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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DA VARA FEDERAL PREVIDENCIÁRIA DE FRANCISCO

BELTRÃO COM JUÍZADO ESPECIAL FEDERAL PREVIDENCIÁRIO ADJUNTO

CLEUZA FRESCURA P. DOS SANTOS, brasileira, víuva, portador da carteira de identidade nº


00092771946 SSP/PR, e inscrito no CPF/MF sob o nº 051.450.999-67, residente e
domiciliada na na Rua Sergipe, Município de Perola D Oeste e Comarca de Capanema/PR.

Vem, por meio de seu advogado, Osmar Carlos Gebing , OAB/PR 48485, endereço eletrônico
e-mail: osmargebing@hotmail.com, onde recebe avisos, notificações e intimações, com
mandato em anexo, perante Vossa Excelência, com lastro no artigo 319 e seguintes do Código
de Processo Civil, bem como na Lei 8.213/91, propor a presente demanda:

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE AUXÍLIO POR INCAPACIDADE

TEMPORÁRIA COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS,

Na pessoa de seu representante legal, com endereço à rua Guanabara, 410- Presidente
Kennedy, FRANCISCO BELTRÂO/PR CEP 85605-300, pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos:

I - PRELIMINARMENTE

A autora não tem condições de arcar com ás custas e despesas processuais, sem prejuízo do
sustento próprio e de sua família, visto que, vem à presença de Vossa Excelência pleitear
verbas de natureza alimentar, buscando acesso à justiça fundamentado no artigo 5º, incisos
XXXIV, letra a e LXXIV, da Constituição da República, e artigo 98 do Código de Processo Civil e
legislações pertinentes, pelo que, requer a concessão dos benefícios da JUSTIÇA GRATUITA.

II- DOS FATOS

A autora, atualmente com 48 anos, desde o mês de novembro de 2020 vem sofrendo dores na
coluna e ombro esquerdo, o que impede de exercer suas atividades do dia a dia.

A autora é filha de agricultor e casou-se em 22 de maio de 1993 com agricultor Osvino Breier
e desde então retira o seu sustento da agricultura com o plantio de tabaco, milho, soja, feijão,
mandioca, produção de leite e outros.

Todas essas atividades demandam grande esforço físico, pois são atividades que são
desempenhadas manualmente, e algumas pessoas, quando jovens, exageram no trabalho
físico e no correr dos anos começam a sentir os problemas de saúde, principalmente de coluna
e ombros.

Como se pode observar nos documentos em anexo a autora é proprietária, desde 1999,
juntamente com o marido, de uma área de 9,2 há, uma área pequena que inviabiliza a
mecanização, por isso utilizada para o plantio de várias culturas para manter sua
sustentabilidade e permanência da autora no campo. Declaração de ITR exercício 1999 e
certidão de matricula no Registro de imóveis em anexo.

Importante esclarecer que a autora era casada e usava o nome de Delci Breier, por isso a
maioria dos documentos estão com esse nome, inclusive os pedidos de auxilio por
incapacidade temporária, somente após o divórcio passou a usar o nome de solteira Delci
Sieben. Certidão de casamento e averbação de divórcio em anexo.

Porém, em 2020 começou as idas e vindas ao médico com


histórico bastante acentuado de dor lombar:
19 de Novembro de 2020- tomografia computadorizada de coluna lombar.

Resultado: leve assimetria do eixo longitudinal da coluna lombar com convexidade à direita ao
decúbito. Em anexo

07 de Abril de 2021- atestado médico, afastamento de suas atividades por 90 dias.

CID M 511 M 190 – Discopatia + artrose coluna lombar. Em anexo

19 de Abril de 2021- Ressonância magnética de coluna lombar

Foram observados:

Discreto desvio do eixo lombar com convexidade para direita.

Alterações ósseas degenerativas caracterizadas por discretos osteófitos marginais nos platôs
dos corpos vertebrais.

Desidratação em graus variados envolvendo os discos intervertebrais. Em anexo

10 de Dezembro de 2021- Ressonância magnética do ombro direito.

Impressão diagnóstica:

Acentuada artropatia degenerativa acromioclavicular.

Acentuada tendinopatia do supraespinhal e das fibras superiores do infraespinhal com


destaque para rotura transfixante das fibras anteriores e medias do supraespinhal. Em anexo

Note Excelência, que a autora está com problemas na coluna e ombro direito, conforme
demonstrado por laudos médicos, em anexo, o que impossibilita de exercer qualquer
atividade física, principalmente porque a mesma se sustenta da atividade da agricultura
familiar, sendo seu trabalho manual, está impedida de exercer seu oficio, portanto necessita
do auxilio por incapacidade temporária, para poder manter sua subsistência, conforme
quadro médico exposto.

