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Unidade 1 – Revolução Americana, uma revolução fundadora

1.1. Nascimento de uma nação sob a égide dos ideais iluministas


Influência dos ideais iluministas Efeitos da Guerra dos Sete anos

- Direitos do Homem
- Sobrecarga fiscal
- Soberania Nacional
- Falta de liberdade comercial
- Divisão dos poderes

Nascimento de uma nação

- Contestação dos colonos aos impostos

- Guerra da independência

- Declaração de Independência

- Instituição da República Federal dos Estados Unidos da América (1787)

1.1.1. Antecedentes: um conflito económico entre a metrópole e as colónias


As colónias Inglesas na América do Norte:
 Eram 13 (habitadas por ingleses – fugitivos das perseguições politicas e religiosas -,
irlandeses e espanhóis;
 Tinham em comum: a língua, a religião, os costumes e a dependência de Inglaterra;
 As colónias do Norte e Centro (Norte: N. Hampshire, Massachusetts e Connecticut; Centro:
N. Iorque, N. Jérsia, Pensilvânia e Delaware): mais desenvolvidas, predominavam os
minifúndios, viviam do comércio, da criação de gado, da pesca, da indústria, as manufaturas
de madeira, o papel, os têxteis e a metalurgia, faziam comércio com Antilhas, havia
liberdade e não entendiam a aderência ao esclavagismo;

 As colónias do Sul (Maryland, Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Geórgia): vivam
da agricultura, onde trabalhavam, em grande número, escravos negros (tabaco, café, anil e
algodão) eram mais conservadores e menos povoadas e apoiavam o esclavagismo.
Os Estados Unidos foram colonizados, a partir do século XV,
por colonos ingleses sujeitos a perseguições religiosas ou em busca
de melhores condições de vida.
No século XVIII, a coroa inglesa devido a uma grave crise
económica, causada pela Guerra dos Sete Anos, resolveu decretar
vários impostos a pagar pelos colonos à metrópole.
Esse facto levou à revolta dos colonos americanos, ao
surgimento do processo de independência e à criação de uma
constituição e governo próprios.

Os colonos ingleses da América do Norte estavam descontentes por várias razões:


 A Guerra dos Sete Anos (1756 -1763) opôs Inglaterra e França. A Inglaterra precisava de
dinheiro para pagar as despesas das guerras, por isso aumentou as taxas aduaneiras
(impostos) sobre bens de 1ª necessidade como o chá, o açúcar, o papel selado, o melaço
(fabrico de rum), vidro e chumbo;
 Não tinham direitos políticos;
 Havia sido assinado um acordo que não permitia aos colonos expandir os seus territórios a
Oeste sem o consentimento do governo inglês;
 Existia o Exclusivo Comercial (só podiam praticar o comércio com os ingleses);
 Imposto do Selo sobre documentos legais e publicações;
 Proibição de construção de fábricas nas colónias.

1.1.2. A reação das colónias: da contestação aos impostos à Declaração de Independência


Os colonos, cansados de tudo, tomaram medidas e organizaram a “Festa de Chá de Boston”.
O “Boston Tea Party” representa a reação dos colonos às taxas lançadas pela Grã-Bretanha
sobre as importações de chá.
(Acontecimento datado de 16 de dezembro de 1773, quando um
grupo de jovens disfarçados de índios lançaram ao mar a carga de chá
transportada pelos navios da Companhia das Índias).

Precipitação dos Acontecimentos


O rei Jorge III ordenou o encerramento do porto de Boston e exigia uma indemnização do
carregamento de chá destruído e o aquartelamento de tropas na cidade de Boston.
A esta prepotência inglesa, surge a reação baseada na divulgação dos ideais iluministas por
Thomas Jefferson, Samuel Adams, Richard Lee e Benjamin Franklin. Estes, com o auxílio de outros,
organizaram o Primeiro Congresso Continental da Filadélfia, no ano de 1774. Neste Congresso
estavam os representantes das colónias que resolveram suspender o comércio com Inglaterra.

Em Lexington (1775), perto de Boston, soldados ingleses foram atacados pela população
quando se preparavam para apreender
armas ilegais. Jorge III enviou tropas para
esmagar a insurreição americana.
Em 1776 ocorre o Segundo
Congresso Continental da Filadélfia, de
caráter separatista.
A 4 de julho de 1776 foi publicada
a Declaração de Independência, redigida
por Thomas Jefferson, e que continha uma Declaração dos Direitos do Homem.
(A Declaração da Independência é um documento com princípios iluministas, defendendo a
liberdade, igualdade, tolerância, e justiça perante todos os Homens. Foi concedido aos colonos o
direito de voto, o que lhes permitia escolher o seu governante.)

Mentores da Revolução Americana: George Washington (militar); Benjamin Franklin (político,


cientista e escritor) e Thomas Jefferson (filósofo político)
1.1.3. Da guerra da independência à criação da República Federal dos Estados Unidos da América
Entre 1776 e 1783 os Estados Unidos enfrentavam a Inglaterra, na chamada Guerra de
Independência, onde os norte-americanos eram comandados por George Washington. No ano de
1783, a Inglaterra reconhece a independência dos EUA com a assinatura do Tratado de Versalhes.
A Constituição dos Estados Unidos da América foi promulgada em 1787 e determinava a
criação de uma República federativa e presidencialista, a existência de três poderes (executivo -
Presidente, legislativo - Congresso e judiciário – Supremo Tribunal) independentes entre si. No ano
de 1789, George Washington foi eleito o primeiro presidente dos Estados Unidos.
Conceitos: Revolução Liberal - Conjunto de mutações políticas e sociais ocorridas na sequência do
legado ideológico da Revolução Francesa e já prenunciadas na Revolução Americana.
Representaram o fim das estruturas do Antigo Regime, no que concerne à classe dominante (que
passa a ser a burguesia), às instituições (surgem as monarquias constitucionais), à ordem
internacional (dá-se a independência de uma série de territórios), etc.; Constituição – texto
fundamental que regula os direitos e garantias dos cidadãos e a organização política de um Estado;
Época Contemporânea - período específico atual da história do mundo ocidental, iniciado a partir
da Revolução Francesa (1798). Está marcada de maneira geral, pelo desenvolvimento e
consolidação do regime capitalista no ocidente e, consequentemente pelas disputas das grandes
potências europeias por territórios, matérias-primas e mercados consumidores.
A Revolução Francesa

A frança nas vésperas da Revolução

Uma sociedade anacrónica (ultrapassada)

Os franceses viviam num regime social profundamente injusto e de desigualitário. A velha sociedade
de ordens do Antigo Regime privilegiava a nobreza e o clero, apenas uma pequena porção da
população. Na mão dos nobres encontravam-se as rendas provenientes da posse de um quarto do
solo francês, a quase totalidade dos cargos ministeriais e diplomáticos, assim como os lugares de
maior importância no exército e da hierarquia religiosa. Ao Clero pertencia 10% das terras mais
ricas, das quais recolhiam rendas e direitos de origem feudal. Recebiam, também, a dízima
eclesiástica, obrigatória a todos e não pagavam impostos, assim como a nobreza. No Terceiro
Estado, os camponeses representavam 80% da população. Suportavam pesadas cargas tributárias.
O contínuo empobrecimento tornava-os uma grande força de oposição.

O povo miúdo das cidades procurava emprego nas manufaturas, nos portos, nos serviços
domésticos. Eram vítimas de reduzidos salários e eram seduzidos pelas críticas aos ricos e
privilegiados que liam nos imensos opúsculos e panfletos que circulavam pelas ruas. Bem mais
desafogados viviam os proprietários das manufaturas, os grandes mercadores e os homens de
negócios, que aplicavam as suas fortunas na compra de imoveis citadinos e bens fundiários. Esta
burguesia endinheirada constituía a elite do Terceiro Estado. Entre o povo miúdo e os grandes
burgueses, encontravam-se os mestres de ofícios e lojistas, os advogados, os médicos, os
intelectuais. Que estariam incluídos na pequena e média burguesias.

Todos os estratos burgueses sentiam os mesmos ódios e frustrações. Nas lojas maçónicas, nos
salões e nos cafés invocavam os direitos humanos da liberdade e igualdade e criticavam os
privilégios que o nascimento proporcionava aos nobres. Mais trabalhadores e instruídos, os
burgueses viam fugir os altos cargos na administração pública, restando-lhes no exército os lugares
de oficial subalterno (que está sob as ordens de outros). As ambições políticas levaram-nos à
contestação e à destruição de Antigo Regime.

A Conjuntura Económico-Financeira

Em 1789, França era um país próspero, os seus burgueses faziam fortunas com o comércio colonial.
Paris era uma grande metrópole e o luxo de Versalhes servia de paradigma a outros países. No
entanto, uma profunda crise económica aproximava-se. Os proprietários agrícolas debatiam-se com
a baixa de preços e de lucros do trigo e do vinho. Violentas tempestades fizeram perder as colheitas
de várias regiões e fez subir os preços. Instalou-se uma crise de subsistência que levou ao aumento
da percentagem de mortes. A indústria não se encontrava em melhores condições, devido ao
Tratado de livre-câmbio que favorecia a importação dos tecidos ingleses. Instalou-se o desemprego.
À crise junta-se o défice crónico das finanças. As receitas não eram suficientes para cobrir as
despesas do Estado. Estas relacionavam-se com o exército, constantemente envolvido em guerras,
com as obras públicas e a instrução, os gastos impopulares da corte, com as pensões e os próprios
encargos da dívida pública, causada pelos sucessivos empréstimos. A origem do défice foi a injusta
sociedade de ordens, que isentava o clero e a nobreza de contribuições, privando os cofres reais de
ampliarem as suas receitas.
A Inoperância de Poder Político e o Agravamento das Tensões Sociais

Durante o reinado de Luís XVI ocorreram várias tentativas de resolução da crise económico-
financeira. O ministro Turgot liberalizou o comércio dos cereais e propôs que a corveia real fosse
substituída por uma subvenção territorial que abrangeria todos os proprietários. Os privilegiados
alarmaram-se e Luís XVI despediu o ministro. Assim como outros, que procuravam reformar a
administração local e o sistema fiscal, abolindo privilégios tributários e nivelando os impostos. Os
Parlamentos e a Assembleia dos Notáveis, controlados por representantes da nobreza constituíram
uma permanente oposição às tentativas de reformas políticas.

Fizeram crer que a miséria do povo se fazia dever, não às isenções fiscais dos privilegiados mas à
incompetência do absolutismo régio. Contribuíram, por isso, para o clima de violência, pilhagens e
motins vividos, quando a fome e o desemprego cresceram. Incapaz de controlar a agitação social,
Luís XVI convoca os Estados Gerais para maio de 1789 e convidou os franceses a exprimirem as suas
reclamações e seus anseios. São elaborados os Cadernos de Queixas que informam dos
antagonismos e tensões vividos na sociedade francesa. De uma monarquia controlada por uma
constituição e assembleias pretendia-se a salvaguarda da liberdade individual e da justiça social. Os
franceses esperavam do rei o remédio para as suas infelicidades.

Da Nação Soberana ao Triunfo da Revolução Burguesa

A Nação Soberana Dos Estados Gerais à Assembleia Constituinte

A abertura dos Estados Gerais realizou-se em Versalhes, na maior das expectativas. Não só porque
o absolutismo francês abandonara a consulta daquela assembleia mas porque o Terceiro Estado
reivindicava o voto por cabeça e não por ordem. Contudo, as expectativas do Terceiro Estado não
se realizaram. O Clero e a nobreza mostraram-se intransigente na defesa do voto por ordem que,
certamente, os favorecia. Foi a incapacidade de decidir de Luís XVI que fez eclodir o primeiro ato
revolucionário. Os deputados do Terceiro Estado decidiram forma a Assembleia Nacional,
constituída por eles. A que caberia, no futuro, decidir todas as ações que monarca deveria executar.

Em consequência, a Nação Soberana tornou-se a fonte do poder legislativo e a nova autoridade


política. A monarquia absoluta chegara ao fim. Dias depois, os deputados juraram não se separar
enquanto na redigirem uma Constituição para França, a nova assembleia recebeu o nome de
Assembleia Nacional Constituinte.

A Desagregação da Ordem Social do Antigo Regime

A Tomada da Bastilha

A Tomada da Bastilha, sucedida a 14 de julho de 1789, foi considerada o acontecimento


emblemático da Revolução Francesa. Tratou-se de uma ação violenta do povo parisiense, revoltado
comas altas dos preços do pão e indignados com a desconfiança do rei face à Assembleia. No início
de julho, Luís XVI colocou às portas de Paris 50 mil homens. Receosa de uma “conjuntura
aristocrática”, a burguesia formou uma milícia, que veio a ser a Guarda Nacional. A Bastilha era a
fortaleza-prisão do absolutismo, nada deteve a multidão que la de dirigiu. A Bastilha foi demolida e
o governador massacrado.

