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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL

DE JUSTIÇA.

URGENTE
________

Lúcia, casada, servidora pública federal, inscrita no CPF sob nº


XXX.XXX.XXX-XX , RG nº XXXXXXX, residente e domiciliada
em ..., endereço eletrônico..., vem à Augusta presença de Vossa
Excelência, por meio do seu Advogado, infra assinado, impetrar o
presente:

MANDADO DE SEGURANÇA

em face do ato emanado pelo Ministro de Estado, cujas atividades são


vinculadas à União Federal, com endereço para intimações em
________ , em ________ , nº ________ , na cidade de ________ ,
________ , ________ , pelos fundamentos jurídicos a seguir
dispostos.

BREVE SÍNTESE DOS FATOS


O Impetrante é servidora pública federal estável e busca a nulidade de ato
administrativo eivado de ilegalidade pois não foi notificada sobre o relatório concluindo pela
aplicação da pena de demissão ou a nomeação de qualquer pessoa que pudesse realizar a sua
defesa.
O Impetrante requereu administrativamente a revisão do ato administrativo,
obtendo a negativa nos seguintes termos:
Demitida por abandono de cargo, após processo administrativo disciplinar por rito

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sumário, em razão de haver se ausentado do serviço por mais de trinta dias consecutivos, no
período entre 15/02/2017 e 05/04/2017.
No entanto, em 20/08/2016, formalizou o pedido de licença por motivo de
afastamento de seu cônjuge, Antônio, professor concursado de uma universidade pública
federal, que, no interesse da Administração, foi deslocado para Alemanha para cursar pós-
doutorado, a se dar início em 20/01/2017.
Apesar de insistentes tentativas para a apreciação do seu pedido de licença, não
obteve nenhuma resposta. Porém, não podendo ficar mais no País, devido ao início do ano
letivo na Alemanha em 15/02/2017, a impetrante afirma que comunicou aos seus superiores o
novo endereço e telefones de contato. Contudo foi surpreendida por uma colega sobre a
emissão da portaria contendo a sua demissão.
Trata-se de ato ilegal da autoridade coatora, caracterizando o direito líquido
e certo do Impetrante, devendo ser concedida a segurança para a anulação da demissão e a
reintegração da servidora no quadro de funcionários permanentes.

CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA E DA PROVA PRÉ-


CONSTITUÍDA
Diante da inequívoca ilegalidade do ato administrativo, deveria a própria
Administração Púbica rever seus próprios atos (Súmula 473 do STF), o que, apesar de ser lhe
dada a oportunidade para tanto, negou o pedido do Impetrante.
Todavia, diante de sua inércia, por força do princípio da inafastabilidade da
jurisdição (artigo 5º, XXXV), cabe ao Judiciário a revisão do ato quando eivado de
ilegalidade ou abuso de poder.
Nesse sentido, o Artigo 5º, LXIX, da Constituição da República Federativa do
Brasil (CF/88) estabelece que:
"LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
no exercício de atribuições do Poder Público."

Em outras palavras, o mandado de segurança é um remédio constitucional de


natureza residual aplicado quando direito líquido e certo é ameaçado (Mandado de Segurança
Preventivo) ou violado (Mandado de Segurança Repressivo) por ilegalidade ou abuso de
poder de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica exercendo atribuições do Poder
Público. Entende-se por direito líquido e certo “aquele que não precisa ser apurado, em

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virtude de estar perfeitamente determinado, podendo ser exercido imediatamente, por ser
incontestável e por não estar sujeito a quaisquer controvérsias”. (DINIZ, 2005, p. 39). Não
exige dilação probatória, a prova documental pré-constituída é suficiente para comprovar o
dereito.
Isso posto, passa a demonstrar o pleno atendimento aos requisitos do cabimento do
presente mandamus.

