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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA __ VARA DO TRABALHO

DA COMARCA DE ...

... (nome completo em negrito da parte), ... (nacionalidade), ... (estado


civil), ... (profissão), portador do CPF/MF nº ..., com Documento de
Identidade de n° ..., residente e domiciliado na Rua ..., n. ..., ... (bairro), CEP:
..., ... (Município – UF),vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por
meio de sua procuradora que junta instrumento de procuração, propor a
presente

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

em desfavor, ... , pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº


____, com sede na Rua_____, n _____, bairro _____, na cidade de _______,
na pessoa de seu representante legal, pelos fatos e fundamentos que passa a
expor a seguir:

I - DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS

1. ADMISSÃO, FUNÇÃO, SALÁRIO E DISPENSA

O Reclamante foi contratado, conforme registro na CTPS, em 18 de dezembro


de 2012, para exercer a função de Ajudante na cidade de _______,
percebendo mensalmente o valor de R$ 3,36 (três reais e trinta e seis
centavos) por hora.

Após 01 (um) mês de contrato laborando em ________, a Reclamada mudou


deliberadamente a cidade na qual o Reclamante prestaria serviços, sendo que
este teve que passar a exercer suas atividades na cidade de _________.

O Reclamante deixava sua residência às 05h30min, pegando um ônibus que o


levava até a ____________, local onde deveria pegar o transporte fornecido
pela empresa, este com saída às 06hrs.

Durante o dia, o Reclamante laborava no almoxarifado, recebendo e


entregando o material que os funcionários necessitavam para execução do
trabalho.

Após a jornada de trabalho, o Reclamante chegava às 20h30min na


___________, sendo que pegava seu ônibus às 21hrs, para retornar à sua
residência.

Sendo assim, o Reclamante ficava a disposição da empresa pelo período de 12


(doze) horas e 30 (trinta) minutos por dia.
No dia 25 de março de 2013 o Reclamante adoeceu, sendo que por causa do
mal acometido, restou afastado durante 02 dias do serviço, sob atestado
médico, sendo que no dia 27 de março o mesmo ainda não estava em
condições de voltar ao labor, recebendo outro atestado, conforme
documentos juntados a este instrumento.

Entretanto, ao voltar ao serviço no dia 28 de março de 2013, o Reclamado foi


surpreendido, pois restou despedido imotivadamente, percebendo como
último salário mensal, a quantia de R$ 878,22 (oitocentos e setenta e oito
reais com vinte e dois centavos).

2. DA JORNADA DE TRABALHO - HORAS EXTRAS

Desde a sua admissão, o Reclamante sempre prestou serviços em horários


extraordinários, visto que estava à disposição da Reclamada de Segunda à
Sexta-feira das 06h00min horas às 20h30min horas, com apenas uma hora de
intervalo para almoço, bem como trabalhando aos sábados, domingos e
feriados, das 08hrs à 12hrs.

Assim, resta configurado que o Reclamante realizava aproximadamente 18


horas extra semanalmente.

Toda vez que o empregado prestar serviços ou permanecer à disposição do


empregador após esgotar-se a jornada normal de trabalho, haverá trabalho
extraordinário, que deverá ser remunerado com o adicional de, no mínimo,
50% superior ao da hora normal.

Como pode se verificar nos contracheques juntados, o Reclamante não


recebeu pelas horas extras trabalhadas. Recebeu somente na rescisão
contratual, sendo 41 horas extras a 50,00%, ou seja, número inferior as horas
extraordinárias efetivamente realizadas.

O Reclamante possuía uma jornada diária além do limite legal da duração de


trabalho normal, que são de 08 horas diárias, já que sua jornada diária de
labor era de 11 horas e trinta minutos. O que gera 3hrs30min de horas extras
por dia.

Por realizar 03 ½ horas extras diárias, o Reclamante deveria ter recebido as


02 (duas) primeiras horas extras a 50,00% e as excedentes deveriam ser
calculada sobre o percentual de 100,00%, o que não ocorreu.

Conforme o artigo 7º, XVI e artigo 58 da CLT, são devidas as horas extras ao


empregado que trabalhou além da duração normal do trabalho.