A Abolição dos Direitos Feudais


Em finais de julho inícios de agosto, ocorreu uma autêntica revolução camponesa em França.
Pressionados pela fome, devido às más colheitas dos últimos anos, os camponeses lutavam pela
emancipação completa de terras e a libertação individual das cargas feudais. Atacaram castelos,
queimaram registos senhoriais e até mataram senhores que lhes fizessem frente. Conhecido por
Grande Medo, este movimento impulsivo e irracional, levou os nobres a consentirem a supressão
dos direitos e privilégios feudais. Mais tarde, a Assembleia determinou:
 A abolição das corveias e servidões pessoais
 A supressão da dízima à Igreja
 A possibilidade de resgatar rendas e foros
 A eliminação de jurisdições
 A supressão da compra de cargos públicos
 E a livre admissão aos empregos públicos civis e militares

Existia agora uma sociedade livre, baseada na igualdade de todos perante a lei.

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão

Os deputados da Assembleia Nacional Constituinte entenderam que era necessário elaborar uma
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que legitimasse as conquistas obtidas em relação
ao rei e aos privilegiados e fundamenta-se a nova constituição. Considerada a certidão de óbito do
Antigo Regime, a declaração lançou as bases da nova sociedade social e política. Proclamou que
todos têm iguais direitos, o direito à liberdade, à propriedade, segurança e à resistência à opressão,
e condenou os privilégios da sociedade de ordens. Reconheceu que a autoridade dos governos
residia na Nação e que a sua finalidade era salvaguardar os direitos do Homem. Rejeitou o
absolutismo, a arbitrariedade jurídica e a intolerância religiosa. A Declaração francesa foi o primeiro
texto público do liberalismo político a encarar o Homem como um cidadão competente para intervir
na governação.

A Constituição Civil do Clero

O Clero perdeu todos os seus privilégios, sofreu a abolição dos direitos feudais e confisco dos seus
bens. Desprovido de rendimentos, o Clero foi, então, reorganizado. A Constituição Civil do Clero,
votada pela Assembleia em 1790, atribuiu aos membros do Clero a mera qualidade de funcionários
do Estado. E exigia-lhes um juramento de fidelidade à Nação e ao rei. Foi um dos diplomas mais
controversos da Revolução. Mereceu a condenação do Papa e dividiu os franceses.

A Reorganização Administrativa e Económica

Coube à Assembleia Nacional Constituinte instituir uma nova organização administrativa, mais
descentralizada. As antigas províncias deram lugar a 83 departamentos, cantões e comunas. Órgãos
eleitos e funcionários pagados pelo Estado encarregavam-se de aplicar as leis, superintender no
ensino, na salubridade, nas obras públicas, no policiamento, na cobrança de impostos e no exercício
da justiça. Estabelece-se uma nova fiscalidade, onde todos os grupos sociais ficaram sujeitos ao
imposto direto sobre receitas e rendimentos. Quanto à organização económica, empreendeu-se a
unificação do mercado interno, eliminando as alfândegas internas e os monopólios. Um uniforme
sistema de pesos e medidas que facilitasse nas trocas. Na agricultura, estabeleceu-se a liberdade de
cultivo e de emparcelamento, no entanto, salvaguardaram-se os baldios, no interesse de
camponeses mais pobres. Na indústria, as medidas foram mais radicais, aboliram-se as corporações
e declarou-se a liberdade de empresa. Em suma, institui-se o princípio da liberdade económica.

A Constituição de 1791 (Monarquia Constitucional)

Em 1791, França era uma monarquia constitucional. Votada pela Assembleia Nacional e jurada pelo
rei, a Constituição de 1791 consagrou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a
soberania nacional e a separação dos poderes. Na Nação residia a soberania, declarada una e
indivisível, era constituída por todos os cidadãos. No entanto ainda se distinguiam, por critérios de
fortuna, os cidadãos ativos dos passivos. Para se ser cidadão ativo exigia-se o pagamento de uma
imposto direto igual ou superior à três dias de trabalho, idade equivalente ou superior à 25 anos e
exclusivamente homens. Por considerar que só o desafogo económico permitia a instrução e o
esclarecimento necessários para o correto exercício do voto, a Assembleia instituiu o sufrágio
censitário. Cabia a este a escolha dos verdadeiros eleitores, que pagavam um imposto igual ou
superior a sete dias de trabalho e a estes cabia a eleição dos 745 deputados da Assembleia
Legislativa.

Os cidadãos passivos eram excluídos do sufrágio censitário e de direitos políticos. Nestes se


encontravam o povo miúdo das cidades e do campo, os criados e indigentes. Eram indivíduos do
sexo masculino, idade igual ou superior à 25 anos, sem condições económicas para pagarem um
imposto igual a três dias de trabalho. A lei reconhecia-lhes direitos naturais (liberdade, igualdade,
propriedade, segurança) e direitos civis (liberdade de expressão, de crença, reunião e deslocação).
As mulheres estavam totalmente afastadas da cidadania. Mas nem por isso deixaram de participar
na Revolução, estavam presentes nas manifestações de rua, nos motins provocados pela fome, a
inspirar animo aos soldados e nas invasões da Assembleia.

À Assembleia Legislativa competia o poder legislativo, os seus deputados eram eleitos por dois anos
e propunham e decretavam as leis, o orçamento e os impostos. No entanto, o rei possuía um direito
de veto que lhe permitia suspender as leis durante dois anos, mas jamais poderia dissolver a
Assembleia. Foi a propósito do tipo de veto (absoluto um suspensivo) a conceder ao rei que surgiram
os conceitos políticos da esquerda e da direita. Como forma de contar mais facilmente os votos dos
deputados, sentavam-se à direita do Presidente da Assembleia os aristocratas, partidários do veto
absoluto e à esquerda ficaram os patriotas adeptos da limitação do poder real. A direita ficou
sinonimo de conservadorismo e a esquerda de mudança. O rei detinha o poder executivo, escolhia
e demitia os ministros, mas as decisões necessitavam de ser aprovadas por, pelo menos, um deles.
Embora comandasse o exército e a marinha, as declarações de guerra e tratados de paz estavam
dependentes da concordância da Assembleia Legislativa. Submetido à constituição, o monarca deixa
de ser senhor de um poder arbitrário que se coloca acima da lei. É agora apenas o primeiro
funcionário do Estado. Quanto ao poder judicial, ficou entregue a juízes eleitos e independentes.
Criou-se o Tribunal Superior para julgar os delitos de ministros, deputados e governantes.

