Você está na página 1de 12

Resumo:

1.1 - A Revolução Americana:


Os ideais iluministas influenciaram uma série de movimentos político-sociais
ocorridos na Europa e nas Américas, entre 1770 e 1850. Era o início da Época
Contemporânea.
A Revolução Americana representa o ponto de partida desses movimentos
conhecidos por Revoluções Liberais.

Revoluções Liberais: Movimentos de contestação ao Antigo Regime que se


espalharam pela Europa e pelas Américas entre as últimas décadas do séc.XVIII
e o séc.XIX, resultando na eliminação do absolutismo e da sociedade de ordens
e na concretização dos ideais iluministas de soberania popular e separação de
poderes.

1.1.1 Antecedentes: da contestação aos impostos à declaração de


independência
No final da Guerra dos Sete Anos (1756-1763), a Inglaterra expandiu o seu
império colonial à custa da França que fora vencida. Assim, na América do
Norte, às 13 colónias já possuídas, adicionou o Canadá, o Vale de Oaio e a
margem esquerda de Mississípi.
Esta guerra teve custos significativos para os cofres ingleses que, alegando que
esta fora travada para defender o interesse dos colonos das 13 colónias, fez criar
um conjunto de novas taxas alfandegárias que foram votadas no Parlamento
britânico (sem representação dos colonos) que recaíram no açúcar, no papel, no
vidro, no chumbo e no chá importados por estas colónias.
Um dos impostos que mais contestação gerou foi o Stamp Act que incidia sobre
documentos legais e publicações periódicas. Este imposto de selo dividiu os
colonos visto que estes eram aprovados no Parlamento de Londres sem a sua
representação apesar de serem cidadãos britânicos o que fez estes serem contra
os “impostos sem representação”.
Assim, multiplicaram-se os protestos às imposições fiscais juntamente do
boicote às mercadorias inglesas, atingindo o seu ponto mais alto em 16 de
dezembro de 1773 no protesto Boston Tea Party quando um grupo de jovens
disfarçados de índios lançaram ao mar o chá transportado pelos navios ingleses.
(Originou uma perda monetária para os ingleses para além de ser uma bebida
característica dos ingleses e irrecuperável após lançada ao mar).
No ano seguinte ao Boston Tea Party, os delegados das colónias reuniram-se no
primeiro Congresso de Filadélfia, assim, a luta pela independência ganhava
forma.
A revolução americana começa em abril de 1775 na pequena aldeia de
Lexington quando uma coluna inglesa, enviada para apreender armas ilegais, é
atacada pela população. Começava a Guerra da Independência.
Em 1776, Thomas Jefferson redigiu uma Declaração da Independência que os
delegados de todas as colónias aprovaram nos segundo Congresso de
Filadélfia. Assim, pela primeira vez na história, os ideais iluministas da
liberdade e da igualdade entre os homens, da soberania popular e do contrato
social eram aplicados na libertação de um povo. Ainda hoje esta data é
comemorada como o feriado nacional mais importante dos EUA, Fourth of July.