DO DIREITO
O devido processo legal, cujas ramificações mais conhecidas são o
contraditório e a ampla defesa, é direito fundamental da impetrante. O Artigo 5º, LV, da
CF/88 estabelece que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados
em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes.”. Desse modo, todo procedimento assim como qualquer ato administrativo deve ser
conduzido com estrita observância das normas constitucionais, sob pena de nulidade.
Os artigos 133 e 140 da Lei 8.112/90 (Regime Jurídico Único dos Servidores
da União) determinam que a Comissão processante deveria ser composta por dois servidores
estáveis e o art. 133, § 2º corrobora que deveria ter sido realizada a adequada indiciação da
Impetrante, com a sua citação para apresentação de defesa.
Nos termos das normas constitucionais e infraconstitucionais citadas, o
processo ocorreu eivados de erros. Conforme pode-se observar nos autos do processo
administrativo disciplinar (PAD), a portaria inaugural constituiu uma comissão irregular, visto
que um dos integrantes ainda estava em estágio probatório, e a Impetrante foi punida com
demissão sem que tivesse sido promovida sua notificação ou a nomeação de um representante
legal o qual pudesse defendê-la. Ademais, Lúcia já havia apresentado, com meses de
antecedência, pedido de licença em razão do afastamento do cônjuge. Nesse sentido, há
impossibilidade de caracterização do animus abandonandi ou da intenção de Lúcia de
abandonar o cargo, na forma do Art. 140, inciso II, da Lei nº 8.112/90, em decorrência da
prova pré-constituída consistente no pedido de licença por motivo de afastamento do cônjuge,
que não foi apreciado pela Administração, a caracterizar, inclusive, abuso de direito, em
decorrência da omissão administrativa.
Assim, fica perfeitamente evidenciado a prova pré-constituída correspondente ao
pedido de licença e a clara inobservância legal, pela Autoridade Coautora, do direito líquido e
certo da Impetrante ao devido processo legal, que lhe garante contraditório e ampla defesa.

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Em síntese, tem-se evidenciado o direito à concessão da ordem:

Direito Líquido e certo: Devido Processo Legal


Ato impugnado - Abuso de direito: demissão ilegal
Prova pré-constituída: pedido de licença por motivo de afastamento
do cônjuge, portaria inaugural que constituiu comissão irregular e o
relatório da comissão
Autoridade coatora: Ministro de Estado vinculado à União Federal.

DOS PEDIDOS
ISTO POSTO, requer-se a Vossa Excelência que:
1. Defira a medida liminar pleiteada, para suspender os efeitos do ato administrativo
impugnado, nos termos do Art. 7º, inc. III da Lei 12.016, determinando ao Impetrado
a imediata anulação da demissão ilegal e a autora seja imediatamente reintegrada ao
cargo federal anteriormente ocupado com todas as vantagens inerentes;
2. A citação do Impetrado, por intermédio de sua representação judicial, para, querendo,
contestar a presente demanda, no prazo legal, sob pena de revelia;
3. Seja concedida a Gratuidade de Justiça nos termos do Art. 98 do Código de Processo
Civil;
4. A designação de audiência prévia de mediação ou conciliação, a ser realizada por esse
juízo;
5. Ao final, conceda a ordem, para confirmar a liminar, se deferida, e declarar a
nulidade do ato administrativo de demissão da Impetrante e determine que ela seja
reintegrada ao cargo federal anteriormente ocupado com todas as vantagens inerentes;
6. Seja o Impetrado, condenado à sucumbência, em fase de cumprimento de sentença, se
favorável, nos termos do Art. 85, § 11, do NCPC, aplicado, subsidiariamente, à Lei
Federal nº 12.016/09.

REQUERIMENTOS:

1. Determine a intimação da Autoridade Coatora para, querendo, responder à presente


demanda.

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2. Determine ao órgão público federal que disponibilize a portaria inaugural que
constituiu a comissão processante, o relatório da comissão no qual consta a demissão e
o pedido de licença da Impetrante por motivo de afastamento do cônjuge, no prazo de
10 dias, pois necessário à prova do alegado nesta inicial, nos termos do Art. 6º, §1º da
Lei 12.690;
3. Seja notificado o órgão público impetrado por meio de sua procuradoria de
representação;
4. Requer que as intimações ocorram EXCLUSIVAMENTE em nome das Advogadas
Ana Beatriz Torres, OAB XXX; Ana Karolina, OAB XXX; Denise Cunha, OAB
XXX; Emanuelly Santiago, OAB XXX; Jessica Jadjiski, OAB XXX; Lucy Beatryz Sá
Monteiro, OAB XXX; Roberta Gaspar, OAB XXX e Yasmim Pereira Cunha
Mescouto, OAB XXX.

Valor da causa: R$ 1.000.


Nestes termos, pede deferimento.

Brasil, 28 de março de 2023.

Ana Beatriz Torres Emanuelly Santiago Roberta Gaspar


OAB – XXX OAB – XXX OAB – XXX

Ana Karolina Jessica Jadjiski Yasmim Mescouto


OAB – XXX OAB – XXX OAB – XXX

Denise Cunha Lucy Beatryz Sá Monteiro


OAB – XXX OAB – XXX

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