Luís XVI e a Revolução

Nascido para ser rei absoluto, Luís XVI nunca esteve de acordo com a Revolução. Nos Estados Gerais,
criou entraves às reivindicações do Terceiro Estado e manteve uma atitude de desconfiança com a
Assembleia Nacional Constituinte. Foi necessário um levantamento de mulheres para o fazer
abandonar Versalhes e instalar-se nas Tulherias. E apos várias recusas finalmente validou a
Declaração dos Direitos de homem e do Cidadão e a Constituição Civil do Clero. A hostilidade dos
parisienses contribuiu para a sua tentativa de fuga em julho de 1791. Foi detido em Varennes e
trazido de volta para Versalhes, este não teve mais condições para governar. Entretanto, os
emigrados nobres, que abandonaram o país conspiravam junto dos soberanos estrangeiros contra
o novo regime francês. Em 1791, o rei da Prússia e o eleitor da Saxónia redigem a declaração de
Pillnitz, em que a invasão de França é prevista com o objetivo de restaurar os poderes de Luís XVI.
O início da guerra, em 20de abril de 1891, ocorreu num ambiente de elevada tensão. Abatida pela
fome e pela subida de preços e descrente de um regime que os privava do voto, o povo de Paris
agitava-se pelas ruas e pressionava a Assembleia. Quando a notícia da invasão de França chegou e
a Nação foi declarada em perigo, formaram-se exércitos de federados em Paris. Uma Comuna
insurrecional instalou-se na Câmara e executou-se o assalto ao palácio real das Tulherias, o rei foi
suspenso pela Assembleia Legislativa. A Constituição de 1791 deixou de funcionar e a monarquia
constitucional viu-se inviabilizada, na falta do poder político. Coube à Convenção, a nova Assembleia
Constituinte, proclamar a Republica.

A Obra da Convenção

Girondinos e Montanheses

Em 1792 começou o Ano I da Republica. Apesar de republicanos e burgueses, todos com fortes
ligações ao Clube de Jacobinos, distinguia-se entre eles um grupo mais moderado, os Girondinos,
alguns dos seus representantes foram Brissot e Roland. E um grupo mais radical, os Montanheses,
representados por Robespierre e Danton. O diferendo entre estes dois atingiu o seu auge durante
o julgamento de Luís XVI. Considerando-o um traidor, os Montanheses pediram a pena de morte.
Já os Girondinos desejavam um julgamento mais compreensivo, bastava-lhes a prisão ou, mesmo,
o exilio. Apos o veredicto, Luís XVI foi executado e a monarquia chegara ao fim.

A Pressão dos Sans-Culottes

A revolução francesa, até 1792, foi dirigida pelos burgueses, a partir dessa data surgiu uma nova
força social, os Sans-culottes. Estes eram um grupo essencialmente urbano, formado por artífices,
lojistas e alguns operários. Tinham rendimentos modestos e pertenciam aos cidadãos passivos que
lutavam pela igualdade política e económica. Elaboravam moções e panfletos que faziam chegar à
Convenção, intervinham nos seus debates, com a intensão de influenciar as decisões. Esta pressão
dos sans-culottes, levou a que, em 1793, os Girondinos se visem afastados de poder. A Convenção
agora dominada pelos Montanheses, votou numa nova Constituição, a Constituição do Ano I. Mais
democrática que a anterior, instaurava o sufrágio universal direto, reconhecia o referendo para
ratificação das leis e incluía uma nova Declaração dos Direitos, que garantia a todos o direito ao
trabalho, à assistência, à instrução e à insurreição. No entanto, a constituição nunca foi posta em
prática, devido a uma terrível conjuntura interna e externa. Na Provença, em Lião, em Bordéus,
estalara a insurreição federalista, fomentada pelos Girondinos. Na Vendeia, monárquicos e
católicos erguiam-se contra as tropas republicanas. No exterior, a França batia-se contra uma
basta união de países europeus, que reagiam à política de anexações territoriais da Convenção e à
execução de Luís XVI. Sentindo a Revolução em perigo, a Convenção radicalizou a sua conduta.
Após ter expulsado os Girondinos, instituiu um governo revolucionário, no qual ditavam os mais
extremistas Jacobinos.

O Governo Revolucionário e o Terror


Profundamente centralizado e ditatorial, o governo revolucionário colocou o interesse do Estado
laico e republicano acima dos interesses privados. Sacrificou-se as liberdades individuais à causa
da liberdade social, da independência da Nação e da salvação da República. Foi imposta a
mobilização geral, com a incorporação no exército de todos os homens solteiros, entre os 18 e 25
anos. A Convenção cedeu à pressão dos sans-culottes. Eliminou a livre concorrência, fixaram-se os
salários e os preços. Nacionalizou-se os bens dos emigrantes, decretou-se a partilha dos bens
comunais, aboliu-se a feudalidade. No fim do ano, a instrução tornou-se gratuita e obrigatória. A
defesa dos direitos humanos assumiu particular relevância na Convenção. Uma política de
descristianização foi posta em prática. Perseguiram-se os padres refratários e os constitucionais
simpatizantes dos Girondinos. Fecharam-se igrejas, publicou-se um calendário republicano que
abolia o domingo e os feriados religiosos. O casamento passou de sacramento a ato civil, que o
divórcio podia dissolver. Medidas jurídicas legalizaram a violência. A Lei dos Suspeitos fomentou a
denúncia e a arbitrariedade. Foram encarceradas e condenadas `pena de morte milhares de
pessoas. A obra da convenção, ditatorial e profundamente repressiva, conseguiu, deste modo,
repelir o invasor estrangeiro, retomar a Bélgica e a Renânia, esmagar a revolta da Vendeia e abater
a rebelião dos departamentos. A Republica Jacobina parecia salva.

O Fim do Governo Revolucionário e da República Jacobina

O radicalismo jacobino teve, porém, os dias contados. Ardoroso defensor da unidade republicana,
Robespierre mandou executar todos os que se atrevessem a critica-lo. A 9 do Termidor, uma
conjuntura da Convenção afastou Robespierre do poder e executa-o. Chegara ao fim a fase mais
radical e violenta da Revolução Francesa.

