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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO

DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DA CAPITAL - SC


AUTOR, brasileiro, casado, policial militar da reserva remunerada, inscrito no RG n…,
e CPF n…, residente e domiciliado na Rua…, n…, Centro, Florianó polis/SC, CEP…,
endereço eletrô nico…, vem, a presença de Vossa Excelência, representado por seu
advogado, propor

AÇÃO DECLARATÓRIA DE RECONHECIMENTO DE DIREITO CUMULADA COM


COBRANÇA
em face ESTADO DE SANTA CATARINA, pessoa jurídica de direito pú blico, com
endereço profissional na Av..., n..., Centro, Florianó polis-SC, CEP..., pelas razõ es de fato
e de direito a seguir expostas.
1. DOS FATOS
O Autor é Policial Militar, incluído na Corporaçã o em 14.10.1987, e transferido para a
reserva remunerada em 14.10.2019, apó s ter cumprido 33 anos, 05 meses e 29 dias
de serviço, dos quais 32 anos e 07 dias foram dedicados exclusivamente à PMSC.
Contudo, mesmo preenchendo os requisitos para a aposentadoria voluntá ria, aos 30
anos de serviço, atingidos em meados de fevereiro de 2016, o Autor preferiu
continuar na ativa, motivo pelo qual tem direito ao recebimento do abono de
permanência, equivalente ao valor da sua contribuiçã o previdenciá ria, conforme
inteligência do artigo 40, § 19º, da Constituiçã o Federal.
Importa dizer, que durante todo o seu tempo de efetivo serviço, o Autor contribuiu
para a previdência estadual, atualmente o Instituto de Previdência de Santa Catarina –
IPREV, inclusive apó s ter completado 30 anos de serviço até́ a data em que passou
para a reserva remunerada.
Dessa forma, o Autor postula a tutela jurisdicional em busca da indenizaçã o
pecuniá ria relativamente ao período das parcelas de abono de permanência nã o pagas
pelo Réu, e ainda nã o atingidos pela prescriçã o quinquenal, devidamente acrescida de
correçã o monetá ria e juros legais desde quando devidas até o seu efetivo pagamento,
sob pena de enriquecimento ilícito do Réu.
2. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
A aposentadoria voluntá ria é decorrente da manifestaçã o de vontade do servidor que,
preenchendo determinados requisitos mínimos, solicita a Estado, que, verificando o
atendimento dos requisitos necessá rios é compelido a concedê-la, conforme leciona
Marçal Justen Filho:
A aposentadoria Especial depende de pedido do servidor: A aposentadoria voluntária é um benefício
reconhecido ao servidor, que preenche certos requisitos. É voluntária na acepção de que seu pleito não
pode ser imposto compulsoriamente ao servidor. Mas não é voluntário nem discricionário seu deferimento.
Se o sujeito preencher os requisitos legais, o Estado será constrangido a atender o pleito de aposentadoria.
Negar a aposentadoria quando estão presentes os seus pressupostos configura violação a direito líquido e
certo. [1]

Pois bem. O Policial Militar de Santa Catarina apó s completar os 30 (trinta) anos de
serviço militar, sendo destes, 25 (vinte e cinco) anos em atividade de carreira, adquire
o direito à aposentadoria ou, no caso dos militares, a transferência para a reserva
remunerada, conforme preconizava o Estatuto da PMSC, Lei nº 6.218/1983:
Art. 104 - A transferência para a reserva remunerada, a pedido, será concedida ao militar estadual que
contar, no mínimo:
I – 30 (trinta) anos de serviço, se homem, desde que 25 (vinte e cinco) anos sejam de efetivo serviço na
carreira policial militar;

Nã o destoa a Lei Complementar Federal n. 51/1985, que dispõ e sobre a aposentadoria


do servidor pú blico policial, nos termos do § 4º do art. 40 da Constituiçã o Federal:
Art. 1º. O servidor público policial será aposentado:
II - voluntariamente, com proventos integrais, independentemente da idade:
a) após 30 (trinta) anos de contribuição, desde que conte, pelo menos, 20 (vinte) anos de exercício em cargo
de natureza estritamente policial, se homem; [...]