Como fundamentação jurídica, não resta dúvidas que foi violado o direito do
empregado a ser recompensado por seu trabalho suplementar realizado.

Neste sentido, peço vênia para colacionar trecho do julgado que segue:


(PROCESSO: 0000393-02.2012.5.04.0281 RO) EMENTA.
INTERVALOS INTRAJORNADA. CONCESSÃO PARCIAL.Intervalos
devidos pelo período integral previsto em lei. Adoção da Súmula n. 437, item
I, do TST.  ACÓRDÃO  por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao
recurso da reclamante para: a) condenar a reclamada a retificar a CTPS da
trabalhadora, para que nela conste o exercício da função de secretária e o
salário inicial de R$ 585,93; b) condenar a reclamada ao pagamento de
diferenças de férias com 1/3, 13º salários, horas extras, adicional noturno,
FGTS e indenização de 40%, pela integração ao salário dos valores pagos
extrafolha a contar de julho de 2009; c) elastecer a condenação imposta no
item c do dispositivo da sentença a dois sábados por mês; d)  fixar o
adicional de horas extras em 50% para asduas primeiras horas
diárias e de 100% para as demais;  [...] Grifo meu

Ainda assim cabe salientar que as horas trabalhadas aos domingos e feriados
devem ser remuneradas com o adicional de 100%, tendo em vista que a
Reclamante cumpriu expediente em todos os domingos durante a
contratualidade.

Os adicionais de 100% previstos na legislação para as horas trabalhadas em


dias de repousos, feriados e pontos facultativos, devem ser pagos,
independentemente do pagamento do repouso já remunerado pelo salário
mensal e das horas propriamente laboradas, situação que não foi observada
pela empregadora.

É entendimento do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região o


disposto a seguir:

PROCESSO: 0000113-29.2012.5.04.0023 RO EMENTA - DIFERENÇAS DOS


ADICIONAIS DE 130% E 100% SOBRE FERIADOS E PONTOS
FACULTATIVOS.São devidas as diferenças destacadas, em face do incorreto
pagamento dos adicionais ditados em normas coletivas, limitando-se às
ocasiões em que não houve a compensação do trabalho em feriados e pontos
facultativos.

Veja bem Excelência, é devida tal adicional de 100% de horas sobre os dias
de repouso trabalhado, bem como domingos e feriados, eis estar previsto em
legislação, bem como na norma coletiva juntada aos autos.

Por fim, o Reclamante faz jus ao recebimento do adicional de horas extras


com seus devidos reflexos legais, ou seja, o reflexo em repousos semanais
remunerados, férias acrescidas de 1/3, décimo terceiro salário e FGTS com
multa de 40%.

Requer o Reclamante o pagamento das horas extras com reflexos em


repousos semanais remunerados, feriados e, após o computo de todos estes
valores, em férias, décimo terceiro e aviso prévio.
3. DA JORNADA DE TRABALHO - HORAS IN ITINERE

Como é cediço, as in itinere  são as horas extras que se caracterizam no


trajeto do empregado quando se desloca de sua residência ao trabalho e vice
e versa.

Entretanto, para que seja possível tal caracterização, resta imperioso destacar
que deve o empregador fornecer o transporte para que seus empregados,
assim como o caso concreto.

Tal modalidade restou instituída legalmente na CLT, em seu art. 58, § 2º,


sendo alterada pela lei 10.243 de 19/06/2001. A edição da lei foi resultado de
várias decisões dos tribunais trabalhistas e da Súmula 90 do Tribunal Superior
do Trabalho.

No caso em tela, resta configurado as horas in itinere preceituadas no artigo


58, § 2ºda CLT, eis que para o local onde o Reclamante foi transferido para
trabalhar, não possuía transporte público, de modo que tal fato corrobora com
os requisitos citados na Súmula 90 do TST.