O triunfo da Revolução Burguesa


O Directório e o regresso à paz civil

A convenção a 22 de Agosto de 1795, aprovou uma nova constituição. A Constituição do


Ano III, destinada a estabelecer a ordem e a concordância entre os burgueses. Foi então que surgiu
uma nova parte da Revolução Francesa: o Directório.
A Constituição abria com a Declaração dos Direitos e dos Deveres que possuía uma nova
concepção de igualdade (que a lei era igual para todos), defende a propriedade e a liberdade
económica. O sufrágio censitário indirecto foi reestabelecido. Embora os cidadãos activos não
fossem tão numerosos como em 1971 e os eleitores eram muito poucos. Deveria ter 25 anos no
mínimo, e tinham de ser proprietários ou possuidores de um rendimento igual ou superior a 200
dias de trabalho.
O poder legislativo ficou entregue a duas assembleias, o Conselho dos Quinhentos que
propunha as leis, e o concelho dos Anciãos que as votava. Não podiam funcionar separadamente
nem podiam demitir os cinco directores a quem pertencia o poder executivo.
Havia tantas limitações de poderes porque existia sempre um receio de que se voltasse à
ditadura. Depois do Terror jacobino, o directório propôs fazer reinar para que a paz civil fosse
reestabelecida.
Porém, entre 1795 a 1799 (anos em que o Directório vigorou) os tempos foram instáveis. A
guerra da França contra a Europa não tinha fim; a crise financeira agravava-se e os contrastes sociais
eram cada vez mais acentuados.
Napoleão Bonaparte foi quem fez o último golpe ao Directório (que foi quando teve fim) a
1799, Napoleão ficou conhecido como o salvador da República.

Do Consulado ao Império – a nova ordem institucional e jurídica (1799-1804)

Após o golpe, o poder executivo foi entregue a uma comissão consular que pertencia ao
general Napoleão Bonaparte.
A nova Constituição do Ano VIII, aprovada em 1799, concentrou o poder em Napoleão. O
general tinha direito de exercer o seu poder durante 10 anos enquanto primeiro-cônsul, e era a ele
que competia a iniciativa das leis e a nomeação de juízes.
A obra do Consulado pretendia estabilizar a Revolução e consolidar as conquistas burguesas,
esta demonstrou uma centralização administrativa e judicial, e uma recuperação financeira e
reconciliação nacional.
À semelhança dos juízes a administração local coube a funcionários do estado (os prefeitos
e subprefeitos.
O sistema fiscal pôde beneficiar de contribuições directas. Criou-se em 1800 o Banco de
França; uma nova moeda (o franco).
Acabaram as perseguições a toda a gente desde que estas estivessem dispostas a colaborar
e aceitar as ideias de napoleão.
Acabaram-se os conflitos com a Santa Sé. Pela Concordata de 1801, ficou garantido que
qualquer um podia exercer o catolicismo livremente, sendo a religião com mais adeptos franceses.
O clero agora, passaria a ser um mero funcionário do estado, era pago inclusivamente.
Em 1802 foram criados liceus para acolher os filhos dos burgueses e os alunos bolseiros.
Com a publicação do código civil em 1804, a lei tornou-se igual para todos, declarou o estado
civil laico, a liberdade de crenças, a inviolabilidade da propriedade, a autoridade masculina na
família. O código civil unificou as leis de França.
A duração do Consulado não foi nada mais do que uma oportunidade que surgiu a Napoleão
Bonaparte para que este pudesse afirmar o seu poder pessoal e autoritário. Bonaparte fez tudo o
que estava a seu alcance para que na Constituição do Ano X, viesse garantido que ele fosse cônsul-
vitalício, ou seja, que este deveria permanecer no poder até morrer.

A europa e a Revolução Francesa

Em 1792, França iniciou a sua guerra com o resto da europa, não só para defender a sua
revolução mas também porque acharam que o mundo deveria ser liberto dos ideais absolutistas.
Porém, esta guerra de libertação rapidamente se tornou numa guerra de conquista devido
à política expansionista da Convenção e do Directório.
Nas guerras do Directório, Napoleão destacou-se. No fim de 1811, a França já tinha
conseguido dominar um vasto império europeu, onde esta afirmava ser a libertadora da opressão
absolutista. Porém, o vasto império de Napoleão não via o seu país como um país libertador, até
pelo contrário.

As “revoluções em cadeia” da era pós-napoleónica


De 1812 a 1815, Bonaparte acumulou bastantes derrotas. Na batalha de Waterloo foi
forçado a abdicar do seu poder imperial.
Chegou então, o momento de reconstruir fronteiras e uma nova ordem politica. Para isto,
deu-se o Congresso de Viena (1814-1815), que tinha o objectivo de apagar qualquer marca deixada
pela Revolução Francesa e impedir qualquer acto de revolta (para isto ser evitado foram criados
estados-tampão em algumas áreas).
Porém, dentro de certos países, existiram separações, ou seja, regiões com o mesmo idioma,
moeda, tradição, história, etc., foram separadas e juntaram-se a outras regiões com idioma e etc.
diferentes, e por isto, o princípio das nacionalidades foi desrespeitado. Este principio afirma que a
cada povo corresponde uma Nação e a cada Nação um Estado, e defende que a cada país
corresponde uma unidade e a independência da Nação que esta ligada pela língua, história e
tradições em comum.
Entre 1820 a 1824, rebentaram revoluções liberais em Espanha, Nápoles, Portugal e Grécia.
As revoluções ibéricas estiveram na origem da libertação das suas colónias americanas. Em 1822, já
praticamente toda a América espanhola tinha posto de parte a metrópole e pouco depois o Brasil
tornara-se independente.
Entre 1829 a 1839, uma revolução popular e burguesa depôs o rei Carlos X, absolutista e fez
de Luís Filipe, o novo rei. A Bélgica tornou-se independente da Holanda; a Polónia revoltou-se contra
a Rússia; houve uma agitação também na Itália e Alemanha; a Península Ibérica viu-se com guerras
civis entre liberais e absolutistas.
Em 1848, devido à depressão agrícola e industrial a europa explode mais uma vez. Em
frança, os republicanos chegam ao poder devido à Revolução de Fevereiro e, no império Austro-
húngaro, na Alemanha e na Itália, as revoltas liberais e nacionalistas vão acontecendo.

A Implementação do liberalismo em Portugal.