Referido texto se repete na Lei Complementar n. 24/86.


Cumpre destacar, que a Lei Complementar n. 51/1985, foi recebida pela Constituiçã o
Federal de 1988, consoante decidiu o Plená rio do Supremo Tribunal Federal no
julgamento da Açã o Direta de Inconstitucionalidade n. 3.817 e do Recurso
Extraordiná rio nº 567.110/AC, relatados pela Ministra Cá rmen Lú cia, publicados em
24.11.2008 e 11 de abril de 2011, respectivamente. (STF, RE n. 609.043, rel. Min. Luiz
Fux, Primeira Turma, j. 28.5.13).
Por mero corolá rio ló gico, se optou (direito pú blico subjetivo) a permanecer na ativa,
gerava a obrigaçã o ao Estado de lhe pagar o abono de permanência, exatamente como
previsto no § 19, do art. 40, da CR (redaçã o dada pela EC n. 41/2003):
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter
contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e
dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste
artigo. [...]
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as exigências para aposentadoria voluntária
estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um abono de permanência
equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária até completar as exigências para aposentadoria
compulsória contidas no § 1º, II.

O § 1º do artigo 40 da Constituiçã o Federal, por sua vez, preconiza que:


§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados,
calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: [...]
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo
exercício no serviço pú blico e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a
aposentadoria, observadas as seguintes condiçõ es:
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e
trinta de contribuição, se mulher;
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, com proventos
proporcionais ao tempo de contribuição.

Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro:


Para incentivar a permanência do servidor no serviço público, o § 19 do artigo 40, introduzido pela Emenda
41/03, garante ao servidor que tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária
estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade, o direito a um abono de permanência
equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária até completar as exigências para aposentadoria
compulsória, contidas no § 1º, II. [2]

Do escó lio de Eduardo Franco Câ ndida extrai-se:


[...] através da EC 41 1/03, duas grandes alterações foram previstas: (a) cobrança de contribuição
previdenciária dos servidores públicos inativos; (b) instituição do chamado abono de permanência. [...] Por
outro lado, o abono de permanência, instituído pela EC 41 1/2003, veio substituir a antiga isenção da
contribuição previdenciária criada pela EC 20 0/1998, só que, agora, com uma grandiosa diferença
contextual, quer seja, a existência de contribuição previdenciária dos servidores públicos aposentados.
Assim, temos o seguinte quadro atualmente em vigor: após a EC 41/2003, o servidor público que estiver em
condições de se aposentar ainda que com proventos proporcionais (art. 3º, § 1º, da EC 41/2003), e optar por
permanecer em atividade fará jus a um abono de permanência, cujo valor será equivalente à contribuição
previdenciária, até atingir a aposentadoria compulsória aos setenta anos de idade (art. 40, § 19, da
CF/1988). [3]

Sendo assim, verifica-se que o Autor já contava com mais de 20 (vinte) anos de
exercício na carreira de policial militar e mais de 30 (trinta) anos de serviço pú blico, o
que lhe garantia o direito à aposentadoria voluntá ria muito antes da ida para a
reserva, bastando observar ainda o que consta na documentaçã o apresentada nos
autos digitais, inexistindo razã o pró xima ou remota para lhe afastar o direito ao abono
permanência desde que completou o tempo para sua percepçã o.
Excluir os servidores militares da disposiçã o constitucional seria o mesmo que
admitir que há servidores de primeira e segunda classe, e nesta residiriam os policiais
militares, encampando um inadmissível contrassenso da ordem constitucional,
bastando observar a igualdade reservada no § 4º, do art. 40, da Carta Magna, in verbis:
§ 4º É vedado a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos
abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares,
os casos de servidores: [...];
II - que exerçam atividades de risco;

