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Análise Crítica e Sintética ADI 6.

342 e do Despacho/STF – MP 927

ADI – ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo PDT (Partido Democrático de Direito)

O Partido crê que existem incompatibilidades entre artigos da Medida Provisória n 927/20 e a
CF/88, ou seja, artigos incompatíveis com a própria Constituição do país.

Na mesma síntese, tem-se o parecer da OAB, de seu conselho federal, que se encontra em
Brasília, que esbanja o maior inconformismo pela MP 927/20, que teria por objetivo
disponibilização de medidas trabalhistas no enfrentamento de calamidade pública.

Calamidade pública foi reconhecida pelo Decreto Legislativo n 6 de 20/03/20 que assim
dispõe:

Reconhece, para os fins do art. 65 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, a


ocorrência do estado de calamidade pública, nos termos da solicitação do Presidente da
República encaminhada por meio da Mensagem nº 93, de 18 de março de 2020.

Para o Parecer da OAB tal decreto restringe-se a temas e normas de natureza orçamentaria e
não trabalhista, não podendo, portanto, ser usado como clausula de abertura para atos de
exceção, gerando danos jurídicos e sociais aos trabalhadores.

O Parecer compreende a MP 927 como uma “nostalgia á ditadura”, por colocar em risco a
liberdade e direitos do pais.

Em que pese o Parecer da OAB revele uma desarmonia total (ou seja, de todos os artigos) da
MP com os princípios do direito do trabalho, a ADI ajuizada pelo PDT tratou da
incompatilidade de muitos, mas não todos os artigos da MP 927/20.

Os artigos indicados pela ADI que estariam que violam garantias mínimas, como a total
desconformidade com o art. 7 da CF e art. 62 paragrafo 1, III da CF:

Art. 7 - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:

        I -  relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa,
nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre
outros direitos;

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar


medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso
Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
III - reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Os arts. Mencionados como violados pela ADI são:
Art. 2º  Durante o estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º, o empregado e o empregador
poderão celebrar acordo individual escrito, a fim de garantir a permanência do vínculo empregatício,
que terá preponderância sobre os demais instrumentos normativos, legais e negociais, respeitados os
limites estabelecidos na Constituição.

Para a ADI, este artigo contraria os incisos VI e VII do art. 7 da CF/88, que dizem ser
irredutíveis os salários, salvo convenção coletiva ou acordo coletivo:

VI -  irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;

 VII -  garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem


remuneração variável;

E também, que viola o inciso XXVI do art. 7, já que “a liberdade do prestador de


serviços, especialmente em época de crise, quando a fonte do próprio sustento sofre
risco, há de ser preservada, desde que não implique, como consta na clausula final do
artigo, a colocação em segundo plano de garantia constitucional.” Contudo o art. 2 da
MP não coloca em segundo plano a vontade do trabalhador, sendo que afronta o
dispositivo da lei maior que versa sobre o reconhecimento das convenções e acordos
coletivos de trabalho, formalizado por sindicato profissional e econômico:
XXVI -  reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

Em contrapartida, o Parecer da OAB é mais rigoroso em desapreciar a MP quando diz


que, de acordo com este artigo, o empregador passara a ter maior poder nas relações
de trabalho, em matérias necessariamente do âmbito coletivo (convenções e acordos);
ou seja, que a celebração de acordos individuais sera prejudicial ao trabalhador uma
vez que caminhariam para uma diminuição de salario e aumento de jornada, sem
prévio entendimento entre empregados e empregadores e seus representantes
sindicais.
Tal dispositivo estaria diretamente atrelado ao art. 30 da MP que tem por viés a
prorrogação de convencaoes e acordo coletivos de trabalho quando necessários.
Portanto, de acordo com o parecer, o principio da irrenunciabilidade estaria sendo
violado, já que não se pode imputar medidas prejudiciais ou inferiores aos
trabalhadores.
Nesse sentido violaria os arts. 7, IV, X, XIII, XIV e XXVI da CF:
  IV -  salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde,
lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

  X -  proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XIII -  duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou
convenção coletiva de trabalho;

   XIV -  jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de


revezamento, salvo negociação coletiva;

  XXVI -  reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

E art. 8, III e VIII também da CF/88:


Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria,
inclusive em questões judiciais ou administrativas;
VIII - e vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da
candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que
suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos
da lei.

