INTEGRANTES DA EQUIPE: ANA BEATRIZ TORRES CORREA ANA KAROLINA RODRIGUES DOS SANTOS DENISE WINDSAY SOUZA EMANUELLY KERINY DE SOUZA SANTIAGO JESSICA GABRIELLU JADJISKI LUCY BEATRYZ SÁ MONTEIRO ROBERTA MARQUES GASPAR YASMIM PEREIRA CUNHA MESCOUTO
DADOS GERAIS DO PROCESSO:
N.º DO PROCESSO TJ-PA: 0004471-48.2012.814.0301 N.º DE ORIGEM: 0014866-24.2010.8.14.0301 RECORRENTE(S): ELIENE DOS SANTOS ENVAGELISTA RECORRIDO(S): GRACIOSILA DE CÁSSIA VIRGOLINO WATRIN DATA DO JULGAMENTO: 28/03/2017 DATA DA PUBLICAÇÃO: 12/04/2017
PALAVRAS-CHAVE DA EMENTA
PROF. ELIDA MAMEDE
APELAÇÃO CÍVEL EM AÇÃO DE COBRANÇA – INÉPCIA DA INICIAL AFASTADA – JULGAMENTO COM BASE NA TEORIA DA CAUSA MADURA – COBRANÇA FUNDADA EM CÓPIAS DE NOTAS PROMISSÓRIA – TÍTULO NÃO CAUSAL – AUSÊNCIA DE CARTULARIDADE – IMPROCEDÊNCIA DA PRETENSÃO AUTORAL – ALTERAÇÃO DO FUNDAMENTO DA EXTINÇÃO DO FEITO – RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO – DECISÃO UNÂNIME.
RESUMO DOS FATOS - TEMÁTICA
Trata-se de recurso de apelação interposto por ELIENE DOS SANTOS EVANGELISTA, a qual não restou resignada com a sentença proferida nos autos de Ação de Cobrança ajuizada em face de GRACIOSILA DE CÁSSIA VIRGOLINO, ora apelada. A apelante afirma ser credora da ré na importância de R$ 37.039,03 (trinta e sete mil trinta e nove reais e três centavos), referente a Notas Promissórias vencidas em 14 de janeiro de 2009 e não pagas. O curso da tramitação seguiu até o proferimento da sentença que julgou o processo extinto sem resolução do mérito, sob o entendimento de inépcia da inicial pela ausência de demonstração da obrigação que deu origem à dívida. Irresignado, o autor apresentou recurso de apelação, pugnando pela reforma integral da sentença. A afirmação é de que o crédito cobrado advém de Notas Promissórias vencidas e não pagas, cujas análises incidiram na condenação da apelada ao pagamento do valor cobrado. A apelante afirmou, ainda, que assim restava demonstrada a causa de pedir. A decisão foi mantida e o recurso foi recebido em ambos os efeitos. As partes foram chamadas para acordo e a apelada, intimada para apresentar contrarrazões, já que o feito havia sido extinto por inépcia da inicial, tendo o prazo decorrido in albis. As notas promissórias originais foram furtadas, então foram aceitas as cópias autenticadas. Os documentos anexados comprovaram relação obrigacional entre as partes e o descumprimento por parte da ré. As notas promissórias foram protestadas nos dias 03 e 04 de dezembro de 2009,
PROF. ELIDA MAMEDE
conforme documento em anexo, comprovando, desta forma, a falta de cumprimento da obrigação de pagar firmada nos títulos de crédito. As planilhas de débito em anexo, comprovam o saldo devedor atualizado. A inépcia da inicial foi afastada, o feito manteve condições de julgamento ao ser apresentada contestação e a matéria controversa é unicamente de mérito. Considerando a natureza não causal da Nota Promissória e o Princípio da Cartularidade, a decisão firmou entendimento de que o título apresentado não se presta para a cobrança/execução do débito, uma vez ter sido juntada aos autos cópia do título, afastando a demonstração de sua liquidez, certeza exigibilidade, à mingua da desnecessidade de veiculação da origem do quantum debeatur. Por outro lado, afirma a requerida ter quitado o débito, sem, entretanto, juntar prova. Assim, ante a impossibilidade de utilização dos documentos apresentados como prova do débito, bem como face a alegação de pagamento, a providência tomada foi a de desacolher a pretensão autoral, negando provimento ao recurso de apelação.
RESULTADO JUÍZO A QUO
Em razão do exposto, com amparo dos artigos citados, foi indeferida a petição inicial por inépcia e julgado extinto o processo nos termos do art. 267, I, do C.P.C. Sem ônus da sucumbência em razão da gratuidade processual.
FUNDAMENTOS JUÍZO A QUO
No caso em julgamento, a autora quer receber R$- 37.039,93 por conta de uma relação obrigacional existente entre as partes e não cumprida pela ré. No entanto, não descreve qual foi a relação que deu origem à dívida; não descreveu a causa de pedir. O pedido é certo, mas a causa de pedir (relação obrigacional) não foi informada. Segundo o parágrafo único, I, do art. 295 do C.P.C. a petição inicial que não tenha a causa de pedir é inepta e deve ser indeferida
PROF. ELIDA MAMEDE
RESULTADO JUÍZO AD QUEM Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO DE APELAÇÃO e NEGOLHE PROVIMENTO, alterando a fundamentação da sentença atacada de 267, I do Código de Processo Civil/1973 para art. 487, I, do Código de Processo Civil/2015. É como voto. (Relatora) Acordam Excelentíssimos Senhores Desembargadores, membros da 2ª Câmara de Direito Privado deste Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Pará, em turma, à unanimidade, CONHECER DO RECURSO e NEGAR-LHE PROVIMENTO, nos termos do voto da Excelentíssima Desembargadora- Relatora Maria de Nazaré Saavedra Guimarães.
FUNDAMENTOS JUÍZO AD QUEM
O feito fora extinto por inépcia da inicial por ausência de causa de pedir. A questão deve ser apreciada à luz da Teoria da Asserção, que permite a verificação das condições da ação com base nos fatos narrados na petição inicial, razão pela qual resta afastada a inépcia da inicial, com a análise do feito à luz da Teoria da Causa Madura, corporificada no art. 515, §3° do Código de Processo Civil/1973, que guarda correspondência com o art. 1013, §3° do Código de Processo Civil/2015, uma vez ter sido o feito extinto sem resolução de mérito e ainda estar em condições de imediato julgamento. No caso vertente, depreende-se que a obrigação de pagar funda-se na existência de Notas Promissórias, vencidas e não pagas, emitidas pela ré em favor da requerente. É sabido que a Nota Promissória é título que contém promessa pura e simples de pagamento, emitido por quem promete o pagamento, ou seja, a devedora, ora apelada e, assim, é título de crédito não causal (ou propriamente dito), substancialmente abstrato, de modo que a lei não exige para que tenha validade que seja demonstrada a causa de sua emissão. Ocorre que, considerando a natureza não causal da Nota Promissória e o Princípio da Cartularidade, firmo entendimento de que o
PROF. ELIDA MAMEDE
título apresentado não se presta para a cobrança/execução do débito, uma vez ter sido juntada aos autos CÓPIA DO TÍTULO – quando é necessária a juntada do original –, afastando a demonstração de sua liquidez, certeza exigibilidade, à mingua da desnecessidade de veiculação da origem do quantum debeatur. Assim, ante a impossibilidade de utilização dos documentos apresentados como prova do débito, bem como em face de alegação de pagamento, não resta outra providência senão desacolher a pretensão autoral.