DER Em 20/01/2021 entrou no INSS com pedido de auxilio por incapacidade temporária, mas
seu pedido foi negado, fez novos pedidos no correr do ano mas todos foram negados,
entendeu a perícia médica da Autarquia que não havia tal enfermidade.

Não obstante, mesmo diante de farta documentação médica apresentada, o INSS não
concedeu o benefício almejado. Tal situação requer a proteção previdenciária, uma vez que
continua sofrendo com as limitações impostas pelas enfermidades, que o torna incapaz para o
trabalho, conforme atestado médico acostado aos autos, esta situação deixou o autora em
extrema vulnerabilidade, pois depende de seu trabalho manual para o seu sustento, e essas
dores impede de arar a terra, plantar e cuidar das pastagens para os animais.

Não subsiste a autora, alternativa, se não, buscar o poder judiciário, última ratio, para
reparar tal injusto.

III – DOS FUNDAMENTOS

Os benefícios previdenciários destinados a assegurar a cobertura de eventos causadores de


doenças, lesões ou invalidez, encontram-se previstos na Lei 8.213/91, nos artigos 42, 59 e 60,
dependendo da caracterização da incapacidade ser temporária ou definitiva.

Sabe-se também que para o juízo atestar a incapacidade e conceder o benefício é necessário
que o autor preencha alguns requisitos:

a) Qualidade de segurado do requerente.

b) Cumprimento de carência de 12 contribuições mensais.

c) Superveniência de moléstia incapacitante para o desenvolvimento de atividade laboral que


garanta a subsistência.

d) Caráter permanente da incapacidade (para o caso de aposentadoria por invalidez) ou


temporária (para o caso de incapacidade temporária).

Em se tratando de segurado especial (trabalhador rural), a concessão de aposentadoria por


invalidez, de auxilio por incapacidade temporária ou de auxilio acidente independe de
carência, mas pressupõe a demonstração do exercício de atividade rural no período de 12
meses anteriores ao requerimento administrativo.

No caso da autora, ela nasceu filha de agricultor, cresceu e casou com agricultor em Maio de
1993, sempre trabalhou na lavoura adquiriu pequena propriedade com o esposo , em 1999,
declaração de ITR em anexo.
Sempre trabalhou na propriedade rural, cultivando produtos para o seu sustento e de sua
família e somente a partir de 2010 começou a tirar nota de sua produção.

Entre 2010 à 2020 entregou tabaco para a Souza Cruz conforme notas fiscais em anexo e notas
fiscais do produtor.

Ainda em anexo notas de compras de sementes da COAGRO COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL


de CAPANEMA/PR, para plantio safras 2018/19/20/21. Portanto até a DER autora ainda que
precariamente trabalhava na lavoura, porém a partir de Abril de 2021 está impossibilitada de
exercer sua profissão conforme atestado médico em anexo. Por isso detentora do direito do
auxilio por incapacidade temporária conforme os dispositivos legais que amparam nosso
pleito.

Artigos 42, 59 e 60 da Lei 8.213/91.

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência
exigida, será devido ao segurado que, estando ou não em gozo de auxilio-doença, for
considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe
garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

“art. 59. O auxílio-doença (incapacidade temporária) será devido ao segurado que, havendo
cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o
seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.”

Art.60. O auxilio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do
afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da
incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz.

Verifica-se portanto, que a partir dos dispositivos legais, o autor cumpriu os requisitos legais
previstos para a concessão do benefício auxílio-doença, já que está incapacitado para exercer a
sua atividade habitual, conforme corrobora sua condição de saúde, comprovada nos
documentos médicos em anexos.

Vejamos como entende a jurisprudência do TRF4.

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. SEGURADO


ESPECIAL. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO. 1. Quatro são os
requisitos para a concessão do benefício em tela: (a) qualidade
de segurado do requerente; (b) cumprimento da carência de 12
contribuições mensais; (c) superveniência de moléstia
incapacitante para o desenvolvimento de qualquer atividade
que garanta a subsistência; e (d) caráter temporário da
incapacidade. 2. A concessão de auxílio-doença a segurado
especial independe de carência, mas pressupõe a demonstração
do exercício de atividade rural no período de 12 meses
anteriores ao requerimento administrativo, ainda que de forma
descontínua. 3. A condição de trabalhador rural deve ser
comprovada por início de prova material corroborado por
prova testemunhal. 4. Hipótese em que, comprovados os
requisitos, é devido o auxílio-doença.

(TRF-4 - AC: 50034606720194049999 5003460-


67.2019.4.04.9999, Relator: JORGE ANTONIO MAURIQUE,
Data de Julgamento: 29/05/2019, TURMA REGIONAL
SUPLEMENTAR DE SC)

Conclui-se, que o autor satisfaz as condições impostas pela Lei para obtenção do benefício de
auxílio por incapacidade temporária, objeto da presente ação, requerendo a concessão do
aludido benefício previdenciário, DESDE O DIA 20/01/2021, quando a autora entrou com o
requerimento do benefício por incapacidade temporária, mas este foi negado, não obstante a
autora padece das mesmas enfermidades com o agravamento do quadro clínico. E desse
período até a presente data autora está impossibilitado de exercer sua atividade.

Cabe salientar que os benefícios de incapacidade temporária e aposentadoria por invalidez são
fungíveis, sendo facultado ao julgador (e, diga-se à administração), conforme a espécie da
incapacidade constatada, conceder um deles, ainda que o pedido tenha sido limitado ao outro.

Dessa forma, o deferimento do amparo nesses moldes não configura julgamento ultra ou
extra petita. Por outro lado, tratando-se de benefício por incapacidade, o julgador firma a sua
convicção, via de regra, por meio de prova pericial.

De qualquer sorte, o caráter da incapacidade, a privar o segurado do exercício de todo e


qualquer trabalho, deve ser avaliado conforme as particularidades do caso concreto. Isso
porque existem circunstâncias que influenciam na constatação do impedimento laboral

( faixa etária do requerente, grau de escolaridade, tipo de atividade e o próprio contexto sócio-
econômico em que inserido o autor da ação).

Conforme os dizeres do Desembargador Federal do TRF-4 JORGE ANTÔNIO MAURIQUE, no


julgado citado acima.

IV – DA TUTELA DE URGÊNCIA DE NATUREZA ANTECIPADA

A instrução processual, notadamente, a prova pericial afastará o atributo da legalidade do ato


administrativo que cessou o benefício previdenciário, portanto, com escopo de afastar o
periculum in mora, evitando, dessa forma um prejuízo grave ou até mesmo irreparável do
autor usufruir de um direito fundamental, que nesse caso é a própria subsistência, amparado
no Princípio Constitucional da Dignidade da Pessoa Humana, PEDE a concessão da TUTELA
PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA com a determinação da implantação imediata do
benefício previdenciário pleiteado, nos termos do art. 300 do CPC.

Requer ainda a Vossa Excelência que antecipe os efeitos da Tutela Pretendida posto que, as
provas trazidas aos autos são inequívocas e há verossimilhança em suas alegações. Além de
que há fundado receio de que se o autor permanecer sem receber o auxílio-doença
(incapacidade temporária), sofrerá danos irreparáveis pois é verba alimentar, sem a qual, não
poderá manter sustento seu e de sua família.

Demonstrado, portanto, o periculum in mora e prova inequívoca, mister se faz a Tutela de


Urgência Antecipada com supedâneo nos art. 294 e 300 do CPC.

V – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, REQUER, seja:

1 - Concedido o benefício da Justiça Gratuita, para fins de eventual interposição de recurso,


por ser pessoa pobre nos termos da Lei.

2 – Deferida a Tutela Provisória de Urgência Antecipada para implantação imediata do


benefício requerido.

3 – Determinada a citação do INSS, na pessoa de seu representante legal, para que se


manifeste no prazo legal sobre o pedido, sob pena de revelia.

4 – Recebida a presente ação e, que implante imediatamente o benefício de incapacidade


temporária (trabalhador rural), condenando o INSS ao pagamento do benefício retroativo a
data (DER) de 20/01/2021, corrigidos monetariamente e acrescidos de juros legais moratórios,
incidentes até o efetivo pagamento.

5 – Provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, notadamente documental e


testemunhal.

6 – A condenação da Autarquia (INSS) ao pagamento dos honorários advocatícios, conforme


artigo 85, parágrafo 2º do CPC.

7 - Requer, ainda, sob pena de nulidades, que as intimações sejam dirigidas ao endereço
eletrônico e-mail: osmargebing@hotmail.com.

8 – Dá-se a causa o valor de R$ 32.538,47 ( trinta e dois mil e quinhentos trinta oito reais)

O autor ainda declara estar ciente de que:

- Os valores postulados perante o Juizado Especial Federal não poderão excedera 60 (sessenta)
salários mínimos e que de antemão Renuncia o valor excedente a sessenta salários mínimos.
Termo de renúncia anexo

- Deverá comparecer na data e horário indicados para realização de perícia médica.

- Deverá comunicar qualquer alteração de endereço, telefone ou e-mail no curso do processo.

Nestes termos

Pede deferimento.

CAPANEMA/PR datado e assinado digitalmente

Osmar Carlos Gebing

Advogado OAB/PR 48485

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