Você está na página 1de 6

Curso “Minuta de sentença – 3ª edição” – PEÇA PROCESSUAL PARA ATIVIDADE FINAL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO TRABALHO DE


PIRAPORINHA DO CÉU/SP.

MARIA BONITA, brasileira, solteira, montadora,


portadora do RG n°. 111.111.111 SSP/SP, da CTPS nº. 2222 e série 000-SP,
inscrita no CPF/MF sob n°. 333.333.333-33, residente e domiciliada na Rua dos
Alecrins, nº. 99 Jardim Boa Esperança, CEP 44.444-000, no município de
Piraporinha do Céu, Estado de São Paulo, vem, mui respeitosamente, à presença
de Vossa Excelência, por seu advogado e procurador, que esta subscreve, para
propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em face de EMPRESA
FANTASIA, inscrita no CNPJ/MF sob nº. 55.555.555/0001-55, situada na Rua da
Felicidade, nº. 400, Bairro da Alegria, CEP 66.666-000, nesta cidade de
Piraporinha, Estado de São Paulo, face aos motivos que passa a expor:

I - Histórico

A Reclamante foi admitida em 14 de abril de 2008, pela Reclamada, para exercer


a função de auxiliar de produção, recebendo como remuneração a quantia de R$
1.142,00 (um mil, cento e quarenta e dois reais), laborando até os dias atuais.

II – Do Desvio de função

A Reclamante foi contratada para exercer a função de auxiliar de produção,


todavia, desde o inicio do seu contrato de trabalho, desempenhava a função de
montadora, mas somente no mês de agosto de 2011, passou a receber o salário
de montadora.

1/6
Curso “Minuta de sentença – 3ª edição” – PEÇA PROCESSUAL PARA ATIVIDADE FINAL

Assim sendo, é imprescindível esclarecer que mesmo com o grande aumento de


responsabilidades, realizando função diversa da qual foi contratada, a Reclamante
continuou a receber o salário inicial de auxiliar de produção até o mês de julho de
2011.

Desta forma, insta consignar que o salário base de montadora girava em torno de
R$ 1.038,00 (um mil e trinta e oito reais), enquanto o salário recebido pelo
Reclamante era de R$ 890,00 (oitocentos e noventa reais). Sendo assim, a
Reclamante deve receber as diferenças salariais existentes.

Neste sentido, é o entendimento do renomado doutrinador Sérgio Pinto Martins,


em sua obra Comentário à CLT, 9ª Edição, pág. 447:

“No desvio de função, o empregado que faz outra função, diversa da qual foi
contratada, recebendo salário da função inicial. Tem direito de pedir diferenças
salariais em razão do desvio de função.”

Portanto, pede a condenação da Reclamada no pagamento da diferença salarial


da Reclamante, para que receba os salários de montadora, desde sua admissão
até o mês de julho de 2011 e seus competentes reflexos.

III - Da supressão dos intervalos intrajornada

A Reclamante trabalha de segunda-feira à sexta-feira, das 04h30min às


13h30min e aos sábados, das 04h30min às 09h50min, ou de segunda-feira à
sexta-feira, das 13h00min às 22h00min e aos sábados, das 09h20min às
14h40min, não desfrutando corretamente de intervalo para refeição e descanso.
Neste contexto, considerando que a reclamada, neste período, não concedeu
corretamente os correspondentes intervalos destinados para refeição e descanso
da reclamante, esta merece receber o correspondente período de sua duração
(uma hora) como jornada extraordinária com um acréscimo de, no mínimo, 50%

2/6
Curso “Minuta de sentença – 3ª edição” – PEÇA PROCESSUAL PARA ATIVIDADE FINAL

(cinqüenta por cento) sobre a remuneração da hora normal de trabalho, bem como
os demais reflexos sobre férias e 1/3 adicional, 13º salários, DSR’s, FGTS, nos
termos do parágrafo 4º, do artigo 71 da CLT.

Inquestionável que respectivas normas previstas na lei consolidada são de


natureza imperativas, classificadas, inclusive, como de ordem pública, visando não
só assegurar o repouso ao trabalhador quer seja ela intrajornada, semanal ou
anual, mas, acima de tudo, objetiva-se proteger a saúde do empregado, que, por
conseguinte, enquanto saudável somente trará benefícios ao empregador.

“Após a edição da Lei N.º.923/1994, a não concessão total ou parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, implica o pagamento total do
período correspondente, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da
remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT). (OJ 307 SDI-1)”.

Cumpre salientar que a supressão dos intervalos intrajornada já restou


devidamente comprovada, conforme demonstra o acórdão proferido no agravo de
instrumento em recurso de revista pelo TST anexado a esses autos, no processo
nº. 311-53.2010.5.15.0145.