Logo, na exata conjugaçã o do disposto no inciso I,do § 1º, da LCE n. 24/86, simétrico
com a Lei Complementar Federal n. 51/1985, e o referido § 1º e § 19, do art. 40, da CR,
tem-se que o Autor faz jus à percepçã o do abono de permanência.
Importa ressaltar que nã o obstante a ausência de previsã o expressa do direito de
Abono de Permanência com critérios diferenciados, inexiste ó bice à percepçã o desse
direito para os servidores aposentados com fundamento no § 4º do art. 40 da CF, e
que por isso merecem igual tratamento dispensado à aposentadoria voluntá ria
comum. Caso contrá rio, estar-se-ia violando o princípio da isonomia expresso no art.
5º do mesmo diploma.
Aliá s, o Supremo Tribunal Federal, ao apreciar a matéria, já se posicionou no sentido
de que os servidores que executem atividade de risco e que, portanto, fazem jus à
aposentadoria voluntá ria com tempo inferior à quele ditado pela alínea 'a', do § 1º, do
art. 40, CRFB/88, possuem direito a percepçã o do abono de permanência criado pela
EC n. 41/03, ao argumento de que, em essência, nã o existe distinçã o entre a
aposentadoria voluntá ria comum e à voluntá ria especial, sob pena de injustificado
discrímen, ex vi:
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. INTEGRANTE
DE CARREIRA POLICIAL. APOSENTADORIA ESPECIAL. RECEPÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR Nº 51/85.
PRECEDENTES DO PLENÁRIO DESTA CORTE. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. Aos integrantes da
carreira policial é deferida a possibilidade de requerer aposentadoria especial, nos termos da Lei
Complementar nº 51/1985, dado que sua atividade se enquadra no critério de perigo ou risco. 2. A Lei
Complementar nº 51/1985, que disciplina a aposentadoria dos servidores integrantes da carreira militar, foi
recebida pela Constituição Federal de 1988, consoante decidiu o Plenário do Supremo Tribunal Federal no
julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3.817 e do Recurso Extraordinário nº 567.110/AC,
relatados pela Ministra Cármen Lúcia, publicados em 24.11.2008 e 11 de abril de 2011, respectivamente. 3.
In casu, assim decidiu o Tribunal Regional Federal da 4ª Região: “EMENTA: ADMINISTRATIVO. SERVIDOR
QUE EXECUTA ATIVIDADES DE RISCO. DIREITO À PERCEPÇÃO DO "ABONO PERMANÊNCIA" INSTITUÍDO PELA
EMENDA CONSTITUCIONAL 41/2003, INTRODUZINDO O § 19 DO ART. 40 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
LIMITE TERRITORIAL DA SENTENÇA. 1. Em prestigiamento a uma interpretação analógica extensiva, também
devem ser incluídos na possibilidade de percepção do abono de permanência instituído pela EC 41/2003 os
servidores que executam atividades de risco, eis que, na essência, não existente distinção entre
aposentadoria voluntária comum e a voluntária especial. Não é justo nem razoável haja um discrímen
quanto ao deferimento de um benefício também de índole previdenciária só porque há tratamento
diferenciado quanto aos critérios para a aposentação. Não pode o intérprete desigualar os que na essência
são iguais. Precedentes do STJ. 2. A limitação territorial da eficácia da sentença prolatada em ação coletiva,
prevista no art. 2º-A da Lei 9.494/97, deve ser interpretada em sintonia com os preceitos contidos no Código
de Defesa do Consumidor, entendendo-se que os "limites da competência territorial do órgão prolator" de
que fala o referido dispositivo, não são aqueles fixados na regra de organização judiciária, mas, sim, aqueles
previstos no art. 93 daquele diploma legislativo consumerista. In casu, o sindicato autor representa a
categoria em todo o Estado do Paraná, pelo que a sentença deve favorecer a todos os seus filiados.” (STF, RE
n. 609.043, rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, j. 28.5.13).

