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EXCELENTÍSSIMO JUIZ...

(juízo competente para apreciar a demanda


proposta)

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO.


APOSENTADORIA POR IDADE URBANA. CONTAGEM
DO TEMPO DE SERVIÇO MILITAR PARA EFEITO DE
CARÊNCIA.

PARTE AUTORA, (nacionalidade), (estado civil – indicar


se há união estável), (profissão), portador(a) do
documento de identidade sob o n.º..., CPF sob o n.º..., e-
mail…, residente e domiciliado(a) na rua.., bairro..,
cidade.., estado.., CEP..., vem a presença de Vossa Excelência
propor a presente

AÇÃO JUDICIAL PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO


PREVIDENCIÁRIO

contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL


(INSS), pessoa jurídica de direito público, na pessoa do
seu representante legal, domiciliado na rua..., bairro...,
cidade..., estado..., CEP..., pelos fatos e fundamentos que
a seguir aduz.

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1. FATOS

A Parte Autora é trabalhador(a) da iniciativa privada e segurado(a)


do Regime Geral de Previdência Social.

Em... (data do requerimento administrativo do benefício) requereu a


concessão do benefício de aposentadoria por idade na agência da Previdência
Social da sua cidade.

Entretanto, o benefício restou indeferido pelo INSS, sob a alegação


de que não foi cumprido o número de contribuições exigidas na tabela
progressiva do art. 142 da Lei n.º 8.213/91, o que não procede.

O INSS também indeferiu o cômputo, para fins de carência, do


tempo de serviço militar.

Desta forma, a limitação apresentada pelo INSS não se justifica, razão pela qual
busca o Poder Judiciário para ver seu direito reconhecido.

2. FUNDAMENTAÇÃO DE MÉRITO

A Constituição Federal, em seu artigo 143, estabelece que o serviço


militar é obrigatório, nos termos da lei. Como principal instrumento legal, a
Lei do serviço militar (Lei n.º 4.375, de 17 de Agosto de 1964) e seu
Regulamento (Dec. N.º 57.654, de 20 de Janeiro de 1966) fixam as normas,
os procedimentos, os direitos e os deveres de todos os cidadãos brasileiros,
no que tange à prestação do serviço militar obrigatório.

A Lei do serviço militar dispõe em seu artigo 1º que "o serviço


militar consiste no exercício de atividades específicas desempenhadas nas
Forças Armadas - Exército, Marinha e Aeronáutica - e compreenderá, na
mobilização, todos os encargos relacionados com a defesa nacional".

Por sua vez, o Estatuto dos Militares, Lei n.º 6.880/80, classifica
os prestadores do serviço militar inicial obrigatório como militares da ativa
que, na qualidade de membros das Formas Armadas, constituem "uma
categoria especial de servidores da Pátria".

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Art. 3º Os membros das Forças Armadas, em razão de sua
destinação constitucional, formam uma categoria especial de
servidores da Pátria e são denominados militares.
§ 1° Os militares encontram-se em uma das seguintes situações:
a) na ativa:
II - os incorporados às Forças Armadas para prestação de serviço
militar inicial, durante os prazos previstos na legislação que trata do
serviço militar, ou durante as prorrogações daqueles prazos;

Assim, o serviço militar assume elevada importância dentro de


nossa ordem constitucional na medida em que as Forças Armadas se
destinam à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais, da lei e
da ordem.

Em face da obrigatoriedade do serviço militar, que geralmente


causa o afastamento dos empregos dos convocados, a Lei do serviço militar,
ao tratar dos direitos a eles garantidos, prescreve que os prestadores do
serviço militar inicial terão o direito de contar esse tempo para fins de
aposentadoria, conforme disciplina o art. 63 abaixo transcrito:

Art 63. Os convocados contarão, de acordo com o estabelecido na


Legislação militar, para efeito de aposentadoria, o tempo de serviço
ativo prestado nas Forças Armadas, quando a elas incorporados.

Tanto é assim que a Lei n.º 8.112/90, Estatuto dos Servidores


Públicos da União, reconhece que o tempo de serviço prestado às Forças
Armadas é tempo de serviço público federal, computado para todos os
efeitos.

Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de serviço público


federal, inclusive o prestado às Forças Armadas.

Como durante o período de prestação de serviço militar inicial os


convocados permanecem à disposição e vinculados exclusivamente à União
Federal, é razoável admitir esse tempo para todos os efeitos na esfera do
serviço público federal.

Ocorre que no âmbito do Regime Geral da Previdência Social não


há essa previsão, de contagem do tempo de serviço militar para todos os
efeitos, que autorizaria sem maiores discussões seu cômputo para fins de
carência. Porém, considerando que o único empecilho para tal seria a falta

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de contribuições previdenciárias, é de se considerar que a Lei n.º 9.796/99
estabeleceu os critérios de compensação financeira entre o Regime Geral de
Previdência Social e os regimes de previdência dos servidores da União, nos
casos de contagem recíproca de tempo de contribuição para efeito de
aposentadoria.

Se o tempo de serviço militar é computado para todos os efeitos na


esfera do serviço público federal, a compensação financeira com o Regime
Geral da Previdência Social, prevista no artigo 3º da Lei n.º 9.796/99, deve
ser garantida pela União Federal, ente público ao qual o militar estava
vinculado.

Desse modo, além da contagem do tempo de serviço militar como


tempo de contribuição, é possível que seja computado também para fins de
carência no Regime Geral de Previdência.

Neste sentido:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. CONCESSÃO.


QUALIDADE DE SEGURADO DO "DE CUJUS". APOSENTADORIA
POR IDADE. CÔMPUTO DE TEMPO DE SERVIÇO MILITAR COMO
CARÊNCIA. POSSIBILIDADE. 1. A concessão do benefício de pensão
por morte depende da ocorrência do evento morte, da demonstração
da qualidade de segurado do de cujus e da condição de dependente
de quem objetiva a pensão. 2. Não será concedida a pensão aos
dependentes do instituidor que falecer após a perda da qualidade de
segurado, salvo se preenchidos, à época do falecimento, os requisitos
para obtenção da aposentadoria segundo as normas então em vigor.
3. O amparo social ao idoso é benefício de prestação continuada,
que, embora criado na esfera previdenciária, tem nítida natureza
assistencial, de caráter pessoal e, por isso, não é transmissível aos
dependentes e/ou sucessores do beneficiário, cessando com a morte
do titular. 4. A jurisprudência vem admitindo a concessão do
benefício de pensão por morte quando a parte interessada comprova
que o Instituto Previdenciário incorreu em equívoco ao conceder um
benefício de natureza assistencial, quando o finado fazia jus a um
auxílio-doença ou a uma aposentadoria. 5. Procede o pedido de
aposentadoria por idade quando atendidos os requisitos previstos
nos artigos 48 e 142 da Lei nº 8.213/1991. 6. Como a prestação de
serviço militar não é uma faculdade do indivíduo, mas um dever
constitucional, não é razoável penalizar o cidadão a que imposto
tal dever com prejuízos em seu patrimônio jurídico no âmbito
previdenciário, devendo o respectivo tempo de serviço ser
computado para fins de carência. 7. Tendo o falecido cumprido os
requisitos para a obtenção de aposentadoria por idade, é devido aos
seus herdeiros o pagamento do valor das parcelas vencidas desde a
data do requerimento administrativo até a data do óbito. 8. Tendo o
falecido cumprido os requisitos para a obtenção de aposentadoria

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por idade, é devida a concessão de pensão por morte aos
dependentes. (TRF4, APELREEX 0017683-86.2014.404.9999, Quinta
Turma, Relator Rogerio Favreto, D.E. 21/01/2015, sem grifo no
original)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. REQUISITOS.


TEMPO DE SERVIÇO MILITAR. TEMPO COMO PROPRIETÁRIO DE
FIRMA INDIVIDUAL. TRANSFERÊNCIA DE RECOLHIMENTO.
COMPETÊNCIA DA RECEITA FEDERAL. LEI 11.457/2007. 1. A
concessão de aposentadoria por idade depende do preenchimento da
carência exigida e da idade mínima de 60 anos para mulher e 65
anos para homem. 2. Comprovada a prestação do serviço militar,
deve o período ser computado como tempo de serviço. 3.
Compete à Secretaria da Receita Federal a transferência de
recolhimentos, com base na Lei nº 11.457/2007. (TRF4, APELREEX
5007310-71.2011.404.7005, Sexta Turma, Relator p/ Acórdão
(auxílio Kipper) Paulo Paim da Silva, juntado aos autos em
10/07/2014, sem grifo no original)

Assim, o tempo em que a Parte Autora prestou serviço militar, que


resulta em... (numero de meses que a Parte Autora prestou serviço militar),
contribuições, deve ser computado para fins de carência, devendo ser
somado ao período já reconhecido pelo INSS.

Quanto a concessão da aposentadoria por idade, a pretensão da


Parte Autora encontra amparo no art. 48 da Lei n.º 8.213 de 24 de julho de
1991, que dispõe:

Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que,


cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e
cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher

A carência mencionada no artigo acima citado, por sua vez, tem


previsão no art. 25, II, do mesmo diploma legal, o qual prevê:

Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de


Previdência Social depende dos seguintes períodos de carência,
ressalvado o disposto no art. 26:
[...]
II - aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de serviço e
aposentadoria especial: 180 contribuições mensais
(grifou-se).

Vê-se, desta forma, que para a concessão do benefício da


aposentadoria por idade devem estar presentes 2 (dois) requisitos: a) idade
mínima de 65 anos, se homem, e 60 anos, se mulher e; b) carência mínima
de 180 contribuições mensais.

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Quanto ao período de carência, para os segurados filiados ao RGPS
até 24/07/1991, a carência da aposentadoria por idade, obedece, ainda, à
tabela abaixo, prevista no artigo 142 da Lei n.º 8.213/91, de acordo com o ano em
que o segurado venha a implementar as condições para a obtenção do benefício.

