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AO DOUTO JUÍZO DA __ VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE ______.

FULANO DE TAL, brasileiro, solteiro, profissão, inscrito no CPF sob o nº ..., e


CTS nº ..., série ..., residente e domiciliado..., vem respeitosamente perante Vossa
Excelência, por meio de seu patrono que junta instrumento de procuração, propor a
presente:

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

em desfavor PONTUAL ASSESORIA EMPRESÁRIAL LTDA, pessoa


jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº..., com sede na..., na pessoa de seu
representante legal, pelos fatos e fundamentos que passa a expor a seguir:

I - DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS

I.I ADMISSÃO, FUNÇÃO, SALÁRIO E DISPENSA

A Reclamante foi contratada, conforme registro na CTPS, em 18 de dezembro


de 2012, para exercer a função de recepcionista na cidade de Brasília, percebendo
mensalmente o valor de R$ 1,706,84 (um mil setecentos e seis reais e oitenta e quatro
centavos) por hora.

Após 01 (um) mês de contrato laborando em ________, a Reclamada mudou


deliberadamente a cidade na qual o Reclamante prestaria serviços, sendo que este teve
que passar a exercer suas atividades na cidade de _________.

O Reclamante deixava sua residência às 05h30min, pegando um ônibus que o


levava até a ____________, local onde deveria pegar o transporte fornecido pela
empresa, este com saída às 06hrs.

Durante o dia, o Reclamante laborava no almoxarifado, recebendo e entregando


o material que os funcionários necessitavam para execução do trabalho. Após a jornada
de trabalho, o Reclamante chegava às 20h30min na ___________, sendo que pegava
seu ônibus às 21hrs, para retornar à sua residência.
Sendo assim, o Reclamante ficava a disposição da empresa pelo período de 12
(doze) horas e 30 (trinta) minutos por dia.

No dia 25 de março de 2013 o Reclamante adoeceu, sendo que por causa do mal
acometido, restou afastado durante 02 dias do serviço, sob atestado médico, sendo que
no dia 27 de março o mesmo ainda não estava em condições de voltar ao labor,
recebendo outro atestado, conforme documentos juntados a este instrumento.

Entretanto, ao voltar ao serviço no dia 28 de março de 2013, o Reclamado foi


surpreendido, pois restou despedido imotivadamente, percebendo como último salário
mensal, a quantia de R$ 878,22 (oitocentos e setenta e oito reais com vinte e dois
centavos).

I.II DA JORNADA DE TRABALHO - HORAS EXTRAS

Desde a sua admissão, o Reclamante sempre prestou serviços em horários


extraordinários, visto que estava à disposição da Reclamada de Segunda à Sexta-feira
das 06h00min horas às 20h30min horas, com apenas uma hora de intervalo para
almoço, bem como trabalhando aos sábados, domingos e feriados, das 08hrs à 12hrs.

Assim, resta configurado que o Reclamante realizava aproximadamente 18 horas


extra semanalmente.

Toda vez que o empregado prestar serviços ou permanecer à disposição do


empregador após esgotar-se a jornada normal de trabalho, haverá trabalho
extraordinário, que deverá ser remunerado com o adicional de, no mínimo, 50%
superior ao da hora normal.

Como pode se verificar nos contracheques juntados, o Reclamante não recebeu


pelas horas extras trabalhadas. Recebeu somente na rescisão contratual, sendo 41 horas
extras a 50,00%, ou seja, número inferior as horas extraordinárias efetivamente
realizadas.

O Reclamante possuía uma jornada diária além do limite legal da duração de


trabalho normal, que são de 08 horas diárias, já que sua jornada diária de labor era de 11
horas e trinta minutos. O que gera 3hrs30min de horas extras por dia.
Por realizar 03 ½ horas extras diárias, o Reclamante deveria ter recebido as 02
(duas) primeiras horas extras a 50,00% e as excedentes deveriam ser calculada sobre o
percentual de 100,00%, o que não ocorreu.

Conforme o artigo 7º, XVI e artigo 58 da CLT, são devidas as horas extras ao
empregado que trabalhou além da duração normal do trabalho. Como fundamentação
jurídica, não resta dúvidas que foi violado o direito do empregado a ser recompensado
por seu trabalho suplementar realizado.