Antecedentes e Conjuntura (1807-1820)

A rainha D. Maria I foi declarada como louca e por isso estava incapaz de exercer o seu cargo,
portanto, o seu filho D. João (futuro D. João VI) subiu ao poder como príncipe regente. Nesta altura
o país estava ainda muito ligado ao antigo regime.
Todavia, apesar do absolutismo parecer fixo no nosso país, havia uma burguesia comercial
urbana e um conjunto de intelectuais que desejavam imenso a mudança. Muitos deles iam a cafés,
botequins e lojas maçónicas e nestes sítios eram propagados os ideais de Liberdade, Igualdade e
Fraternidade vindos de França.
As revoluções francesas tiveram um grande impacto em Portugal, porque foram elas que
serviram de inspiração e motivação para os portugueses defenderem os seus direitos e tudo mais,
por outras palavras, foram as revoluções francesas que deram as ferramentas necessárias aos
portugueses para se dar uma grande mudança.

As invasões francesas e a dominação inglesa em Portugal

Napoleão mentalizou-se que tinha de acabar com o poder que a Inglaterra possuía, e
portanto, no final de 1806, decretou o Bloqueio Continental, onde nenhum país europeu podia fazer
comércio com a Inglaterra.
Porém, Napoleão quase impôs isto a todos os países da europa, e quem não aceitasse este
acordo, seria punido, foi o caso de Portugal. Portugal hesitou em aceitar esta ordem de Napoleão e,
devido a esta hesitação fomos castigados com 3 invasões francesas (1807-1811) comandadas
respectivamente pelo General Junot, General Soult e, pelo Marechal Massena. Com estas invasões
a família real viu-se “obrigada” a partir para o Brasil, transferindo a sede do poder para lá, deixando
o nosso país entregue a um governante inglês, o Beresford.
A devastação e destruição causadas foram tão grandes. Por onde os franceses passavam
levavam tudo de valor e destruíam tudo o que pudessem.
D. João VI insistia em ficar no Brasil, tornando este, em 1815, reino, o que provocou certo
descontentamento dos portugueses que eram constantemente humilhados pelos ingleses.
Beresford quis reestruturar o exército e organizar a defesa do reino contra os franceses, porém, nos
mais altos cargos o general somente colocava ingleses, deixando os portugueses algo aborrecidos.
Reactivou a inquisição e encheu as prisões de suspeitos de jacobinismo.
A situação económica e financeira de Portugal cada vez estava pior. As despesas eram
maiores que as receitas, a agricultura era fraca e o comércio pobre. Isto foi uma grande
consequência do facto dos portos do brasil terem sido abertos, em 1808, assim como o tratado de
comércio em 1810 com a Grã-Bretanha. Este tratado é uma espécie de afirmação do tratado de
methuen, porque em troca de liberdade comercial e navegação, todos os produtos ingleses teriam
de entrar em Portugal e suas colonias.
A perda do exclusivo comercial com o brasil revelou muito mau para a economia de Portugal
uma vez que o brasil, a colónia mais importante de Portugal, deixava de nos fornecer matérias-
primas a baixos preços e alimentos nem constituía um mercado seguro para escoar a produção
manufactureira nacional. A burguesia no meio desta situação toda foi quem ficou pior.

A rebelião em marcha

A agitação revolucionária era essencialmente burguesa.


No Porto, Manuel Fernandes Tomás, funda em 1817, uma associação secreta chamada
Sinédrio, onde os seus membros pertenciam maioritariamente à Maçonaria. Esta associação tinha
como objectivo intervir assim que a situação fosse favorável a ela o que veio a acontecer em 1820.
Beresford teve de ir ao Rio de Janeiro para solicitar dinheiro para o pagamento das despesas
militares e para pedir mais poderes ao rei.
A ausência do temido general fez com que o sinédrio pudesse actuar, e assim a revolução
teve início em 1820.

A revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da ordem liberal (1820-1834)


O vintismo
O triunfo da revolução vintista

O movimento ocorrido no porto, a 24 de Setembro de 1820, foi essencialmente um


pronunciamento militar.
Esta união de interesses conduziu ao sucesso do acontecimento e poderá explicar-se pelo
ressentimento contra a presença dos ingleses afectar os militares portugueses e a burguesia
comercial e os proprietários dependentes do tráfico e do escoamento do vinho e etc.
Lideres: António Silveira, Cabreira e Sepúlveda, Manuel Fernandes Tomás, José ferreira
Borges e José da silva carvalho. Todos eles vieram a fazer parte da Junta Provisional do Supremo
Governo do Reino.
Manuel Fernandes Tomás redigiu o “Manifesto aos portugueses” onde se dá a conhecer os
objectivos do movimento. Deram a entender que não eram contra a monarquia, apenas eram contra
os abusos cometidos pelo rei que levaram à desgraça do país; pretendiam reunir umas novas cortes
onde seria feita uma nova constituição onde era defendido a autoridade régia e os direitos
portugueses.
Meses mais tarde, um motim popular e burguês expulsa os regentes.
Os governos de Lisboa e Porto juntam-se numa nova Junta Provisional do Supremo Governo
do Reino, com Freire de Andrade na presidência.
O novo governo exerceu funções durante quatro meses. Teve como principal tarefa, a
organização de eleições para as cortes constituintes, que iniciaram em 1821.

1820 – revolta
1821 – reunião com as cortes
1822 – constituição assinada

A constituição de 1822

É inspirada na constituição espanhola de 1812 e nas constituições francesas de 1791, 1793


e 1795. Reconhece os direitos e os deveres do individuo, garantindo a liberdade, a segurança, a
propriedade e a igualdade perante a lei; afirma a soberania da Nação, cabendo aos homens com
mais de 25 anos, que soubessem ler e escrever, a eleição directa dos deputados; e aceita a
independência dos poderes legislativo executivo e judicial. Não reconhece qualquer privilégio ao
clero e à nobreza e submete o poder real à supremacia das cortes legislativas.
A constituição de 1822 foi o resultado da facção mais radical dos deputados das cortes
constituintes, cuja acção se pode observar no vintismo.
Existiu sempre uma grande controvérsia em torno da religião. Os deputados conservadores
defendiam que o catolicismo deveria ser a única religião praticada no reino. Apesar de não estar
consagrada na lei a liberdade religiosa para os portugueses, os estrageiros podiam exercer a religião
que quisessem.
Nas cortes legislativas, os deputados conservadores defendiam o sistema bicameral: uma
camara dos deputados do povo e uma camara alta. Mas a facção radical impôs a camara única.
A mesma controvérsia surgiu também com o veto. Os radicais diziam que quando o rei não
concordasse com uma lei, ele poderia mandar para o congresso para ser discutida mais uma e a
ultima vez e o rei teria de a aceitar obrigatoriamente.
Precariedade da legislação vintista de caracter socioeconómico

Medidas que as cortes tomaram:


 Extinção da Inquisição e da censura prévia;
 Liberdade de imprensa e de ensino;
 Nacionalização dos bens da coroa;
 Reforma dos forais;
 Em 1822, a lei dos forais reduziu as rendas e pensões o que decepcionou os camponeses
porque as rendas foram convertidas em dinheiro o que gerou abusos nas conversões.

