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III- REVOLUÇÃO FRANCESA (1789-1789)

"A Revolução Francesa foi um marco na história da humanidade, porque inaugurou


um processo que levou à universalização dos direitos sociais e das liberdades
individuais a partir da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Essa
revolução também abriu caminho para a consolidação de um sistema republicano
pautado pela representatividade popular, hoje chamado de democracia
representativa.”

Como era a sociedade francesa anterior a revolução?

Divisão estamental: A sociedade francesa era dividia em três estados

Clero

Nobreza
Povo

Clero: Possuidor de grandes terras, das quais cobrava tributos e de isenção de impostos;

Nobreza: os mesmos privilégios do Clero, porém com mais terras;


OBS.: O terceiro estado era muito vasto, indo de burgueses que estavam a frente do
aparato administrativo do Estado e camponeses que vivia em condições precárias;

Divisão da categoria povo, que era mais de 90% da população:

Jacobinos: Baixa burguesia (professores, médicos) revolucionária;

Girondinos: Alta burguesia de comerciantes que reivindicam poder político;

Camponeses: Trabalhadores rurais mais pobres e mais assolados pela fome;

Sans-culottes: Trabalhadores urbanos como artesãos;

Antecedentes:

 Crise econômica: O avanço do capitalismo industrial britânico começa salientar o atraso


do modo de produção francês. As reformas econômicas propostas por figuras como
Turgot no século XVIII foram todas barradas pela nobreza que não queria perder seus
privilégios; para além disso, o primeiro estado tinha uma péssima administração
financeira, investindo de maneira desnecessária e desorientada. Tudo isso somado ao
investimento na revolução americana gera uma forte lacuna na economia francesa;
 Crise Agrária: Descontroles climáticos como secas prejudicaram o ciclo da agricultura,
que era base da sobrevivência francesa, utilizado para subsistência e comércio;
 Com o agravamento da crise econômica, a nobreza começa a explorara ainda mais as
classes do terceiro estado para sanar suas despesas. Prejudica a classe média na medida
em que começa ocupar os cargos governamentais, deixando a classe média sem fonte de
renda. Já a classe camponesa é prejudicada através do aumento de tributos;
 Com o aumento dos impostos, as más colheitas e a crise que já vinha se estendendo nos
últimos anos, a população mais pobre estava definhando pela fome, recorrendo a todos
os meios possíveis para sobreviver, incluindo banditismo e rebelião contra instituições
do Estado.
 Esse cenário de caos ocasionado pela convulsão de 1789, desembocou na convocação do
Estado Gerais;

Assembleia dos Estado Gerais (1789)

 Assembleia formada para debates de melhores soluções nos momentos de crise não
convocada desde 1614;
 convocada pelo primeiro e segundo estado em maio de 1789;
 Chamam uma minoria do terceiro estado;
 Cada estado tinha direto a um voto, não sendo levado em consideração a quantidade
indivíduos imersos em cada um deles;
 A essa altura o terceiro estado, majoritariamente, representado pela burguesia, começa
exigir que o voto fosse individual, já que o clero e nobreza sempre se uniam em prol
dos mesmo objetivos, derrotando o terceiro estado por maioria;
 A assembleia não aceita a exigência e isso abre caminho para a desaprovação do
terceiro estado;
 É decidido, pelo voto do clero e nobreza em conjunto, que o terceiro estado iria ter um
aumento de impostos ao mesmo tempo em que os dois primeiros continuariam isentos
dele;
 O terceiro estado indignado, cria a primeira Assembleia Nacional constituinte baseado
no iluminismo e buscando a separação do modelo absolutista;
 A burguesia com o massivo apoio popular elabora propostas que beneficiassem o
terceiro estado, se aproximando da igualdade;
 A monarquia se opôs totalmente e ordenou o fechamento, o que mostrou ao povo que a
maneira burocrática não iria ser a solução;
 Em 14 de julho de 1789, os Sans-Culottes Derrubaram a bastilha (prisão absolutista que
segregava da pior forma possível os criminosos e perseguidos da monarquia);
 "A Queda da Bastilha, nome pelo qual ficou conhecida a tomada da prisão pela
população parisiense, marcou o início da Revolução Francesa e espalhou o fervor
revolucionário pelo país."

