Você está na página 1de 8

EXMO. SR. DR.

JUIZ FEDERAL DA ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL - SEÇÃO


JUDICIÁRIA DE PERNAMBUCO

Maria Margarida de Moura , parte já cadastrada eletronicamente, vem


com o devido respeito perante Vossa Excelência, por meio de seu
procurador, propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO


DE BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE RURAL

Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS),


pelos seguintes fundamentos fáticos e jurídicos que passa a expor:

DOS FATOS:

A Requerente é acometida de Dor Lombar Crônica com diagnostico de Espondilolistese,


conforme faz prova o atestado médico expedido pelo médico especialista em 14/09/2021, Dr.
Misael Silva ( CRM-PE 26725).

A Demandante apresentou, junto à Autarquia Previdenciária, requerimento de benefício


por incapacidade (NB: 635.572.041-7), em 29/06/2021, na condição de segurada especial rural,
sendo este indeferido sumariamente, conforme comunicado de decisão em anexo.

A razão do indeferimento se deu em virtude de alegada inexistência de qualidade de


segurado especial, sustentando que o Requerente não logrou êxito em sua comprovação.
Contudo, data vênia, aponta-se no caso em tela erro administrativo, vez que a mesma preenche
todos os requisitos para a concessão do benefício pleiteado.

Importa referir que na data do requerimento administrativo o Requerente foi submetida a


perícia médica, na qual foi constatada sua incapacidade para o trabalho, vez que
acometida de Dor Lombar Crônica com diagnostico de Espondilolistese, doença
cadastrada no CID 10: M43.1.
Em virtude da doença da autora, verifica-se que há uma certa incapacidade laborativa em
decorrência da sua patologia. Patologias tais que à tornam incapazes para o trabalho pelo
seguintes fatos: A Espondilolistese (CID 10: M43.1) ocorre quando um osso (vértebra)
desliza para frente sobre o osso abaixo dele, causando séria dor lombar e nas
pernas, formigamento de membros, perda de força e coordenação dos movimentos e dificuldade
na locomoção.

Devido a função de agricultora da requerente, em que exerce muitos movimentos


repetitivos e muitas das vezes demanda carregar peso, a patologia só tende a piorar, pois exige
repouso absoluto, sendo assim, a mesma não possui condições físicas para exercer suas
atividades de plantio e colheita de sua terra.

A Espondilolistese, acarretou doenças secundarias como lumbago com Ciática


(CID 10: M54.4), dor que se inicia na região lombar e que acompanha o trajeto do nervo ciático
causando, choques e perda de força na perna e pé, consecutivamente a dificuldade na locomoção.

Também lhe causando Compressão das raízes e dos plexos nervosos em


transtornos os discos intervertebrais (CID 10: G 55.1) , lhe provocando dor aguda e
intensa e fraqueza ao executar suas atividades diárias .

Devido às fortes dores e a todos os problemas ocasionados pela doença, e as vezes a


perca de movimento e força, necessitando da ajuda de seu marido que já possui uma idade
avançada, a autora não tem condições alguma de exercer suas atividades laborativas,
principalmente a agricultura que é sua fonte de subsistência e de seu marido. Portanto
necessitando da concessão do Benefício pleiteado.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS:

Conforme já elucidado, a parte Autora preenche todos os requisitos que autorizam a


concessão de benefício por incapacidade na condição de segurada especial, porquanto, não
possui condições de executar suas atividades laborativas, bem como, enquadra-se de pleno nas
regras impostas pelo art. 11, inciso VII, da Lei 8.213/91.
Da Incapacidade Laborativa:

Insta repisar que o Demandante teve sua incapacidade reconhecida


administrativamente pela Autarquia Previdenciária, restando inconteste o critério
médico pertinente aos benefícios por incapacidade.

Caso venha a ser apontada sua total e permanente incapacidade, postula a


concessão/conversão em aposentadoria por invalidez, a partir da data de sua efetiva constatação.
Nessa circunstância, importante se faz a análise das situações referentes à majoração de 25%
sobre o valor do benefício, arroladas no anexo I do Regulamento da Previdência Social (decreto
nº 3.048/99).

Ainda, na hipótese de restar provado nos autos processuais que a patologia referida tão
somente gerou limitação profissional à parte Requerente, ou seja, que as sequelas implicam em
redução da capacidade laboral e não propriamente a incapacidade sustentada, postula a
concessão de auxílio-acidente, com base no art. 86 da Lei 8.213/91.

Da Qualidade de Segurado:

Comprovada a incapacidade do Autora, restou controvertido o preenchimento do


requisito de carência e qualidade de segurada especial inerente à Autora.

Primeiramente, cabe referir que o Demandante trabalha na atividade de agricultora desde


o ano de 2018, conforme faz prova os blocos de produtora rural anexos. Sendo assim, preenche o
requisito de carência, nos termos do artigo 25, da Lei 8.213/91.

Aliás, não há que se falar em renda advinda de outra atividade que não de economia
familiar para sua subsistência e de sua família.

