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As razões da Revolução Francesa

No início do século XVIII, a França era a maior nação da Europa ocidental. As grandes
cidades tinham uma assinalável dinâmica económica, o mercantilismo tinha dado à
França algum impulso no comércio interno e externo. Porém, a França era um país
rural, com técnicas agrícolas arcaicas que dificultavam o crescimento da produção.

A posse da terra estava na mão da alta nobreza e do alto clero. Os grupos privilegiados
fixaram-se na corte, em Versalhes, não apostaram no desenvolvimento agrícola e
interessavam-se essencialmente em cobrar impostos.

A França era um estado absoluto, o rei concentrava em si todos os poderes: legislativo;


executivo e judicial. Após séculos de resistências senhoriais ao poder real, Luís XIV
(1638-1715) submeteu os grupos privilegiados, fazendo de Versalhes o centro da corte
e de toda a burocracia estatal. A nobreza e o clero ficaram dependentes do poder real
que dava benesses e privilégios. A corte vivia num grande fausto o que provocou
imensas críticas numa sociedade que já não era a mesma dos séculos anteriores. A
França, em meados do século XVIII, estava em profunda crise: moral, financeira,
económica e social.

Os iluministas, os letrados, criticavam a corte e os grupos privilegiados. Não estavam


dispostos a nenhuma mudança social e política. Os ideais de soberania da nação;
separação dos poderes; as críticas à sociedade de ordens, aos privilégios adquiridos
pela tradição e à teoria da origem divina do poder dos reis iam fazendo o seu caminho.

Do ponto de vista financeiro, a França aumentou as despesas durante todo o século


XVII e XVIII. Por um lado, a construção do Estado absoluto exigiu mais meios
financeiros para sustentar um crescente aparelho burocrático. Por outro lado, as
sucessivas guerras continentais em que Luís XIV se envolveu, a participação na guerra
dos sete anos (1756-1763) e a ajuda fornecida à independência dos EUA deixaram os
cofres vazios.

Os empréstimos eram avultados e os juros muito elevados. A corte, muito criticada


pela exuberância, gastava apenas 10% do orçamento, mas o luxo era obsceno e
contrastava com as enormes dificuldades da grande maioria da sociedade francesa. Os
ministros de Luís XVI reconheciam o problema e tentaram arranjar soluções. Os
privilegiados rejeitavam todas as reformas, principalmente a taxação da propriedade e
tudo o que mexesse nos seus privilégios.
Para além da situação financeira, os anos de 1770 e 1780 foram de alarme económico.
Existiram uma série de maus anos agrícolas, os alimentos escasseavam e os preços
subiam. A indústria francesa tinha uma forte concorrência inglesa, que estava em forte
expansão. Havia desemprego urbano e enormes dificuldades no campo.

A crise financeira e económica potenciou a crise social. O artífice urbano sofria com um
salário que não era o suficiente para sobreviver. O pequeno proprietário não obtinha
lucro e tinha dificuldade em vender os produtos. O mundo rural viu as colheitas
diminuídas, os impostos estatais não davam descanso e os impostos senhoriais
estavam sempre presentes. Os senhores e o Estado exigiam mais em tempos de crise.

O Terceiro Estado uniu-se contra os privilegiados, uma pequena minoria que


controlava a riqueza da França. Houve motins em agosto de 1787 e maio de 1788. Ao
lado dos assalariados agrícolas, dos camponeses, dos pequenos proprietários, dos
artífices urbanos colocou-se um grupo de letrados, intelectuais, dos que viviam dos
rendimentos do comércio e das rendas fundiárias. São o estrato mais alto do terceiro
estado, a quem chamamos burguesia. Reclamavam a soberania da Nação, o fim dos
privilégios de grupo, o reconhecimento do mérito como único critério para a ascensão
social.

Face ao impasse, reclamou-se a convocação dos Estado Gerais que já não se reuniam
desde 1614. Luís XVI decidiu marcar a reunião para 1 de maio de 1789, em Versalhes.

O início dos Estados Gerais revelou as contradições da sociedade francesa. O Terceiro


Estado recusou os formalismos e as práticas tradicionais de representação social
(’’?????)Recusou-se a reunir em separado: exigiu uma reunião conjunta com todos os
grupos sociais. Após a tentativa de boicote dos privilegiados, o terceiro estado fez o
juramento da sala do jogo da pela: não se separarem até a França ter uma
constituição.

Constitui-se como Assembleia Nacional Constituinte. São os verdadeiros


representantes da França. O rei e os seus aliados tentaram usar a força, levando à
revolta do povo de Paris e à tomada da Bastilha a 14 de julho de 1789.

A queda da prisão da Bastilha simboliza o fim do Antigo Regime às mãos dos grupos
populares mais desfavorecidos e é um marco da História mundial. Este momento de
rutura marca o início da era contemporânea e é uma baliza incontornável na
periodização da História da Humanidade.

In - Infopédia

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