O Tribunal de Justiça Catarinense se alinhou ao precedente da Corte Suprema:


ADMINISTRATIVO. INTEGRANTE DA CARREIRA POLICIAL. APOSENTADORIA ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DE 30
(TRINTA) ANOS DE CONTRIBUIÇÃO. DIREITO AO RECEBIMENTO DO ABONO DE PERMANÊNCIA.
PRECEDENTES DO STF. O STF, nos autos do RE n. 609.403, já se posicionou no sentido de que os servidores
que executem atividade de risco, tais como os integrantes da carreira policial e que, em razão disso, são
aposentados voluntariamente com tempo inferior àquele ditado pela alínea 'a', do § 1º, do art. 40, CRFB/88,
possuem direito a percepção do abono de permanência criado pela EC n. 41/03, ao argumento de que, em
essência, não existe distinção entre a aposentadoria voluntária comum e à voluntária especial, sob pena de
injustificado discrímen. [...]. (TJSC, Apelação Cível n. 2012.092389-1, da Capital, rel. Des. Francisco Oliveira
Neto, j. 18-03-2014).

E da Oitava Turma de Recursos da Capital, colhe-se decisum símile:


RECURSO INOMINADO - POLICIAL MILITAR - APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA ESPECIAL - DIREITO AO ABONO
DE PERMANÊNCIA DESDE QUE CUMPRIDOS OS REQUISITOS DA LC ESTADUAL Nº 24/86 E LC FEDERAL Nº
51/85 - SENTENÇA MANTIDA. "AOS INTEGRANTES DA CARREIRA POLICIAL É DEFERIDA A POSSIBILIDADE DE
REQUERER APOSENTADORIA ESPECIAL, NOS TERMOS DA LEI COMPLEMENTAR Nº 51/1985, DADO QUE SUA
ATIVIDADE SE ENQUADRA NO CRITÉRIO DE PERIGO OU RISCO."A LEI COMPLEMENTAR Nº 51/1985, QUE
DISCIPLINA A APOSENTADORIA DOS SERVIDORES INTEGRANTES DA CARREIRA MILITAR, FOI RECEBIDA PELA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, CONSOANTE DECIDIU O PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NO
JULGAMENTO DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 3.817 E DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº
567.110/AC, RELATADOS PELA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA, PUBLICADOS EM 24.11.2008 E 11 DE ABRIL DE
2011, RESPECTIVAMENTE"(STF, RE N. 609.043, REL. MIN. LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, J. 28.5.13). (TJSC,
Recurso Inominado n. 0302610-28.2015.8.24.0023, da Capital - Norte da Ilha, rel. Des. Luis Francisco
Delpizzo Miranda, Oitava Turma de Recursos - Capital, j. 15-02-2017).

Diante do exposto, requer a condenaçã o do Réu ao pagamento do Abono de


Permanência desde a data em que foram preenchidos os requisitos para a
aposentadoria voluntá ria.
3. DA JUSTIÇA GRATUITA
Estatui a Constituiçã o Federal em seu art. 5º, inciso LXXIV:
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e
à propriedade, nos termos seguintes:
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos.