A desagregação do império atlântico: a independência do brasil


A caminho da separação

Entre 1807 a 1821, D. João VI e a corte viviam no brasil. Transformada em sede da


monarquia e elevada a reino em 1815, o brasil registou um grande progresso económico, político e
cultural.
Com os portos abertos à navegação estrangeira e com muitas indústrias, de um banco, nova
divisão administrativa, de tribunais, de instituições prestigiais de ensino, biblioteca, um teatro e uma
empresa local. Apesar de tudo isto, surgiam anseios autonomistas.
Em 1789, deu-se um motim nacionalista em Vila Rica, dirigida por estudantes e homens esclarecidos
que chegaram a projectar a independência de minas gerais e a formação de um governo
republicano. A revolta ficou conhecida por Inconfidência Mineira e José xavier foi o grande herói da
libertação nacional.

A actuação das cortes constituintes

A revolução liberal de 1820 forçou a vinda de D. João VI a Portugal, porém, achava que a
independência estava para vir e por isso pediu a seu filho D. Pedro para ficar lá.
E de facto deu-se a independência em 1822 e teve como motivos:
 A política antibrasileira das cortes constituintes de Portugal. A maioria dos deputados queria
que o brasil voltasse a ser colónia. Por isso decidiram fazer leis no sentido de acabar com os
benefícios comerciais da antiga colonia, ao longo do reinado de D. João VI, e de o subordinar
administrativa, judicial e militarmente a Lisboa.

D. Pedro tinha de regressar à Europa para concluir os seus estudos mas este desobedece.
A independência declarada por D. Pedro em 1822, só viria a ser reconhecida em Portugal a
1825.
A resistência ao Liberalismo
A conjuntura externa desfavorável e a oposição absolutista
A primeira experiencia liberal portuguesa, chamada vintismo, surgiu numa altura em que as
maiores potências queriam apagar o que a revolução francesa deixou.
Em 1815, formou-se a Santa Aliança para manter a ordem politica estabelecida na europa
após o congresso de Viena, ou seja, evitar a propagação dos ideais de liberdade e igualdade
individuais e dos povos.
O clero e a nobreza viram-se prejudicados com as novas leis que lhes tiraram os seus
privilégios e, revoltados com isto, encontram apoio em D. Carlota e no seu filho, infante Miguel, e
juntos planearam a contra-revolução absolutista que veio explodir em 1823.
A revolta só teve fim quando D. João VI chamou Miguel. Simultaneamente, remodelou o
governo, entregando-o a liberais moderados e propôs-se alterar a constituição.
Porém tudo isto não satisfez os revoltosos, em 1824, os partidários de D. Miguel prenderam
os membros do governo e a confusão instaurou-se em Lisboa no sentido de levar o rei a abandonar
a o cargo e passar para a sua mulher.
Dá-se a Abrilada, quando os liberais vencem e há uma reacção absolutista (abrilada é a
reacção). Para conciliar as lutas há um novo governo. Com isto, D. João VI viu-se obrigado a mandar
o seu filho Miguel para o exilio.
A carta constitucional e a tentativa de apaziguamento político-social
Com a morte de d. João VI, em 1826, deu-se uma nova explosão que destabilizou a política
dos últimos anos. O problema da sucessão (d. pedro era imperador no brasil e d. Miguel era
absolutista e estava exilado) não chegou a ser resolvido pelo falecido que o remeteu para um
conselho de regência provisório, presidido pela sua filha, Isabel Maria.
O primeiro acto de regência: enviar para o brasil uma deputação para esclarecer o assunto
da sucessão. D. pedro considerou-se o legítimo herdeiro e tomou um conjunto de medidas
conciliatórias. Confirmou a regência provisoria da infanta D. Isabel Maria; outorgou a carta
constitucional.
Abdicou dos seus direitos à coroa na filha mais velha, D. Maria da Glória de apenas 7 anos.
Esta deveria casar com D. Miguel que juraria a carta constitucional e assumiria a regência do reino
de Portugal.
Sendo a carta constitucional um diploma outorgado pelos governantes, ao contrário das
constituições, que são aprovadas pelos representantes do povo, obviamente seria de esperar uma
recuperação do poder real e dos privilégios da nobreza.
As cortes compunham-se em 2 camaras: camara dos deputados eleita através do sufrágio
indirecto, por indivíduos masculinos que tivessem, pelo menos, 100$000 réis de renda líquida por
ano; e a camara dos pares, os seus membros eram da alta nobreza, alto clero, o príncipe real e os
infantes, nomeados a título hereditário e vitalício.
Através do poder moderador, a figura real era engrandecida, porque podia nomear os pares,
convocar as cortes e dissolver a camara dos deputados, nomear e demitir o governo, suspender os
magistrados, conceder amnistias e perdões e vetar, a título definitivo, as resoluções das cortes.
Ao ampliar os poderes reais, ao proteger a alta nobreza e o alto clero, com assento vitalício
e hereditário, a carta constitucional representava um manifesto retrocesso à constituição de 1822.
Todavia, a abolição do vintismo não foi suficiente para derrotar a contra-revolução absolutista,
novamente liderada por D. Miguel.
A guerra Civil
D. Miguel volta a Portugal em 1828. A sua adesão ao liberalismo era falsa, uma vez que se
fez rei absoluto por umas cortes convocadas à maneira antiga, isto é, por ordens.
Milhares de liberais fugiram e no meio de uma vida pobre, organizaram a resistência. A
partir de 1831, D. pedro apoiou esta resistência que abandonou o trono do brasil e veio lutar pela
restituição da filha do trono português. Dirigiu-se à ilha terceira, que se revoltou e assumiu a chefia
da regência liberal, disposto a acabar de forma violenta com o que D. Miguel fez.
Conseguindo ajudas e dinheiro D. Pedro arranjou um pequeno exército constituído por
emigrados, voluntários, recrutas dos açores e contratados no estrangeiro. O desembarque das
forças liberais deu-se, em 1832, no Mindelo, a que se seguiu a ocupação fácil do porto. Porém, a
cidade do norte estava cercada pelas forças absolutistas e aí viveu-se o pior momento da guerra civil
– o cerco do porto.
D. Pedro entretanto organizou uma expedição ao algarve onde destruíram os absolutistas
daí e voltaram a lisboa onde, já cansados, os absolutistas não aguentaram mais combates. As
batalhas de Almoster e Asseiceira confirmaram a derrota de D. Miguel, que depôs as armas e assinou
a convecção de Évora-Monte e partiu definitivamente para o exilio.

