grande importância, proibindo a venalidade dos cargos
públicos, isenção de impostos e direitos da Igreja Católica de cobrar
impostos. Depois, os "deputados" lançaram-se na tarefa primária da
elaboração do documento constitucional.)

Os deputados da Assembleia Nacional Constituinte, avançaram para a


redação de uma declaração dos direitos do homem e do cidadão que
legitimasse as conquistas obtidas e fundamentais da futura
Constituição. O texto final, proclamou que “os homens nascem e
permanecem iguais em direitos” e enumerou-os: a liberdade, a
propriedade, a segurança e a resistência à opressão. Reconheceu
também com autoridade dos governos residia na nação e que a sua
finalidade era era a salvaguarda dos Direitos humanos . Ao fazê-lo
condenou os privilégios da sociedade de ordens e rejeitou o
absolutismo.

(Ao amanhecer do dia 14 de Julho de 1789 em Paris, uma multidão de


homens armados tomava posição junto da Bastilha, a fortaleza que
servia de prisão aos opositores ao reinado de Luís XVI, e punha em
marcha uma das maiores revoluções da história.
A queda da Bastilha significou o fim do Antigo Regime e o triunfo do
povo sobre as imposições do absolutismo. A 26 de Agosto de 1789, a
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão viria a confirmar a
vitória dos ideais do Iluminismo, assentes na célebre fórmula:
Igualdade-Liberdade-Fraternidade que está na base da Revolução
Francesa.)

Luís XVI é julgado por traição e condenado à morte na guilhotina na


“Place de la Révolution” (atual Praça da Concórdia), em Paris, no dia
21 de janeiro de 1793. No mesmo ano, no dia 16 de outubro, a sua
mulher, a rainha Maria Antonieta, também é guilhotinada.

Referências bibliográficas:

https://canalhistoria.pt/programacion/programa/datas-que-fizera
m-historia-20-de-junho-de-1789-o-juramento-da-sala-do-jogo-d
a-pela/
https://ensina.rtp.pt/explicador/as-razoes-da-revolucao-francesa-h61/
https://portal.uab.pt/a-tomada-da-bastilha/
https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$tomada-da-bastilha
https://canalhistoria.pt/programas/tomada-da-bastilha/
https://ensina.rtp.pt/explicador/da-revolucao-francesa-ao-imperio-de-nap
oleao-h62/

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