Corroborando com o supra relatado, colaciona-se julgado recente, de


entendimento majoritário em Nosso Tribunal, que segue:

EMENTA

HORAS IN ITINERE. ACORDO COLETIVO DE TRABALHO.  Caso em que


inexistia transporte público regular no trecho fornecido no final da
jornada do autor, permitindo o reconhecimento de que o tempo
gasto com a condução fornecida pelo empregador deve ser
considerado como tempo à disposição. Atenção à Súmula nº 90 do
TST.  Não há como conferir eficácia à cláusula de norma coletiva que restrinja
o pagamento de horas in itinere, suprimindo direito irrenunciável do
trabalhador. Horas in itinere devidas. HORAS EXTRAS. TEMPO À DISPOSIÇÃO.
O tempo em que o empregado permanece, do término da jornada até a saída
do referido transporte, deve ser considerado como tempo à disposição, tendo
em vista que, embora não tenha havido labor ou disponibilidade ao
empregador, decorrem da necessidade de utilização de transporte fornecido
pela empresa, único meio de deslocamento entre o local de trabalho e sua
residência. Horas extras devidas. (Acórdão do processo 0000208-
85.2010.5.04.0522; Data: 15/05/2013; Origem: 2ª Vara do Trabalho de
Erechim)

Deste modo, evidente que, eis que o caso concreto se amolda à hipótese do
item I, da Súmula nº 90 do TST, pois inexiste transporte público regular
para que o Reclamante chegasse até o destino final, bem como inexistia o
mesmo tipo de transporte que o levasse do serviço até sua residência,
permitindo assim, o reconhecimento de que o tempo gasto com a condução
fornecida pela Reclamada deve ser considerada como tempo à disposição.
Tendo em vista o exposto, deve este adicional ser devidamente reconhecido e
acrescido na remuneração do Reclamante, com os devidos reflexos legais, ou
seja, o reflexo em repousos semanais remunerados, férias acrescidas de 1/3,
décimo terceiro salário e FGTS com multa de 40%.

4. DO INTERVALO INTERJORNADA

O Reclamante chegava em sua residência por volta das 21h30min, iniciando


então seu período de descanso. Como todos os dias tinha que acordar às
05hrs da manhã, acabava tendo seu direito de descanso entre as jornadas de
trabalho violado.

Segundo Artigo 66 da CLT “entre 02 (duas) jornadas de trabalho haverá um


período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso.”

Nesse sentido, é entendimento do TST:

[..] INTERVALO ENTRE JORNADAS INFERIOR A 11 (ONZE) HORAS.


ART. 66DA  CLT. HORAS EXTRAS. Não constitui mera infração
administrativa o desrespeito ao intervalo mínimo de 11 (onze) horas
entre duas jornadas. O labor realizado sem a observância do
intervalo previsto no art. 66 da CLTdeve ser remunerado como hora
extra. Nesse sentido é a jurisprudência desta Corte.  Recurso de revista
não conhecido. AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO. INTEGRAÇÃO. O entendimento
prevalente nesta Corte é o de que o fato de a Fundação COPEL pagar o
auxílio-alimentação não descaracteriza a sua natureza salarial. Todos os
julgados colacionados são oriundos do TRT da 9ª Região, o que não atende a
regra da alínea a do citado dispositivo. Recurso de revista não conhecido.
HORAS DE SOBREAVISO NO REPOUSO SEMANAL REMUNERADO. Com relação
aos reflexos do período de sobreaviso no repouso semanal remunerado,
verifica-se que o julgado de fl. 296 não encontra previsão na alínea a do
art.  896  da  CLT, por ser oriundo do mesmo Tribunal prolator da decisão
recorrida. Também não há ser processado o recurso por indicação de ofensa
ao art.  7º  da Lei nº  605/49, por ausência de prequestionamento da matéria à
luz desse dispositivo, segundo a exigência da Súmula nº 297 do TST. Recurso
de revista não conhecido. (RR - 537000-51.2002.5.09.0900, Relator Juiz
Convocado: Roberto Pessoa, Data de Julgamento: 14/04/2010, 2ª Turma,
Data de Publicação: 07/05/2010) grifo meu

RECURSO DE REVISTA  - INTERVALO INTERJORNADA  - FRUIÇÃO -


AUSÊNCIA - EFEITOS.  A jurisprudência emanada desta Corte ad quem
vem assentando entendimento no sentido de que o desrespeito ao
intervalo interjornadas para descanso do trabalhador provoca os
mesmos efeitos daquele advindo da inobservância do tempo
destinado ao repouso e alimentação, conforme previsão do art.  71,  §
4º, da  CLT, mormente porque o intuito do legislador é a promoção da
reposição da força de trabalho despendida. Recurso de revista
conhecido e provido.(RR - 287100-30.1999.5.02.0077, Relator Ministro:
Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 05/05/2010, 1ª
Turma, Data de Publicação: 14/05/2010) grifo meu

Logo, devem ser remuneradas como extraordinárias, com incidência do


adicional de, no mínimo, 50%, conforme estabelece a Súmula 110 do TST.

Ademais, a inobservância da concessão do intervalo interjornada acarreta um


acréscimo de 50% da remuneração do Reclamante, o que não ocorreu no
caso concreto.

Assim está expressamente previsto na CLT:

Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis)


horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou
alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito
ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas.

[...]

§ 4º - Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste


artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a
remunerar o período correspondente com um acréscimo de no
mínimo 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da
hora normal de trabalho.

Ainda, vale mencionar que o TST editou a OJ 355 da SDI-I ( Dj12.03.2008),


estabelecendo que as horas que forem subtraídas do intervalo interjornada
serão pagas como horas extras, ou seja, a hora normal acrescida do adicional
de 50%.

Deste modo, eis não ter a Reclamada cumprido com sua obrigação, deve este
ser devidamente reconhecido e acrescido em sua remuneração, com os
devidos reflexos legais, ou seja, o reflexo em repousos semanais
remunerados, férias acrescidas de 1/3, décimo terceiro salário e FGTS com
multa de 40%.

5. DO DESCANSO SEMANAL, DOMINGOS E FERIADOS TRABALHADOS


EM DOBRO

O Reclamante trabalhou sábados, domingos e feriados de toda a


contratualidade, sendo que pode ser verificado pela documentação juntada
que não recebeu pelas horas trabalhadas, fazendo assim jus ao pagamento do
descanso semanal e seu cômputo no salário para efeito das horas extras,
feriados e dos domingos trabalhados, horas extras, férias, 13º salários e aviso
prévio.

É neste sentido o entendimento do Nosso Tribunal do Trabalho, se não


vejamos:
PROCESSO: 0000580-59.2012.5.04.0103 RO - EMENTA. HORAS
EXTRAS. TRABALHO EM REPOUSOS SEMANAIS REMUNERADOS E
FERIADOS.Hipótese em que se verifica a exigência de labor por mais
de sete dias consecutivos sem a concessão de folga ou pagamento
da jornada suplementar. Horas extras devidas em face do labor em
repousos semanais remunerados e feriados. Aplicação da OJ nº 410
DA SDI-I do TST.

E ainda, tendo em vista que não recebeu sequer de forma simples pelo
trabalho prestado, necessário se faz o recebimento em dobro destes dias, com
reflexos em férias, 13º salários e aviso prévio.

Corroborando com este entendimento, colaciona-se julgado que segue:

PROCESSO: 0000479-80.2011.5.04.0871 RO EMENTA.  DOMINGOS E


FERIADOS LABORADOS. PAGAMENTO EM DOBRO.  Labor em
domingos e feriados, sem a correspondente folga até o sétimo dia
consecutivo, autoriza o deferimento do pagamento em
dobro.  Aplicação da Súmula 146 do TST e da Orientação Jurisprudencial 410
da SDI - 1 do TST. (Grifo meu)

6. DA INSALUBRIDADE

O Reclamante trabalhava no almoxarifado, sendo que parte de suas funções


consistiam em entregar as ferramentas de trabalho utilizadas pelos demais
operários.

Era também sua função a limpeza destas ferramentas após terem sido
utilizadas. Para limpá-las, fazia-se necessário o uso de querosene, pois as
ferramentas eram entregues engraxadas.

Para realizar estes serviços, ele não recebia luvas ou equipamento adequado
de serviço.

O Reclamante recebeu adicional de Insalubridade no grau de 20%.