Ademais, a jurisprudência caminha no sentido de que a percepção de outra fonte de


renda, não descaracteriza por si só a condição de segurado especial rural, Veja-se:
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. REQUISITOS.
ATIVIDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. ARRENDAMENTO DE
PARTE DO IMÓVEL RURAL. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. É devido
o
reconhecimento do tempo de serviço rural, em regime de economia familiar,
quando comprovado mediante início de prova material corroborado por
testemunhas. O arrendamento de parte da propriedade rural não
descaracteriza a condição de segurado especial, na medida em que o
conjunto probatório demonstrou que o grupo familiar permaneceu
laborando na parte restante do imóvel. Implementado o requisito etário (55
anos de idade para mulher e 60 anos para homem) e comprovado o exercício
da atividade agrícola no período correspondente à carência (art. 142 da Lei nº
8.213/91), é devido o benefício de aposentadoria por idade rural. Preenchidos
os requisitos exigidos pelo art. 273 do CPC – verossimilhança do direito
alegado e fundado receio de dano irreparável –, é cabível a antecipação dos
efeitos da tutela. (TRF4, APELAÇÃO CÍVEL Nº 0015442-13.2012.404.9999, 6ª
TURMA, DES. FEDERAL CELSO KIPPER, POR UNANIMIDADE, D.E.
17.06.2013) (com
grifos acrescidos).

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE


CONTRIBUIÇÃO/SERVIÇO. REQUISITOS. ATIVIDADE RURAL. INÍCIO DE
PROVA MATERIAL. ATIVIDADE RURAL ANTERIOR AOS 14 ANOS DE
IDADE. ARRENDAMENTO DE PARTE DO IMÓVEL RURAL. ATIVIDADE
ESPECIAL. 1.
É devido o reconhecimento do tempo de serviço rural, em regime de economia familiar,
quando comprovado mediante início de prova material corroborado por testemunhas. 2.
Comprovado o exercício da atividade rural, em regime de economia familiar, no período
anterior aos 14 anos, é de ser reconhecido para fins previdenciários o tempo de serviço
respectivo. Precedentes do STJ. 3. O arrendamento de parte da propriedade
rural não descaracteriza a condição de segurado especial, na medida em
que o conjunto probatório demonstrou que o grupo familiar permaneceu
laborando na parte restante do imóvel. 4. O reconhecimento da especialidade e o
enquadramento da atividade exercida sob condições nocivas são disciplinados pela lei
em vigor à época em que efetivamente exercidos, passando a integrar, como direito
adquirido, o patrimônio jurídico do trabalhador. 5. Considerando que o § 5º do art. 57 da
Lei nº 8.213/91 não foi revogado pela Lei nº 9.711/98, e que, por disposição
constitucional (art. 15 da Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.1998), permanecem em
vigor os arts. 57 e 58 da Lei de Benefícios até que a lei complementar, a que se refere o
art. 201, § 1º, da Constituição Federal, seja publicada, é possível a conversão de tempo
de serviço especial em comum inclusive após 28.05.1998. Precedentes do STJ. 6. Até
28.04.1995 é admissível o reconhecimento da especialidade por categoria profissional
ou por sujeição a agentes nocivos, aceitando-se qualquer meio de prova (exceto para
ruído e calor); a partir de 29.04.1995 não mais é possível o enquadramento por categoria
profissional, devendo existir comprovação da sujeição a agentes nocivos por qualquer
meio de prova até 05.03.1997 e, a partir de então, por meio de formulário embasado em
laudo técnico, ou por meio de perícia técnica. 7. É admitida como especial a atividade
em que o segurado ficou exposto a ruídos superiores a 80 decibéis até 05.03.1997, em
que aplicáveis concomitantemente, para fins de enquadramento, os Decretos nº
53.831/64, 72.771/73 e 83.080/79, e, a partir da publicação do Decreto nº 2.172/97, é
considerada especial a atividade em que o segurado ficou exposto à pressão sonora
superior a 85 decibéis, tendo em vista que, se o Decreto nº 4.882, de 18.11.2003,
reduziu, a partir dessa data, o nível de ruído de 90 dB(A) estipulado pelo Decreto nº
3.048/99, para 85 dB(A), deve-se aplicar aquela norma legal desde então. 8.
Comprovado o tempo de contribuição suficiente e implementada a carência mínima, é
devida a aposentadoria por tempo de contribuição, a contar da data do requerimento
administrativo. (TRF4, APELAÇÃO CÍVEL Nº 0003864- 87.2011.404.9999, 6ª
TURMA, DES. FEDERAL CELSO KIPPER, POR
UNANIMIDADE, D.E. 23.08.2012) (com grifos acrescidos).
Assim, diante dos fatos e fundamentos expostos, não há razões para a não configuração
da condição de segurado especial da Requerente, haja vista que labora na atividade rural de
agricultora, em regime de economia familiar, juntamente com seu companheiro.

Deste modo, imperiosa a produção de prova testemunhal, juntamente das provas já


produzidas, onde este juízo restará munido de meios capazes de elucidar a veracidade dos fatos
expostos.