1.1.2 Da Guerra da Independência à criação da república federal dos


Estados Unidos da América:
George Washington foi escolhido para comandante-chefe do futuro exército
americano, ao mesmo tempo que se iniciou uma forte ação diplomática na
Europa para conseguir apoios.
As duas batalhas mais importantes desta guerra foram a de Saratoga (1777)que
fez a França inclinar-se para uma aliança oficial com os colonos, e
posteriormente a de Yorktown (1781), a luta final desta guerra que deu a vitória
aos colonos. Dois anos após a batalha de Yorktown, pelo Tratado de Versalhes
assinado em 1783, a Inglaterra reconheceu a independência das 13 colónias que
seriam futuramente transformadas em 13 estados.
O modelo político adotado pelos EUA veio a ser o de uma República Federal,
que veio a ser consagrada na Constituição de 1787.
Constituição: Diploma elaborado pelos deputados da Nação que define as
regras da vida política consagrando os direitos e as liberdades dos cidadãos; a
soberania nacional; a forma de governo e a distribuição dos poderes do Estado.
É a lei máxima do Estado. A sua existência deve-se ao Liberalismo, pondo um
fim à arbitrariedade do Absolutismo.
O governo central ou federal assentava na divisão de poderes distribuídos
pelos seguintes órgãos de soberania:
-Congresso (Câmara dos Representantes e Senado) tinha o poder legislativo;
-Presidente, eleito por quatro anos, tinha o poder executivo;
-Tribunal Supremo, regulava os conflitos entre os Estados, tinha o poder
judicial;
Os EUA nascem assim como o primeiro país descolonizado do mundo e a
primeira república democrática que baseou os seus órgãos de soberania no voto
dos cidadãos, ou seja, no princípio da soberania popular.
Assim, a Revolução Americana serviu como estímulo à Revolução Francesa de
14 de julho de 1789 e as emancipações da América Latina.
Nesta América democrática formada pelos eleitores, não faziam parte as
mulheres, escravos e índios.

1.2 A Revolução Francesa:


Em 1789, 28 milhões de franceses viviam em um regime social profundamente
desigualitário, injusto e hierarquizado. A antiga sociedade de ordens reforçava
os privilégios do clero e da nobreza que representavam apenas 2% da população
enquanto sobrecarregavam o restante dos camponeses com rendas e impostos.
Privilégios do Clero e da Nobreza:
-Isentos de impostos;
-Penas mais leves;
-Possuidores de grandes propriedades;
-Acesso a cargos de poder;
Porém, vozes da burguesia começaram a surgir em oposição a estes privilégios
possuídos por nobres e clérigos, que mais instruídos e trabalhadores foram os
líderes na destituição e destruição do Antigo Regime.

1.2.1 A França nas vésperas da Revolução:


Em 1774 Luís XVI era o rei de direito divino. Estava numa crise profunda
durante o seu reinado que enfraqueceu a economia francesa. Maus anos
agrícolas devido a más condições climatéricas aliados a esta crise económica
aumentaram a fome entre os mais desfavorecidos.
Assim:
-A economia francesa está em défice;
-Maus anos agrícolas;
-A Indústria francesa entra em crise devido ao Tratado de Eden/Tratado de
Livre-Câmbio que favorecia a importação de tecidos ingleses gerando
desemprego no setor têxtil;

Este défice crónico deve-se à forma como a sociedade francesa estava


organizada que impedia a ampliação dos cofres reais visto que o clero e a
nobreza, os detentores da maior parte da riqueza do país, não pagavam impostos
nem contribuem financeiramente, sendo o povo obrigado a suportar as despesas
de França.
Assim, Luís XVI, perto da bancarrota, chama Turgot como ministro para tentar
resolver esta situação, tentando impor um imposto que abrange todos os
proprietários e alargar o pagamento da Corveia, o que leva ao descontentamento
das classes privilegiadas e, consequentemente, à demissão do próprio.
Seguem-se outros ministros (Necken, Calonne e Brienne) que também tentam
reformular a administração local e o sistema fiscal que os levou ao mesmo
destino de Turgot.
Todas as tentativas de reforma dos ministros de Luís XVI foram impedidas de
se realizarem devido às ordens privilegiadas o que, consequentemente, gerou
um maior clima de violência e pilhagens quando a fome e o desemprego
cresceram.
Incapaz de resolver a insatisfação social, Luís XVI é obrigado a convocar os
Estados Gerais para maio de 1789. Não conseguindo conciliar os interesses das
ordens privilegiadas com os do Terceiro Estado, uma revolução violenta que
terminará com os alicerces do Antigo Regime surgirá.

