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PROFISSIONAL
— SEM HIPOCRISIA AUTOR: GABRIEL LACERDA
COLABORADOR: PROFESSOR THIAGO BOTTINO
GRADUAÇÃO
2016.2
Sumário
Ética Pessoal e Profissional — Sem Hipocrisia
INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................... 3
PLANO DE AULAS................................................................................................................................................. 6
INTRODUÇÃO
PANORAMA GERAL
PLANO DE AULAS
1ª AULA
Que é ética?
Para que estudar ética?
Como estudar ética?
Que parâmetros adotar como referência para construir padrões?
Notas
2ª AULA
3ª, 4ª E 5ª AULAS
Entrega aos alunos do texto de trabalho escrito a ser feito em casa e trazi-
do pessoalmente na semana seguinte. O trabalho constará de duas a quatro
questões, problemas de ética profissional ou pessoal, a serem resolvidas con-
forme a opinião pessoal de cada um. Consulta totalmente livre.
6ª AULA
Apresentação de problemas.
Explicação sobre o trabalho final, a ser impreterivelmente entregue na se-
mana seguinte, durante a semana de provas.
EXPLICAÇÃO
Fatos
O Sr. José Monteiro é um velho e rico advogado. Durante muitos anos man-
teve com alguns colegas um escritório, de pequenas dimensões, mas de grande
faturamento, que atendia a empresas nacionais de porte médio, geralmente em
questões trabalhistas, fiscais, contratuais e, ocasionalmente, em casos criminais.
Gradualmente, o escritório foi se tornando menor, à medida em que os
colegas do Sr. José Monteiro iam se retirando, aposentando ou morrendo.
Ao final de 2012, o Sr. José Monteiro, já rico e prestes a se aposentar, con-
vidou seu neto, José Monteiro Neto, recém formado na Escola de Direito da
Fundação Getúlio Vargas, para integrar o escritório. Em dezembro de 2015,
quando você também se formou na mesma escola, faleceu o último dos cole-
gas do velho Monteiro. José Monteiro Neto, ou Zeca, como você o chamava,
então, com consentimento do avô, convidou você, R. Azevedo amigo(a) dele
e irmã(o) da namorada dele, Josefina, a entrar para o escritório, a partir de
Janeiro de 2016.
ANEXO I
Problemas
1. Um bom emprego?
Seu pai é funcionário público e uma pessoa bastante conservadora. Ao
saber do convite de Zeca, para trabalhar na MMA, chamou você para uma
conversa, procurando fazê-lo(a) mudar de ideia. Lembrou de seu projeto ori-
2. Fazer-se conhecido(a)
O velho Monteiro, também representado pelo professor, chama você e
Zeca para uma conversa. Ele está entusiasmado com sua contratação; quer
construir para seu neto um escritório moderno e próspero, capacitado a com-
petir com as grandes firmas que dominam o mercado. Para isso, está disposto
a investir até mesmo quantias substanciais. Cogita de fazer uma participação
ao público, anunciar nos jornais, preparar uma página na Internet, contratar
um profissional para divulgar o nome da firma, escolher uma espécie de lema
publicitário, publicar uma circular etc.
Você deverá pensar na solicitação, ajudar a aperfeiçoá-la com alguma ideia
que você mesmo tenha, mas procurar também ver os limites impostos pelo
Código de Ética.
O professor fará o papel do Dr. Monteiro e os demais alunos atuarão
como Zeca.
3. Rompimento do noivado
Josefina, sua irmã, rompeu o noivado com Zeca e começou a namorar um
outro rapaz. Zeca ficou surpreendido e muito magoado com o rompimento.
Você teme que essa separação possa prejudicar a relação profissional com seu
ex-futuro cunhado.
Zeca, representado pelo professor, chama você para conversar. Declara so-
lenemente que tudo continua como antes, mas você desconfia que ele não
está sendo sincero.
Ao lado disso, você já trabalha há quatro meses no escritório, tem se es-
forçado bastante, mas ainda não tem informações concretas sobre o fluxo de
honorários recebidos pela MMA e gerados pelo seu trabalho.
Você, no momento, não tem nenhuma outra perspectiva concreta de em-
prego mas não gostaria de ficar desempregado.
Na aula você e o professor tentarão reproduzir a conversa sua com Zeca.
Você deverá pensar em alguma forma razoável de se garantir.
4. Novo cliente
Você está namorando sério e pretende casar em breve com um(a) rapaz
(moça), chamado(a) Lúcio (a), Lu. Lu é filho(a) do Sr. Freitas, homem de
origem humilde, hoje muito rico. O Sr. Freitas começou a vida como garçon,
em um restaurante à quilo e foi subindo com esforço; atualmente é proprie-
tário de uma cadeia de seis pizzarias no Rio de Janeiro, a conhecida rede Sa-
porita. A Saporita mantém ainda uma franquia com filiais em todo o Brasil.