Nesse tom, a Constituiçã o Federal objetivou dar amplo acesso ao Estado-Juiz,


garantindo, inclusive à queles que nã o possuem condiçõ es financeiras para ver
cumpridos os seus direitos, o meio legal à sua realizaçã o.
A seu turno, densificando a garantia fundamental ao acesso universal e efetivo à
Justiça, o art. 98, caput, do Có digo Fux disciplinou que "a pessoa natural ou jurídica,
brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, despesas
processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma
na lei". Nesse sentido, colhe-se da jurisprudência catarinense:
BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA INDEFERIDO ÀS RÉS. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PARA COMPROVAÇÃO DE
PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DA BENESSE, NOS TERMOS DO ART. 99, § 2º, DO
CPC. HIPOSSUFICIÊNCIA DELINEADA A CONTENTO. DECLARAÇÃO DE POBREZA E DOCUMENTAÇÃO
ANEXADA QUE SATISFAZEM OS REQUISITOS LEGAIS PARA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. RENDA LÍQUIDA
MENSAL INFERIOR A 3 (TRÊS) SALÁRIOS MÍNIMOS. SITUAÇÃO NÃO DERRUÍDA POR PROVA EM CONTRÁRIO.
PRINCÍPIO DO ACESSO À JUSTIÇA. ART. 5.º, LXXIV, DA CF/1988. DEFERIMENTO DA BENESSE. RECURSO
PROVIDO. (TJSC, Agravo de Instrumento n. 4015331-47.2019.8.24.0000, de Guaramirim, rel. Des. Maria do
Rocio Luz Santa Ritta, Terceira Câmara de Direito Civil, j. 10-09-2019).
O Requerente junta aos autos declaraçã o de hipossuficiência, que conforme clara
redaçã o do § 3º do art. 99, do CPC, presume-se verdadeira a alegaçã o de insuficiência
deduzida exclusivamente por pessoa natural.
Ademais, Fredie Didier Jr. leciona que:
Não se exige miserabilidade, nem estado de necessidade, nem tampouco se fala em renda familiar ou
faturamento máximos. É possível que uma pessoa natural, mesmo com bom renda mensal, seja merecedora
do benefício, e que também o seja aquela sujeito que é proprietário de bens imóveis, mas não dispõe de
liquidez. A gratuidade judiciária é um dos mecanismos de viabilização do acesso à justiça; não se pode exigir
que, para ter acesso à justiça, o sujeito tenha que comprometer significativamente sua renda, ou tenha que
se desfazer de seus bens, liquidando-os para angariar recursos e custear o processo. (DIDIER JR. Fredie.
OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Benefício da Justiça Gratuita. 6ª ed. Editora JusPodivm, 2016. p. 60).

Por fim, extrai-se dos documentos acostos, que a renda líquida mensal do Autor é
inferior a 03 salá rios mínimos, demostrando assim, de forma inequívoca, sua
impossibilidade para arcar com o pagamento das custas e despesas judiciais sem
prejuízo do pró prio sustento e de sua família, requerendo, portanto, com fundamento
no art. 5º, inciso LXXIV da Constituiçã o Federal e no art. 98 e seguintes do Có digo de
Processo Civil, a concessã o dos benefícios da assistência judiciá ria gratuita.
4. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Ante o exposto, REQUER:
a) A citaçã o do Réu por carta, para responder a demanda, caso queira;
b) A procedência total da açã o para declarar/reconhecer o direito do Autor ao
recebimento do abono de permanência, com a consequente condenaçã o do Réu ao
pagamento das parcelas desde a data em que foram preenchidos os requisitos,
acrescidas de juros e correçã o monetá ria até o efetivo pagamento pelo Réu.
c) O julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, inciso I do NCPC,
porquanto a questã o de mérito versa exclusivamente sobre matéria de direito;
d) A dispensa da designaçã o de audiência de conciliaçã o, por ser medida inó cua e
contrá ria à celeridade processual do objeto desta demanda;
e) A concessã o do benefício da Justiça Gratuita ao Autor;
f) A condenaçã o do Requerido ao pagamento das custas judiciais e honorá rios
advocatícios, estes nos termos do art. 85, § 3º, do Có digo de Processo Civil.
g) Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direitos admitidos;
h) Por fim, que as futuras intimaçõ es e notificaçõ es sejam todas feitas em nome do
advogado subscritor.
Dá -se a causa o valor de R$ 58.492,21.
Pede deferimento.
Florianó polis/SC, 11 de dezembro de 2019.
Advogado
OAB/SC

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