Neste sentido, peço vênia para colacionar trecho do julgado que segue:

(PROCESSO: 0000393-02.2012.5.04.0281 RO) EMENTA. INTERVALOS


INTRAJORNADA. CONCESSÃO PARCIAL. Intervalos devidos pelo
período integral previsto em lei. Adoção da Súmula n. 437, item I, do TST.
ACÓRDÃO por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso da
reclamante para: a) condenar a reclamada a retificar a CTPS da
trabalhadora, para que nela conste o exercício da função de secretária e o
salário inicial de R$ 585,93; b) condenar a reclamada ao pagamento de
diferenças de férias com 1/3, 13º salários, horas extras, adicional noturno,
FGTS e indenização de 40%, pela integração ao salário dos valores pagos
extrafolha a contar de julho de 2009; c) elastecer a condenação imposta no
item c do dispositivo da sentença a dois sábados por mês; d) fixar o
adicional de horas extras em 50% para asduas primeiras horas diárias e de
100% para as demais; [...] Grifo meu

Ainda assim cabe salientar que as horas trabalhadas aos domingos e feriados
devem ser remuneradas com o adicional de 100%, tendo em vista que a Reclamante
cumpriu expediente em todos os domingos durante a contratualidade.

Os adicionais de 100% previstos na legislação para as horas trabalhadas em dias


de repousos, feriados e pontos facultativos, devem ser pagos, independentemente do
pagamento do repouso já remunerado pelo salário mensal e das horas propriamente
laboradas, situação que não foi observada pela empregadora.

É entendimento do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região o


disposto a seguir:

PROCESSO: 0000113-29.2012.5.04.0023 RO EMENTA - DIFERENÇAS


DOS ADICIONAIS DE 130% E 100% SOBRE FERIADOS E PONTOS
FACULTATIVOS.São devidas as diferenças destacadas, em face do
incorreto pagamento dos adicionais ditados em normas coletivas, limitando-
se às ocasiões em que não houve a compensação do trabalho em feriados e
pontos facultativos.

Veja bem Excelência, é devida tal adicional de 100% de horas sobre os dias de
repouso trabalhado, bem como domingos e feriados, eis estar previsto em legislação,
bem como na norma coletiva juntada aos autos.
Por fim, o Reclamante faz jus ao recebimento do adicional de horas extras com
seus devidos reflexos legais, ou seja, o reflexo em repousos semanais remunerados,
férias acrescidas de 1/3, décimo terceiro salário e FGTS com multa de 40%.

Requer o Reclamante o pagamento das horas extras com reflexos em repousos


semanais remunerados, feriados e, após o computo de todos estes valores, em férias,
décimo terceiro e aviso prévio.

I.II DA JORNADA DE TRABALHO - HORAS IN ITINERE

Como é cediço, as in itinere são as horas extras que se caracterizam no trajeto do


empregado quando se desloca de sua residência ao trabalho e vice e versa.

Entretanto, para que seja possível tal caracterização, resta imperioso destacar
que deve o empregador fornecer o transporte para que seus empregados, assim como o
caso concreto.

Tal modalidade restou instituída legalmente na CLT, em seu art. 58, § 2º, sendo
alterada pela lei 10.243 de 19/06/2001. A edição da lei foi resultado de várias decisões
dos tribunais trabalhistas e da Súmula 90 do Tribunal Superior do Trabalho.

No caso em tela, resta configurado as horas in itinere preceituadas no artigo 58,


§ 2ºda CLT, eis que para o local onde o Reclamante foi transferido para trabalhar, não
possuía transporte público, de modo que tal fato corrobora com os requisitos citados na
Súmula 90 do TST.

