Você está na página 1de 3

Nome: Midiã Duarte

APS Direito Previenciário

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO


CARACTERIZADO. AUXÍLIO-DOENÇA. REQUISITOS. QUALIDADE DE
SEGURADA NA DII. SEGURADA FACULTATIVA DE BAIXA RENDA. ÍNDICE
DE CORREÇÃO MONETÁRIA AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MAJORAÇÃO. TUTELA ESPECÍFICA. 1. Cabe
ao magistrado, como destinatário da prova, aferir a suficiência do material probatório e
determinar ou indeferir a produção de novas provas (arts. 370, 464, §1º, II e 480, todos
do CPC). Em regra, nas ações objetivando benefícios por incapacidade, o julgador firma
a sua convicção com base na perícia médica produzida no curso do processo, uma vez
que a inaptidão laboral é questão que demanda conhecimento técnico, na forma do
artigo 156 do CPC. No caso, a perícia foi realizada por clínico geral, o qual procedeu à
anamnese, realizou o exame mental, detalhou os documentos complementares
analisados, respondeu todos os quesitos e apresentou as conclusões de forma coerente e
fundamentada. Desnecessária a complementação da prova técnica, em face do conjunto
probatório - formado pela perícia judicial e pelos documentos médicos colacionados -
suficiente para a formação da convicção do julgador. 2. São três os requisitos para a
concessão dos benefícios por incapacidade: a) a qualidade de segurado; b) o
cumprimento do período de carência de 12 contribuições mensais; c) a incapacidade
para o trabalho, de caráter permanente (aposentadoria por invalidez) ou temporária
(auxílio-doença). 3. No tocante às alegadas pendências relativas aos recolhimentos
como segurada facultativa de baixa renda, o INSS não comprovou ter requerido
administrativamente à parte autora os documentos para regularização dos
recolhimentos, e sequer esclareceu quais irregularidades seriam estas, deixando de
cumprir com seu ônus probatório (art. 373, II, CPC). 4. Para enquadramento na
modalidade de recolhimento como segurado facultativo de baixa renda, é preciso que o
segurado: a) não aufira renda própria, permitindo-se apenas o desempenho de atividades
do lar; e b) pertença à família de baixa renda. Embora a autora tenha declarado, durante
o exame judicial, que se tratava de "doméstica", é possível flexibilizar o conceito de
segurado de baixa renda, nos casos em que a pessoa exerça algumas atividades
mínimas, como pequenos bicos, para o sustento da sua casa. O significado "renda
própria", deve ser compreendido como o não exercício de atividade remunerada que
enseje a sua filiação obrigatória ao RGPS, a fim de não excluir aquele que possui uma
renda esporádica, que muitas vezes nem chega ao valor de um ou dois salários mínimos.
5. Suficientemente demonstrada a validade das contribuições que a autora recolheu a
título de segurada facultativa de baixa renda e comprovada a incapacidade laboral, a
requerente faz jus ao auxílio-doença. 6. A fixação prévia de data para o término do
benefício (DCB) não prejudica o segurado, pois pode requerer, no período que lhe
antecede, a prorrogação do mesmo, caso se sinta incapaz de retornar ao trabalho. Nessa
hipótese de pedido de prorrogação, somente cessará o benefício se o perito
administrativo, na perícia de prorrogação, constatar o término da incapacidade laboral.
Considerando que já expirado o prazo estimado pelo perito judicial, e não havendo
concessão de tutela antecipada, tampouco implantação do benefício nesse interregno, se
mostra razoável adotar uma solução intermediária, determinando-se a imediata
implantação do auxílio-doença, o qual deverá ser mantido por 60 dias, a fim possibilitar
pedido de prorrogação, ante a eventual continuidade da inaptidão laboral, cabendo ser
descontados os valores a serem pagos pela autarquia nesse período. 7. Tendo em vista
que os juros de mora e correção monetária já foram fixados na sentença nos mesmos
termos requeridos na razões do apelo, deixo de conhecer do recurso no ponto, por
ausência de interesse recursal. Apelo não conhecido no ponto, por ausência de interesse
recursal. 8. A partir de 09/12/2021, para fins de atualização monetária e juros de mora,
nos termos do art. 3º da EC 113/2021, nas discussões e nas condenações que envolvam
a Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização
monetária, de remuneração do capital e de compensação da mora, inclusive do
precatório, haverá a incidência, uma única vez, até o efetivo pagamento, do índice da
taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC), acumulado
mensalmente. 9. Diante do não acolhimento do apelo do INSS, impõe-se a majoração
dos honorários advocatícios, com base no artigo 85, §11, do CPC. 10. Determinado o
cumprimento imediato do acórdão no tocante à implantação do benefício concedido.
(TRF4 5001346-53.2022.4.04.9999, DÉCIMA TURMA, Relatora CLÁUDIA
CRISTINA CRISTOFANI, juntado aos autos em 24/05/2023)

Trata-se de apelação interposta pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO


SOCIAL – INSS em face LURDES RAMA DE BORBA, contra a sentença que julgou
procedente o pedido de concessão de benefício por incapacidade.

A preliminar de cerceamento de defesa foi rejeitada, pois observou-se que a


perícia foi realizada por clínico geral, sendo que procedeu à anamnese, realizado o
exame físico, detalhado os documentos complementares analisados, respondidos todos
os quesitos e houve apresentação das conclusões de forma coerente e fundamentada.
Ainda, mostrou-se desnecessária a complementação da prova técnica, perante o
conjunto probatório formado pela perícia judicial e pelos documentos médicos
colacionados suficientes para a formação da convicção do julgador.

No mérito, dispõe sobre os requisitos dos benefícios por incapacidade elencada


nos artigos 42 e 59 da Lei nº 8.213/91, compreendendo que os três requisitos para a
concessão dos benefícios por incapacidade são: 1) a qualidade de segurado; 2) o
cumprimento do período de carência de 12 (doze) contribuições mensais; 3) a
incapacidade para o trabalho de caráter permanente (aposentadoria por invalidez) ou
temporário (auxílio-doença). Com relação a incapacidade o auxílio-doença,
posteriormente, deverá ser convertido em aposentadoria por invalidez, caso sobrevier
incapacidade total e permanente, ou em auxílio-acidente, se a incapacidade temporária
for extinta e o segurado restar com sequela permanente que reduza sua capacidade
laborativa, ou extinto, em razão da cura do segurado. Já a aposentadoria por invalidez
pressupõe incapacidade total e permanente e restar impossibilitada a reabilitação para o
exercício de outra atividade laborativa, nos dois casos, a incapacidade para o exercício
de atividade que garanta a subsistência do segurado será averiguada pelo julgador.

Ressalta que para os segurados especiais, apenas se exige comprovação de


atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, mesmo
que de forma descontínua, nos termos do artigo 39 da Lei 8.213/91, para concessão de
carência.

A respeito da qualidade de segurada, concluiu como suficientemente


demonstrada a validade das contribuições que a autora recolheu a título de segurada
facultativa de baixa renda, de 01/10/2011 a 31/12/2020, bem como possui direito ao
auxílio-doença.
A apelação do INSS foi desprovida, e determinou-se a imediata implantação do
benefício.

Os assuntos encontrados na jurisprudência foram: o benefício previdenciário de


auxílio-doença (incapacidade), aposentadoria por invalidez, segurados especiais e
qualidade de segurado. Além disso, os referidos temas foram tratados com base nas
legislações e jurisprudências.

Você também pode gostar