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AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 00ª VARA DA SEÇÃO

JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CIDADE/UF

NOME DO CLIENTE, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do CPF/MF nº


00000000, com Documento de Identidade de n° 0000000000, residente e
domiciliado na Rua TAL, nº 00000000, Bairro TAL, CEP: 000000, CIDADE/UF, vem
respeitosamente perante a Vossa Excelência propor:

AÇÃO JUDICIAL PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO

contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pessoa jurídica


de direito público, na pessoa do seu representante legal, domiciliado na Rua TAL, nº
00000000, Bairro TAL, CEP: 000000, CIDADE/UF, pelos fatos e fundamentos que a
seguir aduz.

1
DOS FATOS

A Parte Autora é trabalhador (a) da iniciativa privada e segurado(a) do Regime Geral


de Previdência Social.

Em DIA/MÊS/ANO requereu a concessão do benefício de aposentadoria por idade na


agência da Previdência Social da sua cidade.

Entretanto, o benefício restou indeferido pelo INSS, sob a alegação de que não foi
cumprido o número de contribuições exigidas na tabela progressiva do art. 142 da
Lei n.º 8.213/91.

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O INSS também indeferiu o cômputo, para fins de carência do período em que a
Parte Autora percebeu o benefício de auxílio-doença, muito embora verteu
contribuições nos períodos anteriores e posteriores à benesse.

Assim, como a Parte Autora preenche todos os requisitos necessários à concessão do


benefício, a limitação apresentada pelo INSS não se justifica, razão pela qual busca o
Poder Judiciário para ver seu direito reconhecido.

DO MÉRITO

Inicialmente, quanto ao cômputo, para efeito de carência, do período em que a Parte


Autora percebeu benefício por incapacidade, equivoca-se o INSS.

Dispõem os arts. 29, § 5º e 55, II da Lei n.º 8.213/91:

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Art. 29
[...]
§ 5º Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido
benefícios por incapacidade, sua duração será contada,
considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o
salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda
mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios
em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário
mínimo.
Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma
estabelecida no Regulamento, compreendendo, além do
correspondente às atividades de qualquer das categorias dos
segurados de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior
à perda da qualidade de segurado:
[...]
II – o tempo intercalado em que esteve em gozo de auxílio-
doença ou aposentadoria por invalidez;

A jurisprudência pátria, ao interpretar referido dispositivo, firmou entendimento no


sentido de que o período em que o segurado esteve em gozo de auxílio-doença
conta para fins de carência, desde que intercalado com períodos contributivos.

Nesse sentido se manifesta a jurisprudência pátria:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL.


AÇÃO CIVIL PÚBLICA. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.

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CÔMPUTO DO TEMPO DE BENEFÍCIO POR
INCAPACIDADE COMO PERÍODO DE CARÊNCIA.
POSSIBILIDADE, DESDE QUE INTERCALADO COM
PERÍODO DE EFETIVO TRABALHO. POSSIBILIDADE DE
EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER ANTES DO TRÂNSITO
EM JULGADO. EFEITOS ERGA OMNES LIMITADOS À
COMPETÊNCIA TERRITORIAL DO ÓRGÃO PROLATOR. 1. Ação
civil pública que tem como objetivo obrigar o INSS a
computar, como período de carência, o tempo em que os
segurados estão no gozo de benefício por incapacidade
(auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez). 2. O acórdão
recorrido julgou a lide de modo fundamentado e coerente,
não tendo incorrido em nenhum vício que desse ensejo aos
embargos de declaração e, por conseguinte, à violação do art.
535 do Código de Processo Civil. 3. É possível considerar o
período em que o segurado esteve no gozo de
benefício por incapacidade (auxílio-doença ou
aposentadoria por invalidez) para fins de carência,
desde que intercalados com períodos contributivos. 4.
Se o período em que o segurado esteve no gozo de
benefício por incapacidade é excepcionalmente
considerado como tempo ficto de contribuição, não se
justifica interpretar a norma de maneira distinta para
fins de carência, desde que intercalado com atividade
laborativa. 5. Possibilidade de execução da obrigação de
fazer, de cunho mandamental, antes do trânsito em julgado e
independentemente de caução, a ser processada nos moldes
do art. 461 do Código de Processo Civil. 6. Prevalece nesta
Corte o entendimento de que a sentença civil fará coisa
julgada erga omnes nos limites da competência territorial do
órgão prolator, nos termos do art. 16 da Lei n. 7.347/85,
alterado pela Lei n. 9.494/97. 7. O valor da multa cominatória
fixada pelas instâncias ordinárias somente pode ser revisado
em sede de recurso especial se irrisório ou exorbitante,
hipóteses não contempladas no caso em análise. 8. Recurso
especial parcialmente provido. (STJ, REsp 1414439/RS, Rel.
Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado
em 16/10/2014, DJe 03/11/2014, sem grifo no original).

