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SOLUÇÃO PACÍFICA DE CONFLITOS INTERNACIONAIS

Alexandre Evaristo Pinto


Acadêmico de Direito na Universidade Presbiteriana Mackenzie

Sumário: 1. Introdução; 2. Conceito de Conflito Internacional; 3. Solução Pacífica de Conflitos


Internacionais, 3.1. Princípio da solução pacifica dos litígios na ONU, 3.2. Meios Diplomáticos,
3.2.1. Negociações diplomáticas, 3.2.2. Congressos e conferências, 3.2.3. Bons ofícios, 3.2.4.
Mediação, 3.2.5. Inquérito, 3.2.6. Sistema Consultivo, 3.2.7. Conciliação, 3.3. Meios Políticos,
3.3.1. ONU, 3.3.1.1. Conselho de Segurança, 3.3.1.2. Assembléia Geral da ONU, 3.3.1.3.
Secretário Geral, 3.3.2. Organizações Regionais, 3.4. Meios Jurídicos, 3.4.1. Tribunais
internacionais permanentes, 3.4.2. Corte Internacional de Justiça, 3.4.3. Comissões internacionais
de inquérito, 3.4.4. Conciliação, 3.4.5. Arbitragem, 3.4.5.1. Corte Permanente de Arbitragem; 4.
Soluções Coercitivas de Conflitos, 4.1. Ruptura das relações diplomáticas, 4.2. Retorsão, 4.3.
Represálias, 4.3.1. Embargo, 4.3.2. Bloqueio Pacífico, 4.3.3. Boicotagem; 5. Conclusão; 6.
Bibliografia

1. Introdução
Em qualquer sociedade o Direito tem como função assegurar a ordem e a segurança no
respeito pela justiça. Também o Direito Internacional tem a função de manter a paz e fornecer os
meios para a restabelecer quando ela é interrompida, estabelecendo a justiça nas relações
internacionais.
Observando os fatos ocorridos em todo século passado (século XX), nota-se que este
papel foi bem mal desempenhado, já que o século XX conheceu duas guerras mundiais e várias
centenas de conflitos localizados. Mas em nenhuma sociedade a paz é fundada unicamente no
Direito; ela é fruto de uma justiça aceite por todos os seus membros, de valores comuns, de uma
solidariedade efetiva, do sentido de interesse comum. Fundamentalmente, tanto nas ordens
nacionais como na ordem internacional, a paz não é a simples ausência de guerra: baseia-se na
justiça, conscientemente procurada pelos indivíduos e realizada objetivamente pelo Direito e pelas
instituições.
O Direito e as instituições internacionais são utilizados para prevenir os conflitos e
desempenham, a este respeito, um importante papel.
A resolução dos conflitos internacionais pode ser pacífica ou implicar o recurso à força;
apresentaremos sucessivamente estes dois modos de resolução, que são, na prática,
inextricavelmente ligados. Com efeito, o fracasso dos processos pacíficos pode conduzir ao uso
da força e, reciprocamente, este, depois de desencadeado, pode conduzir à utilização de técnicas
pacíficas; com bastante freqüência, os dois tipos de processo são utilizados simultaneamente. Os
problemas da responsabilidade internacional serão apresentados em relação com os conflitos
internacionais, dos quais eles são, habitualmente, a causa ou a conseqüência.
Logo assim como na sociedade civil, ocorrem controvérsias na sociedade internacional, e
neste trabalho tentaremos explicar esse tema da melhor maneira.

2. Conceito de Conflito Internacional


Conflito Internacional é todo desacordo, oposição ou divergência sobre certo ponto de
direito ou de fato entre os sujeitos do direito internacional. Exprime-se pela existência de uma
oposição de interesses entre as partes envolvidas e pela vontade das mesmas de solucionar, de
qualquer maneira, o conflito. Portanto, a solução do conflito internacional ocorre com a resolução
dos interesses opostos das partes envolvidas. Quando era dominante a teoria da soberania
absoluta nas relações internacionais, na qual não se aceitava a solução por um poder superior
aos Estados, o uso da força funcionava como o meio usual para a solução dos conflitos, se a
negociação fracassasse.
O conceito de que conflito internacional é todo desacordo sobre certo ponto de direito ou
de fato, toda contradição ou oposição de teses jurídicas ou de interesses entre dois Estados
parece bastante amplo e tem o mérito de lembrar-nos que conflito internacional não é
necessariamente grave ou explosivo, podendo consistir, por exemplo, em mera diferença quanto
ao entendimento do significado de certa norma, expressa em tratado que vincule dois países. A
palavra conflito tem talvez o inconveniente de trazer-nos ao espírito a idéia de um desacordo sério
e carregado de tensões, mas é preferível, por seu largo alcance, ao termo litígio, que lembra
sempre os desacordos deduzidos ante uma jurisdição, e faz perder a imagem daqueles tantos
outros desacordos que se trabalham e resolvem em bases diplomáticas ou políticas, e mesmo
daqueles que importam confrontação armada.
Os conflitos internacionais podem ser jurídicos ou não jurídicos, e, dependendo dos
sujeitos envolvidos no conflito, podem existir vários conflitos de qualidades diferentes. Com
relação aos conflitos entre os Estados, que são os mais comuns até hoje, devido à sua
capacidade legal internacional ser mais ampla, existem mais normas internacionais e mais
soluções na sociedade internacional. Como a história e as teorias do Direito Internacional
mostram claramente, o Estado, entre vários sujeitos do Direito Internacional, tem dominado o
interesse do Direito Internacional. Como resultado desse sistema interestatal, o Direito
Internacional concentrou-se na solução dos conflitos entre os Estados. Entretanto existem outros
tipos de conflitos internacionais que estão surgindo, de modo relativamente lento, conforme vai-se
dando a descoberta das capacidades legais internacionais de outros sujeitos do Direito
Internacional. Entretanto a criação das normas internacionais referentes a esses sujeitos é mais
devagar se compararmos com a dos Estados. A criação dos mecanismos de solução referentes
aos conflitos internacionais que envolvem esses sujeitos também é bastante devagar. Por isso, o
conflito internacional significava apenas o conflito entre os Estados. E esse fato ainda prevalece
sobre quaisquer outros tipos de conflitos.
Com relação à tipicidade dos conflitos internacionais, podem existir vários tipos de
conflitos, tais como: conflito entre os Estados, entre Estado e Organização Internacional, entre
Estado e indivíduo, entre Estado e pessoa jurídica, entre as Organizações Internacionais, entre
Organização Internacional e indivíduo, entre Organização Internacional e pessoa jurídica, entre os
indivíduos, entre indivíduo e pessoa jurídica, e entre as pessoas jurídicas. Antigamente, havia
muita resistência quanto à subjetividade de entidades como as Organizações Internacionais,
indivíduos e pessoas jurídicas. Ora, sua solução varia realmente conforme as normas
internacionais aplicáveis e os mecanismos de solução disponíveis. Atualmente as Organizações
Internacionais já podem requerer à Corte Internacional de Justiça a sua opinião consultiva. Os
indivíduos podem ser penalizados por cometer crime contra o Direito Internacional na corte
criminal internacional e podem reclamar diretamente nos tribunais do direito humano.

3. Solução Pacífica de Conflitos Internacionais


Os Estados, da mesma forma que o homem, estão sujeitos a paixões, a choques de
interesses, a divergências mais ou menos sérias. Entre uns, como entre os outros, os conflitos são
inevitáveis. Diferentemente, porém, do que sucede na sociedade civil, onde acima dos particulares
existe uma autoridade superior, que mantém a ordem pública, e onde se exerce a jurisdição de
tribunais, que garantem direitos e aplicam sanções ou reparam ofensas, a sociedade internacional
ainda se não acha juridicamente organizada, de maneira análoga. Acima dos Estados, não há um
órgão supremo a que obedeçam, e, para dirimir controvérsias entre eles e fazer respeitar os
direitos de cada um, não existe uma organização judiciária com jurisdição obrigatória. Forçoso é
reconhecer que grande passo se procurou dar neste sentido com a criação das Nações Unidas.
Os esforços, porém, dessa organização não tem encontrado a devida correspondência da parte
de alguns de seus membros e, por isso, têm falhado lamentavelmente seus propósitos de
"preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra", "estabelecer condições sob as quais a
justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito
internacional possam ser mantidos" e "evitar ameaças à paz e reprimir atos de agressão".
Os conflitos entre os Estados sobre a coisa de fato, direito ou política são uma parte
inevitável das relações internacionais, que em muitas vezes já levaram ao conflito armado. O
sistema internacional de solução das disputas entre os Estados é o assunto mais importante do
Direito Internacional, já que ele mantém o funcionamento do sistema internacional legal, testa o
funcionamento das normas internacionais e obriga os Estados a se comportar dentro do próprio
contexto do Direito Internacional.
Está no interesse bem compreendido dos Estados tentar impedir que surjam conflitos entre
eles e, quando isto não seja possível, procurar resolver tais conflitos por meios amistosos.
Seja como for, é, pelo menos, dever moral de todo Estado não recorrer à luta armada,
antes de tentar qualquer meio pacífico para a solução da controvérsia que surja entre o mesmo e
qualquer outro membro da comunidade internacional.
Como já foi anteriormente falado, entre os meios de solução de disputas entre os Estados,
existem o meio legal e o meio não legal. Desde que os Estados têm exercido um papel
fundamental para a criação da sociedade internacional, e esta está formada com base na
igualdade soberana entre os Estados, a solução das disputas entre estes via meios legais tem
sido entendida como exceção. Ou seja, durante os últimos 400 anos, a sociedade internacional
tem-se mantido, na maior parte do tempo, sob influência da soberania absoluta, do estatismo e do
voluntarismo, que não permitam sequer a possibilidade de criação de um mecanismo de solução
superior ao Estado e contra a vontade do Estado. De fato, a Corte Permanente Internacional de
Justiça foi criada somente em 1922, após a Primeira Guerra Mundial, o que resultou no
enfraquecimento do juspositivismo no Direito Internacional. Por isso, os meios não legais têm sido
os mais desenvolvidos no Direito Internacional.
É comum que se encontre em doutrina a distinção entre conflitos jurídicos e políticos. No
primeiro caso, o desacordo se trava a propósito do entendimento e da aplicação do direito
existente; no segundo, as partes se antagonizam justamente porque uma delas pretende ver
modificado esse direito. Os meios políticos distinguem-se dos meios jurisdicionais pelo fato que
lhe falta um compromisso elementar com o primado do direito.
Hee Moon Jo classifica, seguindo os métodos de solução pacífica do art. 33 da Carta da
ONU, os métodos de solução pacíficas de controvérsias em meios diplomáticos; meios políticos e
meios legais (jurídicos ou judiciais).
Hildebrando Accioly classifica os métodos de solução pacíficas de controvérsias
internacionais em três categorias: duas categorias amistosas (meios diplomáticos e meios
jurídicos) e uma de caráter não amistoso ou coercitivo (os meios coercitivos). A rigor os métodos
coercitivos são sobretudos sanções, e não meios pacíficos de solução pacífica de controvérsias,
porém só representam um meio aceitável de implementação do direito internacional quando são
utilizados por uma organização internacional.

3.1. Princípio da solução pacífica dos litígios na ONU


O uso dos meios pacíficos de solução de litígios tornou-se obrigatório, no sistema da ONU,
para os Estados. A Carta da ONU proibiu o uso da força no seu art.2, excetuando somente a
legítima defesa e, conseqüentemente, recomenda a todos Estados-membros a "resolver suas
controvérsias internacionais por meios pacíficos, de modo que não sejam ameaçadas a paz, a
segurança e a justiça internacionais". De fato, um dos principais objetivos da ONU é, para manter
a paz e a segurança internacionais, "chegar por meios pacíficos e de conformidade com os
princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias ou
situações que possam levar a uma perturbação da paz". A Carta da ONU também cita em seu art.
33 alguns métodos de solução pacífica de controvérsias como negociação, inquérito, mediação,
conciliação, arbitragem, solução judicial, recurso a entidades ou acordos regionais, etc.
3.2. MEIOS DIPLOMÁTICOS
Diplomacia é a forma de solução de disputa internacional que visa acordar as partes
conflituosas através de negociação, conferência internacional, bons ofícios, mediação ou
inquérito. Alguns autores como Adherbal Meira Mattos e Hildebrando Accioly acrescentam o
sistema consultivo aos meios diplomáticos. Alguns autores como He Moon Jo e J. F. Rezek
acrescentam a conciliação como meio diplomático, ao contrário de Hildebrando Accioly e Adherbal
Meira Mattos que colocam a conciliação como meio jurídico. Enquanto a diplomacia é
formalmente aplicada somente para as disputas entre os Estados, ela pode ser útil também para
as disputas entre as instituições e indivíduos.

3.2.1. NEGOCIAÇÕES DIPLOMÁTICAS (NEGOCIAÇÕES DIRETAS)


Negociação significa chegar a um acordo através do diálogo ou discussão, podendo ser
por negociação direta ou por conferência internacional. Negociação direta: A grande maioria dos
conflitos entre os Estados é resolvida mediante negociação, não sendo esta uma característica
exclusiva do Direito Internacional, já que a maior parte das disputas surgidas em qualquer sistema
jurídico é também por esse meio solucionada. Logo o meio usual, geralmente o de melhores
resultados para a solução de divergências entre Estados, é o da negociação direta entre as
partes.
Essas negociações variam segundo a gravidade do problema, e nos de somenos
importância basta na maioria dos casos um entendimento verbal entre a missão diplomática e o
Ministério das Relações Exteriores local. Nos casos mais graves, a solução poderá ser alcançada
mediante entendimentos entre altos funcionários dos dois governos, os quais podem ser os
próprios Ministros das Relações Exteriores. Na maioria dos casos, a solução da controvérsia
constará de uma troca de notas.
Como resultado das negociações, poderá ocorrer a renúncia de um dos governos ao
direito que pretendia; ou o reconhecimento por ele das pretensões do outro. Num caso, temos a
desistência; no outro, a aquiescência. Pode ainda ocorrer à transação, quando ocorrem
concessões recíprocas.

3.2.2. CONGRESSOS E CONFERÊNCIAS


Quando a matéria ou o assunto em litígio interessa a diversos Estados, ou quando se tem
em vista a solução de um conjunto de questões sobre as quais existem divergências, recorre-se a
um congresso ou a uma conferência internacional. Atualmente, esses tipos de problemas,
litigiosos ou não, tendem a ser solucionados na Assembléia Geral das Nações Unidas e, no caso
de uma questão de âmbito latino-americano, na Organização dos Estados Americanos (OEA).
Os congressos e conferências são reuniões de representantes estatais, devidamente
autorizados, para o debate e discussão de problemas internacionais.
Em princípio, não existe diferença alguma entre congressos e conferências diplomáticas
internacionais. Estas e aqueles são reuniões de representantes de Estados, devidamente
autorizados, para a discussão de questões internacionais. Logo essa distinção não existe
atualmente, pois no passado, congresso era um encontro de importância maior do que
conferência.
Houve um tempo em que a denominação de congresso foi reservada às reuniões de
soberanos ou chefes de Estado, ou pelo menos, às de maior importância, destinando-se o nome
de conferência às outras reuniões. Essa distinção, desde muito, já não é feita.
Seu mecanismo compreende a atividade de delegações dos Estados envolvidos, a
realização de sessões, tantas quantas necessárias, e o estabelecimento de comissões e
subcomissões, até se chegar às conclusões finais, geralmente sob a forma de resoluções.
3.2.3. BONS OFÍCIOS
Os bons ofícios compreendem a ação de um terceiro Estado – ou de terceiros Estados –
junto a dois Estados litigantes. Tanto são oferecidos, como solicitados, podendo, inclusive, ser
recusados, não significando a recusa, em si, qualquer atitude inamistosa para o Estado que
ofereceu ajuda. Ou seja, trata-se também de um entendimento direto entre os contendores,
entretanto facilitado pela ação amistosa de um terceiro. Este – o chamado prestador de bons
ofícios – é sujeito de direito internacional, vale dizer, um Estado ou organização, embora não seja
raro que se individualize coloquialmente a iniciativa, indicando-se pelo nome o chefe de Estado ou
o ministro que exterioriza esse apoio instrumental aos litigantes. Instrumental, aqui, vale dizer que
o terceiro não propõe solução para o conflito. Na realidade, ele sequer toma conhecimento das
razoes de uma e outra das partes: limita-se a aproximá-las, a proporcionar-lhes, muitas vezes, um
campo neutro de negociação, por haver-se convencido de que a desconfiança ou o ressentimento
reinantes impedirão o diálogo espontâneo entre os Estados contendores. Assim compreendidos
os bons ofícios, fácil é perceber que eles não costumam ser solicitados ao terceiro pelas partes,
ou por uma delas. São em geral oferecidos pelo terceiro. Podem ser recusados, mas a iniciativa
de prestar bons ofícios nunca se entenderá como intromissão abusiva.

3.2.4. MEDIAÇÃO
A mediação consiste na interposição amistosa de um ou mais Estados, entre outros
Estados, para a solução pacífica de um litígio.
Na prática, nem sempre é possível distingui-la claramente dos bons ofícios. Pode-se dizer,
contudo, que a mediação se distingue dos bons ofícios em que, ao contrário do que sucede com
estes, constitui uma espécie de participação direta nas negociações entre os litigantes, enquanto
nos bons ofícios a participação é indireta. Distinguem-se também da intervenção propriamente
dita, em que o Estado mediador, ao contrário do que intervém, não procura impor a sua vontade e
procede com intuitos desinteressados: a mediação é ato essencialmente amistoso, ao passo que
a intervenção se caracteriza pela coação.
Da mesma forma que os bons ofícios, a mediação pode ser oferecida ou ser solicitada; e o
seu oferecimento ou a sua recusa não deve ser considerado ato inamistoso.

3.2.5. INQUÉRITO
Inquérito (board of injury) ou fact-finding são elementos intercambiáveis na solução das
disputas internacionais. O Board of injury é o responsável pela investigação e decisão sobre as
questões de fato relacionadas aos assuntos legais, sendo que as partes podem que as partes
podem usar esse resultado.
Em direito internacional público o uso do termo inquérito tem servido para significar um
procedimento preliminar de instância diplomática, política ou jurisdicional, sendo ele próprio um
meio diplomático de se estabelecer antecipadamente à materialidade dos fatos. O inquérito
costuma ser conduzido por comissões semelhantes às de conciliação, visto que integradas por
representantes das partes e investigadores neutros. Essas comissões não têm por encargo propor
o que quer que seja, mas tão só apurar fatos ainda ilíquidos, de modo que se prepare
adequadamente o ingresso numa das vias de efetiva solução do conflito. Parece óbvio, assim, que
não há falar em inquérito senão quando uma situação de fato reclama esclarecimento – o que não
sucede, por exemplo, se o litígio diz respeito apenas à interpretação de normas convencionais.
Os Estados em conflito podem, por sua vez, acordar na designação de uma entidade
imparcial encarregada de levar a cabo um inquérito, cujo objetivo consiste na produção de uma
pesquisa imparcial sobre os fatos em disputa, preparando, assim, o caminho para uma resolução
negociada. Muitas disputas internacionais centram-se exclusivamente em questões conflituosas
sobre fato, sendo o inquérito imparcial um excelente meio de reduzir a tensão na área de
desacordo entre as partes; embora elas não sejam obrigadas a aceitar os resultados do inquérito,
quase sempre os acatam voluntariamente.
3.2.6. SISTEMA CONSULTIVO
A consulta é a troca de opiniões entre dois ou mais governos, envolvidos num litígio
internacional. Essa troca de opiniões tanto pode ser direta como indireta.
Foi só, porém, no continente americano que esse sistema se desenvolveu e adquiriu o
caráter preciso de meio de solução pacífica de controvérsias e também o de meio de cooperação
pacifista internacional, tanto que o sistema consultivo está presente na Carta da Organização dos
Estados Americanos (OEA).

3.2.7. Conciliação (Meio Diplomático para J. F. Rezek e Hee Moon Jo)


A conciliação internacional é uma combinação do inquérito com a mediação. É um meio de
solução pacífica dos conflitos internacionais no qual os Estados-partes solicitam a comissão
internacional de conciliação já prevista no tratado. A comissão de conciliação designada por
ambas às partes investiga os fatos em disputa (como um inquérito) e sugere os termos de
resolução (como uma mediação). Ela funciona como um tribunal internacional, e as partes
argumentam perante esse tribunal (de conciliação) como se estivesse numa corte internacional. A
comissão de conciliação dá a sua recomendação, deixando as partes decidir se devem aceitá-la
ou não, já que não são obrigadas a aceitar. Na maioria dos casos aceitam.
Um fator essencial para o sucesso da conciliação é manter a confidencialidade do
processo, uma característica importante quando se lida com governos independentes. A
conciliação é mais formal e menos flexível que a mediação. Assim, se as propostas do mediador
não são aceitas, ele pode continuar a formular novas propostas, enquanto o conciliador costuma
apenas emitir uma única informação.
De fato, a conciliação é considerada como uma fase anterior à arbitragem ou ao processo
judiciário. Por isso, as conciliações reportadas, apesar da sua recomendação não obrigatória,
acabam terminando com sucesso na maioria dos casos.

3.3. MEIOS POLÍTICOS


As organizações internacionais podem exercer suas funções para solucionar os conflitos
internacionais. Os meios de solução por que elas optam podem se pacíficos ou coercitivos,
visando eliminar a ameaça à paz ou para recuperar esta. Os meios pacíficos que as Organizações
Internacionais empregam podem ser via solução política ou via solução judiciária. Por isso, a
solução política, pelas Organizações Internacionais, é um meio de solução pacífica dos conflitos
internacionais. Esses três meios de solução de disputas internacionais exercidos pelas
Organizações Internacionais estão interligados, apesar de serem explicados separadamente para
melhor compreensão.

3.3.1. ONU
No sistema da ONU, tanto o Conselho de Segurança quanto a Assembléia Geral podem
intervir nos conflitos entre Estados, objetivando uma solução pacífica.
As controvérsias tratadas na ONU têm de ser sérias e de caráter internacional. O que se
entende por controvérsia séria é aquela que possa vir a constituir uma ameaça à paz
internacional. E essa controvérsia deve ser uma controvérsia internacional, porque a ONU não
pode intervir nos assuntos de jurisdição nacional (assuntos domésticos).
Antes de recorrerem ao Conselho de Segurança da ONU as partes devem buscar pela
solução pacífica.

3.3.1.1. Conselho de Segurança


O Conselho de Segurança tem um poder superior a todos, com relação à manutenção da
paz internacional, segundo a Carta da ONU.
O Conselho de Segurança pode intervir nos conflitos internacionais: pela decisão do
próprio Conselho de Segurança; por solicitação de um membro da ONU, seja ou não parte da
disputa; por solicitação de um Estado que não seja membro da ONU, na condição de ser parte no
conflito e aceitar previamente, com relação à disputa, as obrigações de resolução pacífica
estabelecidas na Carta da ONU; por solicitação da Assembléia Geral da ONU; e por solicitação do
Secretário Geral da ONU.

3.3.1.2. Assembléia Geral da ONU


A Assembléia Geral tem tratado da solução de conflitos internacionais, criando comissões
de bons ofícios e indicando mediadores em vários casos. Entretanto, há casos em que ela só tem
o poder de fazer recomendações e, ademais, ela não pode fazer nenhuma recomendação a
respeito de controvérsia ou situação que está sendo tratada pelo Conselho de Segurança, a
menos que este a solicite.

3.3.1.3. SECRETÁRIO GERAL


A Carta da ONU outorgou ao Secretário Geral os poderes políticos necessários para a
solução dos conflitos internacionais. Para esse objetivo, o Secretário Geral exerce dois poderes,
ou seja, o poder de solicitar a intervenção do Conselho de Segurança e o poder de exercer a
função diplomática diretamente para a solução dos conflitos.

3.3.2. ORGANIZAÇÕES REGIONAIS


Organizações de alcance regional e vocação política, como a Organização dos Estados
Americanos (OEA), dispõem de mecanismos essencialmente análogos aos das Nações Unidas
para a solução pacífica de litígios entre seus integrantes. A OEA, por exemplo, têm conselho
permanente, dotado de representação de todos os países membros, e pronto a equacionar
politicamente os conflitos de âmbito regional antes que as partes busquem socorro no foro maior,
o das Nações Unidas.

3.4. Meios Jurídicos (Jurisdicional ou Legal)


Jurisdição é o foro especializado e independente que examina litígios à luz do direito e
profere decisões obrigatórias.
O sistema judiciário da sociedade internacional ainda está muito longe do desejado.
Apesar de a Corte Internacional de Justiça (CIJ) ser a mais importante, e, por isso mesmo, ser
chamada de "Corte Mundial", ela não é uma corte suprema, por falta de hierarquia judiciária
internacional. Do mesmo modo como foi criada a CIJ, basicamente a criação de uma corte ou
tribunal de características internacionais dá-se pela vontade e pelas necessidades dos Estados.
Nesse sentido, existem várias cortes internacionais e regionais. Até hoje os meios que têm sido
mais desenvolvidos como meios legais de solução de disputas internacionais são a adjudicação e
a arbitragem.
No plano internacional, a arbitragem foi ao longo de séculos à única jurisdição conhecida:
sua prática remonta, no mínimo ao tempo das cidades gregas. Mas da arbitragem diz-se, com
acerto, que é um mecanismo jurisdicional não judiciário. Isso porque o foro arbitral não tem
permanência, não tem profissionalidade.

3.4.1. TRIBUNAIS INTERNACIONAIS PERMANENTES


Os tribunais e as cortes internacionais são entidades judiciárias permanentes, compostas
de juízes independentes, cuja função é o julgamento de conflitos internacionais tendo como base
o direito internacional, de conformidade com um processo preestabelecido e cujas sentenças são
obrigatória para as partes.
Aos poucos, novos tribunais internacionais permanentes vão surgindo com o objetivo de
adjudicar ampla gama de problemas, podendo-se mencionar os tribunais de caráter universal e os
de natureza regional. Podem ter funções amplas, conforme ocorre com a Corte Internacional de
Justiça, ou então um objetivo restrito, como ocorre com o Tribunal Internacional do Direito do Mar,
recentemente criado pela Convenção sobre o Direito do Mar, o qual passará a existir com a
entrada em vigor dessa Convenção.

3.4.2. Corte Internacional de Justiça


A Corte Internacional de Justiça (CIJ) é a predecessora da Corte Permanente de Justiça
Internacional (CPJI), sendo chamada freqüentemente de "Corte Mundial". A CIJ tem sede em
Haia, é um dos 6 principais órgãos da ONU. Entretanto, ela goza de independência no sistema da
ONU. O Estatuto da CIJ está anexado à Carta da ONU, sendo que todos os membros da ONU
são automaticamente partes no Estatuto. Entretanto, os Estados não membros da ONU podem
tomar parte no Estatuto.
As duas funções básicas da Corte são, em primeiro lugar, solucionar as disputas legais
conforme o Direito Internacional e, em segundo lugar, dar opiniões consultivas sobre questões
legais.
A CIJ é composta por quinze juízes com mandato de 9 anos, sendo cinco eleitos a cada
três anos. Entre os quinze juízes deverá haver um de cada nacionalidade. O Estatuto não proíbe
que um juiz participe de julgamento de questão em que o país de sua nacionalidade seja parte.
Todavia, a outra parte pode requerer a convocação de um candidato não eleito, inclusive de sua
nacionalidade, para ser empossado como juiz a participar do julgamento, deixando o cargo em
seguida.
A CIJ exerce duas funções: função judiciária (produção de sentenças para a solução de
disputas) e função consultiva (emitir opiniões consultivas).
A CIJ pode resolver questões referentes: à interpretação de um tratado; qualquer ponto de
Direito Internacional; a existência de qualquer fato que, se verificando, constituiria a violação de
um compromisso internacional; a natureza ou a extensão da reparação devida pela ruptura de um
compromisso internacional.
A CIJ, sendo um órgão jurídico, dará pareceres consultivos e assessoria jurídica sobre
questões jurídicas.

3.4.3. COMISSÕES INTERNACIONAIS DE INQUÉRITO


As comissões internacionais de inquérito, também chamadas de investigação e ainda de
conciliação, são comissões criadas para facilitar soluções de litígios internacionais ou para
elucidar fatos controvertidos, por meio de uma investigação imparcial e criteriosa. Essas foram
criadas pela Primeira Conferencia pela Paz, em Haia, em 1899.
Em geral, essas comissões compreendem cinco membros. Cada parte interessada
designa dois membros, sendo o quinto escolhido, de comum acordo, entre elas. Têm caráter
meramente consultivo e apresentam, a final, um relatório, que sempre traduz a proposição de um
acordo para o litígio em questão.

3.4.4. Conciliação (Meio jurídico para Adherbal Meira Mattos e Hildebrando Accioly)
Adherbal Meira Mattos e Hildebrando Accioly, ao contrário de J. F. Rezek e Hee Moon Jo,
consideram a conciliação como meio jurídico, enquanto aqueles a consideram meio diplomático.
Logo segundo Adherbal Meira Mattos, a conciliação se assemelha às comissões de
inquérito. Aliás, a denominação é uma só: comissões internacionais de inquérito e conciliação.
Destinam-se a solucionar conflitos internacionais, por meio de investigações e de um exame
imparcial e consciencioso do impasse. Seu papel também é meramente consultivo, visando,
sempre, à proposição de um acordo para a solução de controvérsias.

3.4.5. ARBITRAGEM
A arbitragem pode ser definida com o meio de solução pacífica de controvérsias entre os
Estados por uma ou mais pessoas livremente escolhidas pelas partes, geralmente através de um
compromisso arbitral que estabelece as normas a serem seguidas e onde as partes contratantes
aceitam, de antemão, a decisão a ser adotada. Consiste na criação de um julgador não
pertencente à jurisdição normal, escolhido pelas partes conflitantes, para dirimir divergências entre
elas. É a escolha de um juiz não togado, ou de um tribunal não constituído por desembargadores,
mas de advogados avulsos ou de pessoas consideradas capazes de conhecer e decidir uma
questão que esteja prestes a ser submetida à Justiça. As controvérsias são, essencialmente, de
natureza jurídica, mas também podem-se revestir de caracteres políticos.
A arbitragem tem como características: é estabelecida pelo acordo entre as partes e elas
são quem definem o objeto do litígio e o direito aplicável a ele; a entrega da solução dos litígios
aos árbitros livremente escolhidos pelas partes; compromisso das partes para o acatamento da
decisão arbitral, segundo o princípio do pacta sunt servanda; podem as partes estabelecer um
prazo para a sentença arbitral; e podem as partes exigir o procedimento arbitral com sigilo.
O árbitro, em princípio, é um juiz, razão por que suas sentenças devem ser respeitadas.
Podem ser árbitros os chefes de Estado, o Papa (muito comum no passado), diplomatas,
jurisconsultos etc. São sempre livremente escolhidos pelas partes. Quando estas não chegam a
um acordo definitivo, nomeiam dois árbitros, os quais escolhem um superárbitro, que podem,
também, ser uma terceira potência, de comum acordo designada pelas partes.
Dois tipos de arbitragem distinguem-se: a voluntária ou facultativa e a permanente ou
obrigatória. A arbitragem voluntária ou facultativa surge do compromisso entre as partes, para a
solução de um problema que já surgiu. Não há um acordo anterior entre as partes, pois o
problema não foi previsto. A convenção arbitral para a instauração desse tipo de julgamento é
chamada de "compromisso". É também chamada de arbitragem ad hoc, por ser criado um juízo
arbitral para aquele caso.
A arbitragem permanente ou obrigatória decorre de um ajuste prévio entre as partes,
prevendo que, se houver divergência entre elas, será submetida a uma solução arbitral. Já são
previstos os potenciais problemas a resolver, razão pela qual o acordo antecede a eles, ao
contrário da arbitragem voluntária, em que o acordo surge após os problemas a serem resolvidos.
O acordo ou convenção entre as partes para a instauração desse tipo de arbitragem é chamado
de "clausula compromissória", visto ser uma cláusula inserida num contrato.
A sentença arbitral é a decisão tomada pelo juízo arbitral. Se houver árbitro único, deve
ser assinada por ele se houver um tribunal, todos os membros deverão assinar, o presidente
deverá certificar a ausência da assinatura na própria sentença. Deverá trazer a sentença à data e
o local em que foi proferida, pois a cláusula compromissória e o compromisso arbitral
normalmente indicam prazo para ela e, se for proferida após o prazo, estará sujeita a anulação.

3.4.5.1. Corte Permanente de Arbitragem


A Corte Permanente de Arbitragem, estabelecida pela Convenção de Haia para a Solução
Pacífica das Disputas Internacionais em 1899, é a principal corte de arbitragem internacional.
Entretanto, ela trabalhou apenas com 24 arbitragens, desde sua criação até hoje. Após o
estabelecimento da CPIJ e, posteriormente, da CIJ, o uso da Corte Permanente de Arbitragem se
tornou cada vez mais raro.

4. SOLUÇÕES COERCITIVAS DE CONFLITOS


Os meios coercitivos para a solução dos litígios internacionais se situam entre os meios
pacíficos e o método realmente violento, que é a guerra. Os principais são a ruptura das relações
diplomáticas, a retorsão e as represálias (embargo – bloqueio pacífico – boicotagem), além da
atuação do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

4.1. Ruptura das Relações Diplomáticas


A ruptura das relações diplomáticas ou cessação temporária das relações oficiais entre
dois Estados pode resultar da violação, por um deles, dos direitos do outro. Mas pode, também,
ser empregada como meio de pressão de um Estado sobre outro Estado, a fim de forçar a
modificar a sua atitude ou chegar a acordo sobre algum dissídio que os separe. Assim, ou é usada
como sinal de protesto contra uma ofensa recebida, ou como maneira de decidir o Estado contra o
qual se aplica, a adotar procedimento razoável e mais conforme aos intuitos que se têm em vista.
A ruptura das relações diplomáticas manifesta-se ou pela entrega de passaportes ao
agente diplomático do Estado a que se aplica, ou pela retirada, da capital de tal Estado, do agente
diplomático do Estado que lança mão desse recurso, ou, concomitantemente, pelas duas
medidas.
É sempre uma cessação temporária de relações diplomáticas – nunca definitiva – mas
pode levar à guerra, se as partes não reatarem suas relações, chegando a um acordo quando a
qualquer controvérsia.

4.2. RETORSÃO
A retorsão é um ato por meio do qual um Estado ofendido aplica ao Estado que tenha sido
o seu agressor as mesmas medidas ou os mesmos processos que este empregou ou emprega
contra ele. É, pois, uma espécie de aplicação de pena de talião.
Assim a retorsão constitui um meio de se opor a que um Estado exerça seus direitos me
prejuízo de outro Estado. Inspira-se no princípio da reciprocidade e no respeito mútuo, que toda
nação deve ter para com as demais. Não é ato de injustiça, nem violação de direito; mas, também,
não pretende ser punição.
Como causas legítimas de retorsão, indicam-se as seguintes: o aumento exagerado, por
um Estado, dos direitos de importação ou trânsito estabelecido sobre os produtos de outro Estado;
a concessão de certos privilégios ou vantagens nacionais de um Estado, simultaneamente com a
recusa dos mesmos favores aos nacionais de outro Estado.

4.3. REPRESÁLIAS
As represálias compreendem atos de coerção de um Estado contra outro, em hipóteses de
violação de direitos.
Teoricamente, ocorrem em hipóteses de flagrante violação do Direito Internacional, como
recurso extremo, por meio de atos do agredido contra o agressor, cessando após a obtenção da
reparação. Legalmente, entretanto, também não foram admitidas pela Carta da ONU, que só
cogita da legítima defesa, individualmente, aos Estados.
As três formas mais comuns por que se apresentam, na prática, as represálias, são o
embargo, o bloqueio pacífico e a boicotagem.

4.3.1. EMBARGO
O embargo é uma forma especial de represália que consiste, em geral, no seqüestro, em
plena paz, de navios e cargas de nacionais de um Estado estrangeiro, ancorados nos portos ou
em águas territoriais do Estado que lança mão desse meio coercitivo.

4.3.2. BLOQUEIO PACÍFICO


O bloqueio pacífico ou bloqueio comercial constitui outra forma de represália. Consiste em
impedir, por meio de força armada, as comunicações com os portos ou as costas de um país ao
qual se pretende obrigar a proceder de determinado modo.
Pode ter em vista, apenas, impedir a entrada e saída dos navios pertencentes a nacionais
do Estado bloqueado, com a permissão de livre entrada ou saída para as embarcações de
nacionais dos outros Estados; ou impedir a entrada e saída de quaisquer navios; seja qual for a
sua nacionalidade.

4.3.3. BOICOTAGEM
A boicotagem é a interrupção de relações comerciais com um Estado considerado ofensor
dos nacionais ou dos interesses de outro Estado. É recurso de que, em geral, este último ou seus
nacionais lançam mão de obrigar o primeiro a modificar uma atitude considerada agressiva ou
injusta. Essa medida pode ser adotada por ato oficial de um governo ou pode ser obra de meros
particulares.

5. CONCLUSÃO
A sociedade internacional vem desenvolvendo várias formas de solução de disputa entre
os Estados. Entretanto, existem vários problemas devido à falta de sistematização do mecanismo
internacional de solução de conflitos e à falta de cortes especializadas. A resistência contra a
sistematização hierárquica é grande, principalmente por parte dos Estados industrializados, já que
isso causaria a restrição do exercício do poder político internacional. Entretanto, a criação de
cortes especializadas em várias áreas sociais internacionais, como direito do mar, direito aéreo,
direito econômico, propriedade intelectual, direito humano etc., é necessária e está sendo feita
constantemente conforme a necessidade da sociedade internacional. Conseqüentemente, é
importante a criação de uma ordem hierárquica das cortes internacionais, já que o conflito entre as
normas internacionais é cada vez mais evidente, e esse é o único meio eficaz para a consolidação
da sociedade internacional legal.

6. BIBLIOGRAFIA
ALBUQUERQUE MELLO, Celso de. Curso de Direito Internacional Público. Rio de
Janeiro : Renovar, 2000.
MATTOS, Adherbal Meira. Direito Internacional Público. Rio de Janeiro : Renovar, 1996.
MOON JO, Hee. Introdução ao Direito Internacional. São Paulo : LTr, 2000.
NASCIMENTO E SILVA, Geraldo Eulálio e ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito
Internacional Público. São Paulo : Saraiva, 1998.
REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público. São Paulo : Saraiva, 1995.
ROQUE, Sebastião José. Direito Internacional Público. São Paulo : Hemus, 1997.
TOUSCOZ, Jean. Direito Internacional. Lisboa : Publicações Europa-América, 1993.

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