Além do mais, o decreto alega violação ao art. 4 da Convenção n 98 da OIT que assim
dispõe:

Art. 4 — Deverão ser tomadas, se necessário for, medidas apropriadas às condições nacionais,
para fomentar e promover o pleno desenvolvimento e utilização dos meios de negociação
voluntária entre empregadores ou organizações de empregadores e organizações de
trabalhadores com o objetivo de regular, por meio de convenções, os termos e condições de
emprego.

Art. 3 da MP 927/20
Art. 3º  Para enfrentamento dos efeitos econômicos decorrentes do estado de calamidade pública e para
preservação do emprego e da renda, poderão ser adotadas pelos empregadores, dentre outras, as
seguintes medidas:

VI - a suspensão de exigências administrativas em segurança e saúde no trabalho;

Em que pese o Parecer da OAB não mencionar diretamente sobre o tópico, é nítida seu
desconformemente com tal preceito elencado já que trata de desburocratização de
serviços relacionados a exigências administrativas em segurança e saúde no trabalho,
pois podem gerar clima de tensão entre as partes relacionadas.
Da mesma forma, a ADI aborda o tema como sendo inconstitucional.
Exemplos de problemas que podem ser gerados pela suspensão de exigências
administrativas em segurança e saúde no trabalho:

Art. 8 caput e parágrafo único da MP

Art. 8º  Para as férias concedidas durante o estado de


calamidade pública a que se refere o art. 1º, o empregador
poderá optar por efetuar o pagamento do adicional de um
terço de férias após sua concessão, até a data em que é
devida a gratificação natalina prevista no art. 1º da Lei nº
4.749, de 12 de agosto de 1965.

Parágrafo único.  O eventual requerimento por parte do


empregado de conversão de um terço de férias em abono
pecuniário estará sujeito à concordância do empregador,
aplicável o prazo a que se refere o caput.

A ADI requer a inconstitucionalidade desse artigo, trazendo como impasse o inciso XVII
do art. 7 da CF:
  XVII -  gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o
salário normal;

Tal preceito constitucional propõe que o gozo de férias anuais vise recuperação de
forças pelo prestados de serviços, ou seja, o empregado.
Contudo, a própria redação da ADI alega que o direito do preceito constitucional não
foi violado, sendo que a MP não afasta o direito das férias e nem o gozo destas de
forma remunerada com o adicional de 1/3. Diz que a MP apenas tenta equilibrar o
setor econômico-financeiro projetando o pagamento do adicional até a data limite da
gratificação natalina.
Ou seja, não se pode indagar intensão inconstitucionalidade do artigo da MP; inclusive,
sequer mencionado pelo Parecer da OAB.
Art. 13 da MP
Tal artigo, que diz respeito sobre o aproveitamento e antecipação de feriados, é
considerado um ato lesivo pelo Parecer da OAB mas não pela ADI.

Art. 13.  Durante o estado de calamidade pública, os


empregadores poderão antecipar o gozo de feriados não
religiosos federais, estaduais, distritais e municipais e deverão
notificar, por escrito ou por meio eletrônico, o conjunto de
empregados beneficiados com antecedência de, no mínimo,
quarenta e oito horas, mediante indicação expressa dos
feriados aproveitados.

§ 1º  Os feriados a que se refere o caput poderão ser


utilizados para compensação do saldo em banco de horas.

§ 2º  O aproveitamento de feriados religiosos dependerá de


concordância do empregado, mediante manifestação em
acordo individual escrito.  

Quais os feriados não religiosos?


Os feriados religiosos como o Corpus Christi, o empregado ainda deve concordar ou
não.
O Parecer entende que a antecipação de férias e feriados, considerando a
permanência domestica compulsória e com postergação de pagamentos, não pode ser
considerado estar em pleno gozo do descanso anual do art. 7 XVII da CF, já que a
recomposição de energias e desfrute de atividades de lazer não pode ser comparada
ao isolamento social recomendada nas atuais circunstancias do pais.
Art. 14 da MP
Embora ambos preceitos (Parecer e ADI) indiquem que o artigo é inconstitucional ä
Constituição, há contradição quanto a interpretação dada ao artigo pela ADI, já que
indica serem aceitável e razoável os caput do art. 14 da MP e seu parágrafo 1,
respectivamente.
Entretanto, o problema estaria no parágrafo segundo do artigo 14, quando diz que a
compensação do saldo de horas poderá ocorrer indepentemente de acordo coletivo
ou individual; ou seja, entra em conflito com o disposto no art. 7, XIII da lei maior que
diz que a compensação e redução da jornada só pode ser feita mediante acordo ou
convenção coletiva, sendo impossível realiza-las por acordo individual.
Da mesma forma o Parecer da OAB interage no assunto, só que forma mais especifica.
Alega haver nítido abuso em desfavor do empregado já que, sem um acordo ou
convenção coletiva, os empregadores poderão estipular meios a seu favor para
compensar o tempo de serviço perdido; e então, fragilizar os empregados que terão
um saldo enorme no bando de horas, ou seja, terá muitas horas extras para repor em
ate 18 meses, após o termino da calamidade publica.
Violação do art. 7, XIII da CF:
  XIII -  duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou
convenção coletiva de trabalho;