1.2.2 A Monarquia Constitucional:


Os Estados Gerais tomaram ação a 5 de maio de 1789 em Versalhes, possuindo
grande expectativa visto que desde 1614 que não era convocada devido ao
absolutismo francês e porque o Terceiro Estado reivindicava o voto por cabeça e
não por ordem. Já o clero e a nobreza defendiam o voto por ordem.
Por causa desse impasse, a 17 de junho, começou o primeiro ato
revolucionário. Considerando representar a quase totalidade da população
francesa, o Terceiro Estado e alguns membros do nobre e do clero
proclamaram-se Assembleia Nacional. A 20 de junho comprometeram-se a ficar
unidos até à conclusão de uma constituição que defendesse os direitos e
liberdades dos cidadãos franceses, designando-se assim Assembleia Nacional
Constituinte.
O rei cedeu ao Terceiro Estado e os representantes da Nação tornaram-se a
fonte do poder legítimo e nova autoridade política. A monarquia absolutista
chegava ao fim.
O conceito de Povo altera-se, passando a ser povo todos os indivíduos que
façam parte do país/nação, passando todos a cidadão, ou seja, tendo direitos
iguais.
Altera-se o sistema de votação que passa a ser por cabeça.
Tomada da Bastilha
Porém, o rei voltou atrás na sua palavra e colocou 50 mil homens armados às
portas de Paris. Assim, a 14 de julho de 1789, o povo parisiense indignado com
a falta de consideração dada à Assembleia e com o alto preço do pão, liderou o
acontecimento mais icónico da Revolução Francesa - a Tomada da Bastilha. A
Bastilha era uma prisão onde se encontravam vários membros do Terceiro
Estado. A multidão invadiu a Bastilha, símbolo do absolutismo, tomando todas
as armas necessárias, demolindo-a e massacrando o governador.
Começava assim a Revolução Francesa.

A Abolição dos Direitos Feudais


Entre 20 de julho e 6 de agosto a França foi varrida por uma revolução
camponesa conhecida por Grande Medo. Pressionados pela fome, camponeses
atacaram castelos, queimaram os registos que continham as taxas e obrigações
que tinham para com os seus senhores e mataram quem lhes fizesse oposição.
Os nobres em pânico consentiram com a supressão dos direitos e privilégios
feudais.
A 4 de agosto de 1789 a Assembleia votou as seguintes determinações:
-Abolição das corveias e servidões pessoais;
-Supressão da dízima à Igreja;
-Possibilidade de resgatar rendas e foros;
-Eliminação das jurisdições privadas;
-Supressão da compra de cargos públicos e consequente livre admissão aos
empregos públicos civis e militares;
Assim, a Assembleia destruía os alicerces do Antigo Regime.
Em resumo, o Decreto de Agosto:
-Proíbe a cobrança da dízima;
-Pretende a igualdade fiscal;

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão


Os deputados da Assembleia Nacional Constituinte redigiram a Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão, que legitimou as conquistas obtidas e
que servisse como fundamentação da futura Constituição. Proclamou: “os
homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos”. Os direitos eram:
liberdade, propriedade, segurança e resistência à opressão.
Reconheceu que a autoridade dos governos pertencia à Nação e que a sua
finalidade era a garantia e defesa dos direitos humanos.
Assim, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, condenou os
privilégios da sociedade de ordens e rejeitou o Absolutismo.
Este documento acabava assim com o Antigo Regime e lançava as bases de
uma nova ordem social e política.
O clero:
-Perde privilégios;
-Perde bens;
-Passam a ser funcionários do estado;

A Constituição de 1791
Em 1791 a monarquia constitucional ficou consagrada em França sendo votada
pela Assembleia Nacional e jurada pelo rei a Constituição de 1791.
Esta impôs:
-Cumprimento dos Direitos do Homem e do Cidadão;
-Soberania Nacional;
-Separação de poderes distribuído assim:
*Poder Legislativo - Assembleia Legislativa eleita de 2 em 2 anos constituída
por deputados que propunham e decretavam leis, orçamento e impostos;
*Poder Executivo - Rei, comandava o exército e a marinha, tinha o direito de
veto que permitia suspender as leis durante dois anos;
*Poder Judicial - Juízes eleitos e independentes ; Tribunal Superior para julgar
os crimes de deputados, ministros e governadores;
Na Nação residia a soberania sendo esta constituída por todos os cidadãos sem
“outra distinção que não fosse o mérito e o talento”.
Porém, os critérios de género e de fortuna distinguiam os cidadãos visto que as
mulheres foram excluídas da participação política enquanto os homens foram
divididos entres cidadãos ativos e passivos. Para ser cidadão ativo, ou seja, ter
direito de voto, era necessário que este pagasse um imposto igual ou superior a
três dias de trabalho. Com este critério, dos 28 milhões de franceses, apenas 4,3
milhões podiam votar. Devido a acharem que só o poderio económico permitia a
instrução suficiente para o exercício do voto a Assembleia Constituinte instituiu
o Sufrágio Censitário.
Soberania Nacional: princípio iluminista que diz que o poder político reside
na Nação que poderá exercê-la diretamente ou indiretamente, ou seja, através da
delegação de governadores considerados seus representantes.
Sufrágio Censitário: sistema de votação que só permite o exercício do voto
aqueles que paguem determinado valor em dinheiro em imposto ao estado, o
censo.

A constituição implementou também um sistema de eleição indireta, ou seja, só


os cidadãos mais ricos (eleitores) elegem os 745 deputados da Assembleia
Legislativa. Estes deputados representam a França à sua vontade - Sistema
Representativo (processo em que a tomada de decisões políticas cabe a um
grupo especializado, os políticos, escolhidos pela Nação).
Ficaram excluídos deste grupo os cidadãos passivos (povo jovem dos campos e
das cidades, criados e indigentes) pois eram pessoas do sexo masculino
incapazes de pagar o censo.

O Fim da Monarquia Constitucional


Luís XVI aprova, com algum desgosto, todos os documentos que suportavam a
monarquia constitucional, que lhe diminuíram o poder.
Intimidado pelos deputados e pela fúria do povo francês, o rei tentou fugir de
Paris com ajuda do seu cunhado, o Imperador da Áustria.
Com a notícia de que as tropas estrangeiras aproximavam-se das fronteiras para
repor o poder absoluto de Luís XVI, a Assembleia Legislativa decretou a
formação de milícias e a pátria em perigo. Os chamados federados, acorreram a
Paris para salvar a Revolução.
A 10 de agosto, uma multidão assaltou o palácio real das Tulheiras e, nesse
mesmo dia, a Assembleia Legislativa suspendeu o rei. Assim, perante a
ausência do poder executivo, a Constituição de 1791 ficou inviável e a
monarquia constitucional parou de funcionar.
A 20 de setembro os federados triunfaram sobre os prussianos, em Valmy. A
França revolucionária partia assim para uma nova etapa, a da República,
proclamada dois dias após a Convenção.

1.2.3 A obra da Convenção (1792-1795)


Montanheses e Girondinos
A 22 de setembro de 1792, data da proclamação da República, começou o Ano
I. Assim o decidiu a Convenção, a nova assembleia que, doravante, dirigia os
destinos da França revolucionária.
Embora todos ligados aos Jacobinos, sendo republicanos e burgueses também,
os deputados da Convenção apresentaram projetos diferenciados, o que originou
duas fações dentro dos Jacobinos:
-Montanheses: eram o grupo mais radical, adeptos de uma repartição justa da
propriedade e, caso necessário, da violência para defender os interesses do
povo. Entre eles encontravam-se Danton, Marat e Robespierre.
-Girondinos: eram o grupo mais moderado, defensores da propriedade e da
liberdade de comércio. Alguns dos membros mais importantes foram: Brissot,
Roland e Vergniaud.

