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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 90ª VARA DO

TRABALHO DE CURITIBA/PR.

Processo nº 121314

Raissa, técnica de segurança do trabalho, já devidamente qualificada na


Reclamação Trabalhista, que move em face de Mineradora Dinamite Ltda e Mineradora
TNT Ltda, por seu advogado que esta subscreve, vem perante Vossa Excelência interpor
tempestivamente e com fulcro no Art. 895, I da CLT o seu

RECURSO ORDINÁRIO

Requer a remessa das razões apresentadas anexas ao Egrégio Tribunal Regional


do Trabalho da 90ª Região junto ao presente o comprovante de pagamento de custas
processuais para os devidos fins de direito.

Nestes Termos,
Pede Deferimento

Local, Data.
Advogado
OAB/UF
AO EGRÉRIO TRIBUINAL REGIONAL DO TRABALHO

AUTOS Nº 121314

Recorrente: Raissa
Recorridos: Mineradora Dinamite Ltda e Mineradora TNT Ltda.

RAZÕES RECURSAIS
Colenda turma, a recorrente não se conformando com a respeitável sentença do
juízo a quo, apresenta as razões do recurso abaixo:

DOS FATOS
A recorrente trabalhou como técnica de segurança do trabalho para a sociedade
empresária Mineradora Dinamite Ltda., de 10/09/2009 a 18/03/2017, quando foi
dispensada sem justa causa e recebeu a indenização devida pela ruptura do pacto laboral,
tudo antes da reforma trabalhista (Lei n° 13.467/2017).
A empregada em questão sempre recebeu salário equivalente a três mínimos
mensais. Contudo, Raissa achava que diversos dos seus direitos haviam sido
desrespeitados ao longo do contrato, motivo pelo qual ajuizou, em 15/05/2017,
reclamação trabalhista contra o antigo empregador e a Mineradora TNT Ltda., do mesmo
grupo econômico, requerendo diversas parcelas. A demanda foi distribuída para a 90a
Vara do Trabalho de Curitiba, recebeu o número 121314, foi devidamente contestada e
instruída.
O juiz a quo, na sentença, haja vista a prejudicial de prescrição parcial, declarou
prescritos os direitos anteriores a 15/05/2013 e, no mérito, analisando os pedidos
formulados, julgou procedente o pedido de hora in itinere, deferiu adicional de
periculosidade na razão de 30% sobre o salário mínimo, indeferiu a reintegração
postulada porque a autora, confessadamente, era membro indicado da CIPA, deferiu o
adicional de transferência na razão de 20% do salário no período de cinco meses, nos
quais a trabalhadora foi deslocada para outra unidade da empresa e teve de mudar seu
domicílio.
Ademais, julgou procedente o pedido de dobra das férias, porque não fruídas no
período concessivo, indeferiu a retificação da anotação de dispensa para computar o aviso
prévio porque ele foi indenizado e, assim, não seria considerado para este fim específico.
Reconheceu, ainda, que a trabalhadora somente fruiu de 20 minutos para refeição, quando
o correto seria uma hora diante da jornada cumprida, daí porque deferiu o pagamento de
40 minutos de horas extras com adicional de 50%, mas sem integrações, diante da sua
natureza indenizatória.
Ainda foram indeferidas, a verba quinquênio, porque não prevista na norma
coletiva da categoria da autora, a devolução do valor do EPI cobrado parcialmente da
empregada no contracheque, porque isso beneficia o obreiro e não há vedação legal desta
cobrança, o pagamento do vale transporte porque a empresa afirmou que a trabalhadora
não pretendia fazer uso desse direito e o ônus da prova que, segundo ele, convergiu para
a reclamante, que dele não se desvencilhou com sucesso. Por fim, reconheceu a existência
de grupo econômico e condenou a sociedade empresária Mineradora TNT Ltda. de forma
subsidiária, na forma da Súmula 331 do TST.

PRELIMINAR DE MÉRITO
Antes de adentrar no mérito Exa., é necessário destacar que o tempo de labor na
recorrente na empresa foi de 10/09/2009 até 18/03/2017, tendo sido ajuizada a ação no
dia 15/05/2017, porém, na sentença do juiz de primeiro grau, o mesmo considerou a
prejudicial de prescrição na data de 15/05/2013, entretanto, não assiste razão a esta
decisão, tendo em vista que a garantia constitucional é de 5 anos a partir do ajuizamento
da ação, sendo a data correta da prescrição 15/05/2012, expressamente detalhado no Art.
5o, XXIX, CFRB/88, e também presente na Sumula No 308 do TST.
Diante disso, requer que V. Exa., reforma a sentença no sentido de que a data da
prescrição seja devidamente alterada, incluindo parte do ano de 2012 e o ano de 2013
para que a reclamante tenha seu direito garantido.

