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AO JUÍZO FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA

DE SÃO PEDRO DA ALDEIA/RJ.

CLÁUDIO ROBERTO DE SOUZA, brasileiro, viuvo, pedreiro, portador do


documento de identidade sob o n.º 11524134-1 , CPF sob o n.º 041.944.727-05,
residente e domiciliado à Rua México, nº 200, C/C LT 07 QD A, Jardim Nautilus, Cabo
Frio-RJ, CEP: 28909-180, por suas patronas devidamente constituídas, conforme
procuração em anexo, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, propor:

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE AUXÍLIO


DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ

Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), Autarquia Federal


Pessoa Jurídica de Direito Público, pelos seguintes fundamentos fáticos e jurídicos que
passa a expor:

GRATUIDADE DE JUSTIÇA.

Nos termos dos arts. 98 e 99, do CPC, informa não possuir condições de arcar
com as despesas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do próprio
sustento, razão pela qual, considerando a remota probabilidade de interposição de
recurso, requer antecipadamente o deferimento do benefício da gratuidade de justiça.

DA TUTELA DE EVIDÊNCIA

Desde logo, registre-se cuidar-se a pretensão autoral de requerimento com


NATUREZA ALIMENTAR, a qual, com base na comprovação dos pressupostos dos arts.
294 e 311 do CPC, entende ser possível a obtenção de provimento favorável já em
primeira instância, por meio de pedido de tutela de evidência.

O Código de Processo Civil em vigência trouxe a possibilidade do pedido de


tutela de evidência como espécie de “antecipação dos efeitos da tutela” ligada a
pedido incontroverso:
Art. 311. A tutela da evidência será concedida,
independentemente da demonstração de perigo de dano ou de
risco ao resultado útil do processo, quando:
(...)
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas
documentalmente e houver tese firmada em julgamento de
casos repetitivos ou em súmula vinculante;
(...)
IV - a petição inicial for instruída com prova documental
suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu
não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.

Parágrafo Único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá


decidir liminarmente.

Na presente situação, além da evidente existência de teses jurisprudenciais e


dispositivos legais que corroboram com o pleito autoral, conforme fundamentação
exposta nesta Inicial, cumprida também está a exigência de que tudo o quanto
relatado deva estar devidamente comprovado por robusta documentação.

Diante de todo o exposto, pugna pela concessão da tutela de evidência em


caráter de medida liminar inaudita altera pars, pela condenação da Ré a conceder-
lhe o benefício previdenciário pretendido, no prazo máximo de 30 dias.

DOS FATOS:

Desde 08.10.2019, a parte Autora começou a apresentar sintomas depressivos,


além do humor depressivo, tendo alteração do ânimo; falta de prazer nas atividades
habituais; falta de concentração; esquecimentos; dificuldade para tomar decisões;
isolamento social; após uma experiência subjetiva de grande sofrimento; buscou
tratamento médico e foi diagnosticada com (CID F31 6), pela presença simultânea de
sintomas maníacos e depressivos

Confirmado o diagnóstico de TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR, sem mais


condições físicas e psicológicas de trabalhar, sendo segurada da Previdência, requereu
oportunamente a concessão administrativa do auxílio doença perante o INSS.

Com o início da doença, o autor entrou com o pedido de AUXÍLIO DOENCA


PREVIDENCIÁRIO, tendo início na data de 06/11/2019, e cessado na data 31/05/2020.

Ocorre que o autor deu entrada novamente no AUXÍLIO DOENÇA


PREVIDENCIÁRIO, devido a sua incapacidade

Contudo, por diversas vezes a Autarquia negou-lhe o deferimento da


concessão, mesmo assim a parte Autora insistiu, visto que se encontrava com doença
psiquiátrica e não ter seu direito reconhecido.
Com a devida vênia, o Autor faz jus ao benefício, vez que está praticamente
impossibilitada de realizar atividades simples, como sair de casa, pois se encontra com
esquecimentos; dificuldade para tomar decisões; isolamento social; experiência
subjetiva de grande sofrimento; perda ou aumento de apetite; sentimento de culpa;
pensamentos de morte e de suicídio, comprometendo a vida como um todo.
Dependente de fortes medicações.

Por não haver mais qualquer chance de suportar a situação a que passa, tudo
devidamente comprovado pelos documentos anexados, vem diante deste Juízo
requerer o reconhecimento do seu direito ao AUXÍLIO DOENÇA/APOSENTADORIA
POR INVALIDEZ.

Importante salientar que o autor com o falecimento do seu cônjuge, passou a


receber o Benefício número 195442682-5, PENSÃO POR MORTE, desde 27/10/2019.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Nos termos do art. 1º, da Carta Magna, a República Federativa do Brasil


constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como uns dos seus fundamentos
a cidadania e a dignidade da pessoa humana.

O seu art. 3º também firmou como objetivos fundamentais republicanos: a


construção de uma sociedade solidária; a garantia do desenvolvimento nacional;
erradicação da pobreza e marginalização, reduzindo as desigualdades sociais e
regionais; bem como a promoção do bem de todos, sem qualquer discriminação.

Nessa linha, o art. 59, da Lei n. 8.213/91 estabelece:

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que,


havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência
exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para
a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias
consecutivos.

Por sua vez, o art. 42, do mesmo diploma (correspondente ao art. 43, do
Dec.
3.048/99) prescreve:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida,


quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado
que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for
considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o
exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-
á paga enquanto permanecer nesta condição.
§ 1º A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da
verificação da condição de incapacidade mediante exame
médico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o
segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de
sua confiança.

E da jurisprudência, colhe-se os seguintes julgados:

Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO.


SERVIDOR PÚBLICO PORTADOR DE TRANSTORNO AFETIVO
BIPOLAR. CONDIÇÃO DE ALIENAÇÃO MENTAL CARACTERIZADA.
PREVISÃO EM ROL DE DOENÇAS GRAVES, CONTAGIOSAS E/OU
INCURÁVEIS APRESENTADO POR LEI MUNICIPAL.
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. DIREITO À INTEGRALIDADE
DOS PROVENTOS. EXISTÊNCIA. CONVERSÃO DA
APOSENTADORIA PROPORCIONAL EM INTEGRAL. CONDENAÇÃO
DO MUNICÍPIO AO PAGAMENTO DAS DIFERENÇAS ENTRE OS
PROVENTOS DEVIDOS E OS AUFERIDOS. RETROATIVIDADE À
DATA DE CONCESSÃO DA APOSENTADORIA PROPORCIONAL.
APELAÇÃO MUNICIPAL. IMPROVIMENTO 1. Com o advento da
EC 41,
em 19 de dezembro de 2003, foram extintas a paridade e a
integralidade dos proventos e pensões. 2. Todavia, essa
alteração da Carta Magna, trouxe uma exceção, prevista na
nova
redação do art. 40, § 1º, I, para aqueles cuja aposentação
ocorreu por invalidez, acarretada por acidente em serviço,
moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável
.3. Contudo, trata-se de norma constitucional de eficácia
limitada, exigindo regulamentação pelo ente federativo ao qual
se vincula o servidor. 4. O art. 14 da Lei Municipal nº 1482/2007
ao disciplinar a matéria exerceu a regulamentação de forma
ineficiente, tendo em vista que não trouxe a definição de
alienação mental, somente obtida mediante a interpretação
conjunta das Recomendações da Portaria Normativa
1174/MD, de 6/9/06, instituindo o Manual do Ministério da
Defesa para Perícias e Auditorias Médicas no Distrito Federal e
da Portaria n. 1.675/MPOG, de 6/10/06, pelo seu
Manual para os Serviços de Saúde dos Servidores Civis Federais.
5. Essas Portarias convergem ao exigir para a caracterização da
aludida condição de alienante mental, a presença de todos os
requisitos abaixo elencados e evidenciados no caso sob
julgamento:a)
A enfermidade deve ser mental ou neuromental, grave e
persistente;b) Apresentar-se refratária aos meios habituais de
tratamento;d) Provocar a alteração completa ou considerável da
personalidade;e) Comprometer gravemente os juízos de valor e
realidade, com destruição da autodeterminação e do
pragmatismo;f) Tornar o paciente total e permanentemente
inválido para qualquer trabalho;g) Caracterizar a existência de
um eixo sintomático entre o quadro psíquico e a personalidade
do paciente .6. Logo, se o Transtorno Afetivo Bipolar mostrar-
se irreversível, incurável e acarretar, conforme laudo assinado
por Junta médica do órgão previdenciário municipal, em caráter
permanente, a incapacidade de gerência sobre os bens, além de
impossibilitar o paciente para os atos da vida civil, abrangendo,
inclusive, a aptidão para exercer qualquer atividade laboral, fica
evidente a condição de alienação mental .7. Essa assertiva
oriunda-se da interpretação conjunta das Recomendações da
Portaria Normativa 1174/MD, de 6/9/06, instituindo o Manual
do Ministério da Defesa para Perícias e Auditorias Médicas no
Distrito Federal e da Portaria n. 1.675/MPOG, de 6/10/06, pelo
seu Manual para os Serviços de Saúde dos Servidores Civis
Federais. 8.Dessa maneira, o reconhecimento do direito à
aposentadoria por invalidez com a integralidade dos
proventos e, por conseguinte, com paridade é medida que se
impõe. Ademais, as diferenças remuneratórias devidas serão
retroativas à data da concessão da aposentadoria com
proventos proporcionais .9. Apelação Municipal desprovida. (TJ-
PE - APL: 5050822 PE, Relator: Democrito Ramos Reinaldo
Filho, Data de Julgamento: 04/10/2018, 1ª Câmara Regional de
Caruaru - 2ª Turma, Data de Publicação: 11/10/2018).

Ademais, conforme entendimento do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás,


Jovem com transtorno bipolar tem direito a aposentadoria invalidez, segue notícia
29/08/2018 - Tribunal de justiça de Goiás, que abaixo se transcreve:

“Ronyere Rodrigues da Silva, de 27 anos, comemora a aposentado por invalidez. Ele foi
diagnosticado como portador de transtorno bipolar, uma doença considerada grave
marcada por grandes alterações de humor. “Eu já sofri muito com isso, as pessoas
acham que é bobeira, mas quem tem sabe o que é”, desabafou.
A audiência foi realizada pelo juiz Joviano Carneiro Neto, durante o Programa Acelerar
– Núcleo Previdenciário na comarca de Itapaci, que está no local desde terça-feira (28)
e até hoje (29). O jovem conta que um dos sintomas da doença é a alternação entre
momentos de profunda euforia e de profunda depressão. “Já aconteceu de estar
ótimo e de repente eu surtar”, disse.

SENTENÇA: O juiz Joviano Carneiro Neto julgou procedente do pedido de Ronyere para
conceder o benefício previdenciário ao jovem. O magistrado destacou que o benefício
da aposentadoria por invalidez é concedido aos trabalhadores que, por doença ou
acidente, forem considerados incapacitados para exercerem suas atividades ou outro
tipo de serviço que lhes garanta o sustento, conforme dispõe o artigo 42, da Lei nº
8.213/91.O laudo médico, observou o juiz, concluiu que o jovem é portador de
doença psiquiátrica de difícil controle, apesar de tratamento regular. “No início do
quadro fora diagnosticado como esquizofrenia, porém reavaliações posteriores a
diagnosticou como transtorno bipolar. Possui grande prejuízo intelectual, cognitivo e
social. Apresenta surtos psicóticos e agressividade”,consta no laudo, que ao final
indicou a existência de incapacidade total e permanente. (Texto: Arianne Lopes /
Fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social do TJGO)”

Isto posto, a decisão negativa do INSS aqui evidenciada fere os ideais


constitucionais, infraconstitucionais e também supralegais, afinal, é de notório saber
que “Toda pessoa tem direito [...] à segurança em caso de [...] doença, invalidez [...] ou
outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu
controle”, conforme o art. 25, da Declaração Universal de Direitos Humanos.

O Autor faz jus à concessão do benefício pretendido e o seu deferimento


encontra guarida no Direito como um todo. É certo que se encontra incapaz para o
exercício de atividades simples e do trabalho, vez que, mesmo tratada, continua tendo
crises relacionadas ao TRANSTORNO BIPOLAR AFETIVO (CID F 31.6), FAZENDO USO
CONTÍNUO DE MEDICAMENTOS COM EFEITOS COLATERAIS FORTÍSSIMO.

Sendo assim, merecida a menção ao art. 13, III e § 3º, do Dec. 3.048/99, o qual
assegura a manutenção da qualidade de segurado e de todos os direitos perante a
Previdência Social, independentemente de contribuições, até doze meses após cessar a
segregação.

Nesse sentido, o STJ tem firmado o entendimento de que a concessão da


aposentadoria por invalidez deve considerar além dos elementos previstos no art. 42
da Lei n. 8.213/91, os aspectos socioeconômicos, profissionais e culturais do segurado
[...] (AgRg no AREsp 574.421/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe
14/11/2014). (AgRg no AREsp 35.668/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA
TURMA, julgado em 05/02/2015, DJe 20/02/2015).
.
Isto posto, requer digne-se o Nobre Julgador em conceder-lhe O AUXÍLIO
PREVISTO NO ART. 59, DA LEI N. 8.213/91, OU A APOSENTADORIA PREVISTA NO ART.
42, DA MESMA LEI, CASO A PERÍCIA CONSTATE A INCAPACIDADE PERMANENTE PARA
O LABOR.

I. DOS PEDIDOS:

Diante do exposto, suplica seja:

1. Concedido o benefício da justiça gratuita, para fins de eventual interposição de


recurso perante a Turma Recursal, por ser pobre nos termos da lei;

2. Deferida a tutela de evidência em caráter de medida liminar inaudita altera


pars, pela condenação da Ré a conceder-lhe o benefício previdenciário
pretendido, no prazo máximo de 30 dias;

3. Determinada a citação/notificação do INSS, na pessoa do seu representante


legal, para que responda a presente demanda, no prazo legal, sob pena de
revelia;

4. RECEBIDA E PROCESSADA A PRESENTE AÇÃO, CONFIRMANDO- SE AO FINAL


DESTA A TUTELA DE EVIDÊNCIA EM FAVOR D0 AUTOR E CONDENANDO O INSS
A CONCEDER-LHE O AUXÍLIO DOENÇA REQUERIDO, E A PROCEDER COM A SUA
CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, CASO SEJA CONSTATADA
NA PERÍCIA A INCAPACIDADE PERMANENTE PARA O LABOR, bem como a
pagar as parcelas vencidas desde a data do requerimento administrativo,
monetariamente corrigidas desde o respectivo vencimento e acrescidas de
juros legais moratórios, ambos incidentes até a data do efetivo pagamento;

5. Seja determinada a juntada de todo o processo administrativo que deu causa


à presente ação, por parte do INSS, inclusive printscreen da tela SABI;

A autora ainda declara estar ciente de que:


 Os valores postulados perante o Juizado Especial Federal não poderão
exceder 60 (sessenta) salários mínimos;
 Deverá comparecer na data e horário indicados para realização de
perícia médica e audiência, se for o caso, sendo que o não
comparecimento acarretará a extinção do processo;
 Deverá comunicar qualquer alteração de endereço, telefone ou e-mail
no curso do processo.
Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em
direito, notadamente a documental.

Dá-se à causa, o valor de 1.000 (hum mil reais) para fins fiscais.

Nestes termos,

Pede deferimento

Cabo Frio/RJ, 04 de outubro de 2022

JÉSSICA PITZER FERREIRA OLIVIA Mª M. CORTE REAL


OAB/RJ 214.488 OAB/RJ 199.291

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