IV - Horas Extras excedentes a 8ª diária e a 44ª semanal

A Reclamante trabalha de segunda-feira à sexta-feira, das 04h30min às 13h30min


e aos sábados, das 04h30min às 09h50min, ou de segunda-feira à sexta-feira, das
13h00min às 22h00min e aos sábados, das 09h20min às 14h40min, não
desfrutando corretamente de intervalo para refeição e descanso.

Perfaz, portanto, uma média mensal de 25:00 horas extras, em caráter


absolutamente habitual, as quais horas extras não foram pagas, em sua
totalidade, pela Reclamada.

3/6
Curso “Minuta de sentença – 3ª edição” – PEÇA PROCESSUAL PARA ATIVIDADE FINAL

Cumpre salientar que as horas extras pagas com adicionais de 50%, 100%, 150%
ou 170% se referem aquelas realizadas nas folgas ou feriados e não se
confundem com as horas extras que extrapolam a 8ª diária, conforme demonstram
os comprovantes de pagamento anexos.

Pede, pois, a condenação da Reclamada no pagamento da média mensal de


25:00 horas extras e seus competentes reflexos.

V - Objetos da Lide

Os cálculos foram efetuados com base no salário de R$ 1.142,00 (um mil, cento e
quarenta e dois reais).

Do desvio de função........................................................................ R$ 5.920,00


DSR, FGTS c/ 40%, 13º salário, Férias c/ 1/3................................ R$ 2.072,00

- 01 (uma) hora extra por dia de intervalo intrajornada.................. R$ 10.900,00


- DSR, FGTS c/ 40%, 13º salário, Férias c/ 1/3.............................. R$ 3.815,00

– Horas extras c/ 50% (média mensal de 25 h.e.)......................... R$ 10.900,00


- DSR, FGTS c/ 40%, 13º salário, férias c/ 1/3............................... R$ 3.815,00

VI – Dos Pedidos

Posto isso, pede a Vossa Excelência seja a reclamada citada para, querendo,
contestar a presente reclamação trabalhista, sob pena de revelia e confissão, para
que, finalmente, seja condenada ao pagamento das seguintes verbas:

a) Reconhecimento do desvio de função, desde sua admissão até o sem de julho


de 2011, para que a Reclamante receba os salários de montadora, no valor de R$
1.038,00 (um mil e trinta e oito reais), nos termos da fundamentação;

4/6
Curso “Minuta de sentença – 3ª edição” – PEÇA PROCESSUAL PARA ATIVIDADE FINAL

b) Pagamento das diferenças salariais e conseqüentes reflexos em DSR, FGTS c/


40%, 13º salário, férias c/ 1/3, tendo em vista o desvio de função, nos termos da
fundamentação;

c) Pagamento das horas pela não concessão do intervalo intrajornada mínimo,


para repouso e alimentação, no importe de 01 (uma) hora por dia, acrescido do
adicional de 50% durante todo período trabalhado, com os competentes reflexos
em DSR, FGTS c/ 40%, 13º salário, Férias c/ 1/3 (art.71 CLT);

d) Horas extras com adicional de 50% e seus reflexos em DSR, FGTS c/ 40%, 13º
salário, Férias c/ 1/3, excedentes a 8ª diária e 44ª hora semanal (média mensal de
25 horas extras) durante todo o período trabalhado;

e) Todos os pedidos acrescidos de juros e correção monetária nos termos da


legislação vigente.

Requer a determinação da juntada aos autos pela Reclamada de todos os recibos


de pagamento, cartões de ponto, as guias de depósito do FGTS da Reclamante,
nos termos do art. 74 § 2º da CLT. E Enunciado 338 do C. TST.

Requer, também, sejam concedidos os benefícios da Justiça Gratuita à autora,


vez que não pode demandar sem prejuízo do próprio sustento e de sua família,
por ser pessoa pobre, na acepção jurídica do termo, consoante declaração de
miserabilidade anexa.

Requer finalmente, que eventuais contribuições previdenciárias e fiscais sejam


integralmente satisfeitas pela ré, ante o não cumprimento das obrigações em
tempo oportuno.

Enfim, se por ventura alguma das verbas já estiverem quitadas, requer que sejam
deduzidas do montante total.

5/6
Curso “Minuta de sentença – 3ª edição” – PEÇA PROCESSUAL PARA ATIVIDADE FINAL

Protesta-se por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente


pelo depoimento pessoal, oitiva de testemunhas, juntada de documentos, perícias,
entre outros.

E, por fim, requer que todas as notificações e intimações sejam feitas,


exclusivamente, em nome de Advogado da reclamante, OAB/SP xxx.xxx, sob
pena de nulidade.

Dá-se à causa o valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) por mera
estimativa, para efeito de alçada.

Termos em que,

Pede e espera deferimento.

Piraporinha do Céu, 5 de novembro de 2012.

Advogado da reclamante
OAB/SP xxx.xxx

6/6

Você também pode gostar