Soares De Arruda Curso: Direito Turma: 3 Período Assunto: Marcelo neves transconstitucionalismo Professor: Wallace Data de entrega: 22/05/2023 Marcelo da Costa Pinto Neves nasceu em Recife, em 16/08/1957, pertencente a uma família tradicional na política e na advocacia em Pernambuco. Graduou-se na Faculdade de Direito do Recife (FDR) em 1980.
O transconstitucionalismo é uma perspectiva jurídica que considera os
sistemas jurídicos globais interconectados. Ele contesta a crença comum de que as constituições de um país são suficientemente independentes e capazes de controlar todas as questões legais do país. O transconstitucionalismo defende que as constituições nacionais devem ser entendidas como parte de um conjunto mais amplo de leis e princípios legais, incluindo o direito internacional e os princípios universais de direitos humanos. Essa abordagem reconhece que muitos problemas legais que os Estados enfrentam não podem ser resolvidos adequadamente apenas por meio das leis nacionais, exigindo uma visão mais ampla e interdisciplinar. Para buscar a harmonização e integração de normas e princípios legais em nível global, o transconstitucionalismo enfatiza a comunicação e a cooperação entre diferentes ordens jurídicas. os desafios contemporâneos, como as mudanças climáticas, o comércio internacional e os direitos humanos, transcendem as fronteiras nacionais e requerem soluções cooperativas. Por fim, o transconstitucionalismo tenta superar a ideia tradicional de que as constituições nacionais são isoladas e dominantes e propõe uma abordagem mais adaptável e interconectada, levando em consideração a complexidade e a interdependência dos problemas legais em um mundo globalizado.
algumas situações que são frequentemente discutidas no campo do
transconstitucionalismo:
Direitos Humanos e Tribunais Internacionais: Casos em que as leis de
direitos humanos são aplicadas por tribunais internacionais, como a Corte Internacional de Justiça ou o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, e isso afeta diretamente as decisões internas de um país. Comércio Internacional e Acordos Bilaterais: Disputas comerciais internacionais que envolvem acordos entre países e organizações internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC). As decisões dos tribunais nacionais podem ser influenciadas e limitadas pelas cláusulas dos acordos comerciais e do direito internacional.
Proteção Ambiental e Mudanças Climáticas: A solução de problemas
relacionados à proteção ambiental e às mudanças climáticas depende do cooperação global. As obrigações e direitos dos Estados nesses casos são definidos principalmente por tratados e convenções internacionais.
Proteção de Minorias e Direitos Indígenas: Casos em que regras e
tratados internacionais protegem os direitos de grupos indígenas ou minorias étnicas. Essas regras podem afetar as decisões e políticas internas dos Estados que buscam garantir an igualdade e a proteção desses grupos.
EXEMPLOS PRÁTICOS RETIRADOS DE UMA DAS SUAS
ENTREVISTAS PARA MELHOR ENTENDIMENTO:
ConJur — O senhor pode dar um exemplo?
Marcelo Neves — Por exemplo, o caso de Caroline de Mônaco contra a
Alemanha. O Tribunal Constitucional Alemão afirmou que figuras proeminentes, diante da imprensa, não têm a mesma garantia de intimidade que o cidadão comum. A corte constitucional alemã decidiu que as fotos tiradas de Caroline de Mônaco por paparazzi, mesmo na esfera privada, não poderiam ser proibidas. Vetou apenas aquelas que atingiam os filhos dela, porque eram menores. O caso chegou ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos, e o tribunal decidiu o contrário: não há liberdade de imprensa que atinja a intimidade da princesa, mesmo sendo ela uma figura pública. Neste caso, não há uma hierarquia entre os dois tribunais, mas o mesmo caso é tratado de maneira diversa. Como é que podemos, então, resolver essa questão se não houver uma pretensão de diálogo, de aprendizado recíproco? Ou seja, é preciso haver uma constante adequação recíproca e não a imposição de uma ordem sobre a outra.
ConJur — Pode citar outro exemplo?
Marcelo Neves — Esse tipo de conflito é comum na área esportiva. Um
ciclista espanhol, diante do Tribunal Arbitral do Esporte, em Lausanne, defendeu seu direito de entrar na Justiça espanhola contra a decisão que o condenou por dopping. O laboratório credenciado pelo direito esportivo, que é o laboratório da Universidade da Califórnia, acusou dopping. O ciclista defendeu-se apresentando teste negativo realizado em um laboratório na Espanha. O Tribunal Arbitral não se interessou pelo resultado do laboratório espanhol. Pelo princípio da igualdade do esporte, todos os desportistas devem subordinar-se à mesma instância. Caso contrário, cada um recorreria ao seu país e não haveria critérios comuns.
REFERÊNCIA: https://www.conjur.com.br/2009-jul-12/fimde-entrevista- marcelo-neves-professor-conselheiro O professor elencou em sua tese outros 96 casos
Assim, a problemática está no centro da resolução de conflitos. Para
resolver o problema, o jurista sugeriu uma conversa constitucional e uma adequação constante, em vez de priorizar uma ordem sobre a outra. Essa troca pode ocorrer de várias formas, Por exemplo, pode ocorrer quando uma ordem jurídica está ligada à outra, como quando um estado está ligado a uma decisão tomada na ordem jurídica internacional; ou pode ocorrer quando todas as ordens jurídicas trabalham juntas, respeitam umas as outras e se consideram mutuamente. Devido ao exposto, o assunto é significativo tanto para o país quanto para o mundo como uma nova forma de resolução de conflitos. Os desafios transconstitucionais surgem além das esferas judiciais tradicionais. Eles ocorrem dentro do domínio jurídico dos governos, dos órgãos legislativos, das organizações internacionais e supranacionais não judiciais, dos atores privados de alcance global e, especificamente na América Latina, no âmbito normativo das comunidades tribais. É relevante notar que os atritos entre cortes de distintas esferas jurídicas ocasionalmente colaboram para o avanço dos direitos. No entanto, existem casos que indicam a possibilidade de que as ordens constitucionais dos Estados latino-americanos estejam sendo tensionadas por outras cortes internacionais. É importante considerar os casos em que a regra internacional de proteção dos direitos humanos pode ser interpretada como uma limitação dos direitos fundamentais garantidos pela Constituição do país. Além disso, existe uma longa tradição na América Latina de fazer referências a dispositivos, jurisprudências e doutrinas constitucionais de outros países.
Embora o constitucionalismo dos Estados Unidos tenha sido
predominante por um longo período de tempo, principalmente devido à forte influência do modelo constitucional americano que deu origem ao constitucionalismo latino-americano, a jurisprudência e o direito constitucional dos países europeus passaram a ser discutidos com mais frequência, especialmente devido à influência recente do constitucionalismo alemão.
O transconstitucionalismo, em relação a outras ordens jurídicas estatais,
tem se expandido consideravelmente no contexto do Supremo Tribunal Federal, na mais recente experiência brasileira. Em decisões de grande importância que envolvem direitos fundamentais, a referência à jurisprudência constitucional estrangeira está presente de forma explícita nas ementas dos acórdãos, e não apenas nos votos dos ministros. A referência à jurisprudência nacional e internacional foi mínima durante os
Os engenheiros do caos: Como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições