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Anderson Silva, assistido por advogado não vinculado ao seu sindicato de classe, ajuizou reclamação
trabalhista, pelo rito ordinário, em face da empresa Comércio Atacadista de Alimentos Ltda. (RT nº
0055.2010.5.01.0085), em 10/01/2021, afirmando que foi admitido em 03/03/2011, na função de divulgador
de produtos, para exercício de trabalho externo, com registro na CTPS dessa condição, e salário mensal
fixo de R$ 3.000,00 (três mil reais). Alegou que prestava serviços de segunda-feira a sábado, das 9h às
20h, com intervalo para alimentação de 01 (uma) hora diária, não sendo submetido a controle de jornada
de trabalho, e que foi dispensado sem justa causa em 18/10/2019, na vigência da garantia provisória de
emprego prevista no artigo 55 da Lei 5.764/71, já que ocupava o cargo de diretor suplente de cooperativa
criada pelos empregados da ré. Afirmou que não gozou as férias referentes ao período aquisitivo
2017/2018, admitindo, porém, que se afastou, nesse mesmo período, por 07 (sete) meses, com percepção
de auxílio-doença. Aduziu, ainda, que foi contratado pela ré, em razão da morte do Sr. Wanderley
Cardoso, para exercício de função idêntica, na mesma localidade, mas com salário inferior em R$
1.000,00 (um mil reais) ao que era percebido pelo paradigma, em ofensa ao artigo 461, caput, da CLT. Por
fim, ressaltou que o deslocamento de sua residência para o local de trabalho e vice-versa era realizado em
transporte coletivo fretado pela ré, não tendo recebido vale-transporte durante todo o período do contrato
de trabalho.
Considerando que a reclamação trabalhista foi distribuída à 85ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro – RJ,
redija, na condição de advogado contratado pela empresa, a peça processual adequada, a fim de atender
aos interesses de seu cliente.
RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO
Processo Nº 0055.2010.5.01.0.085
CONTESTAÇÃO
à Reclamatória Trabalhista, que lhe move ANDERSON SILVA, já qualificado nos autos em epígrafe, pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas.
I – PRELIMINAR DE MÉRITO
O Reclamante, na petição inicial, postula o pagamento do 13º salário referente ao ano de 2018,
sem, contudo, apresentar qualquer causa de pedir sobre o respectivo pedido.
Segundo estabelece o art. o art. 330, §1º, inciso I, do CPC, a petição inicial será inepta quando
faltar o pedido ou a causa de pedir. Quanto ao pedido de pagamento do 13º salário do ano de 2008 a
petição inicial apresenta apenas o pedido, estando ausente a causa de pedir, sendo, portanto, inepta
nesse particular.
Esclarece-se que a inépcia da petição inicial é matéria que deve ser tratada em preliminar de contestação
nos termos do art. 337, IV, do CPC.
Diante do exposto, requer a extinção do processo sem resolução do mérito, nos termos dos artigos
330, I, e art. 485, I, ambos do CPC (indeferimento da petição inicial), e, sucessivamente, nos termos do
art. 485, IV, do CPC (ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do
processo).
Sucessivamente, caso não seja acolhida a preliminar de mérito, requer a análise dos demais itens
a seguir expostos.
II – PREJUDICIAL DE MÉRITO
01 – DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL
Nos termos do art. 7º, XXIX da CF e art. 11, I, da CLT, o direito de ação quanto a créditos
resultantes das relações de trabalho prescreve em 5 anos contados da data do ajuizamento da ação
(súmula 308, I, do TST).
Diante do exposto, requer a extinção do processo com resolução do mérito nos termos do art. 487,
II do CPC, quanto as parcelas postuladas anteriores aos últimos 5 anos, contados do ajuizamento da
ação, ou seja, anteriores a 10.01.2016.
III – DO MÉRITO
01 – DA REINTEGRAÇÃO
Não assiste razão o Reclamante, pois conforme estabelece a OJ 253 da SDI-I do TST, o diretor
suplente de cooperativa não é beneficiário da estabilidade provisória prevista no art. 55 da Lei 5.764/71, a
qual é dirigida, exclusivamente, àqueles que exerçam ou ocupem cargos de direção das cooperativas, não
se estendendo tal garantia aos suplentes. Assim, o reclamante não possui direito à estabilidade provisória,
nem a sua indenização substitutiva, por exercer cargo de suplente de cooperativa criada pelos
empregados.
Não assiste razão ao Reclamante, pois conforme estabelece o art. 62, Ida CLT, não faz jus à
percepção de horas extraordinárias os empregados que exercem atividade externa incompatível com a
fixação de horário de trabalho, devendo tal condição está anotada na CTPS e no registro de empregados,
requisitos que se verificam no presente caso em que o trabalho externo foi registrado na CTPS do
Reclamante e ele mesmo afirma que não estava submetido a controle de jornada de trabalho.
Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de 02 horas extras diárias, bem como, dos
reflexos postulados.
03 – FÉRIAS EM DOBRO
O Reclamante postulou o pagamento em dobro das férias referentes ao período aquisitivo de
2017/2018, acrescidas de 1/3, pela não concessão a tempo e modo, nos termos do art. 137 da CLT
Não assiste razão ao Reclamante, pois conforme estabelece o art. 133, IV da CLT, não terá direito
à férias o empregado que no curso do período aquisitivo permanecer em gozo de licença, com percepção
de prestações de acidente de trabalho ou auxílio-doença do INSS, por mais de 06 meses. Assim, o
reclamante não tem direito às férias pleiteadas, pois afirma ter recebido auxílio-doença por 07 meses
durante o respectivo período aquisitivo.
O Reclamante postulou equiparação salarial, alegando que foi contratado em razão da morte do Sr.
Wanderley Cardoso, com salário inferior em R$1.000,00 ao que era percebido pelo paradigma, para
exercer função idêntica e reflexos.
Não assiste razão ao Reclamante, pois conforme estabelece a súmula 159, II do TST não são
devidas diferenças salariais, pois o reclamante ocupou cargo que se tornou anteriormente vago em
definitivo com o falecimento do paradigma apontado. Ainda, não há que se falar em equiparação salarial,
pois não houve simultaneidade na prestação dos serviços, o que é requisito indispensável á equiparação
salarial nos termos do art. 461 da CLT e súmula 6, IV do TST. Dessa forma, não poderia o reclamante
pleitear equiparação ao Sr. Wanderley.
Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de equiparação salarial, bem como de seus
reflexos.
05 – DO VALE TRANSPORTE
Não assiste razão ao Reclamante, tendo em vista que o vale-transporte é concedido para uso no
deslocamento residência-trabalho e vice versa, em transporte coletivo público (art. 1º da Lei 7.418/85), o
que não ocorreu no caso em questão, considerando que o empregador fornecia transporte coletivo fretado
por ele, estando, portanto, nos termos do art. 4 do Decreto 9.524/87, desonerado da obrigação de fornecer
o vale-transporte.
Nestes termos,
Pede Deferimento.
Local e data.
Advogado
OAB nº