Ano de implemento das Meses de contribuição


condições exigidos
1991 60 meses
1992 60 meses
1993 66 meses
1994 72 meses
1995 78 meses
1996 90 meses
1997 96 meses
1998 102 meses
1999 108 meses
2000 114 meses
2001 120 meses
2002 126 meses
2003 132 meses
2004 138 meses
2005 144 meses
2006 150 meses
2007 156 meses
2008 162 meses
2009 168 meses
2010 174 meses
2011 180 meses

O tempo de carência exigido sempre deve ser aferido de acordo com


o ano de implemento do requisito etário, ainda que o período de carência só
venha a ser preenchido após o implemento da idade.

Neste sentido:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL


NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR IDADE URBANA.
PREENCHIMENTO SIMULTÂNEO DOS REQUISITOS.
DESNECESSIDADE. REGRA DE TRANSIÇÃO DO ART. 142 DA LEI
DE BENEFÍCIOS. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL NÃO
PROVIDO. 1. O segurado que não implementa a carência
legalmente exigida quando atingido o requisito etário, pode
cumprí-la posteriormente pelo mesmo número de contribuições
previstas para essa data. Não haverá nesta hipótese um novo

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enquadramento na tabela contida no art. 142 da Lei 8.213/1991,
como entendeu o Tribunal a quo. 2. Agravo regimental não provido.
(STJ, AgRg no AgRg no REsp 1456209/RS, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/09/2014,
DJe 23/09/2014, sem grifo no original)

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DA RENDA MENSAL INICIAL


DA APOSENTADORIA POR IDADE URBANA. CABIMENTO. 1. A
concessão de aposentadoria por idade urbana depende do
preenchimento da carência exigida e da idade mínima de 60 anos
para mulher e 65 anos para homem. 2. É admitido o
preenchimento não simultâneo dos requisitos de idade mínima e
de carência para a concessão da aposentadoria por idade urbana,
mesmo antes da edição da Lei 10.666/2003, já que a condição
essencial para tanto é o suporte contributivo correspondente,
vertidas as contribuições a qualquer tempo. 3. Tendo a parte
autora sido filiada ao sistema antes da edição da Lei 8.213/1991, a
ela deve ser aplicada, para fins de cômputo da carência necessária à
concessão da aposentadoria, a regra de transição disposta no artigo
142 da Lei de Benefícios, independentemente da existência ou não de
vínculo previdenciário no momento da entrada em vigor de dito
Diploma. 4. Preenchidos os requisitos legais, tem o segurado direito
à revisão da aposentadoria por idade urbana, atualmente percebida,
a contar da data do primeiro requerimento administrativo, bem como
o pagamento das parcelas vencidas desde então. 5. Determinado o
cumprimento imediato do acórdão no tocante à implantação do
benefício, a ser efetivada em 45 dias, nos termos do artigo 461 do
Código de Processo Civil. (TRF4 5054375-43.2012.404.7000, Sexta
Turma, Relator p/ Acórdão Osni Cardoso Filho, juntado aos autos
em 18/12/2015, sem grifo no original)
Logo, computado o período de serviço militar e, somadas essas
contribuições àquelas já consideradas pelo INSS quando do requerimento do
benefício, conclui-se que a Parte Autora possui a carência exigida conforme o
disposto no art. 142 da Lei n.º 8.213/91.

Assim, na data da entrada do requerimento, a Parte Autora


preenchia a carência exigida, por contar com... (numero de meses de
contribuição na data da entrada do requerimento administrativo somado o
período em que a Parte Autora prestou serviço militar) meses de contribuição,
sendo devida a concessão do benefício de aposentadoria por idade.

3. REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer:

1. A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, na


pessoa do seu representante legal, para que responda a presente demanda,
no prazo legal, sob pena de revelia;

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2. A concessão do benefício da justiça gratuita em virtude da Parte
Autora não poder arcar com o pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios sem prejuízo do seu sustento ou de sua família,
condição que expressamente declara, na forma do art. 4º da Lei n.º
1.060/50;

3. A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS


para considerar, para fins de carência, o período em que a Parte Autora
prestou serviço militar;

4. A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS


para conceder o benefício de aposentadoria por idade, bem como pagar as
parcelas vencidas desde a data do requerimento administrativo,
monetariamente corrigidas desde o respectivo vencimento e acrescidas de
juros legais moratórios, ambos incidentes até a data do efetivo pagamento;

5. A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS


para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios;

6. Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de prova


admitidos em direito, notadamente a documental.

7. Informa, por fim, não ter interesse na realização de audiência de


conciliação/mediação, nos termos do art. 319, VII, do CPC.

Dá-se à causa o valor de R$... (valor da causa)

Pede deferimento.

(Cidade e data)

(Nome, assinatura e número da OAB do advogado)

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Rol de documentos:

...

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