O desentendimento entre Montanheses e Girondinos atingiu o máximo durante


o julgamento de Luís XVI. Os montanheses defendiam a pena de morte para o
rei, já os girondinos, mais moderados, defendiam um julgamento mais suave e
clemente do monarca, a prisão ou até o exílio era o suficiente para os cornos dos
Girondinos.
A votação final foi: 387 deputados a favor da morte do rei e 334 contra. A 21
de janeiro de 1793, Luís XVI foi executado. Fim da monarquia em França.

O governo revolucionário e o Terror


Desde a suspensão do rei e da proclamação da República o rumo da Revolução
foi, em maior parte, decidido pelos sans-culottes fazendo parte dos cidadãos
passivos(grupo essencialmente urbano formado por artesãos, lojistas e alguns
operários).
Os sans-cullotes elaboraram petições e moções que, através de ruidosas
manifestações, chegavam à Convenção. A Convenção cedeu a estas pressões
populares concretizando as seguintes ações:
-Fixação dos preços e dos salários (Lei do máximo);
-Nacionalização dos bens dos emigrados;
-Estabelecimento de instrução gratuita e obrigatória;
Durante a altura de Robespierre:
-Tentativa de uma nova constituição;
-Lei dos suspeitos (todos os traidores vão a tribunal e são julgados);
-Criação de tribunais revolucionários (justiça popular);
França passa a ser um Estado Laico (o Estado separa-se da Igreja, não tendo
influência religiosa) iniciando um processo de descristianização:
-O casamento passa de sacramento a mero ato civil que o divórcio podia
dissolver;
-Publicação de um calendário repbulicano que abolia o domingo e os feriados
religiosos;
-Fechou as igrejas;
-Perseguição de padres refratários e os constitucionais simpatizantes dos
Girondinos;
-Abolição da escravatura nas colónias;
-Criação de situações de apoio social (Pensão de velhice e invalidez);
-Sistema métrico decimal;
-Veneração dos heróis da Revolução;

Perante as ameaças internas e externas, a Convenção instituiu o Terror. A Lei


dos Suspeitos fomentou a denúncia e a arbitrariedade levando à prisão milhares
de pessoas. Terão morrido 40.000 pessoas, entre elas Maria Antonieta e o
químico Lavoisier.
Apesar das expectativas democráticas, a Convenção foi o oposto, sendo
caracterizada pela seu cariz ditatorial e violento. Este radicalismo jacobino foi
de escova, acabando vítima dos seus próprios excessos. A 9 do Termidor (24 de
julho de 1794) quando uma conspiração da Convenção afastou Robespierre do
poder e o executou, considerando-o fora da lei.
Chegava ao fim a fase mais violenta da Revolução marcada pela aliança entre
os Jacobinos e os sans-cullotes.

1.2.4 O triunfo da revolução burguesa


Após a expulsão de Robespierre, a Convenção aprovou em 27 de agosto de
1795 a Constituição do Ano III (ou 1795) que destinou a manter a ordem e a
concórdia sob a proteção da burguesia reiterando o poder republicano,
garantindo os direitos e liberdades dos cidadãos, restaurando o sufrágio
censitário, reconhecendo a separação de poderes (legislativo dividido em 2
assembleias; executivo no Diretório dividido em 5 diretores).
Começa o Diretório (1795 a 1797) que se viria a revelar inquietante.
A França passava as seguintes dificuldades:
-Guerra contra a Europa;
-Crise económica e financeira;
-Contrastes sociais que se agravavam;
-Oposição política entre Jacobinos e Realistas;