Art. 15 da MP
Para este artigo, o partido que propôs a ADI demonstrou que a “”suspensão na
obrigatoriedade de realização de exames médicos ocupacionais, clínicos e
complementares, exceto para efeito de demissão”, conforme rediz o art. 14 da MP, não
estaria em desconformidade com a CF/88, que nada fala explicitamente sobre a
questao; porém, estaria violando normas ordinárias de proteção do trabalho.
Sobre esse artigo, a ADI solicita a suspensão, porem afirmou que prevalece o bom
senso quanto a sua matéria devido ao estado de calamidade publica.
No decorrer dos seus parágrafos, achou razoável e proporcional as atribuições feitas
na MP para que os exames suspensos sejam realizados em 60 dias após o
encerramento do estado de calamidade (paragrafo 1); que os exames poderão ser
realizados durante o estado de calamidade em caso de indicação por medico
coordenador (paragrafo 2); e que, se o exame medico ocupacional tiver sido feito em
menos de 180 dias, poderá ser usado para efeitos de demissão.
Contudo, para o Conselho Federal a MP não foi nem um pouco feliz.
Conforme o Parecer, o tema de saúde e segurança é imprescindível no direito do
trabalho, pois pode afetar drasticamente a integridade física e moral dos
trabalhadores; e, também, a adequação da fiscalização das condições de trabalho.
Nessa partida, o Parecer indica outros 4 artigos, além do art. 15 (art. 16,17,29 e 31) da
MP que violam garantias básicas a saúde e segurança dos trabalhadores.
Mais especificamente, o Parecer aborda que, áreas de saúde ou de fornecimento,
como combustíveis, energia, transporte e outras atividades indispensáveis, terão suas
garantias básicas suprimidas, já que haverá necessidade de manutenção do trabalho
presencial em inúmeros setores, por conta da essencialidade de diversos serviços
devido a calamidade atual.
É de extrema importância para o monitoramento da saúde desses profissionais
essenciais

Art. 16 da MP
Ligado ao artigo anterior, este, por sua vez, trata da suspensão de treinamentos
periódicos e eventuais.
Para a ADI, há necessidade de que isso ocorra por conta da situacao critica de
calamidade, entretanto, deve-se ter muito cuidado.
Por outro lado, no Parecer, a suspensão de exames médicos ocupacionais e dos
treinamentos relativos a saúde e segurança, irá gerar uma carga excessiva de riscos.
Não comentado por nenhum dos preceitos jurídicos, mas a questão torna-se um pouco
duvidosa quando se trata do parágrafo 2 deste artigo da MP, já que diz que os
treinamentos poderão ser realizados na modalidade de ensino a distância, cabendo ao
empregador observar os conteúdos práticos de modo a garantir que as atividades
sejam feitas com segurança. Mas e como ficariam os profissionais que conduzem
máquinas nas empresas? Como será feito esse treinamento?

Art 17 da MP
Ainda que não indicado como inconstitucional pela ADI, e apenas indicado como
violado – mas não explicado – pelo parecer, o artigo assim preceitua:
Art. 17.  As comissões internas de prevenção de acidentes poderão ser mantidas até o encerramento do
estado de calamidade pública e os processos eleitorais em curso poderão ser suspensos. 
Art. 26 da MP

Art. 26.  Durante o de estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º, é
permitido aos estabelecimentos de saúde, mediante acordo individual escrito, mesmo
para as atividades insalubres e para a jornada de doze horas de trabalho por trinta e
seis horas de descanso:

I - prorrogar a jornada de trabalho, nos termos do disposto no art. 61 da


Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1943; e

II - adotar escalas de horas suplementares entre a décima terceira e a vigésima


quarta hora do intervalo interjornada, sem que haja penalidade administrativa,
garantido o repouso semanal remunerado nos termos do disposto no art. 67 da
Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1943.

Art. 61 - Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a duração do trabalho exceder do limite


legal ou convencionado, seja para fazer face a motivo de força maior, seja para atender à
realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo
manifesto.

Art. 67. É assegurado a todo empregado um repouso semanal remunerado de vinte e quatro
horas consecutivas, preferencialmente aos domingos. (Redação dada pela Medida Provisória
nº 905, de 2019)

ADI – alega que não há conflito com a CF/88 o fato de haver jornada 12x36 mediante
acordo individual; mas vai ser submetido tao condição ao TST, que vai dizer se pode ou
não ser feito mediante acordo individual, dispensando o instrumento coletivo.
A ADI, inclusive, entende que não há como concluir que o artigo e seus incisos
estariam em conflito com a lei maior (CF/88), mas, mesmo assim pede a sua
suspensão.
O decreto de nada diz sobre o artigo, mas é imperioso ressaltar que o TST já decidiu
quanto a jornada 12x36, em sua Sumula 444.
De acordo com a Súmula n° 444 do TST, é válida, em caráter excepcional, a jornada de
12x36 (doze horas de trabalho e 36 de descanso), prevista em lei ou ajustada
exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de
trabalho, assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados .
O que, portanto, ocorre: o art. 7, XIII, da CF/88, permite a flexibilização da jornada de
trabalho por meio de negociação coletiva (mas não diz nada sobre acordo individual);
na jornada de 12x36 existe a efetiva compensação de horas (total de 180 horas
mensais, mais favorável do que o limite constitucional de 220 horas (?)); pela Sumula
444 do TST, a jornada especial não pode ser imposta e só poderá ser adotada por
meio de negociação coletiva; e se reconhecida a validade do regime, não poderá haver
pagamento das horas posteriores a 10 hora diária – tendo como limite a 12 hora diária
– como extraordinárias.

Arts. 27 e 28 da MP

Não suplicados pelo Parecer da OAB, mas indicados como incompatíveis pela ADI.
Entretanto, é estranho notar que, a ADI revela que tais artigos da MP estão diante da
norma que visa atender a situacao de emergência e que estariam, portanto, em
perfeita razoabilidade.

ART. 29 DA MP

Art. 29.  Os casos de contaminação pelo coronavírus (covid-19) não serão considerados ocupacionais,
exceto mediante comprovação do nexo causal.

Preceito bastante conflitante.


Para o partido, não que seja novidade em seu parecer, o artigo foi considerável ao
ditames constitucionais; mas mesmo assim foi requerida a sua suspensão.
Em contrapartida, o parecer da ordem foi bem claro em suas atribuições.
Como entender que, a contaminação do corona vírus ocasionada por conta da
prestação de serviços de trabalhos essenciais, pode ser descaracterizado como doença
ocupacional?
Como entender que, se aqueles trabalhadores essenciais, como motoristas que estão
propiciando provimento essencial para aqueles em isolamento residencial, se
infectarem pelo Codvid-19, sequer terão garantia (estabilidade) de trabalho, salvo se
comprovarem o nexo de causalidade?
É um tanto pouco contraditório, já que a contaminação seria derivada,
especificamente, em decorrência do trabalho.
A recente decisão do STF, asseverou conforme a CF/88, que a responsabilidade é
objetiva do empregador por danos decorrentes de doenças ocupacionais nos casos de
exposição a riscos inerentes ä atividade executada pelo trabalhador.
A tese definida foi que o art. 927, parágrafo único, do CC seria compatível com o art. 7,
inciso XXVIII da CF/88, sendo, portanto, constitucional a responsabilidade objetiva do
empregador por danos decorrentes de acidentes de trabalhos dos casos específicos
em lei ou quando a atividade desenvolvida apresentar, por ser de sua natureza,
exposição habitual a riscos, com potencialidade lesiva que implique ao empregado um
ônus maior do que as demais atividades da coletividade.
Assim definem os artigos da CF/88 e do CC:
  Art. 7, XXVIII  -  seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

Art. 927, paragrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa,
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Responsabilidade objetiva, portanto, é quando o trabalhador que atua em atividade de


risco tem direito ä indenização em razão de danos decorrentes de acidente,
independentemente da comprovação de culpa ou dolo do empregador.
E Responsabilidade subjetiva é aquela em que é necessária a comprovação da conduta,
do dano, do nexo causal, e culpa do agente. Ou seja, o causador do dano só será
responsabilizado se ficar caracterizado como culpado.
Conclusão: a MP 927/20 entendeu que, nos casos de contaminação pelo Codvirus-19,
a vítima terá que proceder uma desafiadora comprovação do nexo de causalidade, ou
seja, estaria adstrita a responsabilidade subjetiva e não a objetiva.
Ocorre que, a regra é a aplicação da responsabilidade subjetiva, ou seja, a
comprovação de culpa.
Inclusive, nos casos de danos ä saúde dos trabalhadores decorrentes de acidentes do
trabalho, cabe a responsabilidade subjetiva, baseada na culpa do agente, preceituado
no art. 7, XXVIII da CF.
Ou seja, para o parecer da OAB é um absurdo que a contaminação do corona vírus seja
caracterizada como responsabilidade subjetiva; mas para a CF/88, decisão recente do
Plenário do STF (12/03/20), e outros dispositivos, caracteriza-se responsabilidade
objetiva do empregador por danos decorrentes de doenças ocupacionais nos casos de
exposição a riscos inerentes a atividade executada pelo trabalhador.
Contudo, uma doença (corona vírus), pode ser equiparada a uma doença ocupacional,
sendo que ela é inevitável?
Art. 31 da MP
Art. 31.  Durante o período de cento e oitenta dias, contado da data de entrada em vigor desta Medida
Provisória, os Auditores Fiscais do Trabalho do Ministério da Economia atuarão de maneira
orientadora,(...)
Vê-se que em ambos os preceitos (ADI e Parecer da OAB) não há identificação de
incompatibilidade com a CF/88; mas o Conselho Federal da OAB entendeu como uma
afronta as relações de fiscalização do trabalho, já que haverá redução na atuação de
empresas infratoras e tal consequência atinge, diretamente, as relações de trabalho,
havendo desproteção de trabalhadores em diversas categorias.
Portanto, a exclusão da carreira dos auditores discais do trabalho do rol de atividades
essenciais, levaria a ineficácia de condições dignas de trabalho; e isso sim afrontaria a
CF/88.
A proposta do Partido, está a suspenção do referido artigo,pois restringe a atuação de
auditores fiscais do trabalho, porem pela única explicação de que colocaria a
fiscalização em segundo plano; não informando qual dispositivo da lei maior estaria
sendo violado.

Art. 36 da MP
Propõe a validação de todos os atos de natureza trabalhista dos trabalhadores, que
não são contrários aos apresentados na MP, ocorridos 30 dias antes da entrada em
vigor desta MP, ou seja, quando já existir quadro preocupante, na ótica da saúde
publica.
O parecer da OAB deixa claro que, a MP tanta por subtrair direitos adquiridos e atos
jurídicos, violando o art. 5 XXXVI da CF/88, que diz que a lei não prejudicará o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

A ADI é confusa. Porque requerer a suspensão de artigos da MP que considera


compatíveis com a CF/88?
Mostra que o partido não tem conhecimento e não fazem abordagens de leis, normas
e princípios.
(sendo que se trata de uma ADI = acao direta de inconstitucionalidade, ou seja,
incompatibilidade com a CF)

Despacho/STF
A recente decisão do STF, asseverou conforme a CF/88, que a responsabilidade é
objetiva do empregador por danos decorrentes de doenças ocupacionais nos casos de
exposição a riscos inerentes ä atividade executada pelo trabalhador.
A tese definida foi que o art. 927, parágrafo único, do CC seria compatível com o art. 7,
inciso XXVIII da CF/88, sendo, portanto, constitucional a responsabilidade objetiva do
empregador por danos decorrentes de acidentes de trabalhos dos casos específicos
em lei ou quando a atividade desenvolvida apresentar, por ser de sua natureza,
exposição habitual a riscos, com potencialidade lesiva que implique ao empregado um
ônus maior do que as demais atividades da coletividade.
Assim definem os artigos da CF/88 e do CC:
  Art. 7, XXVIII  -  seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

Art. 927, paragrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa,
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

A mudança na redação foi em relação a palavra “permanente” (antiga redação); a qual


foi substituída pela “habitualidade”. A troca ocorreu pois a primeira palavra tinha um
carácter mais pejorativo, sendo que excluiria a proteção dos trabalhadores que
sofressem a uma exposição esporádica, sazonal ou constante.
A substituição pelo termo “habitual” excluiria a excepcionalidade, mas não exigiria que
ocorra todos os dias.
Essas foram as conclusões aderidas pela maioria do Plenário do STF.

Aluna: Julianna Anjos Miro


RA: 4702010014

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