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Revolução Francesa (1789-1804)

A Revolução Francesa foi um evento crucial na história mundial que ocorreu entre 1789
e 1799, inspirado em ideais iluministas contra a monarquia absolutista.

Este enorme ocorrido foi resultado direto da crise que a França vivia no final do século
XVIII. Viviam numa monarquia absoluta, onde o rei, Luís XVI, concentrava todos os
poderes em si. Era uma sociedade hierarquizada e estratificada, onde não existia
mobilidade social. Para além disso o país estava a enfrentar uma enorme crise financeira
e económica, devido essencialmente às despesas excessivas da monarquia, incluindo
gastos em guerras e luxos reais, os elevados impostos sobre a classe trabalhadora e uma
carga tributária desigual. A crise econômica na França aumentava a pressão,
principalmente, para as classes de baixo, uma vez que o custo de vida aumentou, a
oferta de empregos foi reduzida, e os impostos cobrados pela nobreza só aumentavam.
A situação, em si, já era o suficiente para levar os camponeses à fome, mas, em 1788 e
1789, o país ainda passou um inverno rigoroso, que prejudicou as colheitas e contribuiu
para que o alimento ficasse mais caro ainda.

Após isso, a 5 de Maio de 1789, o rei convocou os Estados Gerais, uma reunião criada na
França feudal, que era apenas convocada em momentos de emergência. Essa saída era
agradável para a aristocracia francesa, pois, nos moldes antigos do Estado Geral, o
Primeiro e Segundo Estados uniam-se contra o Terceiro Estado. Porém, este não estava
disposto a manter-se dentro dos moldes em que funcionava em tempos passados. Com
isso, foi proposto pelos representantes desse Estado uma alteração no voto. Passava
agora a ser um voto por cabeça, isto é, todos os membros dos Estados teriam direito ao
voto. Contudo, o rei francês não aceitou a proposta e, assim, o Terceiro Estado rompeu
com os Estados Gerais e fundou a Assembleia Nacional Constituinte, com o propósito
de redigir uma Constituição com o objetivo de causar várias mudanças na França,
tornando-a uma monarquia constitucional.

É então que o povo, aliado com os interesses da burguesia em implantar no país as


ideias do Iluminismo, liberdade, igualdade e fraternidade, no dia 14 de Julho de 1789,
deu início à revolução com a Queda da Bastilha, em que a população francesa invadiu e
tomou o controle da prisão que era o símbolo da opressão absolutista.

Depois disso, o processo de revolução espalhou-se pela França e estendeu-se pelos dez
anos seguintes, sendo somente encerrado quando Napoleão Bonaparte assumiu o poder
do país por meio do Golpe de 18 de Brumário.

A Revolução Francesa pode ser dividida dentro do período das instituições políticas que
atuaram no país:

● Assembleia Nacional Constituinte e Assembleia Legislativa (1789-1792);


● Convenção Nacional (1792-1795);
● Diretório (1795-1799).
● Consulado ( 1799-1804)
→ Assembleia Constituinte e Assembleia Legislativa

Trata-se do período inicial da Revolução Francesa, o qual foi marcado por grandes
transformações, por meio da redação de uma Constituição para a França e pela atuação
da Assembleia Legislativa.

Esse foi o período do Grande Medo, que ocorreu entre julho e agosto de 1789, e durante
o qual camponeses começaram a atacar aristocratas e as suas propriedades. Nesse
contexto de radicalização popular, a classe média e a burguesia francesa assumiram
posições conservadoras para controlar a ação do povo, como a abolição dos direitos
feudais que existiam na França. Mas nesse mesmo mês, foi convocada a redação da
Constituição e foi anunciada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

A nobreza e o clero, por sua vez, começaram a fugir da França, refugiando-se nos
Estados vizinhos absolutistas. Essa nobreza também começou a planejar a contra
revolução, com o objetivo de reverter tudo que acontecia na França. Os Estados
absolutistas tentaram proteger igualmente o rei e a sua família, no entanto estes foram
apanhados a fugir e foram considerados traidores à nação.

Os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte estenderam-se até 1791, quando,


finalmente, foi promulgada a Constituição da França. A constituição determinava o fim
da monarquia absoluta e estipulava-se que o país era transformado em uma monarquia
constitucional.

Nesse período houveram algumas mudanças como: Luís XVI submeteu-se à


Constituição e a separação dos poderes, passou a existir soberania nacional, o sufrágio
censitário, um sistema representativo, o estado nacionalizou os bens do clero, e os
padres católicos passaram a ser funcionários públicos.