Etapas da revolução:

1. Assembleia Nacional Constituinte e Assembleia Legislativa (1789-1792)


 Nesse período foi elaborada a constituição e a assembleia, antes republicana, se tornou
uma assembleia legislativa;
 Com a queda da bastilha, os movimentos chegaram a lugares antes inalcançáveis. Os
camponeses aderiram por medo da aristocracia local não os ceder alimentos;
 Grande Medo: aconteceu entre julho e agosto de 1789 e foi marcada por ataques e
saqueamentos contra propriedades de aristocratas e, muitas vezes, pelo assassinato dos
donos desses locais.
 Os camponeses lutavam pelo fim de alguns impostos e exigiam que fosse garantido a
eles um maior acesso aos alimentos;
 Nesse contexto, houveram muitas mudanças, como a abolição dos privilégios feudais no
começo de agosto e, no fim desse mês, foi anunciada a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão, talvez o documento mais importante de toda a Revolução
Francesa. Esse documento determinava, teoricamente, que todos os homens eram iguais
perante a lei."
 Declaração dos direitos do homem e do cidadão: Liberdade, Igualdade e Fraternidade;
 A radicalização popular fez com que a classe média e a burguesia francesa assumissem
uma posição conservadora como forma de frear o ímpeto do povo.
 Já a nobreza e o clero iniciaram uma fuga em massa da França, mudando-se para países
como Áustria e Prússia.
 Além disso, começaram uma conspiração contrarrevolucionária, que tinha como objetivo
reverter as mudanças que estavam em curso;
 Em 1791 o rei tenta fugir para Áustria, já que era aliado de família, graças sua esposa,
mas foi reconhecido, preso e morto;
 Nesse período, os revolucionários também atacaram os privilégios do clero por meio da
aprovação da Constituição Civil do Clero, em 1790. Buscavam subjugar a igreja ao
poder do Estado francês. O clero aderiu a contrarrevolução
 As tentativas de barrar a radicalização da revolução tornaram-se claras quando foi
promulgada a nova Constituição Francesa em 1791.
 Ela transformou a França em uma Monarquia Constitucional e frustrou aqueles que
esperavam que a França seria uma República com ampla democracia.
 A assembleia também deu espaço para a pretensão de invadir outros países.
Antecipando-se a isso, a Assembleia declarou guerra contra a Áustria e a Prússia em
1792. A defesa da França foi realizada pela Guarda Nacional, tropa criada em Paris no
começo da revolução.
 Nesse período se define a bipolarização entre os dois grupos, jacobinos e girondinos.
Sendo os girondinos a favor da contensão e os jacobinos a favor do aumento da
radicalização;
 O clima de guerra empurrou a sociedade francesa para o lado dos jacobinos e dos sans-
culottes. O resultado disso foi que os sans-culottes se organizaram, derrubaram a
Monarquia Francesa e instauraram a República.
 Convenção:
 Órgão que substitui a assembleia legislativa na república;
 O rei foi retirado do trono e executado por ordem de maioria jacobina e, 1893;

O período do terror:

 Na convenção Robespierre ganhou força com os jacobinos e passou a governar em uma


ditadura jacobina;
 Apesar de a Convenção ser a instituição mais importante do país, os jacobinos
impuseram seus ideais por meio do Comitê de Salvação Pública.
 houve a reafirmação da perca de poder dos demais estados;
 tentaram alterar o calendário como forma de separar ainda mais Igreja e Estado;
 lei do máximo para evitar inflação;
 Comitê de salvação pública para evitar rebeliões;
 Tribunal revolucionário: guilhotinando inimigos para uma morte honrosa;
 Com a Lei dos Suspeitos, os jacobinos começaram a perseguir todos aqueles que eram
considerados inimigos da revolução. A fase do Terror foi responsável por 17 mil
mortes em cerca de 14 meses;
 O medo ocupa os conservadores e nasce aí uma aliança entre os girondinos e a planície
que também reúnem o povo em prol de um golpe que os libertasse do modelo
autoritário de Robespierre;
 A Reação Termidoriana que aconteceu em 1794, coloca os girondinos no poder. Em
1795, a Convenção foi substituída pelo Diretório.
 Robespierre e outros jacobinos foram guilhotinados;
2. Diretório:
 Com a derrocada jacobina, os girondinos e a alta burguesia francesa redigiram uma
nova Constituição para a França e restauraram algumas medidas;
 Foi um período autoritário no qual o exército francês foi utilizado várias vezes para
reprimir o povo;
 Implementam o voto censitário, excluindo o povo mais uma vez;
 Governo de diretórios regido por 5 diretores;
 Alto investimento na segurança militar;
 A instabilidade que a França vivia fez com que a alta burguesia francesa defendesse
esse autoritarismo, pois as massas estavam insatisfeitas, a economia estava ruim e a
guerra ameaçava o país;
 Com o tempo o exército se fortalece e por desaprovar os tipos de governos ali
empreendidos se volta contra os girondinos e dá um golpe, napoleão assume o poder,
começando outro período na história da França;

OBS: É válido observar que o povo esteve em toda a luta pela quebra da monarquia e dos
tiranos, entretanto, não tiveram nenhum tipo de participação constitucional ou voz na política;

Consequências:

 fim dos privilégios de classe na França;


 fim de qualquer resquício do feudalismo no país e início da consolidação do
capitalismo;
 início do processo de queda do absolutismo na Europa e na França;
 inspiração para movimentos de independência no continente americano;
 popularização da república como forma de governo;
 separação entre os poderes;
 imposição das liberdades individuais, que tornavam os homens “iguais perante a lei;

ORDEM DOS EVENTOS


Assembleia dos Estados Gerais
Assembleia Nacional Constituinte e Assembleia Legislativa
Convenção
Diretório

GLOSSÁRIO
Três estados
O grande medo
Declaração dos direitos do homem e do cidadão
O terror

1 parte:

Contemporaneidade como ruptura a partir do exercício de comparação entre essa idade e as


anteriores a ele;

Entretanto é válido apontar também as continuidades e trajetórias dos eventos de transição para
ela, sendo necessário retroceder através das fontes para essa reconstrução

“quem lida com história corre sérios riscos quando ignora os clássicos de seu próprio
campo”. (CARVALHO, 2022, p. 8)

Para a execução desse exercício é necessário retroceder a seus marcos e antecedentes


em um exercício vertical, como o proposto por Foucault, que contrapõe a história
rankeana linear de verdades objetivas e história universal e do espaço para as micro
histórias;
Para esse processo arqueológico é necessário estudar as tramas que envolvem o marco
entre essas idades, a revolução Francesa, destacada segundo Hobsbawm (2014) como
hegemônica por ter acontecido no maior país, ser mais radical e mais ecumênica.

O mesmo autor também posiciona a mesma no conceito de dupla revolução: Economia


pautada pela R.I e ideologia e política pautada pela R. F;

2 parte

Antecedentes

A França absolutista de três estado estamentais sofria com crise agrária e econômica:
gastos do clero, envolvimento na revolução americana e concorrência britânica. +
privilégios do primeiro Estado;

O Clero e Nobreza cobram mais do terceiro estado, gerando banditismo e insurreições;

É convocada a Assembleia dos Estado Gerais que de nada adianta, sendo contraposta
pela Assembleia nacional constituinte. Essa fechada pelo rei mostra que a saída não é
burocrática, desembocando no grande medo e queda da bastilha;

Dado o estopim, as novas medidas estavam explícitas na Declaração dos direitos do


Homem e do Cidadão: dividir os poderes da França aos modelos de Montesquieu, trazer
a ideia de liberdade individual e igualdade perante a lei;

Constituição Civil do Clero e adesão a contrarrevolução com países absolutistas;

Constituição: salientar declaração + Voto censitário e a propriedade privada +


girondinos e jacobinos se dividindo;

Rei conspira com a Áustria e a Prússia, levando a guerra, rei descoberto como traidor e
girondinos instituem a República em 1792;

Convenção girondino, insatisfação jacobina, tomada do poder pelos jacobinos em 1793;

Nova constituição: Discursos de Maximilian Robespierre, direitos trabalhistas, lei do


máximo, reforma agrária, voto para os homens; Terror: perseguição.

Conservadores iniciam a reação termidoriana de 1894, instituição do diretório,


conservadorismo, investimento.
3 parte

Fatos expostos em apenas 10 anos: abolição do absolutismo, de privilégios feudais,


constituições, formas de governos e inauguração de símbolos ainda presentes em tom de
continuidade;

No entanto é válido ainda, fazer alguns apontamentos a luz de obras como a Era das
Revoluções de Eric Hobsbawm, e A revolução Francesa de Daniel de Carvalho. 1:
trabalhadores foram usados sem representatividade, não eram proletários; 2: as
mulheres foram ainda mais subjugadas com base no Emilio;

Outro fato é que não teve um caráter revolucionário e democrático durante todo o
movimento, sendo sua maior prioridade consolidar os ideais burgueses e liberais

4 parte

Dentre todos esses apontamentos os apontamentos de Moraes (2021, p. 13) resumem


bem a teia que envolve a revolução francesa na medida em que a descreve como um
evento que não manteve o mesmo objetivo durante toda trama, mas que concedeu à
França moderna o direito de se reinventar em cada fase, ultrapassando os “limites do
possível”.

Dessa forma, conclui-se que a revolução Francesa chega até os dias atuais, não somente
pelos discursos que se criaram acerca dela, pois variam em diferentes versões. mas,
especialmente pelos elementos de continuidade que são apresentados na atualidade.

Sendo sempre válida de retomar para a compreensão da atualidade, seus códigos civis,
seus ideais e formas de governo. Segundo Carvalho (2022) a Revolução Francesa como
objeto está sempre passível de novas interpretações, teses e considerações.

Referências

HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções: 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2014.

CARVALHO, Daniel Gomes de. Revolução Francesa. São Paulo: Contexto, 2022.

MORAES, Luís Edmundo. História contemporânea: da Revolução Francesa à


Primeira Guerra Mundial. São Paulo: contexto 2021.

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