Você vislumbra a possibilidade de aumentar sua renda, tornando a Sapori-
ta cliente da MMA. Você sabe, por exemplo, que os restaurantes Saporita no
Rio de Janeiro e vários franquiados em outras cidades estão tendo problemas
trabalhistas, enfrentando ao mesmo tempo dezenas de reclamações trabalhis-
tas, patrocinadas por um escritório especializado.
Sabe também que o Sr. Freitas, pessoalmente tem contra si uma autuação
da Receita Federal, relativamente vultosa, ainda na primeira instância admi-
nistrativa. Lu, que foi quem lhe deu a ideia, revela que tem ouvido seu pai se
queixar algumas vezes dos patronos que o representam nesses processos.
Levando adiante seu plano, você primeiro conversa com Zeca sobre se será
possível esperar um reflexo positivo em sua remuneração, se você trouxer o
cliente, talvez um percentual de eventuais futuros honorários cobrados pela
MMA ao Sr. Freitas ou à rede Saporita.
Ainda sem uma resposta definitiva de Zeca sobre o assunto, você tem uma
primeira conversa com o Sr. Freitas.
Na aula, você tentará reproduzir sua conversa com seu futuro sogro, re-
presentado pelo professor. Na discussão, você e a turma deverão presentes as
disposições do Código de Ética, em cotejo com seus interesses pessoais.
5. Reclamação trabalhista
Você é designado por Zeca para representar um cliente do escritório MMA
em uma audiência trabalhista. O Reclamante, Sr. Silva, foi despedido por
justa causa da loja do cliente, sob alegação de desfalque.
Ao lhe passar o caso, Zeca lhe disse que, na realidade, o reclamante não
deu desfalque nenhum, mas que o cliente, Sr. Rodrigues, descrito como sen-
do um ricaço velho e cheio de manias, mandou embora o Sr. Silva, por pro-
blemas estritamente pessoais. Na verdade o Sr. Rodrigues cismou que sua
mulher, muito mais moça que ele, estava tendo um envolvimento om o Sr.
Silva; ficou com muita raiva e armou para deliberadamente prejudica-lo.
A instrução que você recebeu de Zeca foi:
— O cliente diz que não faz acordo de jeito nenhum; que quer “arrebentar”
com o Sr. Silva; que não se incomoda de perder o caso, mas quer ir até o fim.
Zeca lhe deu ainda diversos documentos que provariam o suposto desfal-
que. Você sabe que, na realidade, esses documentos são ideologicamente falsos.
Aquilo deixou você revoltado; sem saber o que fazer, você disse na hora
que sim, que iria à audiência, mas vai se aconselhar com o professor sobre
como se conduzir.
6. Negociação de honorários
Seu futuro sogro chama você para uma conversa. Está inclinado, mas não
decidido, a entregar à MMA algum serviço, sejam os casos trabalhistas da
rede Saporita, seja o processo pessoal dele. Quer saber quanto o escritório
cobraria e qual a habilitação de seus profissionais para o tipo de caso.
A essa altura, você já sabe que a MMA lhe garantiu que, se você trouxer
o cliente, terá direito a 10% dos honorários pagos ao escritório, além, é cla-
ro, da remuneração combinada sobre os que forem atribuídos a seu próprio
trabalho.
Você sabe também que você mesmo, que não tem experiência suficiente
para conduzir os processos. Mas Zeca, que vem se especializando em direito
do trabalho, poderá se incumbir com competência dos casos trabalhistas.
Zeca costuma cobrar honorários conforme o valor do caso e a situação
financeira do cliente; normalmente, em processos trabalhistas de valor indi-
vidual não muito elevado, cobra um valor fixo mensal de R$ 50,00 por pro-
cesso, desde que, como é comum, o cliente tenha um número relativamente
alto (20 ou mais) de casos semelhantes. Na área fiscal, quem tem realmente
competência é o avô de Zeca, mas este cobra bem mais caro; trabalhando
normalmente por hora, cobra à razão de no mínimo, R$ 800,00.
O professor fará o papel do seu futuro sogro na conversa.