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PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE.
CÔMPUTO DE AUXÍLIO-DOENÇA PARA FINS DE
CARÊNCIA. AUXÍLIO-ACIDENTE. CUMULAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. DANO MORAL. NÃO CONFIGURAÇÃO.
SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO.
1. Preenchidos os requisitos de idade e carência, ainda que de
forma não simultânea, é devida aposentadoria por idade ao
trabalhador urbano. 2. É possível o cômputo do período
de gozo de auxílio-doença para fins de carência na
concessão de outro benefício caso esteja intercalado
entre períodos laborativos. Entendimento assentado
pelo STF no RE 583.834 dentro da sistemática da
"repercussão geral". 3. A acumulação de auxílio-acidente
com aposentadoria pressupõe que a lesão incapacitante e a
aposentadoria sejam anteriores à vigência da L 9.528/1997.
Súmula 507 do STJ, e REsp 1316374/RS, julgado sob a
sistemática do art. 543-C do CPC. 2. Hipótese em que não
está configurada a decadência do direito de revisão do
benefício. 4. O indeferimento administrativo de benefício, com
garantia do contraditório e da ampla defesa, constitui direito
regular da administração pública, não ensejando indenização
por danos morais 5. Sucumbência recíproca induz
compensação de honorários de advogado. Precedente da
Terceira Seção. (TRF4, APELREEX 5002581-
17.2011.404.7000, Quinta Turma, Relator p/ Acórdão Marcelo
de Nardi, juntado aos autos em 18/02/2016, sem grifo no
original).

Assim, o tempo em que a Parte Autora esteve em gozo de auxílio-doença, que


resulta em... contribuições, deve ser computado para fins de carência, devendo ser
somado ao período já reconhecido pelo INSS.

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Quanto à concessão da aposentadoria por idade, a pretensão da Parte Autora
encontra amparo no art. 48 da Lei n.º 8.213 de 24 de julho de 1991, que dispõe:

Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado


que, cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta),
se mulher

A carência mencionada no artigo acima citado, por sua vez, tem previsão no art. 25,
II, do mesmo diploma legal, o qual prevê:

Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime


Geral de Previdência Social depende dos seguintes períodos de
carência, ressalvado o disposto no art. 26:
[...]
II - aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de
serviço e aposentadoria especial: 180 contribuições mensais
(grifou-se).

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Vê-se, desta forma, que para a concessão do benefício da aposentadoria por idade
devem estar presentes 2 (dois) requisitos: a) idade mínima de 65 anos, se homem, e
60 anos, se mulher e; b) carência mínima de 180 contribuições mensais.

Quanto ao período de carência, para os segurados filiados ao RGPS até 24/07/1991,


a carência da aposentadoria por idade, obedece, ainda, à tabela abaixo, prevista no
artigo 142 da Lei n.º 8.213/91, de acordo com o ano em que o segurado venha a
implementar as condições para a obtenção do benefício.

Ano de implemento das Meses de contribuição


condições exigidos
1991 60 meses
1992 60 meses
1993 66 meses
1994 72 meses
1995 78 meses
1996 90 meses
1997 96 meses
1998 102 meses
1999 108 meses
2000 114 meses
2001 120 meses
2002 126 meses
2003 132 meses
2004 138 meses
2005 144 meses
2006 150 meses

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2007 156 meses
2008 162 meses
2009 168 meses
2010 174 meses
2011 180 meses

O tempo de carência exigido sempre deve ser aferido de acordo com o ano de
implemento do requisito etário, ainda que o período de carência só venha a ser
preenchido após o implemento da idade.