No entanto outras permaneceram, como foi o caso dos critérios de género e de fortuna
que distinguiam a população, as mulheres continuavam excluídas da participação
política; os homens foram “divididos” em cidadãos ativos e cidadãos passivos e somente
os cidadãos ativos tinham direito ao voto – por isso diz-se que o sufrágio era censitário,
só podia exercer o voto quem pagasse uma determinada quantia em impostos ao
Estado.

→ Convenção

A 22 de setembro de 1792 é proclamada a República em França. Durante a República, a


França foi governada por uma Convenção que detém o poder legislativo. Viveu-se um
período de absoluto terror, que teve Robespierre como sua figura marcante.

Com a convenção os franceses passaram a um Proclamação da República, governada


por uma Convenção. Os membros da Convenção foram eleitos por sufrágio universal
(masculino). Houve uma fixação dos salários e dos preços, Lei do Máximo;
nacionalização dos bens dos emigrados; estabelecimento da instrução gratuita e
obrigatória; abolição da escravatura nas colónias; o casamento passou a ato civil; Lei dos
Suspeitos – período que ficou conhecido como Terror e por fim a “construção” de um
novo calendário.

Após os participantes da Convenção Nacional serem eleitos por sufrágio universal


masculino, a França transformou-se em uma República. Mas, antes da posse da
Convenção, o rei francês havia sido capturado e feito prisioneiro. Daí surgiu um grande
debate: a execução do rei e de Maria Antonieta em 1793.

Com o decorrer e frieza da guerra, iniciou-se a fase mais radical e extremista. A França
ficou sob o controle dos jacobinos, sob a liderança de Robespierre que contavam com o
apoio popular, esse período, ficou conhecido como Terror. O nome faz referência à
intensa perseguição a todos aqueles que, aos olhos jacobinos, representavam uma
ameaça à revolução. Enquanto defendia a liberdade na teoria, na realidade censuravam
quem pensasse diferente. Nessa mesma fase, a obra da Convenção foi profundamente
ditatorial e repressiva, e os direitos individuais foram suspensos.

Mas apesar da radicalidade, os jacobinos conseguiram resolver problemas imediatos da


França, estabilizaram o valor da moeda francesa, aumentaram o exército francês
gastando menos, conseguiram derrotar as tropas que tinham invadido a França e
conseguiram estabilizar a situação das rebeliões pelo país.

De toda forma, essa atuação radical dos jacobinos gerou uma natural reação dos grupos
conservadores da França. Assim, cansados do terror e do radicalismo, os girondinos
conspiraram e articularam, com o apoio da alta burguesia da França, um golpe contra os
jacobinos em 1794. Com esse golpe muitas medidas tomadas por eles foram revertidas, e
a liderança jacobina foi toda guilhotinada.

→ Diretório

O Diretório substituiu a Convenção em 1795 durante um período em que a revolução


esteve nas mãos dos girondinos e da alta burguesia francesa. As medidas mais radicais
tomadas pelos jacobinos foram revogadas, inclusive o retorno do voto censitário. Nesse
momento, os girondinos usaram frequentemente a força para conter o povo e
resistiram a inúmeras tentativas de golpes.

O Diretório contava com cinco diretores e três cônsules, sendo o 1º Cônsul – Napoleão
Bonaparte; 2º e 3º Cônsules – função consultiva. O governo nomeava os juízes e
funcionários públicos, passaram a ter uma organização administrativa profissionalizada
e hierarquizada. Surgiu a criação do Banco de França; o fim das perseguições aos
republicanos radicais e aos monarquistas; a criação de liceus e uma legião de Honra.

A imagem de uma figura forte e autoritária surgiu como possibilidade de resolução dos
problemas franceses e disso nasceu o apoio a Napoleão Bonaparte, general do exército
francês que liderava as tropas francesas contra as coalizões internacionais. Com isso,
Napoleão organizou um golpe e tomou o poder em um evento conhecido como Golpe
do 18 de Brumário, que aconteceu em 1799.

→ Consequências da Revolução Francesa

Com tudo isto, concluímos que a revolução Francesa estendeu-se por dez anos e, nesse
período, uma série de transformações aconteceu naquele país. As transformações
trazidas pela Revolução Francesa, porém, não se mantiveram apenas na França e
espalharam-se pelo mundo. Sendo elas:

● Fim dos privilégios da aristocracia (nobreza e clero) na França;


● Fim dos resquícios do feudalismo e início da consolidação do capitalismo;
● Queda do absolutismo em toda a Europa;
● Popularizou a república como forma de governo;
● Popularizou a ideia de separação dos poderes;
● Garantiu a aplicação dos ideais liberais de liberdade individual do lema “todos
os homens são iguais perante a lei”;
● Consolidou o nacionalismo enquanto ideologia de reconhecimento do dever
patriótico.

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