Corroborando com o supra relatado, colaciona-se julgado recente, de


entendimento majoritário em Nosso Tribunal, que segue:

EMENTA
HORAS IN ITINERE. ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. Caso em
que inexistia transporte público regular no trecho fornecido no final da
jornada do autor, permitindo o reconhecimento de que o tempo gasto com a
condução fornecida pelo empregador deve ser considerado como tempo à
disposição. Atenção à Súmula nº 90 do TST. Não há como conferir eficácia
à cláusula de norma coletiva que restrinja o pagamento de horas in itinere,
suprimindo direito irrenunciável do trabalhador. Horas in itinere devidas.
HORAS EXTRAS. TEMPO À DISPOSIÇÃO. O tempo em que o empregado
permanece, do término da jornada até a saída do referido transporte, deve
ser considerado como tempo à disposição, tendo em vista que, embora não
tenha havido labor ou disponibilidade ao empregador, decorrem da
necessidade de utilização de transporte fornecido pela empresa, único meio
de deslocamento entre o local de trabalho e sua residência. Horas extras
devidas. (Acórdão do processo 0000208-85.2010.5.04.0522; Data:
15/05/2013; Origem: 2ª Vara do Trabalho de Erechim)
Deste modo, evidente que, eis que o caso concreto se amolda à hipótese do item
I, da Súmula nº 90 do TST, pois inexiste transporte público regular para que o
Reclamante chegasse até o destino final, bem como inexistia o mesmo tipo de transporte
que o levasse do serviço até sua residência, permitindo assim, o reconhecimento de que
o tempo gasto com a condução fornecida pela Reclamada deve ser considerada como
tempo à disposição.

Tendo em vista o exposto, deve este adicional ser devidamente reconhecido e


acrescido na remuneração do Reclamante, com os devidos reflexos legais, ou seja, o
reflexo em repousos semanais remunerados, férias acrescidas de 1/3, décimo terceiro
salário e FGTS com multa de 40%.

I.IV DO INTERVALO INTERJORNADA

O Reclamante chegava em sua residência por volta das 21h30min, iniciando


então seu período de descanso. Como todos os dias tinha que acordar às 05hrs da
manhã, acabava tendo seu direito de descanso entre as jornadas de trabalho violado.

Segundo Artigo 66 da CLT “entre 02 (duas) jornadas de trabalho haverá um


período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso.”

Nesse sentido, é entendimento do TST:

[..] INTERVALO ENTRE JORNADAS INFERIOR A 11 (ONZE) HORAS.


ART. 66DA CLT. HORAS EXTRAS. Não constitui mera infração
administrativa o desrespeito ao intervalo mínimo de 11 (onze) horas entre
duas jornadas. O labor realizado sem a observância do intervalo previsto
no art. 66 da CLTdeve ser remunerado como hora extra. Nesse sentido é a
jurisprudência desta Corte. Recurso de revista não conhecido. AUXÍLIO
ALIMENTAÇÃO. INTEGRAÇÃO. O entendimento prevalente nesta Corte é o
de que o fato de a Fundação COPEL pagar o auxílio-alimentação não
descaracteriza a sua natureza salarial. Todos os julgados colacionados são
oriundos do TRT da 9ª Região, o que não atende a regra da alínea a do
citado dispositivo. Recurso de revista não conhecido. HORAS DE
SOBREAVISO NO REPOUSO SEMANAL REMUNERADO. Com relação aos
reflexos do período de sobreaviso no repouso semanal remunerado, verifica-
se que o julgado de fl. 296 não encontra previsão na alínea a do art. 896 da
CLT, por ser oriundo do mesmo Tribunal prolator da decisão recorrida.
Também não há ser processado o recurso por indicação de ofensa ao art. 7º
da Lei nº 605/49, por ausência de prequestionamento da matéria à luz desse
dispositivo, segundo a exigência da Súmula nº 297 do TST. Recurso de
revista não conhecido. (RR - 537000-51.2002.5.09.0900, Relator Juiz
Convocado: Roberto Pessoa, Data de Julgamento: 14/04/2010, 2ª Turma,
Data de Publicação: 07/05/2010) grifo meu
RECURSO DE REVISTA - INTERVALO INTERJORNADA - FRUIÇÃO -
AUSÊNCIA - EFEITOS. A jurisprudência emanada desta Corte ad quem
vem assentando entendimento no sentido de que o desrespeito ao intervalo
interjornadas para descanso do trabalhador provoca os mesmos efeitos
daquele advindo da inobservância do tempo destinado ao repouso e
alimentação, conforme previsão do art. 71, § 4º, da CLT, mormente porque
o intuito do legislador é a promoção da reposição da força de trabalho
despendida. Recurso de revista conhecido e provido. (RR - 287100-
30.1999.5.02.0077, Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho,
Data de Julgamento: 05/05/2010, 1ª Turma, Data de Publicação:
14/05/2010) grifo meu

Logo, devem ser remuneradas como extraordinárias, com incidência do


adicional de, no mínimo, 50%, conforme estabelece a Súmula 110 do TST.

Ademais, a inobservância da concessão do intervalo interjornada acarreta um


acréscimo de 50% da remuneração do Reclamante, o que não ocorreu no caso concreto.

Assim está expressamente previsto na CLT:

Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis)


horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou
alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito
ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas.
[...]
§ 4º - Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo,
não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o
período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% (cinquenta
por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.

Ainda, vale mencionar que o TST editou a OJ 355 da SDI-I (Dj12.03.2008),


estabelecendo que as horas que forem subtraídas do intervalo interjornada serão pagas
como horas extras, ou seja, a hora normal acrescida do adicional de 50%.

Deste modo, eis não ter a Reclamada cumprido com sua obrigação, deve este ser
devidamente reconhecido e acrescido em sua remuneração, com os devidos reflexos
legais, ou seja, o reflexo em repousos semanais remunerados, férias acrescidas de 1/3,
décimo terceiro salário e FGTS com multa de 40%.

I.V DO DESCANSO SEMANAL, DOMINGOS E FERIADOS TRABALHADOS


EM DOBRO

O Reclamante trabalhou sábados, domingos e feriados de toda a contratualidade,


sendo que pode ser verificado pela documentação juntada que não recebeu pelas horas
trabalhadas, fazendo assim jus ao pagamento do descanso semanal e seu cômputo no
salário para efeito das horas extras, feriados e dos domingos trabalhados, horas extras,
férias, 13º salários e aviso prévio.
É neste sentido o entendimento do Nosso Tribunal do Trabalho, se não vejamos:

PROCESSO: 0000580-59.2012.5.04.0103 RO - EMENTA. HORAS


EXTRAS. TRABALHO EM REPOUSOS SEMANAIS REMUNERADOS
E FERIADOS.Hipótese em que se verifica a exigência de labor por mais de
sete dias consecutivos sem a concessão de folga ou pagamento da jornada
suplementar. Horas extras devidas em face do labor em repousos semanais
remunerados e feriados. Aplicação da OJ nº 410 DA SDI-I do TST.

E ainda, tendo em vista que não recebeu sequer de forma simples pelo trabalho
prestado, necessário se faz o recebimento em dobro destes dias, com reflexos em férias,
13º salários e aviso prévio.

Corroborando com este entendimento, colaciona-se julgado que segue:

PROCESSO: 0000479-80.2011.5.04.0871 RO EMENTA. DOMINGOS E


FERIADOS LABORADOS. PAGAMENTO EM DOBRO. Labor em
domingos e feriados, sem a correspondente folga até o sétimo dia
consecutivo, autoriza o deferimento do pagamento em dobro. Aplicação da
Súmula 146 do TST e da Orientação Jurisprudencial 410 da SDI - 1 do TST.
(Grifo meu)

I.VI DA INSALUBRIDADE

O Reclamante trabalhava no almoxarifado, sendo que parte de suas funções


consistiam em entregar as ferramentas de trabalho utilizadas pelos demais operários. Era
também sua função a limpeza destas ferramentas após terem sido utilizadas. Para limpá-
las, fazia-se necessário o uso de querosene, pois as ferramentas eram entregues
engraxadas.

Para realizar estes serviços, ele não recebia luvas ou equipamento adequado de
serviço. O Reclamante recebeu adicional de Insalubridade no grau de 20%. Entretanto,
faz jus ao adicional de insalubridade em grau máximo, à razão de 40%, isso devido à
utilização de querosene para limpezas das ferramentas de trabalho.