A pretensão exordial vem amparada nos arts. 42, 59 e 86 da Lei 8.213/91 e a data de
início do benefício deverá ser fixada nos termos dos arts. 43 e 60 do mesmo diploma legal.

DA TUTELA DE URGÊNCIA:
A prestação pretendida com o ajuizamento da presente ação é de caráter alimentar, como explana
a carta Magna brasileira. Por conseguinte, é indispensável à subsistência da Requerente, que, em virtude
das patologias apresentadas, está impedida de exercer suas atividades laborativas e habituais.

Art. 100 – omissis;

§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles


decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas
complementações, benefícios previdenciários e indenizações
por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil,
em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão
pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto
sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

Destarte, a fim de evitar a demora no processamento do benefício previdenciário


pleiteado pelo promovente e, conseqüentemente, que continue sofrendo privações, sem sequer poder
tratar de suas patologias, com medicação e tratamento adequados e suficientes, é que o
mesmo requer a concessão de tutela antecipada em razão do caráter alimentar da pretensão
deduzida em juízo, bem como, de sua ausência no momento presente não poderá ser suprida no futuro,
nem mesmo pela melhor das recomposições dos valores atrasados, dessa forma, vê- se deparado ao
perigo de dano, bem como o risco ao resultado útil do processo.

Quanto à probabilidade do direito, está claramente demonstrada por meio de


documentação acostada aos autos; sendo assim, as provas apresentadas nesta oportunidade evidenciam a
necessidade real da REQUERENTE.

Dado o exposto, faz-se necessária a antecipação da tutela, a fim de que a parte autora não
sofra danos de difícil ou impossível reparação, haja vista que trata-se de pessoa portadora de
doença incapacitante. De modo que, encontram-se preenchidos os requisitos legais autorizadores da
antecipação da tutela pretendida, conforme art. 300 do novo CPC, que dispõe:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo; (Grifei).

Corroborando com a legislação processual supra, proclamou o Superior Tribunal de


Justiça, senão vejamos:

Pode o Juiz, em despacho fundamentado, antecipar os efeitos


da tutela, se e quando preenchidos os seus requisitos legais.
(...).Assim, se já se deferira liminar em ação cautelar, seguida de
perícia, justifica-se se antecipe a tutela em breve despacho. Caso em
que, pela sua nota especial, não se ofenderam os arts. 131 e 273, §
1.º, do CPC (STJ - Ac. unân. da 3.ª T. publ. no DJ de 14-8-2000, p.
165 - Rec. Esp. 229.763-SP - Rel. Min. Nilson Naves -Advs.: João
Inácio Correia e Elisabete Aloia; in ADCOAS 8191083). (Grifei).

Portanto, restará provada, após perícia médica, sem equívocos todas as alegações aqui
apresentadas. Assim, a tutela antecipada é o instrumento correto para que não haja um perigo
de dano, bem como o risco ao resultado útil do processo, tendo em vista que o requerente
encontra-se totalmente impossibilitado de prover seu sustento e seus familiares.

DOS PEDIDOS

FACE AO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência:

1. A concessão do benefício da Gratuidade da Justiça, pois a parte Autora não tem condições de
arcar com as custas processuais sem o prejuízo de seu sustento e de sua família;

2. O recebimento e o deferimento da presente petição inicial;

3. A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para, querendo, apresentar defesa no
prazo legal;

4. A produção de todos os meios de prova, principalmente pericial, documental e


testemunhal;

5. O deferimento da Antecipação de Tutela, com a apreciação do pedido de implantação do


benefício em sentença;

6. O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA, condenando o INSS a:

1. Alternativamente:

1. Conceder aposentadoria por invalidez e sua majoração de 25% em decorrência


da incapacidade da parte Autora, a partir da data da efetiva constatação da total e
permanente incapacidade;

2. Conceder o benefício de auxilio doença à parte Autora, a partir da data da efetiva


constatação da incapacidade;

3. Pagar as parcelas vencidas e vincendas, monetariamente corrigidas desde o


respectivo vencimento e acrescidas de juros legais e moratórios, incidentes até a
data do efetivo pagamento.

4. Em caso de recurso, ao pagamento de custas e honorários advocatícios, eis que


cabíveis em segundo grau de jurisdição, com fulcro no art. 55 da lei 9.099/95 c/c
art. 1º da Lei 10.259/01.

DA RETENÇÃO DE HONORÁRIOS
Requer desde já, com fundamento do Art. 22, § 4 do Estatuto da Advocacia e da OAB -
Lei 8906/94, sejam retidos em 30% os honorários advocatícios, conforme contrato que
será anexo em seguida a Inicial (anexo 02),
A parte Autora renuncia, expressamente, tão somente para fins de
competência, o recebimento de quaisquer quantias que ultrapassem o limite máximo
de alçada desse Juizado Especial.

Dá-se à causa o valor de R$ 66.000,00 (sessenta e seis mil reais).

Nesses Termos,

Pede

Deferimento.

, 09 de novembro de 2021.

Nestes Termos,

Pede deferimento.
CLEDIOMAR JOSÉ MENDEZ
JUNIOR OAB/PE 25.178

Você também pode gostar