Você está na página 1de 3

AO JUÍZO DE DIREITO DA XXX VARA CÍVEL DA COMARCA DE Y/SP

TERESA, estado civil, nacionalidade, servidora pública municipal, residente e


domiciliada à Rua XXX, nº XXX, Bairro XXX, Cidade de XXX, Estado XXX, endereço
eletrônico XXX, por intermédio do advogado in fine assinado, nos termos do art. 77, V do
CPC, com fulcro no art. 5º, LXXI da CRFB/88 e na Lei nº 13.300/16, impetrar MANDADO
DE INJUNÇÃO em face de ato omissivo do Prefeito da Cidade Y, que poderá ser
encontrado na rua XXX, nº XXX, bairro XXX, Cidade Y/SP, e o município Y.

I – DOS FATOS

A Impetrante exerce, há 16 anos, atividade profissional em estação de tratamento de


esgoto, submetendo-se à exposição constante a agentes nocivos à saúde. Recebe, assim
como todos aqueles que trabalham nesta função, adicional por insalubridade, uma vez que
mantém no desempenho de suas tarefas, em grande parte de sua carga horária de trabalho,
contato com agentes nocivos causadores de moléstias humanas bem como com materiais e
objetos contaminados.

Ao ser informada de que poderia obter a aposentadoria especial prevista no §4º-C do art.
40 da Constituição Federal que dispõe que poderão ser estabelecidos por lei complementar
do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados para
aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a
substâncias prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por
categoria profissional ou ocupação, a Impetrante requereu administrativamente sua
aposentadoria, tendo a administração pública indeferido o pedido com base na ausência de
lei complementar que regulamente a contagem diferenciada do tempo.

Saliente-se que a própria Lei Orgânica do Município também prevê que compete ao
prefeito apresentar proposta de Lei Complementar para regular o exercício do direito à
aposentadoria especial dos servidores públicos municipais, efetivando-se, assim, o direito
previsto na Constituição Federal como acima exposto, a tal benefício:

Lei orgânica do Município Y.


Art. 51 - Compete, exclusivamente, ao Prefeito a iniciativa dos
projetos de lei que disponham sobre:
(...)
III - regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e
aposentadoria dos servidores.

TERESA, portanto, não pode exercer o direito fundamental à aposentadoria especial em


razão da falta da lei que a regulamente, o que enseja a propositura do mandado de injunção
ora impetrado.

II – DO DIREITO
(a) CABIMENTO

Na forma do art. 5º, LXXI, da CRFB/88, que o mandado de injunção é o remédio


constitucional responsável pela defesa em juízo de direito fundamental previsto na
Constituição ainda pendente de regulamentação.

Nesse sentido, dispõe o art. 2º da Lei nº 13.303/16 que conceder-se-á mandado de


injunção sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania.

De acordo com o art. 40, §4º-C da CRFB/88, poderão ser estabelecidos por lei
complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados
para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a
agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes,
vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação.

O remédio ora em análise foi impetrado em face de ato omissivo do Prefeito da cidade
Y, tendo em vista a matéria relativa à aposentadoria de servidores é de sua iniciativa
privativa, na forma do art. 51, III, da Lei Orgânica do Município.

Ademais, compete ao Juízo de Direito das Comarcas correspondentes processar e julgar


originariamente o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora
for atribuição do Prefeito da Cidade.

(b) DA OMISSÃO INCONSTITUCIONAL

Até 2007, o STF adotava a posição não concretista geral e de acordo com esse
entendimento, em nome da separação entre os poderes (art. 2º, da CRFB/88), o Poder
Judiciário não poderia suprir a omissão da norma faltante, tampouco fixar prazo para o
legislador elaborar a lei, restando a sentença produzir efeito apenas para declarar a mora
legislativa.

Desde 2007, entretanto, o STF vem mudando de entendimento e tem adotado posições
concretistas, aplicando por analogia leis já existentes para suprir a omissão normativa, ora
atribuindo efeitos subjetivos erga omnes, ora inter partes.

No que toca especialmente à ausência da Lei Complementar anunciada pelo §4º-C do art.
40 da CRFB/88, a Corte tem aplicado a Lei nº 8.213/91, no que couber, até que seja suprida
a referida omissão inconstitucional.

Apesar de todo o avanço jurisprudencial, a Lei nº 13.300/16, no art. 8º, adotou posição
mais conservadora (concretista intermediária) sobre a decisão do Mandado de Injunção.

Senão vejamos:

Art. 8º Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para:

I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma


regulamentadora;
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou
das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado
promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no
prazo determinado.

Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I


do caput quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de
injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.

III – DO PEDIDO E DOS REQUERIMENTOS

Ante todo o exposto, requer-se:

a) a notificação da autoridade omissa no endereço fornecido na inicial, para que, querendo,


preste as informações que entender pertinentes ao caso;

b) a ciência do ajuizamento da ação ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica


interessada;

c) a intimação do representante do Ministério Público;

d) a condenação do Impetrado em custas processuais;

e) que o pedido seja ao final julgado procedente para que o Tribunal estabeleça o prazo
razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora;

f) a juntada de documentos.

Valor da causa de acordo com o art. 391, V do CPC/15

Nesses termos.
Pede deferimento.

Local XXX E DataXXX

Advogado XXX
OABXXX

Você também pode gostar