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CENTRO UNIVERSITÁRIO CASTELO BANCO

CURSO DE DIREITO

ESTÁGIO DE PRÁTICA JURÍDICA (NPPJ)

10º PERÍODO

ALAN MARTINS SOSSAI


DAVI FIORIN DA SILVA
ISABELA DIAS LUCHI
LUANA PIFFER FERRI
PEDRO JOSÉ MARIM GÓDIO CÔCO

CONFECÇÃO DE MANDADO DE INJUNÇÃO

COLATINA

2022
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL

Joana Augusta – qualificação – (nacionalidade), (estado civil), enfermeira, (endereço),


portadora de carteira de identidade número … e inscrita no CPF/MF sob o número …,
por seu advogado que firma a presente (procuração anexada), com escritório para
recebimento de intimações em…, endereço eletrônico…, vem à presença de Vossa
Excelência, respeitosamente, impetrar o presente MANDADO DE INJUNÇÃO em face
do Exmo. Sr. Presidente da República, nos termos do artigo 5º, inciso LXXI, da
Constituição Federal e da Lei 13.300/16, pelas razões a seguir aduzidas:

1. DOS FATOS

A impetrante laborou, durante vinte e seis anos, como enfermeira do quadro do hospital
universitário ligado a determinada universidade federal, mantendo, no desempenho de
suas tarefas, em grande parte de sua carga horária de trabalho, contato com agentes
nocivos causadores de moléstias humanas bem como com materiais e objetos
contaminados. Com base no § 4º do art. 40 da Constituição Federal de 1988, a
enfermeira requereu administrativamente sua aposentadoria especial.

No dia 30 de novembro de 2008, a impetrante recebeu notificação de que seu pedido


havia sido indeferido, tendo a administração pública justificado o indeferimento com
base na ausência de lei que regulamente a contagem diferenciada do tempo de serviço
dos servidores públicos para fins de aposentadoria especial, ou seja, sem uma lei que
estabeleça os critérios para a contagem do tempo de serviço em atividades que possam
ser prejudiciais à saúde dos servidores públicos, a aposentadoria especial não poderia
ser concedida.

Para a Administração Pública, portanto, a impetrante deveria continuar em atividade até


completar o tempo necessário para a aposentadoria por tempo de serviço. Entretanto, a
mora legislativa não pode impedir a impetrante de gozar de direito fundamental previsto
na Constituição Federal, como abaixo se passa a expor.

2. DO DIREITO

2.1. PRELIMINARMENTE

a) Competência para julgamento


A competência para processar e julgar o mandado de injunção é determinada de acordo
com a autoridade responsável pela edição da norma faltante.

No caso, tratando-se de ato omissivo de autoridade submetida à jurisdição do Supremo


Tribunal Federal (vale dizer, do Presidente da República, ex vi do art. 61, § 1º, II, “c”,
da CF), ao STF cabe processar e julgar originariamente o mandado de injunção, por
força do art. 102, I, “q”, da Constituição Federal.

b) Legitimidade ativa e passiva

Todo aquele que tiver sua esfera jurídica atingida pela omissão legislativa referente à
nacionalidade, à soberania e à cidadania é legitimado ativo para a propositura de
mandado de injunção, conforme o art. 3º da Lei 13.300/16. É o caso da impetrante, que
não pode gozar do direito constitucional à aposentadoria especial diante da ausência de
norma jurídica que regulamente o disposto no art. 40, § 4º, III, da CF. Não há dúvidas,
portanto, quanto à legitimidade ativa. Por outro lado, a legitimidade passiva no MI é da
autoridade responsável pela edição do ato normativo faltante, aquela que se encontra
omissa, de acordo com o art. 3º da Lei 13.300/16.

Dessa forma, o Presidente da República deve ocupar o polo passivo da presente


impetração, já que é dele a iniciativa privativa dos projetos de lei que disponham sobre
aposentadoria dos servidores públicos da União (art. 61, § 1º, II, “c”, da CF).

2.2. MÉRITO

O art. 40, § 4º, III, da CF, é claro ao possibilitar a adoção de critérios diferenciados para
a aposentadoria dos servidores públicos cujas atividades são exercidas sob condições
especiais. Confira se a redação do dispositivo:

“Art. 40. (…) § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios


diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos
pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos
definidos em leis complementares, os casos de servidores: (…)
III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física. ”
Ocorre que esses critérios ainda não foram definidos em lei, uma vez que o Presidente
da República se encontra omisso em iniciar o processo legislativo referente ao tema,
obrigação constitucional que lhe foi imposta pelo art. 61, § 1º, II, “c”, da CF, como
abaixo se lê:
Art. 61, § 1º – São de iniciativa privativa do Presidente da
República as leis que: (…) II – disponham sobre: (…) c)
servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico,
provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; A omissão
do Presidente da República em regulamentar o disposto no art.
40, § 4º, III, da CF é irrazoável, pois já que se passaram anos
sem que o projeto de lei fosse remetido ao Congresso Nacional.
Por outro lado, o direito à aposentadoria especial já foi assegurado aos filiados ao
Regime Geral de Previdência Social, na forma do art. 57, caput, e § 1º, da Lei
8.213/2009, que assim regulou a matéria:

Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida


a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado
sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e
cinco) anos, conforme dispuser a lei. § 1º A aposentadoria
especial, observado o disposto no art. 33 desta Lei, consistirá
numa renda mensal equivalente a 100% (cem por cento) do
salário de benefício.
No caso em análise, a impetrante já laborou durante vinte e seis anos em condições
especiais para o Regime Próprio de Previdência Social, tempo que a legitimaria a
requerer aposentadoria especial na forma do art. 57 da Lei 8.213/1991, caso estivesse
filiada ao Regime Geral de Previdência Social.

Por isso, visando assegurar o disposto no art. 40, § 4º, III, da CF, deve-se aplicar ao
caso, por analogia, as normas do art. 57, caput e § 1º da Lei 8.213/1991, declarando-se o
direito à aposentadoria especial da impetrante.

3. DO PEDIDO

Por todo o exposto, a impetrante requer que seja:

• notificado Presidente da República sobre o conteúdo da petição inicial, devendo-lhe


ser enviada a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no
prazo de 10 (dez) dias, preste informações (art. 5º, I, da Lei 13.300/16);

• dada ciência do ajuizamento da ação à União, representada pela Advocacia-Geral da


União, devendo-lhe ser enviada cópia da petição inicial, para que, querendo, ingresse no
feito. (art. 5º, II, da Lei 13.300/16);

• ouvido o Ministério Público, após a apresentação das informações, em 10 (dez) dias


(art. 7º da Lei 13.300/16);
• reconhecida a omissão inconstitucional do Presidente da República em iniciar o
processo legislativo na forma do art. 61, § 1º, II, “c”, da CF, a fim de que seja concedida
a ordem de injunção coletiva para:

• (i) ser determinado prazo razoável para que o Presidente da República promova a
edição da norma regulamentadora;

• (ii) seja suprida a omissão normativa garantindo-se a efetividade do direito por meio
da aplicação direta da Lei 8.213/1991. (Art. 8º, I e II, da Lei 13.300/16)

Por fim, declara que a procuração de seu advogado, bem como as provas necessárias à
configuração de seu direito à aposentadoria especial encontram-se anexadas à petição
inicial.

Dá à causa o valor de R$ … (valor por extenso)

Termos em que pede deferimento,

Local …, data … .

Advogado …

OAB nº …

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