Neste sentido:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO


REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA
POR IDADE URBANA. PREENCHIMENTO SIMULTÂNEO
DOS REQUISITOS. DESNECESSIDADE. REGRA DE
TRANSIÇÃO DO ART. 142 DA LEI DE BENEFÍCIOS.
PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. O
segurado que não implementa a carência legalmente
exigida quando atingido o requisito etário, pode cumprí-
la posteriormente pelo mesmo número de contribuições
previstas para essa data. Não haverá nesta hipótese um
novo enquadramento na tabela contida no art. 142 da Lei
8.213/1991, como entendeu o Tribunal a quo. 2. Agravo
regimental não provido. (STJ, AgRg no AgRg no REsp
1456209/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,

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SEGUNDA TURMA, julgado em 16/09/2014, DJe 23/09/2014,
sem grifo no original)

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DA RENDA MENSAL


INICIAL DA APOSENTADORIA POR IDADE URBANA.
CABIMENTO. 1. A concessão de aposentadoria por idade
urbana depende do preenchimento da carência exigida e da
idade mínima de 60 anos para mulher e 65 anos para homem.
2. É admitido o preenchimento não simultâneo dos
requisitos de idade mínima e de carência para a
concessão da aposentadoria por idade urbana, mesmo
antes da edição da Lei 10.666/2003, já que a condição
essencial para tanto é o suporte contributivo
correspondente, vertidas as contribuições a qualquer
tempo. 3. Tendo a parte autora sido filiada ao sistema antes
da edição da Lei 8.213/1991, a ela deve ser aplicada, para fins
de cômputo da carência necessária à concessão da
aposentadoria, a regra de transição disposta no artigo 142 da
Lei de Benefícios, independentemente da existência ou não de
vínculo previdenciário no momento da entrada em vigor de dito
Diploma. 4. Preenchidos os requisitos legais, tem o segurado
direito à revisão da aposentadoria por idade urbana,
atualmente percebida, a contar da data do primeiro
requerimento administrativo, bem como o pagamento das
parcelas vencidas desde então. 5. Determinado o cumprimento
imediato do acórdão no tocante à implantação do benefício, a
ser efetivada em 45 dias, nos termos do artigo 461 do Código
de Processo Civil. (TRF4 5054375-43.2012.404.7000, Sexta
Turma, Relator p/ Acórdão Osni Cardoso Filho, juntado aos
autos em 18/12/2015, sem grifo no original)

Logo, computado o período em que gozou do benefício por incapacidade e, somadas


essas contribuições àquelas já consideradas pelo INSS quando do requerimento do

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benefício, conclui-se que a Parte Autora possui a carência exigida conforme o
disposto no art. 142 da Lei n.º 8.213/91.

Assim, na data da entrada do requerimento, a Parte Autora preenchia a carência


exigida, por contar com... meses de contribuição, sendo devida a concessão do
benefício de aposentadoria por idade.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, na pessoa do seu


representante legal, para que responda a presente demanda, no prazo legal, sob
pena de revelia;

11
A concessão da Justiça Gratuita, nos termos da Lei nº 1.060/50, assegurados pela
Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (NCPC), artigo 98 e
seguintes;

A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS para considerar, para


fins de carência, o período em que a Parte Autora gozou do benefício de auxílio-
doença;

A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS para conceder o


benefício de aposentadoria por idade, bem como pagar as parcelas vencidas desde a
data do requerimento administrativo, monetariamente corrigidas desde o respectivo
vencimento e acrescidas de juros legais moratórios, ambos incidentes até a data do
efetivo pagamento;

A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS para arcar com as


custas processuais e honorários advocatícios;

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Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito,
notadamente a documental.

Informa, por fim, não ter interesse na realização de audiência de


conciliação/mediação, nos termos do art. 319, VII, do CPC.

Dá-se à causa o valor de R$ 0000 (REAIS)

Termos em que,

Pede Deferimento.

CIDADE, 00, MÊS, ANO.

ADVOGADO

OAB Nº

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Rol de documentos:

...

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