O legado do Liberalismo na primeira metade do século XIX

Liberalismo Doutrina política, social, económica e cultural difundida na Europa e na América


que, fundando-se na primazia do individuo sobre a sociedade, defende a propriedade privada,
a liberdade individual, a igualdade de todas as pessoas perante a lei e o respeito pelos direitos
do cidadão.

O Liberalismo surgiu na primeira metade do século XIX, como consequência da ideologia das
Luzes (Iluminismo) e das Revoluções Liberais (Americana, Francesa, etc.).
 opunha-se ao absolutismo ou qualquer outra forma de tirania política;
 defendia a livre iniciativa;
 promovia as classes burguesas.

A ideologia liberal é centrada na defesa dos direitos do indivíduo (direitos naturais,


inerentes á condição humana):

 IGUALDADE PERANTE A LEI;


 LIBERDADE INDIVIDUAL;
 PROPRIEDADE PRIVADA

A nível individual, defendia-se a liberdade civil, religiosa, política ou económica.

Liberdade Política (Liberalismo Político)

O Homem podia participar ativamente na vida do país, pois era considerado um cidadão
que podia intervir na governação. A intervenção política podia-se dar de diversas formas:

através do exercício de voto para escolha dos governantes;


ao exercer os cargos para os quais tenha sido eleito;
participando com a opinião em movimentos cívicos, etc.

No entanto, havia restrições ao exercício pleno da cidadania. O direito ao voto apenas estava
reservado aos possuidores de rendimento suficientes para pagar impostos (sufrágio
censitário), logo não era muito democrático. Seria necessário a adopção do voto universal em
vez do voto censitário, pois muita população era posta de parte.

O Estado como garante da ordem liberal

O principal objectivo do regime político durante o Liberalismo foi a consagração dos direitos
do indivíduo. Para evitar o exercício do despotismo, o liberalismo político elaborou formas
para limitar o poder. Este deveria fundamentar-se em textos constitucionais, funcionar na
base da separação de poderes e da soberania nacional exercida por uma representação e
proceder á secularização das instituições.

Textos Constitucionais: O poder político é legitimado através dos textos constitucionais.


Resulta em dois processos, as Constituições (se forem votadas pelos representantes da Nação) e
as Cartas Constitucionais (se elaboradas pelo rei);

Separação dos poderes: O Liberalismo defende a separação dos poderes, para evitar que o
poder se concentre, resvalando o despotismo. Assim, distribuiu-se os poderes (legislativo,
executivo, judicial) pelos diferentes órgãos de soberania.

Soberania nacional: O Liberalismo pôs em prática o princípio iluminista da soberania nacional,


no entanto a Nação não o exercia de forma directa, mas esse poder era confiado a uma
representação
„‟mais sensata‟‟.

Secularização das instituições: O Estado libertou-se da influência religiosa, secularizando as


instituições, isto é, separação dos assuntos da Igreja em relação aos dos Estado (de modo a
emancipar o individuo e o Estado da tutela da Igreja). O principal objectivo do Liberalismo era a
liberdade civil, portanto defendiam a liberdade religiosa (não se ser coagido a seguir
determinada religião, cada um escolhe a sua fé). As principais medidas foram o registo civil, a
nacionalização dos bens da Igreja, a politica de descristianização, etc.
Liberdade económica (Liberalismo económico)

Liberalismo económico Doutrina económica impulsionada por Adam Smith que defende a
propriedade privada, a liberdade de iniciativa e a livre concorrência, pelo que o
funcionamento do mercado seria garantido pela lei da oferta e da procura, competindo ao
Estado o papel de garante destes princípios e não de intervenção directa na economia.
defesa da iniciativa individual;

ausência estatal de intervenção na economia;

 supressão de monopólios;

 livre concorrência;
 liberdade comercial;
 abolição dos entraves ao comércio internacional.

 combate ao mercantilismo
Teoria de Adam Smith
Adam Smith considerava que o trabalho era a fonte da riqueza. É em função da
produtividade do trabalho que uns países são mais ricos do que os outros. Smith queria
demonstrar que a riqueza de um país resultava da actuação de indivíduos, que movidos pela
livre iniciativa e o seu próprio interesse, promoviam o crescimento económico do país. O
Homem, desde que não transgrida as leis da justiça, deve ter a liberdade para realizar o seu
interesse pessoal da forma que mais lhe convier, pondo o seu trabalho e o capital em
concorrência com os outros homens. Logo, o Estado teria que abdicar de qualquer
intervenção na economia.
De que maneira o liberalismo económico impulsionou a Segunda Revolução Industrial? (Mais
á frente..)
O Romantismo, expressão da ideologia liberal
Romantismo movimento cultural do século XIX inspirado nas ideias liberais da época que,
recusando a racionalidade clássica, valoriza a liberdade de pensamento, as emoções, os
sentimentos, a natureza e o gosto pelos ambientes exóticos e medievais.

O Romantismo foi a expressão da ideologia liberal nas artes e nas letras. Na realidade, ao
racionalismo, à ordem e à harmonia clássicas, o romântico contrapôs o indivíduo, o
sentimento, a emoção, a imaginação e o nacionalismo. Defende a liberdade até ao limite e a
independência nacional contra a opressão estrangeira. Preferência pelo mistério, sonho,
imaginação, o estranho, a noite, o herói, pitoresco.
A liberdade tornou-se a temática principal do Romantismo, fosse liberdade politica, social,
económica, etc.

Esta corrente cultural espalhou-se pelos vários países da Europa.


em relação á musica, fugiram á rigidez da musica clássica, procurando a transmissão de
sensações, sonhos, paixões;

ao nível da pintura, recusaram as regras clássicas, apreciando o movimento e a cor, as


situações exóticas, a morte e o drama.
Na literatura, foi a época dos grandes romances.
No Romantismo, há uma revalorização das raízes históricas das nacionalidades, e um
elevado interesse pela Idade Média, tão desprezada pelos Renascentistas, como forma de
encontrarem o seu património cultural.

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