II – DO MÉRITO
DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
É necessário começar dizendo que em sede de sentença foi determinado o
adicional de periculosidade na razão de 30% sobre o salário mínimo, porém não se pode
determinar o adicional de periculosidade baseada no salário mínimo e sim em cima do
salário base que a mesma recebia, na própria Constituição Federal em seu Art. 7o, XXIII
fala sobre o direito do trabalhador de receber tal adicional na forma da lei, e consoante
com esta, a sumula do TST de no 364, proíbe justamente que o adicional seja fixado em
valor inferior ao estabelecido.
Diante disso, requer a reforma da sentença no sentido de que a fixação do adicional
seja incidida sobre o salário base, e não sobre o salário mínimo como o juízo a quo
decidiu.

DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA
Ainda no contexto da decisão da sentença de primeiro grau, o juiz decidiu por
fixar o adicional de transferência na casa dos 20% do salário no período de 5 meses, já
que a trabalhadora foi deslocada para outra unidade da empresa, e precisou mudar seu
domicílio nesse período, porém excelência, conforme o Art. 469, parágrafo terceiro da
CLT, esse adicional deve ser fixado no mínimo em 25%.
Diante disso, requer que seja reformada a sentença a fim de que seja retificada a
porcentagem do adicional de 20% para no mínimo 25%, por ser direito da recorrente.

DO AVISO PRÉVIO – ANOTAÇÃO NA CTPS


Em sede de sentença o juiz indeferiu o pedido de computação do aviso prévio
indenizado na CTPS, porém, mais uma vez, não assiste razão ao juiz a quo, indeferir algo
que é entendimento do TST, em sumula de No 371, que fala que a projeção do contrato
de trabalho deve ser para o futuro, mesmo que seja na forma indenizada, e portanto, e
devida a anotação na CTPS da recorrente no prazo previsto em lei.
Diante disso, requer a reforma da sentença, no sentido de ser feita a devida
anotação no aviso prévio indenizado, por ser medida de direito da recorrente.

DO DESCONTO DO VALOR DO EPI


Em sentença de primeiro grau o juiz deferiu a devolução parcial do valor do EPI,
porém Exa., não há o que se valor em valores parciais, tendo em vista que a
disponibilização dos EPI’S tem que ser feita de forma gratuita como retrata o art. 166 da
CLT:
“Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,
equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de
conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam
completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados”
O desconto só é devido caso o empregado danificar ou extraviar o EPI de maneira
intencional, o que não ocorreu no caso em tela. Diante, disso, requer a reforma da sentença
no sentido de que seja feita a devolução dos valores cobrados em relação ao EPI, para a
recorrente.

DOS INTERVALOS INTRAJORNADA


Com relação aos intervalos, o juiz reconheceu apenas os 20 minutos que dispunha
para refeição, porém, o correto seria o pagamento correto seria de uma hora diante da
jornada que a recorrente cumpria, nesses termos, deferiu o pagamento dos 40 minutos
com o adicional de 50%, na forma indenizatória, o que não assiste razão, tendo em vista
que o intervalo descumprido gera o pagamento da hora integral e não apenas da diferença,
conforme expressa a sumula no 437, I, TST.
Ainda neste sentido, é importante salientar, que diferente do que trouxe a decisão,
o intervalo indenizado tem natureza salarial, devendo o mesmo ser integrado para os fins
necessários, conforme sumula no 437, III, TST.
Diante disso, requer a reforma da sentença, no sentido de que seja paga o valor
integral da hora que fora descumprida, sendo o mesmo integrado aos fins necessários a
favor da recorrente.

DO PAGAMENTO DO VALE TRANSPORTE


Exa., é necessário destacar que o entendimento do juiz a quo não merece
prosperar, tendo em vista que o mesmo informa que o empregado é quem detém o ônus
da prova para provar seu direito, acontece Exa., que este não é o entendimento do TST,
que em sumula de No 460 traz expressamente que o ônus da prova é do empregador e não
do empregado como quis fazer crer o juiz em sede de sentença.
Diante disso, requer a reforma da sentença no sentido de reconhecer que o ônus
da prova cabe ao empregador e que seja devidamente pago o valor do vale transporte pelo
período laboral.

DO GRUPO ECONOMICO – DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA


Por fim excelência, a juiz em sede de sentença reconheceu a devida existência do
grupo econômico e condenou a empresa mineradora TNT Ltda., de forma subsidiária,
porém, conforme expressa o Art. 2o, parágrafo segundo, as empresas que integrem um
grupo econômico conforme reconhecido pelo juiz a quo, tem responsabilidade solidária.
Diante disso, requer a reforma da sentença no sentido de reconhecer a
responsabilidade solidária das empresas reclamadas no processo em questão.

III – REQUERIMENTOS FINAIS


Diante do exposto, requer que o presente recurso seja recebido, conhecido e
provido; que a recorrida seja intimada para apresentar contrarrazões e que a decisão
recorrida seja reformada, nos termos apresentados.

Nestes termos,
Pede e espera deferimento,
Local, Data
Advogado
OAB

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