Entretanto, faz jus ao adicional de insalubridade em grau máximo, à razão de
40%, isso devido à utilização de querosene para limpezas das ferramentas de
trabalho.

Corroborando com tal entendimento, colaciona-se trecho do julgado de caso


análogo, onde o Demandante do caso tinha contato com o mesmo produto
químico que o Reclamante do caso concreto, qual seja a querosene, tendo
sido reconhecida a insalubridade em grau máximo, como aqui se requer, se
não vejamos:

PROCESSO: 0000343-94.2012.5.04.0371 AIRR  [...] O perito, ao


analisar as condições de trabalho, ressaltou que Se proceder a informação do
reclamante que executava as atividades descritas acima. Na execução das
citadas atividades o reclamante manipulava e mantinha contado com
lubrificantes minerais como óleo lubrificante usado para lubrificar os eixos
toda vez que trocava a bobina e durante a operação da máquina,  aplicação
de graxa nas engrenagens, nas atividades de limpeza usava
querosene produtos químicos de base petróleo,  contato com o pano
sujo de produtos químicos na limpeza da máquina, as luvas fornecidas ao
reclamante não elidiam agentes químicos base petróleo, as próprias luvas era
mais um meio de contaminação para as mãos do reclamante. O reclamante
manuseava e mantinha contato com lubrificantes diariamente de modo
habitual ainda que intermitente (fl. 271-v). [...]

Diante da prova dos autos,  verifica-se que o reclamante realizava a


limpeza da máquina rebobinadeira pelo menos uma vez a cada 15
dias com a utilização de querosene. De tal fato já é possível verificar o
contato com querosene e com óleos e graxas, na medida em que ao limpar a
máquina, acabava mantendo contato com tais substâncias. De outro lado, as
luvas sujas de lubrificantes demonstram que o empregado ficava em contato
direto com querosene, óleos e graxas. A periodicidade em que ocorriam
tais limpezas não caracteriza eventualidade, pois tal tarefa era
ordinária, ou seja, não ocorria de forma acidental, mas sim como
uma das atribuições de realização periódica. Assim, resta
configurada a intermitência que, segundo entendimento da Súmula
47 do TST, não afasta o direito ao adicional de insalubridade.  [...]

Assim, dá-se provimento parcial ao recurso ordinário do reclamante  para


condenar a reclamada ao pagamento de adicional de insalubridade
em grau máximo, nos termos do Anexo 13 da NR-15 da Portaria
3.214/78,  tendo o salário mínimo como base de cálculo, com reflexos em
férias com 1/3, 13º salários, horas extras e FGTS. Incabíveis reflexos em
repousos semanais remunerados, uma vez que o adicional em tela é pago em
módulo mensal, já estando remunerados os repousos. (grifo meu)

Ademais, a cláusula 68ª da CCT diz o seguinte:

O empregador que descumprir as previsões desta convenção coletiva de


trabalho especificamente em relação (a) salários normativos e reajustes
normativos, (b) adicional de tempo de serviço,  (c) adicional de
insalubridade, (d) auxílio alimentação, (e) auxílio funeral, (f) entrega da
Relação de Empregados Admitidos e cópia da RAIS, e, ainda, que (g) não
observar o prazo legal de pagamento de salários (até o 5º dia útil do mês
imediatamente seguinte ao da prestação de serviços), desde que tais
irregularidades sejam apuradas e confirmadas pelos sindicatos convenentes,
incorrerá em multa de quantia equivalente a 10% (dez por cento) do salário
do empregado prejudicado, por previsão descumprida.

Desta forma, resta claro e evidente que o Reclamante, ao manusear a limpeza


dos equipamentos que eram fornecido aos outros trabalhadores, mexendo
com o produto químico, dito querosene, merece revisão em sua insalubridade,
devendo esta ser calculada em grau máximo, com reflexos com reflexos em
férias com 1/3, 13º salários, horas extras e FGTS.

7. DO FGTS

Em todo o período da contratualidade o Reclamante recebeu os depósitos do


FGTS em valores diversos aos devidos, tendo em vista o vínculo empregatício
entre o mesmo e a Reclamada, conforme extrato de conta do fundo de
garantia do Reclamante anexado a este instrumento.

Sendo assim, faz jus o Reclamante ao recebimento das diferenças do FGTS


dos pedidos supra expostos, com pagamento de juros e correção monetária.

Deve ainda ser recolhido o FGTS de toda a contratualidade sobre os pedidos


deferidos na presente.

8. DA CÓPIA DO CONTRATO DE TRABALHO

Segundo precedente (P15) do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, “é


obrigatória a entrega da cópia do contrato, quando escrito, assinada e
preenchida, ao empregado admitido”.

As empresas deverão fornecer aos empregados cópia do contrato de trabalho


sob pena de responderem por multa em quantia equivalente a 10% (dez por
cento) do salário do respectivo empregado e em seu beneficio”. Logo, a
Reclamante faz jus a tal multa, já que não lhe foi entregue cópia do contrato
em tempo hábil.

Ademais, conforme norma coletiva juntada a este instrumento, na cláusula


décima terceira - documentos da relação de trabalho, resta demonstrado que
o não cumprimento a disposição lá contida, acarretaria equivalente a  R$
93,11(noventa e três reais e onze centavos) revertida em favor do
trabalhador, a cada notificação expedida ao empregador e por ele não
cumprida.

Assim sendo, existindo cláusula prevista em instrumento coletivo, bem como


na legislação, é dever da Reclamada ressarcir o Reclamante por
descumprimento de uma obrigação inerente ao empregador, sendo direito do
empregado o recebimento da cópia do seu contrato de trabalho.

9. INDENIZAÇÃO POR AFASTAMENTO INDEVIDO

Urge asseverar o ato da Reclamada de demitir o Reclamante quando este


ainda estava de atestado médico.

Veja bem Excelência, conforme documentação juntada verifica-se que nas


anotações gerais contidas na CTPS do Reclamante, o último dia efetivamente
trabalhado deste foi no dia 27 de março de 2013.
Ocorre que conforme atestado médico, o Reclamante restou afastado neste
dia 27 de março de 2013, ou seja, o Reclamante foi demitido durante o
atestado médico.

Tal despedida se faz discriminatória, eis que o Reclamado restou


diagnosticado com os sintomas da F 23.0 (Transtorno psicótico agudo
polimorfo, sem sintomas esquizofrênicos), bem como por ter histórico da
doença F 19.2 (Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de
múltiplas drogas e ao uso de outras substâncias psicoativas - síndrome de
dependência) há cerca de 03 anos, conforme atestado psiquiátrico anexado a
este instrumento.

Por ser injusta a despedida do Reclamante, eis estar sobre o gozo de atestado
médico à data de sua demissão, bem como, por ter sido demitido sem a
realização de exame demissional, o que faz com que o atestado apresentado
pelo Reclamante não possa ser afastado, para justificar a despedida
desmotivada que este recebeu. Deste modo, evidente que o Reclamante faz
jus a indenização, se não vejamos:

PROCESSO: 0000615-28.2011.5.04.0661 RO - EMENTA [...]  INDENIZAÇÃO


POR DANOS MORAIS. DESPEDIDA DESCRIMINATÓRIA. Hipótese na
qual não foram realizados exames complementares no ato da
resilição contratual, não sendo possível afastar o atestado médico
apresentado pela autora e emitido por profissional médico na mesma
data da extinção contratual, e que revela estar a demandante
acometida de transtorno mental orgânico, a indicar a ocorrência de
despedida discriminatória por parte da empregadora, em ofensa ao
assegurado nos arts.  1º,  III,  3º,  IV, e  5º,  X, da  Constituição  da
República, na Convenção nº 111 da Organização Internacional do
Trabalho e na Lei  9.029/95. Não obstante, em face dos parâmetros
estabelecidos por esta Turma Julgadora, merece ser majorado o
valor arbitrado na sentença à indenização por danos
extrapatrimoniais, sendo acolhido, portanto, apenas o apelo
interposto pela reclamante.

ACÓRDÃO [...]  Registro que, diante do quadro da autora, seria


necessária a realização de exames adicionais para a apuração da
doença identificada e de suas causas, de sorte que a elaboração de
atestado demissional, sem tais exames, revela apenas a intenção de
favorecer a ré em detrimento da saúde de sua empregada.

Mantenho, assim, a condenação da reclamada ao pagamento de indenização


por danos morais, negando, dessa forma, provimento ao recurso ordinário
principal da ré, no particular.

Outrossim, embora não haja critérios matemáticos, entendo, com a devida


vênia, que o valor da indenização fixado na Origem (R$3.000,00) não se
mostra adequado em face do dano causado à reclamante.
Assim, em virtude dos parâmetros adotados no âmbito desta Turma
Julgadora, impõe-se a majoração do valor arbitrado à indenização
para o montante de R$5.000,00 (cinco mil reais), o qual sofrerá a
incidência de correção monetária  a partir da publicação do presente
acórdão, nos termos da Súmula 50 deste Tribunal, e de juros a contar do
ajuizamento da ação, na forma do que dispõe o artigo  883  da  CLT.

Destarte, dou parcial provimento ao apelo da autora e nego provimento ao


recurso interposto pela reclamada. (grifo meu)

Ademais, a doença diagnosticada no atestado psiquiátrico é em detrimento ao


acúmulo de estresse do serviço e pelo pouco tempo de descanso que o
Reclamante tinha entre os dias trabalhados.

Outrossim, assevera que o Reclamante requer indenização pois não é possível


mais a sua reintegração junto à Reclamada, eis que o Reclamante já está
trabalhando em outra empresa, bem como, porque trabalho e a forma da
prestação de serviço para a Reclamada agravaria seu problema de saúde,
tendo em vista que seu intervalo entre jornadas era inferior ao determinado e
lei.

Deste modo, resta evidente que o Reclamante é merecedor de indenização,


pois foi despedido quando estava de atestado, não podendo a Reclamada
afastar tais atestados médicos, eis que também não foram realizados exames
demissionais.

II - DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

São devidos honorários advocatícios, conforme preceitua o


art. 133 da Constituição Federal o artigo 20 do CPC e do artigo 22 da
Lei 8.906/94.

Deve ainda considerar-se que o artigo 133 da CF preceitua que o advogado é


indispensável à administração da justiça. Ainda o artigo 20 do CPC estabelece
que a sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que
antecipou e os honorários advocatícios. Por sua vez o artigo 22 da
Lei 8906/94 que disciplina oEstatuto da Advocacia, dispõe que a prestação de
serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários
convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência.

A Lei 5.584/70 não deve ser interpretada de forma a restringir os direitos dos


trabalhadores, mormente em face da proteção jurídica destinada aos direitos
laborais. Com efeito, a exigência de intervenção sindical nas lides trabalhistas
implica renegar ao trabalhador o direito de escolher o melhor profissional para
a defesa de sua causa e, ainda, deixa o empregado não abrangido por
assistência sindical à margem das disposições constitucionais de que tratam
os incisos XXXV e LXXV da Constituição Federal.
Assim, coexistem as disposições das Leis 5.584/70 e 1.065/50, com o fito de
propiciar aos trabalhadores os mesmos direitos de qualquer cidadão, devendo
ser observados os requisitos deste último diploma quando o empregado não
for patrocinado por advogado devidamente credenciado junto ao sindicato
profissional.

Deste modo, não obstante a inexistência de credencial sindical, sendo o


Reclamante beneficiário da justiça gratuita, deve ser deferidos honorários
advocatícios, em percentual a ser arbitrado pelo juízo sobre a condenação.

Cabe ainda referir que a partir da vigência da Emenda Constitucional de


número 45, vigora o princípio da sucumbência, em virtude da ampliação da
competência da Justiça do Trabalho, fazendo jus a parte autora ao pagamento
de honorários advocatícios de no mínimo 15% sobre o valor bruto da
condenação. Registro, ainda, que, após a vigência da referida Emenda
Constitucional, todo o regulamento anterior, como é o caso da Lei 5584/70,
que regula o pagamento de honorários de Assistência Judiciária, bem como as
Súmulas 219 e 329 do Col. TST foram revogados.

III. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

O Reclamante não possui condições de arcar com as custas processuais sem


prejuízo de sua subsistência e de sua família, assim requerendo lhe seja
deferido o Benefício da Gratuidade da Justiça com base no artigo  14, § 1º da
Lei 5584/1970, das Leis 1060/1950 e 7715/83 e do artigo 790, § 3º da CLT,
declarando para os devidos fins e sob as penas da Lei, ser pobre, não tendo
como arcar com o pagamento de custas processuais e demais despesas
processuais.

IV - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência que seja julgado


procedente os pedidos abaixo elencados:

a) Condenação ao pagamento de horas extras, nessas inclusas as horas in


itinere,  bem como as horas interjornadas, excedentes da 8ª diária e 44ª
semanal, observada a jornada de trabalho, acrescidas do adicional de 50% e
100%, com sua integralização ao salário para todos os efeitos legais,
conforme item 02, 03 e 04 da explanação;

b) Repercussão das horas extras do repouso semanal remunerado, nas férias,


no décimo terceiro, no FTS e 40%, no aviso prévio, conforme item 05 da
explanação;

c) Indenização do adicional de insalubridade com os devidos reflexos,


conforme item 06 da explanação;

d) Multa de 10% sobre o salário, por não ter a Reclamada entregue ao


Reclamante cópia do contrato de trabalho, conforme item 08 da explanação;
e) FGTS sobre os pedidos e diferenças de FGTS de toda a contratualidade,
acrescidos de multa de 40%, conforme item 07 da explanação;

f) Indenização pela demissão do Reclamante ao tempo em que este gozava


do atestado médico, no valor de 15 salários mínimos vigentes, conforme item
09 da explanação;

g) Juros e correção monetária na forma da lei;

h) Sobre os créditos trabalhistas deferidos deverão incidir juros e correção


monetária, na forma da lei;

i) Honorários advocatícios a ser arbitrado, conforme preceitua o art. 133 da


Constituição Federal e Lei 8;906/94;

j) Requer o Benefício da Assistência Judiciária Gratuita, por não ter condições


de arcar com as despesas do processo, baseado na Lei 1.060/50;

Requer, ainda, se digne Vossa Excelência notificar a Reclamada no endereço


de sua qualificação, para querendo, apresentar contestação, sob pena de
confissão e revelia, com a consequente condenação do principal e demais
cominações legais a serem apuradas em liquidação de sentença;

Requer, sejam juntados aos autos recebidos de pagamentos, fichas


financeiras, comprovantes de depósito do FGTS e todos os demais
documentos inerentes ao contrato de trabalho, em posse da Reclamada sob
pena de confissão;

Requer, desde já, o deferimento para a produção de todos os meios de prova


em direito admitidos, especialmente, pelo depoimento pessoal da Reclamada,
sob pena de confesso, além de prova testemunhal, documental, pericial e
juntada posterior de documentos.

Requer, por derradeiro, a procedência da ação, em sua plenitude, na forma


dos pedidos, e, por conseguinte a condenação da Reclamada no principal e
demais cominações legais.

Valor da causa R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais).

Nestes termos,

pede e espera deferimento.

... (Município – UF), ... (dia) de ... (mês) de ... (ano).

ADVOGADO
OAB n° .... – UF

Atenção

Dentre as principais mudanças trazidas pela Reforma Trabalhista,


importante destacar sobre a necessária liquidação prévia dos valores
pleiteados, considerando a alteração do Art. 840 da CLT, passando a adotar a
seguinte redação:

§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a


designação do juízo, a qualificação das partes, a breve
exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido,
que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu
valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu
representante.

§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em


duas vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário,
observado, no que couber, o disposto no § 1o deste
artigo.

Com isso, tem-se a necessidade de se apresentar os valores


discriminados das verbas pleiteadas e todos os seus reflexos, sob pena de
extinção do processo, conforme redação do referido artigo 840 em seu § 3º:

§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o


deste artigo serão julgados extintos sem resolução do
mérito.

A importância de uma discriminação minuciosa dos valores pleiteados


ganha especial relevância, uma vez que estes valores serão tomados por base
para o pagamento das verbas de sucumbência, outra novidade trazida pela
reforma trabalhista.

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