7. Trabalho de lobby
Um dos maiores e mais antigos clientes de MMA é uma empresa de pla-
nos de saúde O escritório já atuou em vários processos de seu interesse. O
cliente está muito preocupado porque ouviu dizer, de fonte segura, que a
agência governamental que fiscaliza esse tipo de empresa, está cogitando em
baixar uma norma obrigando à cobertura de despesas com o tratamento de
diversas doenças crônicas, pré-existentes à data da contratação. O Dr. Mon-
teiro tem bons contatos dentro da agência e pede que você vá até Brasília,
falar com um funcionário amigo dele e ver o que pode apurar. A instrução
que você recebeu foi:
— O Eusébio é meu amigo há muitos anos e vai receber você bem. Ele é a
segunda pessoa na agência e, se ele mexer os pauzinhos, sai o regulamento como
a gente quer. Explique o que nosso cliente deseja e veja o que é preciso para con-
seguir. Você pode dizer que o cliente tem condições de mobilizar os concorrentes
para um trabalho conjunto.
Você acha razoável o pedido? Como você agiria? Prepare-se para conversar
com o Sr. Eusébio, que será representado pelo professor.
9. Cliente pobre
Nos primeiros meses de seu trabalho na MMA, você já aceitou dois ca-
sos sem pagamento de honorários. O primeiro foi representar uma tia sua,
aposentada, em uma ação contra a repartição pública em ela que trabalhou,
pedindo um reajuste de sua aposentadoria; a segunda, uma empregada antiga
de sua família, em uma ação de despejo movida contra ela pelo proprietário
do imóvel no subúrbio em que mora.
Nas duas vezes, você figurou sozinho na procuração, mas teve um certo
trabalho para convencer seu amigo Zeca que autorizasse você a usar a infraes-
trutura do escritório (secretária, estagiários, impressora, copiadora etc.) para
os serviços.
Além desses casos, você trabalha também pro bono em um terceiro proces-
so, de interesse um ex-motorista de seu futuro sogro, Sr. Freitas. Esse caso,
porém, foi aceito por Zeca sem dificuldade, inclusive figurando ele também
na procuração, porque o Sr. Freitas é cliente do escritório.
Agora você foi diretamente procurado por Severino, filho de um antigo
porteiro do prédio em que você morou, Severino foi seu amigo de infância,
cresceu junto com você. Quando os dois já eram grandes, Severino foi feri-
do defendendo você contra um marginal que tentava assaltar você. Severino
agora trabalha como auxiliar de porteiro em um prédio próximo àquele onde
você mora.
Você não sabe exatamente qual é o caso, mas não pode se negar a atender
ao pedido de seu antigo amigo para uma reunião.
O professor fará o papel de Severino na reunião. Os fatos que usará foram
baseados em fatos reais.
Você discute a proposta com seu sócio Zeca que, embora não muito con-
tente, concorda em que você a aceite. Afinal, pondera Zeca, o que você ganha
na MMA é em função de seu resultado. De modo que, se tomarem muito tempo
seu lá na Saporita, sua remuneração aqui vai descer.
Discute também com Lu, que, no seu modo de perceber, foi quem deu a
ideia ao pai porque quer viabilizar o casamento de vocês.
Você então aceita e assume o cargo.
Nem bem você assumiu seu novo emprego e surge um problema. O Sr.
Freitas acredita que a Lac Laticínios, fornecedora de mozzarela para a Sapo-
rita, vendeu uma partida estragada do produto. Não chega a ter certeza, mas
só a isso pode atribuir o fato de várias reclamações recebidas de clientes da
Saporita que alegam ter tido complicações intestinais após refeições em uma
das pizzarias da rede.
Um desses clientes, um conhecido advogado civilista, chegou até a mover
contra a Saporita, uma ação de perdas e danos.
Você promete que vai estudar o assunto; primeiro você estuda a possi-
bilidade de mover ação contra a LAC. Depois pega a pasta da ação movida
contra a Saporita para fazer a contestação.
Logo, surge um problema: você sabe que o autor da ação é diretor de uma
empresa cliente de MMA.
Você vai conversar com Zeca, representado pelo professor, sobre como
conduzir o assunto.
O material citado são cópias de duas decisões do STJ que você citou no
caso de seu cliente e que parecem se adequar ao caso da empresa em que o
Sr. Antunes trabalha. Junto vai também um luxuoso prospecto impresso da
MMA, com os nomes e currículos dos sócios, fotografias dos sócios e das
instalações, uma breve relação dos melhores clientes do escritório.
Uma semana depois o Sr. Antunes e chama você para uma conversa, no
escritório da empresa em que trabalha, em São Paulo. Zeca concorda em
pagar sua passagem.
Prepare-se para essa reunião em que o professor representará o Sr. Antunes.
Você e o Zeca não sabiam, mas o Sr. Onestaldo conhece há muitos anos o
velho Dr. Monteiro.
Sem ligar os fatos Zeca marca uma reunião com o Sr. Onestaldo e, sem
falar com você, aceita o caso.
