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do
século XVIII
O século XVIII é o século das Luzes ou do Iluminismo. Este conceito evoca, antes de mais,
a luz da Razão (inteligência, esclarecimento). O raciocínio humano seria o meio de atingir o
progresso em todos os campos (científico, social, político, moral). Por contraposição, os
autores identificavam, nesta época, a ignorância com as trevas: Galileu, nomeadamente, refere
a importância da linguagem matemática sem a qual "vagueia-se num labirinto, às escuras".
O pensamento iluminista defendia, assim, que estes direitos eram universais, isto é, diziam
respeito a todos os seres humanos e, por isso, estavam acima das leis de cada Estado. Os
Estados deveriam, antes, usar o poder político como meio de assegurar os direitos naturais do
Homem e de garantir a sua felicidade.
Estas ideias foram aplicadas na prática, nas revoluções liberais, sob a forma das
constituições políticas.
Os meios de difusão do pensamento das Luzes
O Iluminismo, apesar da oposição que sofreu na sociedade do seu tempo, foi-se
difundindo graças a alguns apoios importantes, como sejam:
- a admiração que alguns monarcas nutriam por estes novos ideais (Frederico II da
Prússia, por exemplo, acolheu Voltaire na corte quando este estava exilado);
- os salões, espaços privados da aristocracia que se abriam ao debate das novas
propostas filosóficas;
- os cafés, locais de aceso debate político-cultural e de apresentação de artistas;
- a Maçonaria, sociedade secreta com origem na Inglaterra do século XVIII que pugnava pela
liberdade política e pelo progresso científico;
- o uso da língua francesa - conhecida dos intelectuais europeus - nas obras filosóficas
editadas;
- a Enciclopédia publicada por Diderot e D'Alembert, que reunia em vários volumes os
conhecimentos mais avançados da época sobre a ciência e a técnica e dava voz às propostas
iluministas;
- os clubes privados, a imprensa e as academias, que faziam eco das novas propostas.
3. A ideia de tolerância religiosa conduz à separação entre a Igreja e o Estado, presente nos
regimes liberais.
4. A teoria do direito natural leva a que os iluministas condenem todas as formas de
desrespeito pelos direitos humanos (tortura, pena de morte, escravatura ... ), contribuindo para
alterar a legislação sobre a justiça em vários países.
Sob o despotismo iluminado ou esclarecido, o rei tinha poder absoluto (era um déspota), mas
justificava a sua autoridade através do pensamento iluminista. O rei, iluminado pela razão e
apoiado pelos filósofos iluministas, propunha-se reorganizar o reino para o bem público e
o progresso.
Este regime permitiu, por um lado, o reforço do poder que os monarcas pretendiam e, por outro
lado, a aplicação prática dos princípios iluministas desejada pelos filósofos.
2. Principais episódios da repressão exercida sobre o clero e a nobreza:
o suplício dos Távoras (família da alta nobreza, opositora a Pombal, que foi
executada por suspeita - infundada, pelo que se pôde apurar no reinado de D.
Maria I - de tentativa de regicídio );
a expulsão da Companhia de Jesus, de Portugal e das suas colónias (pois
os jesuítas controlavam a missionação e o ensino).
3. Ação urbanística:
A reconstrução da cidade de Lisboa após o sismo de 1 de Novembro de 1755, entregue aos
engenheiros Manuel da Maia e Eugénio dos Santos, foi orientada de acordo com o
racionalismo iluminista da época. Este ditou as seguintes características:
traçado geométrico;
ruas largas e retilíneas;
subordinação dos projetos particulares à unidade do conjunto (subordinando toda a
sociedade a um mesmo projeto);
sentido prático (evidenciado, por exemplo, no sistema da "gaiola", anti-sísmico);
valorização da burguesia (transformação do Terreiro do Paço em Praça do Comércio).
4. Reforma do ensino:
Os estrangeirados (portugueses que, vivendo no estrangeiro, traziam para Portugal as ideias
iluministas) foram acolhidos pelo Marquês de Pombal. Ribeiro Sanches, Luís António Verney e
Martinho de Mendonça foram alguns dos estrangeirados que mais influenciaram a reforma do
ensino. Esta pautou-se pelas seguintes medidas:
criação do Real Colégio dos Nobres (para preparação dos filhos da nobreza de
acordo com as novas concepções pedagógicas);
criação da Aula do Comércio para os filhos dos burgueses;
fundação das Escolas Menores, entre elas as de ler, escrever e contar, que eram
oficiais e gratuitas;
instituição de várias classes de Latim, Grego, Filosofia, Retórica, para preparação para
a Universidade;
reforma da Universidade de Coimbra (preparada pela Junta da Previdência
Literária e custeada por um imposto denominado Subsídio Literário), a qual foi
dotada de novos estatutos que introduziram as faculdades de Matemática e Filosofia,
bem como do suporte de um laboratório de Física, de um jardim botânico e de um
observatório astronómico; por seu turno, a faculdade de Medicina adquiriu um
carácter mais prático.
Este novo ensino era alargado a um conjunto mais vasto da população e aberto às
novas ideias da ciência experimental, de acordo com a Filosofia das Luzes; além disso, servia
o propósito de preparar uma elite culta, de apoio à governação, colmatando a ausência
dos jesuítas.
No século XVIII, a Inglaterra possuía 13 colónias na costa oriental da América do Norte. Estas
colónias estavam unidas:
- por uma mesma língua - o inglês;
- pela religião - predominantemente protestante;
- pela luta contra os índios e Franceses;
- pela submissão à coroa britânica (rei Jorge III) e ao Parlamento inglês.
Porém, também existiam fatores de diversidade:
- as colónias do Norte e do Centro tinham como base económica a agricultura complementada
pela pesca, criação de gado, comércio e indústria. Eram, também, constituídas
por comunidades mais tolerantes;
Se, por um lado, os fatores de união podem ter favorecido a criação, em 1776, de um país
novo e independente (os Estados Unidos da América), por outro lado, os fatores de diversidade
podem ajudar-nos a compreender as hesitações na escolha de um modelo político após a
independência: dever-se-ia escolher um governo central forte ou uma federação
descentralizada? A formação, ainda que lenta, de uma consciência nacional levaria os
Americanos a optar pela existência de um governo geral.
Razões do conflito económico surgido entre a Inglaterra e as suas colónias da América após
1763
Os principais motivos de descontentamento dos colonos americanos prendiam-se com
questões económicas:
A Guerra dos Sete Anos, que estendera ao território americano os conflitos entre Franceses e
Ingleses, terminou com a vitória inglesa (Tratado de Paris). No entanto, em troca da proteção
concedida aos colonos, a Inglaterra sobrecarregou-os com impostos, de maneira a recuperar
do esforço de guerra. Entre 1764 e 1767, o Parlamento britânico decretou taxas aduaneiras
sobre a importação de certos produtos (papel, vidro, chumbo, melaço, chá) e criou um imposto
de selo.
A região que os colonos reivindicavam, a oeste, para se expandirem territorial e
economicamente, foi considerada propriedade dos índios pelo governo britânico.
Os colonos americanos tinham falta de liberdade comercial: só podiam exportar os seus
produtos para Inglaterra ou para outras colónias inglesas e só podiam importar mercadorias
europeias por intermédio de Londres (teoria do exclusivo comercial).
A Declaração de Independência de 1776 justifica a rutura relativamente à Inglaterra com base
nos pressupostos iluministas:
Em 1787, a Constituição definiu o modelo político do novo estado independente: foi instituída a
República dos Estados Unidos da América, um conjunto de Estados federados com alguma
autonomia mas obedientes a um Estado Central forte. Neste diploma foram aplicados, na
prática, pela primeira vez, os ideais iluministas.
Em resumo, a Revolução Americana deu início a uma vaga de revoluções liberais que
ocorreram entre os séculos XVIII e XIX e que puseram fim ao sistema de Antigo Regime
baseado no absolutismo e na sociedade de ordens. Estes movimentos instituíram a soberania
popular, a separação de poderes, a livre iniciativa económica, a tolerância religiosa e a
descolonização.
O pensamento iluminista e os princípios liberais a que veio dar origem encontraram na França
do século XVIII um fértil campo para a sua proliferação. Foi, com efeito, em França que mais
se fizeram sentir as influências do racionalismo iluminista na alteração dos quadros mentais e
dos comportamentos.
Ora, ao substituir a moral cristã pela moral cívica, os cidadãos esclarecidos do século XVIII
substituíram o medo do pecado por um sentimento de confiança na Razão. Então, perde-se o
medo de contestar, com violência se necessário, o carácter antinatural e anti-racional da
estrutura social baseada na divisão em ordens e da estrutura política baseada no poder
despótico dos monarcas absolutistas. A condenação eterna deixa de assustar as
mentalidades esclarecidas.
- a nobreza mantinha um estilo de vida ocioso e frívolo; porém, detinha a maior parte da
propriedade fundiária, os postos mais importantes e estava isenta do pagamento de impostos;
- o clero possuía terras, recebia rendas e a dízima (1/10 de toda a produção agrícola),
no entanto, tal como a nobreza, não pagava impostos.
Esta situação de profunda injustiça social foi, então, uma das causas da Revolução Francesa.
Nas vésperas da Revolução, a França era afectada por uma crise económica motivada pelos
seguintes fatores:
- o aumento do preço do pão, em virtude de maus anos agrícolas;
- a quebra de produção têxtil, não só devido ao aumento do preço do pão (que limitava a
capacidade de aquisição de outros produtos pelas famílias), mas também por causa do
Tratado de Eden, de 1786 (que previa a livre-troca do vinho francês pelos têxteis ingleses);
- as despesas do Estado com o exército, as obras públicas, a dívida pública e o luxo da corte,
que originavam um défice constante, já que o clero e a nobreza não contribuíam para as
receitas do Estado (pois não pagavam impostos).
Perante a crise económico-financeira, o poder político tinha de agir. O rei Luís XVI, monarca
absoluto, rodeou-se de ministros para o auxiliarem: Turgot, Necker, Calonne e Brienne
propuseram, sucessivamente, reformas no intuito de solucionar a crise. Porém, a conclusão a
que chegavam era sempre a mesma: a única maneira de obter mais receitas para o Estado
passaria por fazer com que as ordens privilegiadas também pagassem impostos. Ora, o clero
e a nobreza opuseram-se terminantemente às tentativas de redução dos seus privilégios.
A própria rainha Maria Antonieta, chamada pelo povo "Madame Défice" devido às suas
despesas com a corte, contribuiu para que os ministros fossem despedidos.
Foi num clima de agitação popular e de oposição política das ordens privilegiadas que Luís
XVI resolveu convocar os Estados Gerais (reunião dos representantes das diversas ordens
sociais), enquanto se elaboravam os Cadernos de Queixas (registo dos anseios da sociedade
francesa).
A reunião dos Estados Gerais, em Maio de 1789, iniciou-se, desde logo, com uma questão
controversa: a votação das propostas deveria fazer-se por cabeça (cada deputado, um voto)
ou por ordem (cada grupo social, um voto)?
Perante este impasse e a indecisão de Luís XVI, os deputados do Terceiro Estado (juntamente
com alguns deputados do clero e da nobreza que partilhavam das mesmas ideias) reuniram-se
à parte, na sala do Jogo da Péla, onde juraram, em Junho de 1789, não se separarem até que
estivesse pronta uma Constituição. Devido a este ato revolucionário (conhecido por
"Juramento da sala do Jogo da Péla"), os Estados Gerais transformaram-se em Assembleia
Nacional Constituinte (uma assembleia destinada a redigir uma Constituição): era o fim do
absolutismo e o início da Nação soberana.
Relação entre a abolição dos direitos feudais e a destruição da sociedade de Antigo Regime
Entretanto, nas ruas, o povo realizava a sua revolução: a 14 de Julho de 1789, em Paris, a
Bastilha (fortaleza para os presos políticos do absolutismo) foi destruída pelo povo e pela
Guarda Nacional (milícia composta por burgueses). A tomada da Bastilha ficaria, para sempre,
conhecida como o símbolo máximo da Revolução Francesa, acontecimento comemorado
todos os anos, em França, no dia 14 de Julho.
Por toda a França, os camponeses revoltavam-se violentamente contra os senhores das terras
e contra os encargos feudais (movimento denominado por "Grande Medo").
- a proclamação do fim da sociedade de ordens ("Os homens nascem e são livres e iguais
em direitos");
- a salvaguarda dos direitos naturais do homem ("A liberdade, a propriedade, a segurança e
a resistência à opressão");
- a defesa da soberania popular contra o absolutismo ("O princípio de toda a soberania
reside essencialmente na Nação");
- a proteção dos cidadãos pela lei (" Tudo aquilo que não é proibido pela lei não pode ser
impedido [. .. ]. Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados
pela lei');
- a tolerância religiosa ("Ninguém pode ser inquietado pelas suas opiniões, incluindo
opiniões religiosas");
- a liberdade de expressão ("Todo o cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir
livremente)";
- a defesa da burguesia e do direito à propriedade privada ("A propriedade é um direito
inviolável e sagrado").
Pela alteração profunda que este documento provocou nas estruturas sociais e políticas
de Antigo Regime, podemos relacioná-lo com o início de um novo período histórico: a Época
Contemporânea.
Em Setembro de 1791 foi aprovada a Constituição. O rei tinha de obedecer a este documento
fundamental, pelo que designamos a nova etapa (1791-92) por monarquia constitucional. Esta
caracterizou-se por:
- separação dos poderes: o poder legislativo era entregue à Assembleia Nacional Legislativa
(composta por 745 deputados), o poder executivo pertencia ao rei (que podia vetar as leis
durante dois anos: veto suspensivo) e o poder judicial cabia a juízes eleitos e a um Tribunal
Superior;
- instituição da soberania nacional (é a Nação quem escolhe os governantes, através
do voto - sistema representativo);
- consagração dos Direitos do Homem e do Cidadão;
- manutenção da distinção pela riqueza (o processo de eleição dos deputados da
Assembleia Legislativa era indireto e realizado através do sufrágio censitário: apenas os
homens mais ricos, que pagavam um imposto - ou censo - igualou superior a três dias de
trabalho, podiam votar; eram estes cidadãos activos quem podia escolher os verdadeiros
eleitores, os quais, por sua vez, eram aqueles que tinham riqueza suficiente para pagar um
imposto igual ou superior a dez dias de trabalho).
A passagem da monarquia à república
A República foi proclamada em Setembro de 1792. Dois factores, em especial, precipitaram o
fim do regime monárquico na França:
- a tentativa de fuga do rei, em 1791, com o objetivo de ser acolhido no estrangeiro por um
país de regime absoluto, e o seu regresso humilhante a Paris, apenas serviram para acelerar a
instituição da República, forma de governo que, até, então, não fora defendida;
- a guerra da França, em Abril de 1792, contra os estados absolutistas que queriam restituir o
poder a Luís XVI (Áustria, Prússia) agravou os problemas económicos e contribuiu para o
radicalismo político: os federados (milícias defensoras da Revolução) acorreram a Paris,
assaltaram as Tulherias e o rei foi suspenso pela Assembleia Legislativa em Agosto de 1792,
terminando, assim, a monarquia constitucional.
A etapa da Convenção republicana (1792-1795) foi marcada pela divisão entre duas fações
políticas: por um lado os Girondinos, por outro lado os Montanheses (estes últimos
liderados por Marat, Danton e Robespierre). Apesar de todos terem ligações ao Clube dos
Jacobinos (clube de burgueses revolucionários), os Montanheses eram mais radicais. Eram
apoiados pelos chamados sans-culottes. Estes eram membros das classes populares,
artesãos, lojistas e operários que não tinham rendimentos suficientes para se tornarem
cidadãos ativos (pois vigorava o sufrágio censitário) mas exprimiam as suas reivindicações em
clubes, debates e através de petições (propostas aos poderes públicos). Tratavam a todos por
tu e vestiam-se de
maneira característica.
O Terror designa a fase mais radical e violenta da Revolução Francesa, ocorrida em 1793-
1794. A Convenção, que desempenhava o poder legislativo, criou um governo centralizado e
ditatorial: o poder executivo pertencia a dois Comités:
- o Comité de Segurança Geral e o Comité de Salvação Pública, cujos membros dependiam da
aprovação mensal da Convenção para se
manterem em funções.
- O Comité de Segurança Geral prendia os suspeitos de contra-revolução e entregava-os a um
Tribunal Revolucionário. Na verdade, a Lei dos Suspeitos, de 1793, traduziu-se pela
legalização da violência: todos podiam ser suspeitos, quer "pelas suas conversas ou escritos",
quer por não possuírem "o certificado de civismo", por serem "familiares dos nobres" ou porque
haviam emigrado. Após um julgamento sumário (breve e sem hipótese de defesa, uma vez que
nem sequer eram inquiridas testemunhas) as vítimas do Terror eram encarceradas e, na maior
parte das
vezes, executadas pela guilhotina (inventada em 1789).
Uma outra faceta do Terror consistiu na política de descristianização (movimento anti-religioso).
O governo revolucionário instituiu um Estado laico (não religioso). As marcas do cristianismo
foram apagadas:
- o poeta Fabre Églantine criou um novo calendário, que situava o ano I na data da
proclamação da República pela Convenção (1792) e criava novos nomes para os meses do
ano;
- a hierarquia religiosa era ridicularizada;
- os padres refractários eram perseguidos;
- o culto dos santos foi substituído pelo culto aos mártires da revolução (por exemplo, a
Marat, herói dos sans-culottes, assassinado no banho por uma jovem girondina);
- o casamento religioso passou a ato civil, o divórcio foi autorizado (através da Lei do
Casamento e do Divórcio).
A república jacobina teve o seu fim em Julho de 1794 quando Robespierre, responsável
por inúmeras condenações à morte foi, ele mesmo, guilhotinado em resultado de uma
conspiração da Convenção. O extremismo desta etapa foi responsável pelo seu fracasso.
A ação do Diretório
O golpe do 18 de Brumário do Ano VIII (09.11.1799), por Napoleão Bonaparte, acabou com o
Directório, dando início à etapa do Consulado (1799-1804). Uma nova Constituição (de 1799),
entregou o poder a Napoleão, que exercia o cargo de primeiro-cônsul.
- centralização administrativa e judicial (os juízes e os funcionários locais eram nomeados pelo
governo; o Código Civil de 1804 unificava a França em termos legais);
- recuperação financeira (criação do Banco de França, em 1800, e emissão de uma nova
moeda - o franco germinal;
- reconciliação nacional (fim das perseguições políticas; Concordata com a Santa Sé, em
1801).
No entanto, Napoleão não abandonou o cargo de primeiro-cônsul ao fim de dez anos, como
estava previsto; conseguiu que a Constituição de 1802 o tornasse cônsul vitalício e, em 1804,
foi proclamado Imperador, autocoroando-se na Igreja de Notre-Dame, em Paris. Iniciava-se,
então, a etapa do Império Napoleónico (1804-1815).
Figura de contornos míticos na história mundial, Napoleão teve um percurso político pautado
por vitórias militares (destacando-se as campanhas da Itália, em 1796/97 e do Egipto,
em 1798), e derrotas sucessivas (1812-1815), acabando por se retirar da cena política e exilar-
se de França.
A Revolução Francesa começou por ser uma revolta do Terceiro Estado que, nas palavras do
contemporâneo Abade Sieyes, queria ser "tudo". A Bastilha, símbolo da prepotência do regime
absolutista, foi tomada pelo povo e por burgueses, as estruturas do Antigo Regime foram
desmanteladas, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão exprimia o ideal político
burguês.
Finalmente, Napoleão Bonaparte, para além de ser considerado um militar brilhante, destacou-
se como legislador activo, consolidando os direitos da burguesia, nomeadamente através: