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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2011.0000191649

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0117945-


04.2006.8.26.0000, da Comarca de Jacareí, em que é apelante VICENTINA
MARTINS COSTA sendo apelados SAID MORAES DA SILVA e DELI
ROSA DOS SANTOS.

ACORDAM, em 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de


Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao
recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este
acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores


J.L. MÔNACO DA SILVA (Presidente), JAMES SIANO E CHRISTINE
SANTINI.

São Paulo, 21 de setembro de 2011.

J.L. Mônaco da Silva


RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Voto : 3291
Apelação : 0117945-04.2006
Apelante : Vicentina Martins Costa
Apelado : Said Moraes da Silva e outro
Comarca : São Paulo
Juiz : Dr. Otavio Tioiti Tokuda

OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C. PERDAS E


DANOS - Afirmação de descumprimento
contratual pelos réus - Obrigação de
providenciar documentos e requerimento para
antecipação de quitação de dívida hipotecária -
Improcedência da demanda - Inconformismo -
Inadmissibilidade - Ausência de disposição
contratual expressa - Inexistência de
inadimplemento - Perdas e danos de
responsabilidade da autora - Contrato de
gaveta que traz riscos - Sentença mantida -
Recurso desprovido.

Trata-se de apelação interposta contra a


sentença de fls.77/79, de relatório adotado, que julgou
improcedente a ação de obrigação de fazer cumulada com
perdas e danos proposta por Vicentina Martins Costa em
face de Said Moraes da Silva e Deli Rosa dos Santos
Silva, buscando a recorrente a sua reforma, sob o
argumento de que os réus descumpriram obrigação
contratual de providenciar documentos e requerer
antecipação de dívida hipotecária.

Recurso recebido, processado e não


respondido.

É o relatório.

Apelação nº 0117945-04.2006.8.26.0000 - Voto nº 3291 2


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O recurso não merece provimento. A r.


sentença guerreada deve ser confirmada por seus
jurídicos fundamentos, nos termos do art. 252 do
Regimento Interno deste Egrégio Tribunal de Justiça: “Nos
recursos em geral, o relator poderá limitar-se a ratificar os
fundamentos da decisão recorrida, quando,
suficientemente motivada, houver de mantê-la”.

Nesta Seção de Direito Privado, o dispositivo


regimental tem sido largamente utilizado por suas
Câmaras, seja para evitar inútil repetição, seja para
cumprir o princípio constitucional da razoável duração dos
processos. Anote-se, dentre tantos outros: AI
990101539306, Rel. Des. Luiz Antonio de Godoy, 1ª
Câmara, Jaú, em 17.6.2010; Apelação 99402069946-8,
Rel. Des. Paulo Eduardo Razuk, 1ª Câmara, São Paulo,
em 8.6.2010 e Apelação 99405106096-7, Rel. Des. Neves
Amorim, 2ª Câmara, São José do Rio Preto, em 29.6.2010.

O Colendo Superior Tribunal de Justiça tem


prestigiado este entendimento quando predominantemente
reconhece "a viabilidade de o órgão julgador adotar ou
ratificar o juízo de valor firmado na sentença, inclusive
transcrevendo-a no acórdão, sem que tal medida encerre
omissão ou ausência de fundamentação no decisum"
(REsp n. 662.272-RS, 2ª Turma, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, j . de 4.9.2007 e REsp n° 265.534 - DF, 4ª
Turma, Rel. Min. Fernando Gonçalves, j de 1.12.2003).

Consigna-se, apenas, que, corretamente, a r.


sentença julgou improcedente a demanda ao fundamento
de que inexistia cláusula contratual expressa prevendo o
pleiteado na inicial.

Transcreva-se, por oportuno, o seguinte trecho


da r. sentença apelada:

“Conquanto os réus sejam revéis, o pedido

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inicial é improcedente.
Efetivamente, os réus, por meio do negócio
realizado com a autora, não assumiram a obrigação
de formular requerimento ou fornecer documentos
para a hipótese de exercício de direito de
antecipação da liquidação do financiamento que
tem como garantia direito real de hipoteca sobre o
imóvel negociado.
Assim é que, os réus eram proprietários do
imóvel objeto do processo e assumiram dívida
hipotecária (fls. 6/9), e, por meio de instrumento
particular, compromissaram o bem à venda e a
autora assumiu a obrigação de pagamento daquela
dívida.
Objetivando cumprir a obrigação assumida, os
réus outorgaram poderes à autora, por meio de
instrumento público, possibilitando-lhe, inclusive,
atuar perante a instituição financeira credora
hipotecária visando a quitação do financiamento,
dentre ouras providências que poderia tomar
(fls.12).
Verifica-se, pois, que a autora continuou a
efetuar o pagamento da dívida hipotecária conforme
obrigação que assumiu e, agora, pretende
beneficiar-se de quitação antecipada da dívida,
valendo-se da possibilidade nesse sentido conferida
aos titulares originários da obrigação (os réus). Por
tal razão, necessitam de providências a serem
adotados pelos réus.
Entretanto, como antecipado acima, os réus
não assumiram a obrigação de fornecer os
documentos ou formular requerimento visando a
antecipação da quitação da dívida. É o que se pode
observar no instrumento particular respectivo
(fls.10/11).
Ora, se o contrato faz lei entre as partes, o faz
nos limites em que se deu a manifestação de
vontade. Assim, inexistindo manifestação expressa

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a respeito de providências que deveriam os réus


adotar para a hipótese de benefício de quitação
antecipada da dívida hipotecária, é certo que não há
como reconhecer a obrigação deles, como
pretendido pela autora. Ademais, não há sequer
como se reconhecer a existência de assunção
implícita da obrigação, visto que a manifestação de
vontade deve ser inequívoca, a fim de surtir efeitos
de ordem civil.
De igual modo e pelas mesmas razões acima,
não se pode reconhecer a obrigação dos réus
quanto ao pagamento de prestações da dívida
hipotecária, vencidas posteriormente à possibilidade
de antecipação da liquidação do débito.
Destarte, não é possível responsabilização dos
réus, na forma pretendida pela autora” (v. fls.
78/79).

Acrescente-se que a cláusula 2ª do contrato


juntado a fls. 10/11, diferentemente do que apregoa a
apelante, não impõe a obrigação de formular requerimento
ou fornecer documentos para fins de antecipação do
financiamento do imóvel em questão.

Em suma, agiu com acerto o MM. Juízo a quo


ao julgar improcedente a demanda.

Ante o exposto, pelo meu voto, nego


provimento ao recurso.

J.L. MÔNACO DA SILVA


Relator

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