A 18 do Brumário do ano VIII (9 de novembro de 1799), Napoleão


Bonaparte, assumindo-se como salvador da República, lidera um golpe de
Estado que coloca um fim ao Diretório.
A Constituição do Ano VIII, aprovada a 24 de dezembro de 1799, entregou o
poder executivo a três cônsules, assumindo Napoleão o cargo de primeiro
cônsul por 10 anos e concentrou o poder nas suas mãos.
Napoleão cria um estado centralizado, reorganiza a Administração Interna, a
justiça e as finanças, funda o Banco de França de forma a reativar o
investimento, cria o código civil em 1804 que une legalmente toda a França
consagrando a igualdade perante a lei, um estado civil laico, a liberdade de
crenças, a inviolabilidade da propriedade e a autoridade masculina no seio da
família.
Reorganiza ainda o ensino, criando Liceus (substituem as escolas que eram
controladas pela igreja).
Põe o fim também à diferença com a Santa Sé após assinar a concordata de
1801 sendo reconhecido o catolicismo como a “religião da maioria dos
franceses”
O clero renuncia todos os seus bens confiscados.
Assim, após este pão todo, o Consulado (1799-1804) nada mais foi que um
período para reforçar o poder pessoal e autoritário de Napoleão Bonaparte que,
para tentar se manter no poder, tudo fez para que na Constituição do Ano X
(1802) o proclamasse cônsul vitalício. Em 1804, o Senado e o Tribunado
proclamaram-no imperador hereditário.
A 2 de dezembro de 1804, em Nôtre-Dame de Paris, Napoleão coroou-se a si
próprio Imperador na presença do Papa Pio VII.

1.3 As “revoluções em cadeia” da era pós-napoleónica


A Revolução Francesa causou grandes divisões, quer de aceitações
entusiásticas por parte de liberais, quer de violentas rejeições por parte de
conservadores.
No fim de 1811, a França dominava um vasto império europeu
apresentando-se como libertadora da opressão absolutista, algo que contrastava
com a experiência dos povos submetidos a este império acusando-os de
ocupantes odiosos.
De 1812 a 1815 o Napoleão perdeu várias batalhas e acumulou derrotas. É
forçado a abdicar após a batalha de Waterloo do seu sonho imperial. Chegava
assim o momento de a diplomacia europeia construir uma nova ordem política e
reconstruir fronteiras.
Assim, reúne-se o Congresso de Viena (1814-1815) onde marcaram presença
os principais soberanos europeus ou os seus representantes.
Quem venceu Napoleão tentou restaurar a legitimidade monárquica, impedir
ambições revolucionárias e apagar os efeitos da Revolução Francesa. Muitas
antigas dinastias recuperaram o seu poder, como aconteceu em França com Luís
XVIII.
Sobre as ruínas do Império Napoleónico nasce uma nova Europa. A Prússia, a
Rússia e a Áustria ocuparam vários territórios e formaram a Santa Aliança com
o objetivo de travar movimentos revolucionários e manter o equilíbrio europeu.
Mais tarde juntar-se-ia Inglaterra formando a Quádrupla Aliança.
Porém esta restauração do poder dos reis não foi suficiente para satisfazer os
polacos, os belgas, os italianos e os alemães acreditando que o Congresso de
Viena falhou em salvaguardar o respeito pelo princípio das nacionalidades,
não respeitando os povos ligados por tradições linguísticas e laços históricos.
A luta pela concretização do princípio das nacionalidades originou:
-1820-1824:
*Revoluções liberais em Espanha, Portugal, Nápoles e Grécia (revoluções
ibéricas iniciaram a independência das colónias da América Latina);
*Grécia lutou pela sua libertação do Império Turco;
-1829-1839:
*Uma revolução popular e burguesa em França depõe o rei absolutista Carlos X
e faz do liberal Luís Filipe rei dos Franceses;
*a Bélgica torna-se independente da Holanda;
*a Polónia tenta insurgir-se contra o Império Russo mas falha;
*Agitação em Itália e na Alemanha;
*Guerras civis entre liberais e absolutistas em Portugal e Espanha;
-1848:
*Os republicanos alcançam o poder em França após a Revolução de Fevereiro;
*Na Alemanha, no Império Austro-Húngaro e na Itália ocorrem revoluções
liberais e nacionalistas;
As aspirações nacionais e liberais manter-se-ão vivas em muitos estados
europeus e germinaram na segunda metade do séc.XX apesar da repressão dos
conservadores.

Você também pode gostar