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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE

DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CIVEL FEDERAL DA SUBSEÇÃO


JUDICIÁRIA DE BARREIRAS – ESTADO DA BAHIA

EDILENE DA SILVA MACHADO, brasileira, viúva,


desempregada, inscrita no CPF sob nº 552.006.805-49,
residente e domiciliada a Rua Santo Amaro, nº 58, Bairro
Morada da Lua, cidade de Barreiras, Estado da Bahia, por
intermédio de sua advogada infrafirmada, constituída em
conformidade com o incluso instrumento particular de
procuração, com endereço profissional, telefones e e-mails
informados no rodapé, onde recebe intimações, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO DE


AUXÍLIO-DOENÇA C/C CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ
COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA
JURISDICIONAL

com fulcro na Lei 10.259/2001 e na Lei nº


8.213/91, em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL –
INSS na pessoa do seu Representante Legal, situada na Av.
Benedita Silveira, Edifício Portinari, nº. 108, 4º andar,
Centro, CEP: 47.800-130, Barreiras/BA, pelos fatos e
fundamentos que passa a expor:

I. DA JUSTIÇA GRATUITA
Preliminarmente, a Autora requer a concessão
dos benefícios da justiça gratuita, assegurados pela
Constituição Federal, no inciso LXXIV, do artigo 5º, bem
como no artigo 98 do Código de Processo Civil, por ser
pessoa carente no termo da acepção jurídica, não detendo
condições de arcar com as custas processuais e honorários
advocatícios, sem o sacrifício da sua subsistência.

II. DOS FATOS

A Autora é portadora da doença CID F20


Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos
delirantes e CID F21 - Transtorno esquizotípico - HiDoctor
CID-10., e, esta doença, a tornou incapaz para sua
atividade laborativa, conforme fazem prova os laudos
médicos acostados.

A Requerente estava em gozo do benefício de


auxílio-doença de nº 31/633.771.556-3 desde o dia
01.10.2020, após a perícia judicial nos autos do
processo nº 100214276.2020.4.01.3303, constatar, mediante
laudo pericial, sua incapacidade para o exercício de suas
atividades laborais.

No entanto, a prorrogação do referido benefício


foi interrompida, em 14/06/21, mesmo CONTINUANDO A
ENFERMIDADE QUE ACOMETEU A AUTORA, IMPEDINDO-A DE EXERCER
QUALQUER TIPO DE ATIVIDADE.

Nota-se, Excelência, que a Requerente foi


diagnostica com CID F20 Esquizofrenia, transtornos
esquizotípicos e transtornos delirantes e CID F21 -
Transtorno esquizotípico - HiDoctor CID-10, conforme fazem
prova os laudos médicos em anexo, e, tal enfermidade, não
tem cura, por conta disso, necessita de tratamento por toda
a vida, envolvendo uma combinação de medicamentos,
psicoterapia e serviços de cuidados especializados.

Vejamos o que diz os CID’S da enfermidade da


Autora:

CID F20 Esquizofrenia, transtornos


esquizotípicos e transtornos delirantes.
Este agrupamento reúne a esquizofrenia, a
categoria mais importante deste grupo de
transtornos, o transtorno esquizotípico e
os transtornos delirantes persistentes e um
grupo maior de transtornos psicóticos
agudos e transitórios.

CID F21 - Transtorno esquizotípico -


HiDoctor CID-10.

Urge informar ainda, que devido a tal


enfermidade, a Autora tem vários surtos psicóticos,
alucinações visuais e auditivas, bem como, alteração de
humor e comportamento, mesmo fazendo uso de vários
medicamentos por dia, de forma continua, desde que começou
a apresentar tal patologia.

Por conta disso, concluiu o médico psiquiátrica


Dr. Enock Luiz Sousa, CRM 4870, no dia 24/02/21 e no dia
10/06/21, que devido o quadro da evolução da doença (tempo
da patologia), e por conta de a mesma não ter cura, a
Autora encontra-se definitivamente sem condições de exercer
atividades laborais.
Urge informar também, que desde o dia
31/03/2016, que o médico psiquiatra Dr. Enock Luiz Sousa,
CRM 4870, diagnosticou a patologia da Autora no CID F20
(Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos
delirantes) e CID F21 - Transtorno esquizotípico - HiDoctor
CID-10, conforme faz prova o laudo em anexo, confirmando
novamente no dia 30/01/17, e, novamente agora em 24/02/21 e
10/06/21, devido a mesma não ter cura.

Aclara também, que, a Autora também foi


submetida a tratamentos na cidade de São Paulo, conforme
faz prova os laudos em anexo, e, lá, a Autora novamente
foi diagnosticada com o CID F20 (Esquizofrenia,
transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes) e CID
F21 - Transtorno esquizotípico - HiDoctor CID-10, durante
08 anos.

Informar ainda, que, desde que começou a


apresentar tal patologia, a Autora tem que ser submetida a
constantes tratamentos psicológicos, e, todos os
psiquiatras, que a mesma é submetida, são uníssonos ao
afirmar a incapacidade laborativa permanente da Requerente,
bem como, a sua patologia no CID F20 Esquizofrenia,
transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes e CID
F21 - Transtorno esquizotípico - HiDoctor CID-10.

Com efeito, os laudos médicos em anexo, são


fortes em demonstrar que, o quadro clínico da segurada é
irreversível. Neste sentido, afigura-se imperioso a
concessão do benefício de aposentadoria por invalidez, ou
subsidiariamente, o restabelecimento do benefício de
auxílio-doença, para que a autora possa continuar com o seu
tratamento médico, sem temer por sua subsistência.

III. DO DIREITO

Ao requerer o benefício previdenciário, a


Autora carreou aos autos todos os documentos necessários e
exigidos que foram aceitos e homologados pelo INSS, tendo
sido comprovada a carência mínima exigida de 12 (doze)
meses imediatamente anteriores ao requerimento, o que
ensejou a sua concessão inicial. Portanto, a qualidade de
segurado e o cumprimento do período de carência, restam
comprovados e reconhecidos pela autarquia, quando deferiu o
pedido de auxílio-doença na esfera administrativa até a sua
cassação.

Ademais, a Autora possui todos os pressupostos


legais para que lhe seja concedido/restabelecido o
benefício previdenciário ora pleiteado, cujo quadro clínico
de saúde mostra-se crítico/crônico/irreversível, o que o
impossibilita ao exercício de suas atividades laborativas
ou mesmo habituais, fato este que inviabilizará seu
sustento. A permanência da negativa para implantação do
benefício contraria todos os direitos e garantias que
estabelece os arts. 6º e 201, ambos da Constituição Federal
de 1988, senão vejamos:

“Art. 6º - São direitos sociais a educação,


a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção
à maternidade e à infância, a assistência
aos desamparados, na forma desta
Constituição”.
“Art. 201 – A Previdência social será
organizada sob a forma de regime geral, de
caráter contributivo e de filiação
obrigatória, observados os critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial, e atenderá, nos termos a lei, a:

I – cobertura dos eventos de doença,


invalidez, morte e idade avançada.

Outrossim, cumpre-nos destacar que, a pretensão


da Autora encontra guarida nos termos do art. 42 da Lei
8.213/91, cuja redação é corroborada pelo art. 43 do
Decreto nº 3.048/1999, senão vejamos:

“A aposentadoria por invalidez, uma vez


cumprida, quando for o caso, a carência
exigida, será devida ao segurado que,
estando ou não em gozo de auxílio-doença,
for considerado incapaz e insusceptível de
reabilitação para o exercício de atividade
que lhe garanta a subsistência, e ser-
lhe-á paga enquanto permanecer nesta
condição. (grifado e negritado)”.

Neste sentido, no tocante ao benefício de


auxílio-doença, é de ver-se o quanto consignado no art. 59
da Lei nº 8.213/1991, reproduzido no art. 71 do Decreto nº
3.048/1999, abaixo transcrito:

“O auxílio-doença será devido ao segurado


que, havendo cumprido, quando for o caso, o
período de carência exigido nesta Lei,
ficar incapacitado para o seu trabalho ou
para a sua atividade habitual por mais de
15 (quinze) dias consecutivos. (grifado e
negritado)”.

Assim, diante de tudo quanto exposto, torna-se


imperiosa a concessão da Aposentadoria por Invalidez ou do
Auxílio-Doença, considerando o grau de incapacidade
constatado por meio da perícia judicial a ser designada por
este Juízo.

IV. DA PREMENTE NECESSIDADE DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA


TUTELA JURISDICIONAL

A toda evidência, diante de tais fatos, forçoso


reconhecer, que a demanda reclama trato judicial rápido,
eis que, tem o benefício previdenciário natureza
eminentemente alimentar, a justificar o requerimento de
tutela de urgência, conforme a precisa dicção do art. 300
do Código de Processo Civil, cuja doença que acomete a
Requerente, legitima a antecipação da tutela ora pleiteada,
sob pena desta vir a sofrer mais danos, os quais, por sua
natureza, tornar-se-á irreparável.

Como visto, para a antecipação dos efeitos da


tutela, exige-se, além da prova inequívoca e da
verossimilhança da alegação, que haja fundado receio de
dano irreparável ou de difícil reparação, o que ora se
vislumbra no caso concreto. Neste talante, a
verossimilhança da alegação resta demonstrada quando da
verificação do quadro clínico da Autora, uma vez que, todos
os documentos provam estar incapacitada ao trabalho e
insuscetível de reabilitação para o exercício das suas
atividades habituais que lhe asseguram a sobrevivência,
tudo comprovado pelas provas documentais que apresenta em
anexo.
Ademais, todos os laudos médicos fornecidos por
diferentes profissionais da área médica, são uníssonos em
atestar o evento doença no CID F20 (Esquizofrenia,
transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes) e CID
F21 - Transtorno esquizotípico - HiDoctor CID-10, tornando
induvidosa sua alegação. Deste modo, a concessão do
benefício auxílio-doença irá propiciar o mínimo necessário
para garantir condições mínimas de dignidade, afastando de
imediato, os efeitos econômicos devastadores que recaem
sobre o lar das pessoas portadoras de debilidades físicas e
mentais, que não podem competir em igualdade no mercado de
trabalho.

No tocante ao fundado receio de dano


irreparável ou de difícil reparação, que corresponde ao
“periculum in mora”, consiste no inegável caráter alimentar
de que se reveste o benefício, vale dizer, desde seu
afastamento do trabalho, deixou de perceber sua
remuneração, sendo compelida a retornar às suas atividades,
mesmo sem ter condições mentais para tanto, realidade que
já implica em sérios prejuízos de ordem existencial, o que
culmina em manifesto risco de lesão grave e de difícil
reparação e da preponderância do direito à vida, mormente
por não possuir outras fontes de renda.

A rigor, conquanto remansoso e pacífico é o


entendimento da Jurisprudência do eg. Tribunal Regional
Federal da 1ª Região sobre a matéria sub examine, que por
mais de uma oportunidade, se manifestou sobre a
plausibilidade da antecipação de tutela do referido
benefício previdenciário, conforme ementa dos acórdãos
abaixo colacionados:

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. PREVIDÊNCIA


SOCIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. TUTELA
ANTECIPADA. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-
DOENÇA CESSADO EM VIRTUDE DE "ALTA
PROGRAMADA". DOENÇA MENTAL. RECURSO
PROVIDO. I - A antecipação de tutela pode
ser concedida desde que verificada a
presença dos requisitos contidos no artigo
273 do Código de Processo Civil, vale
dizer, o convencimento da verossimilhança
das alegações formuladas, aliado à
iminência de lesão irreparável ou de
difícil reparação, manifesto propósito
protelatório do réu e reversibilidade da
medida. II – (...) III - O risco de dano
irreparável se evidencia no comprometimento
da subsistência do agravante, em razão de
se tratar de benefício de caráter
alimentar, que não lhe permite aguardar o
desfecho da ação. IV - Agravo provido,
garantindo-se ao agravante o direito de,
somente após realização de perícia que
ateste o fim de sua incapacidade
laborativa, ver cessado o pagamento do
benefício. (Processo nº 2006.36.00.905267-
4, Juiz Federal Relator Paulo Cézar Alves
Sodré, publicado no DJ-MT em 01 de novembro
de 2006)”.

“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.


BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-
DOENÇA. PRESENTES NA ESPÉCIE OS REQUISITOS
ENSEJADORES DA TUTELA ANTECIPADA. AGRAVO
IMPROVIDO. 1. A jurisprudência desta Corte
entende plausível a decisão que reconhece a
necessidade de manutenção de benefício
previdenciário, em face da existência dos
requisitos ensejadores da medida
acautelatória. Ainda que a perícia
administrativa do INSS goze de presunção de
legitimidade, não há impedimento legal para
que seja afastada a depender da análise do
caso concreto apresentado ao exame do
juízo. Precedentes: (AG 0046680-
68.2006.4.01.0000/MG, Rel. Desembargadora
Federal Neuza Maria Alves da Silva, Segunda
Turma, e-DJF1 p.46 de 15/07/2010) e (AG
2005.01.00.027174-6/MG, Rel. Juíza Federal
Monica Sifuentes (conv.), Segunda Turma, e-
DJF1 p.75 de 04/12/2009). 2. A
natureza da moléstia incapacitante em tela
consoante histórico dos relatórios médicos
juntados ao presente instrumento, levam à
conclusão de que a situação fática
ensejadora da fruição da prestação não se
alterou e esta deve ser mantida até a
realização da perícia judicial. 3. Patente
é o periculum in mora dada a natureza
alimentar da verba, configurada a
possibilidade de demora no provimento
judicial definitivo. 4. Agravo de
instrumento improvido, revogada a decisão
suspensiva dos efeitos do deferimento da
antecipação da tutela jurisdicional.
(Segunda Turma, Processo AG 0005803-
81.2009.4.01.0000/MG, Relator Desembargador
Federal Francisco de Assis Betti, Publicado
em e-DJF1 p.81 de 12/03/2012)”.