Corroborando com tal entendimento, colaciona-se trecho do julgado de caso


análogo, onde o Demandante do caso tinha contato com o mesmo produto químico que
o Reclamante do caso concreto, qual seja a querosene, tendo sido reconhecida a
insalubridade em grau máximo, como aqui se requer, senão vejamos:

PROCESSO: 0000343-94.2012.5.04.0371 AIRR [...] O perito, ao analisar


as condições de trabalho, ressaltou que Se proceder a informação do
reclamante que executava as atividades descritas acima. Na execução das
citadas atividades o reclamante manipulava e mantinha contado com
lubrificantes minerais como óleo lubrificante usado para lubrificar os eixos
toda vez que trocava a bobina e durante a operação da máquina, aplicação
de graxa nas engrenagens, nas atividades de limpeza usava querosene
produtos químicos de base petróleo, contato com o pano sujo de produtos
químicos na limpeza da máquina, as luvas fornecidas ao reclamante não
elidiam agentes químicos base petróleo, as próprias luvas era mais um meio
de contaminação para as mãos do reclamante. O reclamante manuseava e
mantinha contato com lubrificantes diariamente de modo habitual ainda que
intermitente (fl. 271-v). [...]
Diante da prova dos autos, verifica-se que o reclamante realizava a limpeza
da máquina rebobinadeira pelo menos uma vez a cada 15 dias com a
utilização de querosene. De tal fato já é possível verificar o contato com
querosene e com óleos e graxas, na medida em que ao limpar a máquina,
acabava mantendo contato com tais substâncias. De outro lado, as luvas
sujas de lubrificantes demonstram que o empregado ficava em contato direto
com querosene, óleos e graxas. A periodicidade em que ocorriam tais
limpezas não caracteriza eventualidade, pois tal tarefa era ordinária, ou
seja, não ocorria de forma acidental, mas sim como uma das atribuições de
realização periódica. Assim, resta configurada a intermitência que,
segundo entendimento da Súmula 47 do TST, não afasta o direito ao
adicional de insalubridade. [...]
Assim, dá-se provimento parcial ao recurso ordinário do reclamante para
condenar a reclamada ao pagamento de adicional de insalubridade em
grau máximo, nos termos do Anexo 13 da NR-15 da Portaria 3.214/78,
tendo o salário mínimo como base de cálculo, com reflexos em férias com
1/3, 13º salários, horas extras e FGTS. Incabíveis reflexos em repousos
semanais remunerados, uma vez que o adicional em tela é pago em módulo
mensal, já estando remunerados os repousos. (grifo meu)

Ademais, a cláusula 68ª da CCT diz o seguinte:

O empregador que descumprir as previsões desta convenção coletiva de


trabalho especificamente em relação (a) salários normativos e reajustes
normativos, (b) adicional de tempo de serviço, (c) adicional de
insalubridade, (d) auxílio alimentação, (e) auxílio funeral, (f) entrega da
Relação de Empregados Admitidos e cópia da RAIS, e, ainda, que (g) não
observar o prazo legal de pagamento de salários (até o 5º dia útil do mês
imediatamente seguinte ao da prestação de serviços), desde que tais
irregularidades sejam apuradas e confirmadas pelos sindicatos convenentes,
incorrerá em multa de quantia equivalente a 10% (dez por cento) do salário
do empregado prejudicado, por previsão descumprida.

Desta forma, resta claro e evidente que o Reclamante, ao manusear a limpeza


dos equipamentos que eram fornecido aos outros trabalhadores, mexendo com o produto
químico, dito querosene, merece revisão em sua insalubridade, devendo esta ser
calculada em grau máximo, com reflexos com reflexos em férias com 1/3, 13º salários,
horas extras e FGTS.

I.VII DO FGTS

Em todo o período da contratualidade o Reclamante recebeu os depósitos do


FGTS em valores diversos aos devidos, tendo em vista o vínculo empregatício entre o
mesmo e a Reclamada, conforme extrato de conta do fundo de garantia do Reclamante
anexado a este instrumento.
Sendo assim, faz jus o Reclamante ao recebimento das diferenças do FGTS dos
pedidos supra expostos, com pagamento de juros e correção monetária. Deve ainda ser
recolhido o FGTS de toda a contratualidade sobre os pedidos deferidos na presente.

I.VIII DA CÓPIA DO CONTRATO DE TRABALHO

Segundo precedente (P15) do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, “é


obrigatória a entrega da cópia do contrato, quando escrito, assinada e preenchida, ao
empregado admitido”.

As empresas deverão fornecer aos empregados cópia do contrato de trabalho sob


pena de responderem por multa em quantia equivalente a 10% (dez por cento) do salário
do respectivo empregado e em seu benefício”. Logo, a Reclamante faz jus a tal multa, já
que não lhe foi entregue cópia do contrato em tempo hábil.

Ademais, conforme norma coletiva juntada a este instrumento, na cláusula


décima terceira - documentos da relação de trabalho, resta demonstrado que o não
cumprimento a disposição lá contida, acarretaria equivalente a R$ 93,11 (noventa e três
reais e onze centavos) revertida em favor do trabalhador, a cada notificação expedida ao
empregador e por ele não cumprida.

Assim sendo, existindo cláusula prevista em instrumento coletivo, bem como na


legislação, é dever da Reclamada ressarcir o Reclamante por descumprimento de uma
obrigação inerente ao empregador, sendo direito do empregado o recebimento da cópia
do seu contrato de trabalho.

I.IX INDENIZAÇÃO POR AFASTAMENTO INDEVIDO

Urge asseverar o ato da Reclamada de demitir o Reclamante quando este ainda


estava de atestado médico.

Veja bem Excelência, conforme documentação juntada verifica-se que nas


anotações gerais contidas na CTPS do Reclamante, o último dia efetivamente trabalhado
deste foi no dia 27 de março de 2013. Ocorre que conforme atestado médico, o
Reclamante restou afastado neste dia 27 de março de 2013, ou seja, o Reclamante foi
demitido durante o atestado médico.

Tal despedida se faz discriminatória, eis que o Reclamado restou diagnosticado


com os sintomas da F 23.0 (Transtorno psicótico agudo polimorfo, sem sintomas
esquizofrênicos), bem como por ter histórico da doença F 19.2 (Transtornos mentais e
comportamentais devidos ao uso de múltiplas drogas e ao uso de outras substâncias
psicoativas - síndrome de dependência) há cerca de 03 anos, conforme atestado
psiquiátrico anexado a este instrumento.

Por ser injusta a despedida do Reclamante, eis estar sobre o gozo de atestado
médico à data de sua demissão, bem como, por ter sido demitido sem a realização de
exame para demissão, o que faz com que o atestado apresentado pelo Reclamante não
possa ser afastado, para justificar a despedida desmotivada que este recebeu. Deste
modo, evidente que o Reclamante faz jus a indenização, senão vejamos:

PROCESSO: 0000615-28.2011.5.04.0661 RO - EMENTA [...]


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DESPEDIDA
DESCRIMINATÓRIA. Hipótese na qual não foram realizados exames
complementares no ato da resilição contratual, não sendo possível afastar o
atestado médico apresentado pela autora e emitido por profissional médico
na mesma data da extinção contratual, e que revela estar a demandante
acometida de transtorno mental orgânico, a indicar a ocorrência de
despedida discriminatória por parte da empregadora, em ofensa ao
assegurado nos arts. 1º, III, 3º, IV, e 5º, X, da Constituição da República,
na Convenção nº 111 da Organização Internacional do Trabalho e na Lei
9.029/95. Não obstante, em face dos parâmetros estabelecidos por esta
Turma Julgadora, merece ser majorado o valor arbitrado na sentença à
indenização por danos extrapatrimoniais, sendo acolhido, portanto, apenas
o apelo interposto pela reclamante.
ACÓRDÃO [...] Registro que, diante do quadro da autora, seria necessária
a realização de exames adicionais para a apuração da doença identificada
e de suas causas, de sorte que a elaboração de atestado demissional, sem
tais exames, revela apenas a intenção de favorecer a ré em detrimento da
saúde de sua empregada.
Mantenho, assim, a condenação da reclamada ao pagamento de indenização
por danos morais, negando, dessa forma, provimento ao recurso ordinário
principal da ré, no particular.
Outrossim, embora não haja critérios matemáticos, entendo, com a devida
vênia, que o valor da indenização fixado na Origem (R$3.000,00) não se
mostra adequado em face do dano causado à reclamante.
Assim, em virtude dos parâmetros adotados no âmbito desta Turma
Julgadora, impõe-se a majoração do valor arbitrado à indenização para o
montante de R$5.000,00 (cinco mil reais), o qual sofrerá a incidência de
correção monetária a partir da publicação do presente acórdão, nos termos
da Súmula 50 deste Tribunal, e de juros a contar do ajuizamento da ação, na
forma do que dispõe o artigo 883 da CLT.
Destarte, dou parcial provimento ao apelo da autora e nego provimento ao
recurso interposto pela reclamada. (grifo meu)

Ademais, a doença diagnosticada no atestado psiquiátrico é em detrimento ao


acúmulo de estresse do serviço e pelo pouco tempo de descanso que o Reclamante tinha
entre os dias trabalhados.
Outrossim, assevera que o Reclamante requer indenização pois não é possível
mais a sua reintegração junto à Reclamada, eis que o Reclamante já está trabalhando em
outra empresa, bem como, porque trabalho e a forma da prestação de serviço para a
Reclamada agravaria seu problema de saúde, tendo em vista que seu intervalo entre
jornadas era inferior ao determinado e lei.

Deste modo, resta evidente que o Reclamante é merecedor de indenização, pois


foi despedido quando estava de atestado, não podendo a Reclamada afastar tais
atestados médicos, eis que também não foram realizados exames demissionários.

II. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

O Reclamante não possui condições de arcar com as custas processuais sem


prejuízo de sua subsistência e de sua família, assim requerendo lhe seja deferido o
Benefício da Gratuidade da Justiça com base no artigo 14, § 1º da Lei 5584/1970, das
Leis 1060/1950 e 7715/83 e do artigo 790, § 3º da CLT, declarando para os devidos fins
e sob as penas da Lei, ser pobre, não tendo como arcar com o pagamento de custas
processuais e demais despesas processuais.

III - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência que seja julgado procedente


os pedidos abaixo elencados:

a) Condenação ao pagamento de horas extras, nessas inclusas as horas in itinere, bem


como as horas Inter jornadas, excedentes da 8ª diária e 44ª semanal, observada a jornada
de trabalho, acrescidas do adicional de 50% e 100%, com sua integralização ao salário
para todos os efeitos legais, conforme item 02, 03 e 04 da explanação, no valor de R$...;

b) Repercussão das horas extras do repouso semanal remunerado, nas férias, no décimo
terceiro, no FTS e 40%, no aviso prévio, conforme item 05 da explanação, no valor de
R$...;

c) Indenização do adicional de insalubridade com os devidos reflexos, conforme item 06


da explanação, no valor de R$...;

d) Multa de 10% sobre o salário, por não ter a Reclamada entregue ao Reclamante cópia
do contrato de trabalho, conforme item 08 da explanação, no valor de R$...;
e) FGTS sobre os pedidos e diferenças de FGTS de toda a contratualidade, acrescidos
de multa de 40%, conforme item 07 da explanação, no valor de R$...;

f) Indenização pela demissão do Reclamante ao tempo em que este gozava do atestado


médico, no valor de 15 salários mínimos vigentes, conforme item 09 da explanação, no
valor de R$...;

g) Sobre os créditos trabalhistas deferidos deverão incidir juros e correção monetária, na


forma da lei;

h) Honorários de sucumbência a ser arbitrado, conforme preceitua o art. 791-A da CLT;

i) Requer o Benefício da Assistência Judiciária Gratuita, por não ter condições de arcar
com as despesas do processo, baseado na Lei 1.060/50;

Requer, ainda, se digne Vossa Excelência notificar a Reclamada no endereço de sua


qualificação, para querendo, apresentar contestação, sob pena de confissão e revelia,
com a consequente condenação do principal e demais cominações legais a serem
apuradas em liquidação de sentença.

Requer, desde já, o deferimento para a produção de todos os meios de prova em direito
admitidos, especialmente, pelo depoimento pessoal da Reclamada, sob pena de
confesso, além de prova testemunhal, documental, pericial e juntada posterior de
documentos.

Requer, por derradeiro, a procedência da ação, em sua plenitude, na forma dos pedidos,
e, por conseguinte a condenação da Reclamada no principal e demais cominações
legais.

Valor da causa R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais).

Nestes termos, pede deferimento.

cidade, data.

Advogado/OAB...

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