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EMENTA: PREVIDENCIÁRIO.

APOSENTADORIA RURAL POR


IDADE. SEGURADO ESPECIAL. REQUISITOS. REGIME DE
ECONOMIA FAMILIAR NÃO CONFIGURADO. INSCRIÇÃO EM
QUADRO SOCIETÁRIO DE EMPRESA NO PERÍODO DE
CARÊNCIA. DESCARACTERIZAÇÃO DA CONDIÇÃO DE
SEGURADO ESPECIAL. 1. Para a concessão de aposentadoria
rural por idade, disciplinada nos parágrafos do artigo 48 da Lei
8.213/91, deve o beneficiário demonstrar a sua condição de segurado
especial, atuando na produção rural em regime de economia familiar,
pelo período mínimo conforme tabela progressiva constante no artigo
142 combinado com o artigo 143, ambos da Lei de Benefícios) e o
requisito idade, qual seja, 60 anos para homens e 55 para mulheres.
Para este benefício, a exigência de labor rural por período mínimo é a
carência, não se exigindo prova do recolhimento de contribuições. 2.
Para reconhecimento da condição de segurado especial, faz-se
necessário que o trabalhador esteja enquadrado nas definições
previstas no art. 11, VII, c/c § 1º, da Lei nº 8.213/91. 3. Não se
enquadra no regime de economia familiar a atividade rural em que há
considerável produção e comercialização e que, portanto, não visa
apenas à subsistência do grupo. 4. A participação em quadro
societário de empresa dentro do período de carência permite concluir
que o eventual labor na lavoura não era essencial à subsistência da
família, não justificando reconhecimento de tempo de serviço rural
como segurado especial. (TRF4, AC 5000016-13.2017.4.04.7116,
QUINTA TURMA, Relator JOSÉ LUIS LUVIZETTO TERRA, juntado
aos autos em 25/04/2019)

Assim, considerando a inexistência de qualquer elemento que


desconstitua a legitimidade do ato que concedeu previamente o benefício, o
restabelecimento é uma medida que se impõe, conforme assevera a
jurisprudência:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE


CONTRIBUIÇÃO. RESTABELECIMENTO. COMPROVAÇÃO DE
VÍNCULO EMPREGATÍCIO. INEXISTÊNCIA DE FRAUDE.
APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. (...) - Não comprovada a
falsidade dos documentos apresentados pela ora apelante,
considerados, quando da concessão da sua aposentadoria, como
hábeis e suficientes à comprovação do tempo de serviço vindicado,
reconhecendo-se, dessa forma, naquele momento, seu direito à
aposentadoria. - Não há comprovação de fraude. Ainda que se
considerasse haver fundada dúvida em relação à veracidade de
alguns documentos apresentados pela autora, conforme manifestou-
se a Junta de Recursos quando da apreciação do recurso
administrativo interposto pela autora, não restou devidamente
assentada a existência da falsidade documental ou de má-fé. Milita
em favor da autora a presunção de que os vínculos
empregatícios que constam na CTPS, em face da presunção de
veracidade de que gozam esses registros, são válidos. - A
concessão do benefício de aposentadoria foi efetuada
regularmente. De rigor o restabelecimento do benefício
previdenciário indevidamente suspenso. (...) - Agravo retido não
conhecido. Apelação a que se dá parcial provimento para determinar
o restabelecimento do benefício, desde sua cessação. Correção
monetária, juros e verba honorária, nos termos da fundamentação.
(TRF 3ª Região, NONA TURMA, Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1917664 -
0011908-91.2011.4.03.6000, Rel. JUIZ CONVOCADO OTAVIO
PORT, julgado em 21/02/2018, e-DJF3 Judicial 1 DATA:07/03/2018 )

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO.


RESTABELECIMENTO DE BENEFICIO DE APOSENTADORIA
POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. FRAUDE E MÁ-FÉ.
INEXISTÊNCIA. NOVA VALORAÇÃO DA PROVA. OFENSA AOS
PRINCIPIOS DA SEGURANÇA DAS RELAÇÕES JURIDICAS E
COISA JULGADA ADMINISTRATIVA. 1. Nas ações de
restabelecimento de benefício previdenciário, compete ao INSS o
ônus da prova da ocorrência de fraude ou ilegalidade no ato
concessório da aposentadoria, pois tal ato se reveste de presunção
de legitimidade. 2. O cancelamento de benefício previdenciário
fundado tão-somente em nova valoração da prova e/ou mudança de
critério interpretativo da norma, salvo comprovada fraude e má-fé,
atenta contra o princípio da segurança das relações jurídicas e contra
a coisa julgada administrativa. (TRF4, AG 5016293-
15.2017.4.04.0000, QUINTA TURMA, Relator ALTAIR ANTONIO
GREGÓRIO, juntado aos autos em 16/08/2017)

Portanto, ausente prova de alguma ilegalidade por parte da


beneficiária, o restabelecimento da aposentadoria é medida que se impõe,
conforme conclusão cristalina da jurisprudência:

“Nessa linha, pode-se dizer que:

- Há e sempre houve limites para a Administração rever atos de que


decorram efeitos favoráveis para o particular, em especial aqueles
referentes à concessão de benefício previdenciário.

- O cancelamento de benefício previdenciário pressupõe devido


processo legal, ampla defesa e contraditório.

- A Administração não pode cancelar um benefício previdenciário com


base em simples reavaliação de processo administrativo perfeito e
acabado.

(...)

- Em toda situação na qual se aprecia ato de cancelamento de


benefício previdenciário, (em especial para os benefícios deferidos
entre a revogação da Lei 6.309/75 e o advento da Lei 9.784/99), há
necessidade de análise do caso concreto, considerando-se, por
exemplo, o tempo decorrido, as circunstâncias que deram causa à
concessão do amparo, as condições sociais do interessado, sua
idade, e a inexistência de má-fé, tudo à luz do princípio constitucional
da segurança jurídica.

- Nos processos de restabelecimento de benefício previdenciário


compete ao INSS o ônus de provar a ocorrência de fraude ou
ilegalidade no ato concessório, pois este se reveste de
presunção de legitimidade. ” (TRF4, AG 5016293-
15.2017.4.04.0000, QUINTA TURMA, Relator ALTAIR ANTONIO
GREGÓRIO, Julgado em 08/08/2017, Pulicado em 16/08/2017)

Dessa forma, não comprovada qualquer ilegalidade no ato concessório


do benefício, o cancelamento é indevido, não podendo simplesmente desconsiderar
unilateralmente ato que implicou reconhecimento de direito à autora.

Ora, se a autarquia previdenciária ao rever seus atos, entende ter


havido ilegalidade, é seu dever demonstrá-la, sob pena de grave ilegalidade em
prejuízo à segurada.

Sendo assim, requer a precedência da demanda, com o


restabelecimento do benefício previdenciário, mantendo-se, por certo, suspensa a
cobrança de quaisquer valores a título de concessão supostamente indevida, bem
como a devolução dos valores retidos à data de cancelamento do referido benefício.

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