Logo, em uma conversa casual, os dois se dão conta do conflito.
Converse com o Zeca, representado pelo professor, sobre o que fazer nessa
situação.
TÍTULO I
DA ÉTICA DO ADVOGADO
CAPÍTULO I
DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO II
DAS RELAÇÕES COM O CLIENTE
Art. 11. O advogado não deve aceitar procuração de quem já tenha patro-
no constituído, sem prévio conhecimento deste, salvo por motivo justo ou
para adoção de medidas judiciais urgentes e inadiáveis.
CAPÍTULO III
DO SIGILO PROFISSIONAL
1 Ver arts. 7o, II e XIX, 34, VII, e 72, § 2o, do Estatuto.
2 Ver arts. 1º, § 3o, 14, parágrafo único, 33, parágrafo único, 34, XIII, e
35, parágrafo único, do Estatuto e Provimento n. 94/2000.
Art. 27. As confidências feitas ao advogado pelo cliente podem ser utili-
zadas nos limites da necessidade da defesa, desde que autorizado aquele pelo
constituinte.
Parágrafo único. Presumem-se confidenciais as comunicações epistolares
entre advogado e cliente, as quais não podem ser reveladas a terceiros.
CAPÍTULO IV
DA PUBLICIDADE2
Art. 31. O anúncio não deve conter fotografias, ilustrações, cores, figuras,
desenhos, logotipos, marcas ou símbolos incompatíveis com a sobriedade da
advocacia, sendo proibido o uso dos símbolos oficiais e dos que sejam utili-
zados pela Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 1º São vedadas referências a valores dos serviços, tabelas, gratuidade ou
forma de pagamento, termos ou expressões que possam iludir ou confundir
o público, informações de serviços jurídicos suscetíveis de implicar, direta ou
indiretamente, captação de causa ou clientes, bem como menção ao tama-
nho, qualidade e estrutura da sede profissional.
§ 2º Considera-se imoderado o anúncio profissional do advogado me-
diante remessa de correspondência a uma coletividade, salvo para comunicar
a clientes e colegas a instalação ou mudança de endereço, a indicação expressa
do seu nome e escritório em partes externas de veículo, ou a inserção de seu
nome em anúncio relativo a outras atividades não advocatícias, faça delas
parte ou não.
CAPÍTULO V
DOS HONORÁRIOS PROFISSIONAIS3
3 Ver arts. 21 a 26 e 34, III, da Lei n. 8.906/94 e arts. 14 e 111 do Regula-
mento Geral.
CAPÍTULO VI
DO DEVER DE URBANIDADE
CAPÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 48. Sempre que tenha conhecimento de transgressão das normas deste
Código, do Estatuto, do Regulamento Geral e dos Provimentos, o Presidente
do Conselho Seccional, da Subseção, ou do Tribunal de Ética e Disciplina
deve chamar a atenção do responsável para o dispositivo violado, sem preju-
ízo da instauração do competente procedimento para apuração das infrações
e aplicação das penalidades cominadas.
TÍTULO II
DO PROCESSO DISCIPLINAR
4 Ver arts. 43, 58, III, 61, parágrafo único, “c”, 68, e 70 a 74, da Lei n.
8.906/94, arts. 89, V e VII, 120, § 3o, 137-A e seguintes do Regulamento
Geral e Provimento n. 83/96.
5 Ver Provimento n. 83/96 e o Manual de Procedimentos do Processo
Ético-Disciplinar, editado pela Segunda Câmara do Conselho Federal.
CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE ÉTICA E DISCIPLINA
CAPÍTULO II
DOS PROCEDIMENTOS
CAPÍTULO III
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
ANEXO III
CAPÍTULO VIII
DA ÉTICA DO ADVOGADO
CAPÍTULO IX
DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES DISCIPLINARES
GABRIEL LACERDA
Advogado, formado pela PUC — RJ e mestrado pela Universidade de
Harvard (EUA). É sócio aposentado do Escritório Trench Rossi Watanabe,
trabalhou em outros escritórios. Trabalhou também como advogado
interno em algumas empresas, inclusive Caemi, Brascan, Petrobrás.
Foi professor da PUC-RJ, e responsável por cursos na Coppe/UFRJ e na
FGV onde participou da equipe do CEP. Atualmente conduz a atividade
complementar; Direito no Cinema na Graduação da Fundação Getúlio
Vargas. Escreveu, os livros Direito no Cinema, Nazismo Cinema e Direito,
Em Segredo de Justiça, Eu Tenho Direito, O Estado é Você, Agir bem é bom,
entre outros.
FICHA TÉCNICA