V. DOS PEDIDOS

Ex positis, Requer a Vossa Excelência digne- se


a julgar a total PROCEDÊNCIA da pretensão deduzida na
presente Ação, de acordo com os fatos e fundamentos
expostos, decretar:

a) Seja deferida a TUTELA ANTECIPADA, nos termos do art.


300 do NCPC, em vista do preenchimento de todos os
requisitos autorizadores, de forma “initio littis” e
“inaudita altera pars”, a fim de que o INSS
restabeleça de imediato a concessão do benefício de
AUXÍLIO-DOENÇA em favor da Requerente, até a sentença
final, a contar da data da cassação, qual seja,
14/06/21, devendo os valores retroativos ser
acrescidos de correção monetária e juros de mora de 1%
ao mês, intimando-se o INSS via ofício da decisão,
para efetuar o pagamento do auxílio-doença
correspondente, sob pena, de incidir-lhe multa diária
por descumprimento;
b) A condenação da Autarquia requerida a implantar o
benefício de APOSENTADORIA POR INVALIDEZ em nome da
Autora, ou subsidiariamente, restabelecer a concessão do
benefício de AUXÍLIO-DOENÇA, com o pagamento das
parcelas atrasadas, inclusive os intervalos
intermitentes, a contar da data de sua indevida cessação
(14/06/21), cujo valor deverá ser atualizado segundo os
critérios legais até a data do efetivo pagamento,
acrescidos de juros moratórios contados a partir da
citação válida conforme preconiza a Súmula 204 do STJ, e
correção monetária;
c) Deferida a tutela antecipada, caso entenda coerente e
essencial para permanência do benefício de auxílio-
doença, requer a realização com urgência de prova
pericial, a fim de que se apure através de perito
oficial designado por este Juízo, as exatas condições
mentais e clínicas da autora;
d) Seja citado o Requerido, na pessoa do seu
representante legal, para que compareça à audiência de
conciliação, instrução e julgamento a ser designada
por este Juízo, a fim de oferecer sua resposta, sob
pena de confissão e revelia;
e) Seja a Autarquia Ré compelida a juntar aos autos da
presente ação cópia integral do Processo
Administrativo referente ao Benefício Previdenciário
em discussão na lide de titularidade da Autora,
incluindo a sua ficha de tratamento, exames médicos,
histórico de créditos (HISCRE) de todos os benefícios
pagos (datas de inícios, cessação e valores), bem
como, a relação dos salários de contribuição adotado,
conforme estabelece o art. 11 da Lei nº 10.259 de 12
de julho de 2001;
f) A renúncia expressa ao que exceder à soma de 60
(sessenta) salários mínimos, conforme previsto no §4º
do art. 17 da Lei nº 10.259 de 12 de julho de 2001;
g) De resto, protesta provar o alegado por todos os meios
de prova admitidos em direito, em especial, pelo
depoimento pessoal da Requerida, sob pena de
confissão, prova documental, testemunhal, pericial e
juntada de documentos novos;
h) Por fim, requer a concessão dos benefícios da
Assistência Judiciária Gratuita, com base no
fundamento constitucional insculpido no inc. LXXIV do
art. 5° da Constituição Federal de 1988, bem como Leis
1.060/50, 7.115/83 e 7.510/86, com a dispensa do
pagamento das custas, encargos processuais e
honorários, não possui condições econômicas e
financeiras para suportar os encargos do presente
processo.

Dá-se a causa o valor de R$..., para todos


os efeitos de direito e alçada.
Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Barreiras – BA, 19 de janeiro de 2023.

THIARA BRANDÃO ALVES MACHADO

OAB/BA 32.940

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