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POLÍCIA MILITAR DA PARAÍBA

DIRETORIA DE ENSINO
CENTRO DE ENSINO
CURSO DE GERENCIAMENTO DE CRISES

Disciplina: Doutrina de Gerenciamento de Crises

OBJETIVOS
Criar uma nova postura nos Organismos do Sistema de Defesa Social no trato das
ocorrências críticas;
• Servir de orientação para os Executivos de Polícia.
Estabelecer normas de procedimentos que possibilitem minimizar riscos à vida e à
integridade física das pessoas envolvidas (reféns, policiais e criminosos);
Empregar os meios humanos e materiais necessários ao controle total da
ocorrência;
Definir a ordem das ações e procedimentos gerais a serem adotados no local da
ocorrência;
Disciplinar o envolvimento de pessoas estranhas à ocorrência, assim como das
forças policiais, autoridades e imprensa.

“LUTAR E VENCER EM TODAS AS BATALHAS NÃO É A GLÓRIA SUPREMA; A


GLÓRIA SUPREMA CONSISTE EM QUEBRAR A RESISTÊNCIA DO INIMIGO SEM
LUTAR” ·(Sun Tzu, A Arte da Guerra)
“O QUE OS ANTIGOS CHAMAVAM DE GUERREIRO INTELIGENTE ERA ALGUÉM
QUE NÃO APENAS VENCIA MAS QUE SE SOBRESSAÍA VENCENDO COM
FACILIDADE” (Sun Tzu, A Arte da Guerra)
“SE VOCÊ CONHECE O INIMIGO E A SI MESMO, NÃO PRECISA TEMER O
RESULTADO DE UMA CENTENA DE BATALHAS. SE VOCÊ SE CONHECE MAS NÃO
CONHECE O INIMIGO, PARA CADA VITÓRIA SOFRERÁ UMA DERROTA. SE VOCÊ
NÃO CONHECE NEM A SI MESMO NEM O INIMIGO, PERDERÁ TODAS AS
BATALHAS” ·(Sun Tzu, A Arte da Guerra)
“DEVEMOS USAR SEMPRE A FORÇA DO DIREITO E, EVENTUALMENTE, O DIREITO
DA FORÇA” (Cap PM Onivan)

ANTECEDENTES HISTÓRICOS

JOGOS OLÍMPICOS DE MUNIQUE, 05 DE SETEMBRO DE 1972. Terroristas de


origem árabe, membros de um grupo denominado Setembro Negro, mataram dois e
seqüestraram nove integrantes da equipe olímpica israelense e tentaram fuga através do
aeroporto da base militar de Furstendelbruck. A polícia alemã-ocidental iniciou uma
operação de resgate dos reféns e, após o combate, chamado de Massacre de Munique,
morreram todos os reféns. Do episódio, nasceu à unidade anti–terror chamada de
GSG-9, que inspirou a criação de tropas especiais semelhantes em todas as polícias do
mundo.
 LONDRES, INGLATERRA, 30 DE ABRIL DE 1980 . Seis homens armados com
pistolas, metralhadoras e granadas tomaram a Embaixada do Irã e fizeram 29 reféns,
exigindo a imediata libertação de 91 prisioneiros do regime iraniano. Os terroristas
mataram um refém e atiraram seu corpo para fora da Embaixada. O SAS, grupo tático
inglês, iniciou os preparativos para invasão da embaixada, onde doze homens iriam agir
em três grupos. Em uma ação conjunta, o negociador conversava com o líder dos
terroristas, quando foi iniciada a operação. Cinco terroristas foram mortos, um saiu
protegido pelos reféns e não houve baixa entre os reféns.

 BANGKOK, TAILÂNDIA, MARÇO DE 1891 . Um grupo terrorista tomou um avião


e exigiu a libertação, primeiramente, de vinte presos na Indonésia e, após, outros oitenta
e quatro, mais a quantia de um milhão e meio de dólares. A aeronave rumou para
Bangkok, onde um grupo de elite composto por forças tailandesas e indonésias atacou,
restando todos os seqüestradores mortos, além do piloto da aeronave e um policial.

 CALIFÓRNIA, EUA, 18 DE JULHO DE 1984 . Em San Ysidro, James Oliver


Huberty entrou atirando num estabelecimento do McDonald’s, e instalou-se fortemente
armado (uma Uzi 9mm, uma pistola 9mm e uma calibre 12) em seu interior, com cerca de
quinze vítimas. A polícia foi chamada e o incidente conhecido como “Massacre do
McDonald’s”, foi resolvido por um sniper que atirou logo após o sujeito ter efetuado uma
série de tiros desde a janela para a rua. O conflito durou cerca de uma hora e meia.

 MALTA, 23 DE NOVEMBRO DE 1985 . Cinco terroristas do grupo Abu Nidal


seqüestraram um avião e foram para o Liqa Airport Malta. Imediatamente mataram dois
passageiros e feriram gravemente outros três. A partir daí, um grupo de elite egípcio
atacou e, da ação, morreram cinqüenta e seis passageiros e um terrorista, além de
restarem trinta e cinco feridos.

 CALIFÓRNIA, EUA, 05 DE DEZEMBRO DE 1987 . Na cidade de Escondido, um


sujeito estava barricado em seu apartamento e foi iniciada uma negociação e após,
declarada encerrada, houve uma tentativa de invasão da SWAT de San Diego e planejou-
se uma ação com duas seqüências de tiros de agentes químicos combinados com táticas
de distração. Quando a equipe estava preparando a movimentação, o sujeito vestindo
roupas iguais à da SWAT, saiu correndo e atirando, deixando os policiais confusos. Um
K-9 atacou-o no braço esquerdo e os policiais resolveram o conflito baleando-o na
cabeça.

 VIRGÍNIA, EUA, 22 DE MARÇO DE 1989 . Em Arlington, um homem fez reféns


utilizando uma arma calibre 12, após ter fumado crack. A exigência que fazia era ter mais
droga para poder utilizar. Como não havia disponibilidade de telefone, foi iniciada uma
conversa com o negociador, que permanecia em um lugar à pequena distância do
criminoso. De repente o sujeito pegou uma refém e encostou-lhe uma arma na cabeça e
ficou em frente a dois policiais da SWAT em situação exposta. O sniper estava à cerca de
trinta metros de distância, em uma janela e foi-lhe dada permissão para atirar. Assim
agindo, o sujeito foi atingido na aorta e ainda teve tempo de fazer dois disparos antes de
cair, atingindo mortalmente um policial e acertando o outro na perna, com um terceiro tiro.
Coube ao negociador atingir o criminoso, com um tiro de 9mm, matando-o e resolvendo o
conflito.

 SÃO PAULO, BRASIL, 02 DE OUTUBRO DE 1992. Uma rebelião na Casa de


Detenção do Carandiru é contida com a morte, pela Polícia Militar, de 111 detentos,
ficando o episódio conhecido como o “Massacre do Carandiru”.

 OHIO, EUA, 11 DE ABRIL DE 1993. Na cidade de Lucasville, na Prisão de


Segurança Máxima, quatrocentos presos tomaram onze guardas como reféns e mataram
imediatamente um deles e outros seis reclusos. O conflito foi resolvido após negociação,
onde foram concedidos vinte e um itens aos presos.

 PARANÁ, BRASIL, 25 DE ABRIL DE 1995 . Em Marechal Cândido Rondon, os


irmãos Beltramin e outro criminoso tomaram sete pessoas como reféns, durante roubo à
residência do dono de uma casa de câmbio na cidade, que conseguiu avisar à Polícia.
iniciou-se o cerco policial e um ordenado tratamento da questão que culminou na solução
tática da crise. Um grupo de resgate, com policiais civis e militares, efetuou a tomada do
ponto crítico e libertou todos os reféns com vida, matando os três criminosos.

 PARÁ, BRASIL, 17 DE ABRIL DE 1996 . Em Eldorado dos Carajás após o


bloqueio de uma estrada e a ordem de retirada um conflito entre a Polícia Militar e sem –
terra faz 19 mortos.

 GOIÁS, BRASIL, 28 DE MARÇO DE 1996 . Em Aparecida de Goiânia durante a


visita do Secretário de Segurança, do Presidente do Tribunal de Justiça e de onze juizes
à área de segurança máxima do CEPAIGO, cerca de cinqüenta presos, liderados por
Leonardo Pareja, tomaram os visitantes e alguns funcionários como reféns. A crise durou
151 horas e fugiram 43 presos levando reféns. Uma estudante morreu em uma barreira
da polícia Militar e, até o final de 1996, seis presos que participaram da rebelião haviam
sido mortos, inclusive Leonardo Pareja.

 LIMA, PERU, 17 DE DEZEMBRO DE 1996. Rebeldes do Movimento


Revolucionário Tupac Amaru, comandados por Nestor Cerpa Cartolini invadiram a
residência do Embaixador do Japão durante uma recepção oficial e tomaram nada menos
que seiscentos reféns, entre os quais muitos diplomatas estrangeiros. Os seqüestradores
exigiam a libertação de presos políticos e melhorias nas condições de prisões de outros
parceiros. O Presidente do Peru, Alberto Fujimori, recusou-se a atender aos pedidos e foi
pressionado pela opinião pública internacional e forçado a negociar para uma solução
pacífica. Os rebeldes libertaram a maioria dos reféns e, em 22 de abril de 1997, cento e
vinte e seis dias depois, forças de elite das forças armadas peruanas invadiram a
residência e libertaram todos os reféns restantes, tendo um deles morrido em decorrência
de um ataque cardíaco. Quatorze rebeldes e dois soldados morreram.

A CRISE OU EVENTO CRÍTICO


A Academia Nacional do FBI define Crise como:
“Um evento ou situação crucial, que exige uma resposta especial da Polícia,
Polícia a fim
de assegurar uma solução aceitável”.
CARACTERÍSTICAS DA CRISE
Toda Crise apresenta as seguintes características:
IMPREVISIBILIDADE;
COMPRESSÃO DE TEMPO;
AMEAÇA DE VIDA; e
NECESSIDADE DE:
a. Postura organizacional não rotineira;
b. Planejamento analítico especial; e
c. Considerações legais especiais.
GERENCIAMENTO DE CRISES
A Academia Nacional do FBI adota a seguinte definição:
“Gerenciamento de Crises é o processo de identificar, obter e aplicar os recursos
necessários à antecipação, prevenção e resolução de uma Crise”.
OBJETIVOS FUNDAMENTAIS
Preservar vidas;
Aplicar a lei;
Recuperar a propriedade.

NECESSIDADE DO GERENCIAMENTO DE CRISES


Porque a capacidade de gerenciamento de crises é necessário para todas as
organizações policiais?

RESPOSTA
Responsabilidade da Polícia;
Crise é não seletiva e inesperada;
Ação da mídia;
O resultado da incompetência é imediato.

SEMPRE QUE HÁ UM SUJEITO BARRICADO OU UMA SITUAÇÃO DE REFÉNS, AS


SEGUINTES MEDIDAS PODEM SER ADOTADAS:
1) Controlar e tentar negociar;
2) Controlar e exigir a rendição;
3) Uso de Agentes. Não Letais para forçar a rendição;
4) Uso de atiradores de elite;
5) Uso de um Grupo Especial Tático.
FBI Bulletin - Jun/Jul -1981
ESTÁGIO DE PRÉ-CRISE
É o tempo durante o qual as coisas normais estão acontecendo com os
negociadores, seqüestradores e reféns. As emoções estão sob controle, os níveis de
estresse estão baixo e tanto a polícia quanto os seqüestradores estão pensando e
planejando;
A pessoa que está entrando na crise tenta superar uma alteração na rotina da sua
vida normal com um pouco de senso de perda de controle ou problema de funções
emocionais. Ele pode ver um problema desenvolvendo-se e começar a tentar a gerenciá-
lo. Pessoas têm um sentimento geral que algo precisa ser feito;
Negociadores precisam praticar suas habilidades de comunicação, habilidades
interpessoais e habilidades de persuasão. Os negociadores precisam educar a estrutura
de comando dos princípios de negociação e o que os negociadores podem fazer no local.
ESTÁGIO DE CRISE
É o período durante o qual os planos são interrompidos, a vida parece fora de
controle, às emoções estão elevadas e a razão está baixa. Uma ameaça séria para uma
necessidade importante é percebida por uma pessoa e que esta pessoa procura
ativamente sua memória em um esforço para achar uma maneira de concretizar essa
necessidade;
A pessoa torna-se frustrada nessa busca e a tensão começa a aparecer neste
momento;
Se um ladrão é interrompido no meio de um roubo a uma loja de departamento por
um policial que aparece de repente, ele irá ser jogado em uma crise. Se uma mulher que
é mãe solteira é posta para fora do seu emprego sem aviso prévio, ela irá ser jogada em
uma crise;
Para as pessoas que não tomam reféns, as crises são precipitadas por uma
ameaça às suas necessidades básicas.
ESTÁGIO DE ACOMODAÇÃO/NEGOCIAÇÃO
É aquele período no qual uma pessoa tenta novas soluções, está aberta para
sugestões e está começando a pensar através da situação;
Se elas não encontraram com a crise deste tipo antes, elas podem desenvolver
idéias ou planos que tenham visto em situações semelhantes à deste incidente;
O número de palavras emocionais que começou mais freqüente torna-se menos
freqüente em relação à frustração inicial da tentativa da pessoa em solucionar seu
problema.
ESTÁGIO DE RESOLUÇÃO
É aquele período no qual a pessoa trabalha na solução para o seu problema, um
novo equilíbrio é alcançado e uma variedade de necessidades podem ser conhecidas.
Durante este estágio novas soluções podem ser inventadas;
A criatividade é necessária e a solução do problema é importante porque as
soluções usuais não tem funcionado;
Depois que o seqüestrador tenta todas as suas idéias e então vê-las esgotadas, o
estágio de resolução inicia-se;
Ele pode achar que suas idéias esgotaram-se porque o negociador com sucesso
conseguiu encurralá-lo ou porque o negociador com sucesso sugeriu-o que suas
soluções não fazem realmente parte dos seus melhores interesses.
CRITÉRIOS DE AÇÃO
Critérios de ação são os referenciais que servem para nortear o tomador de
decisão em qualquer evento crítico:
NECESSIDADE (ISSO REALMENTE É NECESSÁRIO?);
VALIDADE DO RISCO (VALE A PENA CORRER ESSE RISCO?); e
ACEITABILIDADE (LEGAL, MORAL E ÉTICO).
NECESSIDADE
Toda e qualquer decisão só deve ser adotada se for indispensável e deve
responder a pergunta: Isto é realmente necessário?
CEPAIGO, segundo a revista veja, os tomadores de refém, pediram menos e
receberam mais do que exigiam. Forneceram mais alimentos do que foi pedido, a
intenção era de manter os bandidos calmos. No final acabaram concedendo mais armas
do que exigiam os tomadores de refém inicialmente.
VALIDADE
Toda e qualquer decisão só deve ser adotada se a possibilidade de reduzir a
ameaça for maior que os perigos a correr.
MUNIQUE, 1972, morte de 01 (um) policial, todos os onze atletas e os terroristas.
Tal risco assumido não foi compensado pelo resultado.
MARECHAL CÂNDIDO RONDON, foi compensado pelo resultado final da crise, 03
(três) seqüestradores mortos e 01 (um) dos reféns gravemente ferido, o resultado poderia
ter sido pior.
ACEITABILIDADE LEGAL
Todo e qualquer ato ou decisão deve estar amparado em lei, não cabendo em
nenhuma hipótese, justificar uma ilegalidade praticada, por melhor que seja a intenção do
administrador da crise. Não cabe portanto, crítica a polícia que deixa de neutralizar um
tomador de refém, porque em determinados momentos ele se expõe. Só se justifica tal
atitude se houver a certeza de que o tomador de reféns irá executar alguém.
LINHA 174, RJ , imediatamente diversos “técnicos de polícia“, das mais diversas
categorias políticas e profissionais, manifestaram suas críticas à infeliz ação policial e
forneceram sugestões quanto à melhor forma de eliminar anteriormente o tomador de
refém.

ACEITABILIDADE MORAL
Cada sociedade, cada instituição, cada pessoa tem seus princípios morais. Ao
administrador de crise não se permite tomar decisões que contrarie princípios morais.
Não se admite por exemplo, o atendimento de favorecimento sexual para os causadores
do evento crítico.
ACEITABILIDADE ÉTICA
Todas as sociedades e todas as instituições têm seus princípios éticos. Não é ético
um comandante determinar a seu subordinado para que coloque em risco sua vida para
distrair a atenção dos causadores do evento crítico,
Como não seria ético aceitar voluntários ou determinar que subordinados se
coloquem como reféns substitutos de quem quer que seja. A vida de qualquer pessoa é
valiosa, independente de sua idade, sexo, situação econômica ou posição política.
GRAUS DE RISCO
ALTO RISCO - Assalto a banco sem reféns;
ALTÍSSIMO RISCO - Assalto a banco com reféns;
AMEAÇA EXTRAORDINÁRIA - Terroristas com explosivos e reféns; e
AMEAÇA EXÓTICA - Envenenamento
NÍVEIS DE RESPOSTA
1. A crise pode ser deliberada com recursos locais;
2. Exige recursos especializados (GET);
3. GET e também recursos de apoio; e
4. Requer o emprego dos recursos do nível três e recursos exógenos.
ELEMENTOS ESSENCIAIS DE INTELIGÊNCIA
CAUSADORES: Número, motivação, estado mental, habilidade com armas,
experiências anteriores, estado de saúde, discrição física, etc.
REFÉNS: Número, idade, estado físico e mental, localização, discrição física, etc.
PONTO CRÍTICO: Localização, tamanho, estrutura, peculiaridades, etc.
ARMAS: Quantidade, tipo, letalidade, localização, etc.
FONTES DE INTELIGÊNCIA
Reféns Liberados;
Os Negociadores;
Policiais Observadores (Sniper);
Documentos a respeito dos seqüestradores;
Vigilância Eletrônica
Exploração Tática;
Vizinhos, Amigos, Parentes;
Imprensa.

MEDIDAS BÁSICAS
•CONTER - •ISOLAR •NEGOCIAR
CONTER
Ação policial que visa evitar o agravamento da situação ou que ela se alastre.
Impedir que os causadores:
Aumentem o número de reféns;
Ampliem sua área de controle;
Conquistem posições mais seguras;
Tenham acesso a recursos que facilitem ou ampliem o seu potencial ofensivo.
É o “congelamento” do objetivo;
Interromper o contato dos causadores. e reféns com o exterior;
A Polícia assume o controle como único veículo de interlocução;
Quanto melhor for o isolamento, melhores as possibilidades de negociação.
PROCEDIMENTOS INICIAIS
Identificar e localizar o problema;
Acionar os apoios necessários;
Prestar Socorros de urgência;
Orientar o tráfego local;
Montar o Posto de Comando;
Estabelecer comunicações;
Definir Perímetros Táticos;
Posicionar o Grupo Especial Tático.
Informações sobre os causadores;
Iniciar as negociações;
Cortar o contato com o exterior;
Eleger o porta-voz da Polícia;
Entrevistar pessoas que escaparam.
PERÍMETROS TÁTICOS
Ambos delimitados pelo Gerente da Crise;
Nada acontece no interior dos Perímetros sem o aval do Gerente da Crise;

INTERNO:
Área onde só permanecem: reféns, causadores, negociadores e Grupo Tático;

EXTERNO:
Posto de Comando e apoio operacional.
POSTO DE COMANDO TÁTICO

INTRODUÇÃO
Quando uma situação de refém ocorre, o Time de Gerenciamento de Crise (TGC)
DEVE estabelecer um Posto de Comando Tático (P.C.T.) para poder de forma eficaz
monitorar a situação e também comandar e controlar os aspectos do time. Este Posto de
Comando geralmente estaria separando do Centro de Operações Táticas. O P.C.T. deve
ser capaz de se manter funcionando 24 horas pôr dia até que a situação seja resolvida.

ESTRUTURA DE GERENCIAMENTO DE INCIDENTE


Quando um incidente de impacto significante ocorre, uma resposta coordenada por
um número diferente de agências/departamentos são freqüentemente requerida ou
esperada. O nível desta resposta é geralmente determinado pelo nível de governo
envolvido, ex.: federal, estadual, municipal. Neste caso, um time de gerenciamento
interdepartamental é ativado pelos líderes governamentais apropriados, e um centro de
operações táticas é estabelecida no local. O Time de Gerenciamento de Crise é apenas
um dos times colocados em ação que serão controlados pelo Comando de Operações
Táticas. Outros podem ser:
Perímetro interno/externo
Bombeiros/Resgate
Anti-bomba
Negociadores
Apoio e logística
Inteligência
Comunicações

NECESSIDADES OPERACIONAIS E EQUIPAMENTOS


Os seguintes fatores podem ser levados em consideração quando determinam
organização e equipamento para um Posto de Comando:

LOCALIZAÇÃO
O Posto de Comando Tático do Time de Gerenciamento de Crises deve ser
situado o mais próximo possível do cativeiro por razões de coleta de informações, tomada
de decisões e resposta rápida, porém longe o suficiente para não ser comprometido pelos
suspeitos. Rotas de entrada e saída do P.C.T. devem ser controlados e não podem ser
visíveis ao cativeiro. Localizando o P.C.T. entre o perímetro interno e externo ajuda a
aumentar a segurança e reduz as distrações causadas pela imprensa e população em
geral.
INSTALAÇÕES
A melhor opção seria ter acesso a uma edificação já existente nas proximidades do
cativeiro que comportaria este tipo de operação. Este local incluiria, sala de reunião, área
de comando, área de comunicações, área de inteligência e instalações sanitárias. Se isto
não for disponível, então um Posto de Comando Móvel deve ser providenciado.

SEGURANÇA
Isto inclui medidas de segurança física e operacional para proteger o P.C.T. de
civis curiosos, mídia e ações hostis direcionados ao cativeiro. Controle de acesso é crítico
para reduzir congestionamento e confusão no P.C.T. e prevenir vazamento de
informações em relação a planos e intenções. Isto pode incluir barreiras físicas, crachás
de acesso e guardas para verificar autorização de acesso para todo o pessoal.

AMBIENTE DE TRABALHO
O P.C.T. deve ser montado e gerenciado de uma maneira que seja adequado a
um ambiente de baixos níveis de estresse. Barulho e distrações devem ser mantidos ao
mínimo e a área de trabalho deve ser limpa, espaçosa e desimpedida de entulhos.
Informações importantes devem ser disponíveis facilmente ao comandante através do
uso de pranchetas de situação, mapas, e diários de informações. O P.C.T. deve ser um
ambiente adequado para pensar, julgar e tomar decisões.

COMUNICAÇÕES
O P.C.T. do TGC deve ser capaz de comunicar-se de forma relativamente rápida
com o Comando Superior, organizações de apoio e com suas próprias células
subordinadas. O meio normal de comunicação é o HT em canais seguros com apoio
telefônico como forma de comunicação de reserva.
O P.C.T. também deveria ter meios de executar vigilância eletrônica dos
movimentos dos suspeitos. Rádio e televisão comercial são recomendados para ficar
cientes do que a mídia está transmitindo sobre a situação, em especial sobre assuntos
que podem comprometer a segurança operacional do TGC. A inteligência pode gravar
estas transmissões também pode ser útil em caso de processos legais.

FUNCIONAMENTO 24 HORAS
O P.C.T. deve ser capaz de funcionar 24 horas por dia se necessário. Para o caso
de operações de curta duração, turnos de 12 horas seriam apropriados. Para operações
mais longas, então três turnos de 8 horas seriam o suficiente. Horários sobrepostos são
importantes para garantir que o novo turno está atualizado com a situação atual. Serviços
de refeições e salas de descanso devem ser localizados próximos do P.C.T. para ajudar
numa rápida chamada de pessoal caso necessário. Geradores de apoio são necessários
em caso de queda de energia.

TRANSPORTE
O TGC precisará de veículos para o transporte de pessoal e equipamento. O
Comandante deve ter um veículo exclusivo para que ele possa deslocar-se livremente. O
pessoal de logística pode ter a necessidade de transportar provisões e talvez seja
necessário caminhões para tal propósito. Poderão também ser necessários helicópteros
para vigilância e coleta de informações.
ESTRUTURA DE UM POSTO DE COMANDO
O Posto de Comando Tático de um TGC tem três responsabilidades principais:
1. Tomar decisões;
2. Direcionamento e planejamento das operações;
3. Apoio para os elementos operacionais.

Para efetivamente executar estas funções, o P.C.T. é geralmente dividido em três


elementos:
- Comando;
- Operações;
- Apoio.

COMANDO
O elemento comando é normalmente composto pelo Gerente da Crise, pelo
Comandante do Time Tático e o Comandante do Time de Negociação.

OPERAÇÕES
Este elemento é responsável pela coleta de informações, planejamento
operacional e controle detalhado da operação de acordo com as ordens do comandante.
É normalmente composto da Seção de Inteligência, Time Tático e snipers.

APOIO
Este elemento é responsável por sustentar todos os elementos da operação.
Fornecendo pessoal e conselhos em termos de logística para o Comandante e também
adquirir e distribuir material e serviços.
ISOLAMENTO DO PONTO CRÍTICO
Maior controle da área e da situação;
Melhor implementação de uma cadeia de comando;
Maior isolamento dos causadores da crise;
Maior privacidade para o Posto de Comando;
Maior facilidade para as manobras táticas;
Maior segurança para os circundantes;
Maior garantia de execução da resolução conforme o planejamento.
EXIGÊNCIAS

EXIGÊNCIAS NEGOCIÁVEIS
Antes de considerar que exigências são geralmente negociáveis ou não, lembre-
se que cada situação de refém é única, e a discussão seguinte só provem um guia geral.
Podem surgir situações que não permitam que a Polícia não siga esse modelo. Lembre-
se, seguir o julgamento experiente e qualificado do time de resposta é o único modelo
peculiar a todas as situações.

COMIDA – Comida é provavelmente a exigência mais freqüente feita pelos


seqüestradores. Os locais onde os reféns se encontram (casas, apartamentos,
escritórios) geralmente têm uma fonte de água ou de outros líquidos. E geralmente não
tem comida. Com o passar do tempo, os seqüestradores e reféns vão ficando com fome.
Se os seqüestradores não requisitam comida, o negociador pode sugeri-la. Comida pode
ser uma das mais valiosas ferramentas do negociador para ganhar a confiança do
seqüestrador, desenvolvendo a Síndrome de Estocolmo entre os seqüestradores e
reféns, e libertando-os antes da resolução do incidente (novamente para reiterar um
ponto dado ênfase ao longo deste livro, nunca dê algo ser receber algo em troca).
Por exemplo, se um incidente já dura algumas horas e pouco progresso está
sendo feito, o negociador pode perguntar ao seqüestrador se ele está ficando com fome.
Se a resposta for “sim” , então o negociador pode dizer algo como “eu também estou.
Que tal checar se eu posso pegar alguma comida para nós. Se eu puder, você concorda
em ficar calmo e em um único lugar? ou o negociador poderia pedir a libertação de um
refém, a extinção de uma exigência complicada, etc.. O que é importante aqui, é o
negociador enfatizar “nós” e usar a exigência para estabelecer unidade de propósito.
Quando comida é negociada, não forneça mais que o necessário. Forneça só uma
quantidade mínima para cada refém e seqüestrador. Dê a cada pessoa a mesma comida.
Não dê hamburgers, pizzas, etc. Obtenha a comida em depósitos e assegure-se que em
todos há a mesma comida e em porções iguais. Sal pode ser adicionado para aumentar
a sêde, abrindo as portas para outra possível negociação de reféns. Explique ao
seqüestrador que a comida é para ser dividida igualmente e não é toda para ele, a menos
que tenha sido especificado antes. Em geral, quando comida é negociada, ela deve ser
negociada para todos os envolvidos na situação.
Não inclua condimentos (mostarda, catchup, etc.) ou bebidas. Esses itens devem
ser negociados separadamente. Dê só comida, nada mais. Não envenene a comida.
Geralmente na televisão e no cinema alguns esquemas são revelados e possivelmente o
seqüestrador viu este filme também. O seqüestrador já estará desconfiado, e qualquer
coisa que aprofunde essa desconfiança poderá resultar em danos aos reféns ou perda de
confiança para com o negociador.
Em situações de prisões, comida deve ser dada aos seqüestradores e reféns.
Estas situações duram alguns dias e ninguém ganha quando os reféns ficam com fome.
Embora o negociador não deva pedir aos seqüestradores para libertar um refém pela
entrega da comida, o negociador pode obter outras concessões: fazer com que eles
acalmem-se, conversar com um só seqüestrador, etc. Numa prisão, a comida deve ser
entregue em recipientes e deve ser a mesma para todos. Não dê aos seqüestradores um
tipo de comida e aos reféns algo mais. Provenha refeições completas. Não entregue
comida sem condimentos ou líquidos, pois comida não vai ser a maior ferramenta para o
negociador. Diferentemente das situações de Execução Legal em que o negociador pode
fazer uso da comida, condimentos e líquidos como questões separadas, numa situação
de prisão a comida só irá prover concessões inferiores. Além disso, a retirada de certos
itens pode aumentar a ansiedade, frustração e agressividade dos seqüestradores. Os
pequenos ganhos feitos em parcelas separadas podem não compensar os problemas
causados por eles.

CIGARROS – Após comida, cigarros são a segunda maior exigência mais


barganhada pelos seqüestradores. Cigarros devem ser dados um de cada vez e sempre
trocados por alguma coisa, preferencialmente um refém. Tente fazer dos fósforos uma
negociação separada (“me desculpe. Da maneira que você estava falando eu pensava
que você tivesse um jeito de acender seu cigarro. Nós podemos te dar algo, mas nós
precisamos que você...”). Tome cuidado para não insultá-lo com essa questão dos
fósforos. Você pode achar que dar um cigarro sem fósforos irá insultar, agitar e irritar o
seqüestrador. Nesse caso, dê os fósforos.
O Seqüestrador pode precisar também de prescrição médica. Além dos benefícios
de fazer com que ele faça algumas concessões, também dá uma excelente oportunidade
para a obtenção de informações. Faça com que o seqüestrador diga o nome do remédio,
a dosagem, razão para tomá-lo e o nome do médico (os negociadores não podem dar o
remédio sem o positivo do médico). O homem de inteligência pode conversar com médico
e descobrir uma boa negociação sobre a história do negociador.
Para esses itens inferiores, o poder da sugestão pode ser aplicado eficazmente.
Uma tática que tem sido usada pelo negociador é, enquanto conversar com o
seqüestrador inspirar alto como se ele estivesse fumando um cigarro. Inevitavelmente o
seqüestrador (se fumante) irá pedir cigarros (para maiores informações veja as técnicas
de sugestão no capítulo de comunicação).
Em um incidente, o seqüestrador pediu um determinado livro, o negociador, em
vez de perguntar por que ele queria o livro, direcionou a conversa em saber por que ele
queria exatamente aquele livro. Essa linha de conversa levou a problemas morais e
éticos em vez de levar a resolução do incidente.

BEBIDAS – Freqüentemente refrigerantes, água ou outras bebidas não-alcoólicas


podem ser negociadas. Em geral, as mesmas regras da comida aplicam-se às bebidas:
Não forneça mais que o que foi pedido, forneça a mínima quantidade possível, e não
envenene as bebidas. As bebidas devem ser suaves, descafeinadas com pouco açúcar e
de alguma maneira salgada (adicione sal se necessário). Dê bebidas mais geladas
possíveis, pois as bebidas geladas não saciam a sêde tanto quanto as bebidas mornas. A
sêde pode ser aumentada cortando todas as fontes de água do local. Deixe que o
seqüestrador pergunte por que não há água, é fácil sobressair dessa situação explicando
que a companhia de água está trabalhando na rede em uma área particular da cidade e
que a Polícia está tentando religá-la. Além da sêde, essa tática provêm confiança e uma
percepção de boa-vontade em trabalhar com o seqüestrador.

BEBIDAS ALCÓOLICAS – A princípio, a regra geral é não negociar bebidas


alcoólicas. No entanto, experiências mostram que em algumas circunstâncias o álcool é
negociável. Se o seqüestrador estiver irritado, tenso, sem querer cooperar ou excitado,
pequenas quantidades de álcool podem acalmá-lo. Antes de dar qualquer bebida, o time
de negociação deve conhecer profundamente o seqüestrador e saber como o álcool irá
afetá-lo. Não deve ser dado álcool aos reféns, a menos que o refém seja alcoólatra.
Nesse caso, o álcool pode ser necessário para um bem estar temporário do refém.
O seqüestrador pode ser um alcoólatra. Sem doses moderadas de álcool, esse tipo
de seqüestrador fica nervoso, paranóico, irritado, sem controle e agitado. Sem álcool para
acalmá-lo, o seqüestrador pode não pensar claramente, pode agir de uma maneira
irracional e pode ferir os reféns a menor provocação. Além disso, com o tempo, esse
seqüestrador pode começar a ter tremores de delírios( tds ), uma aflição comum de
alcoólatras crônicos. Uma vez iniciados os “tds”, as negociações irão torna-se quase
impossíveis, e o risco para os reféns irá aumentar significamente.
Em algumas situações, o seqüestrador pode ter pronto acesso a uma grande
quantidade de álcool. Nessas situações, o negociador deve calma e quietamente tentar
fazer com que o seqüestrador não ingira álcool em excesso. O negociador deve apelar
para a habilidade de pensar do seqüestrador, apontar os perigos de embriaguez ele pode
cometer uma estupidez e acabar ferindo ou matando a si mesmo. Raramente o
negociador deseja que o seqüestrador beba até desmaiar. A maioria dos seqüestradores
não chegam a esse estado, e em vez disso, tornar-se-ão aborrecidos, nervosos e
paranóicos.
Muitos dos acidentes domésticos com reféns são iniciados por causa do álcool. O
álcool aumenta o estresse presente em uma situação familiar, se o seqüestrador está
disputando com a esposa ou parente a guarda dos filhos, ou é vítima de indiferença por
parte de alguns membros da família ( isto é, crianças com a esposa, perda do direito de
visitas, etc. ). Nesses casos, o negociador deve evitar fazer o papel de “conselheiro“ e
tentar mostrar que a maioria dos problemas foram causados inicialmente pelo álcool. O
negociador deve enfatizar, a necessidade de parar de beber durante o incidente, pois a
bebida só vai piorar a situação.

COBERTURA DA MíDIA – Na maioria das situações a cobertura da mídia é


negociável. Historicamente, ela não é um item negociável. Os negociadores tinham medo
que deixar a mídia cobrir o caso ao vivo poderia prejudicar os reféns, estender o incidente
e fazer com que os espectadores simpatizassem com os seqüestradores e
atrapalhassem o trabalho da Polícia. Hoje, no entanto, com a tecnologia moderna, é
possível que a cobertura seja editada instantaneamente (mesmo que ao vivo) e qualquer
detrimento seja omitido.
Em alguns exemplos, a mídia irá resolver o incidente. Em 1982, duas pessoas
tomaram os passageiros de um ônibus como reféns em Jasper, Arkansas. Eles eram
membros de um culto religioso e queriam sua “mensagem” entregue ao povo. Eles
exigiam que a mensagem fosse apresentada à mídia e transmitida em noticiários
nacionais. Depois de uma entrevista com um representante da mídia e de ter gravado sua
mensagem, todos os reféns foram soltos.
Se está sendo dado cobertura da mídia ao seqüestrador, os membros da imprensa
devem ficar em um ponto onde eles não corram risco de tornarem-se reféns ou serem
feridos pelos seqüestradores. Antes de terem permissão para entrevistar o seqüestrador,
os representantes da mídia devem ter um resumo do incidente, quem são os
seqüestradores, quem são os reféns, o que fez com que se desenvolvesse aquela
situação e algumas outras informações que não irão comprometer a negociação. Se
possível, e de acordo da mídia, as discussões da mídia com os seqüestradores podem
ser usadas pelo serviço de inteligência. Se isto for planejado, o método de obtenção de
informações requisitado deve ser discutido com a mídia e os seus representantes devem
ter a permissão para determinar qual o melhor método.
Além disso, a Polícia deve discutir que tipo de cobertura da mídia será benéfica ou
prejudicial a resolução do incidente. Uma lista de possíveis perguntas deve ser entregue
junto de uma lista contendo o que não deve ser dito. No incidente de Jasper, as
declarações e linhas de questionamentos dos representantes da mídia reforçaram a
resolução dos seqüestradores em cometer “suicídio por estar cercado“ (o que tem
acontecido ultimamente). Uma pergunta que o repórter fez várias vezes foi “você está
certo que você tem que fazer isso?”. O repórter não pode ser culpado por sua linha de
questionamento. Ele simplesmente não sabia o que perguntar, como perguntar e quais
perguntas evitar. Finalmente, a mídia deve ser requisitada para não colocar no ar as
conversas enquanto o incidente não for resolvido.
Não é aconselhável ter um policial fingindo ser da imprensa. Policiais não são
repórteres e não agem como os repórteres. Há chances que o seqüestrador perceba a
farsa e todo o progresso estará perdido (no mínimo). Acordos podem ser feitos com o
seqüestrador, no entanto, a Polícia deve acompanhar os representantes da mídia. Se
isso ocorrer o policial deve ser treinado em negociações e deve assistir os representantes
da mídia das perguntas aos seqüestradores. Em situações em prisões na cobertura da
mídia pode ser um ponto crítico para os seqüestradores. Eles podem querer conversar
com a mídia para por no ar suas exigências, ou podem querer apresentar as testemunhas
o ritual de rendição como ocorreu nas situações nas prisões de Oakdale e Atlanta. A
recusa em usar a mídia para assistir o final da situação pode resultar em violência
acrescida e na quebra das negociações. A mídia também pode ser uma exigência
expressiva e irrevogável dos seqüestradores. É importante que o negociador preste muita
atenção nas exigências e avalie quais delas são expressivas. Negociar a cobertura da
mídia é um ponto difícil para o negociador. Qualquer negociação com a mídia e qualquer
tentativa de manipular fere a liberdade de imprensa. No entanto numa relação de trabalho
sólido com a mídia utilizando sua assistência cooperação pode levar a resolução com
sucesso do incidente

TRANSPORTE – O princípio básico de uma negociação de refém é que o


seqüestrador está confinado em um local. Transporte, no entanto, pode ser negociado
para ajudar a resolver o incidente. Mesmo que não haja intenção de dar transporte ao
seqüestrador, ele ainda pode ser negociado. Negociar transporte pode desgastar o
seqüestrador, fazer com que ele perceba a futilidade de prolongar o incidente e até levar
a libertação de um refém. Transporte pode ser uma ferramenta de barganha eficaz que
pode levar a outras ferramentas barganha. Por exemplo, se um seqüestrador quiser
transporte, o negociador pode usar isso para abrir uma discussão de outros problemas
que o seqüestrador está tendo. O negociador pode discutir por que o transporte é
necessário, se esse transporte irá realmente resolver o “problema”, problemas adicionais
se o seqüestrador fugir, etc.

DINHEIRO – Como o transporte, o dinheiro pode ser negociado sem ser dado.
Problemas inerentes, em obter grandes somas de dinheiro em curto período pode ser
usado para prolongar as negociações e levar a resolução de outros pontos difíceis. De
fato, o dinheiro deve ser dado ao seqüestrador como uma mostra de fé e para obter a
libertação de reféns. O seqüestrador está seguro e não vai a lugar nenhum, então
qualquer dinheiro dado será recuperado até a resolução do incidente.

LIBERDADE – A máxima das negociações de reféns é que, os seqüestradores


estão confinados e continuarão confinados em um local, e eles não conseguem a
liberdade pela soltura dos reféns. Existem ocasiões, no entanto, que o melhor a fazer é
dar a liberdade aos seqüestradores. Novamente, essa é uma decisão que deve ser
tomada pela Unidade de Resposta presente no local em conjunto com outros policiais de
Execução da Lei competentes. Este autor é familiar com o incidente em que o
seqüestrador era um pai divorciado e o único refém era seu filho. A Unidade de Resposta,
depois de algumas horas de negociação, determinou que o pai não fizesse mais
nenhuma ameaça a si próprio e a criança. A Unidade, com a permissão do comandante
presente no local, cessou a negociação e no dia seguinte os policiais de patrulha
prenderam o pai com uma ordem de prisão. Enquanto esta situação é certamente uma
exceção, exceções realmente acontecem em situações de reféns. Se é para a liberdade
ser garantida, ela só deve ser dada como um último recurso e após a segurança de todos
os reféns e outros civis. Além disso, se a liberdade for assegurada, documente as razões
para ter feito isso em uma gravação permanente.

EXIGÊNCIAS NÃO NEGOCIÁVEIS


Algumas pessoas argumentam que todas as exigências são negociáveis, muito
embora não considerem as dificuldades das circunstâncias. Nossa posição é que
algumas exigências são simplesmente não-negociáveis e não faz sentido entrar em
discussão para ceder à essas exigências. Negociações são um processo que consome
tempo. Não há razões para desperdiçar tempo negociando questões que não ajudam a
resolver o caso. Discutir exigências não-negociáveis faz com que haja uma grande
probabilidade de piorar do que de melhorar a situação. Se, por exemplo, o seqüestrador
deseja drogas ilegais e o negociador dá a impressão que isto pode estar próximo em
algum ponto e então diz ao seqüestrador que não será dado a ele drogas, isso pode
parar o desenvolvimento da confiança e irritar o seqüestrador ou fazer com que os reféns
sejam feridos. Por outro lado, fazendo com que ele saiba que não serão dadas nenhum
tipo de drogas ilícitas, o seqüestrador não desenvolve falsas expectativas e então o
negociador pode trabalhar em cima de outras questões.

ARMAS – Armas adicionais não são negociáveis. A ameaça de violência dá poder


ao seqüestrador. Essa ameaça requer inicialmente uma arma. Se o seqüestrador não
tivesse armas, os reféns andariam normalmente e não existiria o incidente. Mesmo em
um incidente doméstico, no qual o seqüestrador não tenha objetos, isto é, faca, revólver,
clava, etc., a ameaça de contato físico é uma “arma”. Em muitas situações domésticas de
reféns, há uma história de violência familiar e abuso por parte do seqüestrador, então a
ameaça é real, não percebida. Simplesmente negociar uma arma dá ao seqüestrador a
percepção de ter poder na situação. Se apresentada como uma exigência, esclareça
prontamente que armas não são negociáveis.

DROGAS – Drogas ilícitas e sem prescrição não são negociáveis. Muitos


seqüestradores têm o hábito de consumir droga ou são dependentes (físico e/ou
psicológico). Eles podem pedir maconha, cocaína, heroína, anfetaminas ou barbitúricos.
Com o tempo, seu desejo por essas drogas pode se tornar crítico e fazer com que o
seqüestrador se esqueça das outras exigências e discussões. O foco de todo o cenário
pode fazer com que aumente a necessidade de uma ou mais drogas ilícitas. A maioria
das drogas ilícitas, no entanto, podem produzir episódios psicóticos e paranóia, reduzir a
racionalidade e aumentar o sentimentalismo, e aumentar a possibilidade de ocorrer algo
inesperado e comportamento violento. Diferentemente do álcool, quase não há
possibilidades do seqüestrador ingerir essas drogas e acalmar-se ou “desmaiar”.

LIBERTAÇÃO DE PRISIONEIROS – Assim como as armas, esclareça


imediatamente que a libertação de prisioneiros não é negociável, sem levar em
consideração se por razões políticas ou sociais. Felizmente nos Estados Unidos há
poucas situações terroristas ou de tomada de reféns. A requisição de libertação de
prisioneiros é uma exigência incomum. Ocasionalmente, um seqüestrador irá requisitar
que um amigo criminoso conhecido seja solto da prisão. Quando essa exigência for feita,
o negociador deve resolvê-la relativamente fácil.
Em situações com reféns em prisões, aplica-se a mesma regra de libertação de
prisioneiros. O negociador deve esclarecer que não serão libertados prisioneiros. Uma
das discussões na prisão de Attica em 1972, era que fossem concedidas aeronaves para
os prisioneiros fugirem do País. Os negociadores logo esclareceram que isso não era
negociável. Os prisioneiros ignoraram essa discussão e partiram para outras exigências.
Attica não é uma exceção. As situações nas prisões de Lucasville, Tallahasee, Oakdale e
Atlanta tiveram a libertação de prisioneiros como discussão essencial. Em cada incidente,
os prisioneiros aceitaram as regras e mudaram de exigências.

TROCA DE REFÉNS – Trocar de reféns não é aconselhável por muitas razões. A


troca de reféns irá romper a Síndrome de Estocolmo. A Síndrome de Estocolmo ocorre
quando os seqüestradores e reféns se vêem como pessoas reais, não como objetos de
troca. A Síndrome de Estocolmo é extremamente importante para evitar danos aos
reféns. Se forem trocados reféns, os novos reféns não serão “pessoas” para os
seqüestradores e estarão bem mais propensos a serem feridos.
Com a troca de reféns, os níveis de estresse dos seqüestradores, reféns (novos e
velhos) e da Polícia tornam-se níveis de estágio de crise, fazendo com que a situação
torne-se extremamente perigosa. Além disso, com as emoções no ponto máximo, o
progresso na negociação diminui. Os “novos” reféns estarão em um estágio de crise e
suas emoções, medos e ansiedades estarão nos níveis máximos. O seqüestrador terá
que gastar energia mental com os reféns e não estará apto a concentrar-se na
negociação.
Trocar reféns por parentes pode ser útil para o próprio seqüestrador. O parente
agora pode agir como testemunha dos problemas do seqüestrador, quer esses problemas
estejam direta ou indiretamente à situação de refém. Pode surgir uma atitude de “veja o
que você me obrigou a fazer”, e o seqüestrador estará propenso a ferir o parente/refém
ou a si próprio. Em situações domésticas, o seqüestrador pode querer um membro
específico da família como refém na tentativa de servir necessidades internas (isto é,
poder, prestígio, etc.). Prover esse parente em uma troca de refém só serve para
aumentar as emoções e o perigo, e cessar o progresso na resolução do incidente. Se ele
obtiver o parente que ele quer, ele pode parar de negociar. Indivíduos suicidas podem
querer o parente presente para testemunhar o suicídio.
A troca de reféns dá poder ao seqüestrador. As negociações devem convencer o
seqüestrador que ele não está vencendo a situação. A troca de refém não só dá a
percepção, mas como a realidade de controle da situação ao seqüestrador. Isso terá uma
influência maior nas futuras negociações com esse seqüestrador. O seqüestrador, e não
o negociador, irá controlar as negociações.
Uma troca de reféns não pode ser eqüitativa para a Polícia. Nada é ganho com
isso. As trocas de reféns não são um zero à esquerda para os dois lados. Só os
seqüestradores avançam.
Policiais nunca serão trocados por reféns. Muitas pessoas (incluindo muitos
policiais) têm um conceito “hollywoodiano” de negociação de reféns. Nesse caso, o papel
do negociador é trocar de lugar com os reféns civis. No cinema, o policial convence o
seqüestrador a se render. Infelizmente, isso só ocorre no cinema. O policial/refém, em
virtude de ser policial, pode se sentir obrigado a tomar uma atitude e tentar resolver a
situação. Tanto o policial/refém quanto o seqüestrador serão feridos ou mortos. Além
disso, o seqüestrador pode sentir mais prestígio em matar um policial que matar um civil.
A probabilidade de um refém ser ferido aumenta se o refém for um policial. E mais, o
estresse e pressão sobre os negociadores aumentam significativamente se um policial é
refém. Uma das forças dos negociadores é a habilidade de negociar de uma base de
imparcialidade. O negociador perde a imparcialidade se um policial é refém. Além disso, a
tensão de resposta desse policial aumenta ao saber que outro policial é refém. Os
policiais podem sentir uma pressão desnecessária para apressarem-se a resolver o
incidente. Erros estarão mais propensos a serem cometidos, decisões são influenciadas e
pode ser usada força desnecessária para resolver o incidente.
Há muitas razões para não trocar reféns. Não são acrescidos resultados benéficos
em trocar reféns. Em todos os aspectos, o seqüestrador é o único que é beneficiado em
troca de reféns. Trocar reféns dá a ele o controle.
ELEMENTOS OPERACIONAIS
O GERENTE DA CRISE
É o comandante do teatro de operações;
É a maior autoridade na área da Crise;
Toda ordem deve partir desse POLICIAL.
OS NEGOCIADORES
Negociação é quase tudo no gerenciamento de Crises;
Gerenciar Crises é negociar, negociar e negociar, e após, negociar;
Deve ser um policial treinado;
Serve como intermediário entre os causadores da crise e o comandante do teatro
de operações;
Papel Tático: Coleta de informações, técnicas de negociação que otimizem a
efetividade do risco da solução tática e uso de técnicas específicas de negociação como
parte de uma ação tática coordenada;
Não policial é condenável;
Não pode ser o comandante da cena da ação nem do Grupo Especial Tático;
Comandantes não negociam, negociadores não comandam!

PERFIL DO NEGOCIADOR
Conhecimento global da doutrina;
Respeitabilidade e confiança;
Fleuma e paciência;
Espírito de equipe;
Autoconfiança e autocontrole;
Comunicabilidade; e
Perspicácia.
O GRUPO ESPECIAL TÁTICO
“Quando a população tem problemas, chama a Polícia. E quando a Polícia tem
problemas, chama a S.W.A.T.”;
Formado por atiradores de precisão e assaltantes”;
Comandado pelo comandante do Grupo Tático.
FUNDAMENTOS:
É uma Unidade de pequeno porte;
Fundamenta-se na hierarquia, disciplina e lealdade;
O recrutamento é baseado no voluntariado;
Treinamentos constantes e realísticos;
Dedicação exclusiva ao grupo;
Assumem o compromisso de matar.
FUNDAMENTOS ÉTICOS
Responsabilidade coletiva;
Fidelidade aos objetivos doutrinários;
Voluntariado;
O dever do silêncio.
ALTERNATIVAS TÁTICAS
Negociação;
Técnicas Menos que Letais;
Sniper (tiro de comprometimento);
Assalto Tático.
SOLUÇÕES POLICIAIS PARA A CRISE
SOLUÇÃO NEGOCIADA
É a opção prioritária da Crise;
Mais de 90% das Crises são solucionadas pela negociação;
A exigências estavam dentro do razoável;
Concessões para ambos os lados;
É o que os reféns mais desejam.
SOLUÇÃO TÁTICA
A decisão é irreversível;
Chega ao fim com a neutralização dos causadores;
Seqüelas traumatizantes para todos os envolvidos;
Aumenta o risco de vida para TODOS envolvidos.
ASSALTANTE LIBERTA REFÉNS E SE ENTREGA EM SP
SÃO PAULO - Após manter reféns durante quatro horas dentro de uma loja da
Telesp Celular, no bairro do Belenzinho, na Zona Leste da capital paulista, um rapaz de
16 anos acaba de se entregar. Os dois últimos reféns - um homem, que seria um dono de
corretora de seguros, e sua secretária - foram libertados.
A polícia cercou o local durante a manhã, mas as negociações foram difíceis pois o
menor, além de armado, parecia estar drogado. O assaltante pediu a presença de um
advogado, da mãe e de um padre para libertar as duas vítimas. Mais cedo, outros três
reféns foram liberados.
O padre Júlio Lancelotti participou das negociações. O religioso trabalha com a
população de rua e com adolescentes infratores.

Ao chegar à loja, o ladrão estava acompanhado de outros dois, que conseguiram fugir.
Eles tentavam assaltar o estabelecimento, localizado na Rua Júlio de Castilho, 996, mas
foram impedidos por policiais que passavam pelo local.

Durante as negociações, cinco carros da Polícia Militar e um do Grupo de Ações Táticas


Especiais (Gate) cercaram a área. O helicóptero Águia da PM também foi acionado.
Quinta-feira, 12/09/2002

SEQÜESTRADOR DE ÔNIBUS LIBERA REFÉNS E SE RENDE NA ALEMANHA


Depois de sete horas, terminou sem nenhum ferido o seqüestro de um ônibus no
norte da Alemanha nesta sexta-feira.
Um homem armado rendeu 15 passageiros às 9h30 da manhã (4h30 no horário de
Brasília) na cidade de Bremen, norte do país, mas acabou se entregando.

Os últimos 11 passageiros mantidos sob controle pelo seqüestrador foram libertados


numa estrada perto da cidade de Hildesheim.

Cerca de uma hora antes, outros quatro passageiros haviam sido liberados. Um deles
tinha problemas cardíacos.

Perseguição
A perseguição policial com carros e helicópteros foi mostrada pelas emissoras de TV
alemãs.

O ônibus foi parado quatro horas depois do início do seqüestro em uma das principais
estradas de ligação entre o norte e o sul do país.

A rodovia, que já é normalmente muito movimentada nas sextas-feiras, teve grandes


congestionamentos.

O seqüestrador aparentava ter entre 25 e 30 anos e foi descrito pelos policiais como
"sulista", uma vaga definição usada por eles para se referir a moradores da região do
Mediterrâneo, de países árabes ou asiáticos.

Histórico
O ônibus pertencia ao sistema de transporte público de Bremen. Até agora, não se sabe
o motivo do seqüestro.

Antes da rendição, o seqüestrador pediu para conversar com o prefeito de Bremen,


Henning Scherf, além de solicitar comida e um motorista para continuar a jornada rumo
ao sul do país.

Este é o segundo seqüestro de ônibus na Alemanha nos últimos dias.

Na semana passada, outro veículo foi levado por um assaltante de banco em Berlim. A
polícia libertou os dois reféns depois de atirar no ombro do seqüestrador.

O novo seqüestro traz lembranças dolorosas aos alemães. Em 1988, duas mulheres
mantidas reféns foram mortas por um assaltante de banco que também foi perseguido em
estradas durante dois dias. O crime ocorreu na cidade de Gladbeck. 25 de abril, 2003
ASSALTANTES LIBERTAM REFÉNS E SE ENTREGAM EM RECIFE
Os dois assaltantes que mantinham quatro pessoas reféns desde a noite de
ontem, em uma padaria no bairro Boa Viagem, em Recife (PE), libertaram as vítimas e se
entregaram.

Josenildo Arlindo da Silva, 22, e José Francisco da Silva, 39, invadiram o local, por volta
das 20h, e renderam funcionários e clientes. A polícia foi acionada por testemunhas e
cercou o local.

O dono da padaria e dois funcionários conseguiram fugir. Por volta das 22h, os
criminosos libertaram uma refém.

Por volta das 3h, após negociação, os assaltantes se entregaram. Ninguém ficou ferido.
11/04/2003

REFÉNS APOIAM MEDIDAS USADAS POR AUTORIDADES


Reféns sobreviventes do atentado terrorista chechena em Moscou declararam ao
Pravda.Ru que se não tivesse sido utilizado o gás imobilizador, as conseqüências teriam
sido muito piores.

Um refém disse ao Pravda.Ru que “Os terroristas sabiam que se utilizaria gás e tiveram
máscaras. Se o gás não tivesse sido suficientemente forte, teriam tido o tempo
necessário para acionaram os seus explosivos”.

No Domingo, um grande número de reféns tiveram alta dos hospitais de Moscou onde
foram internados, depois de um tratamento adequado. 200 dos 329 reféns a serem
tratados no hospital Nº 13 de Moscou, o melhor equipado, terão alta no Domingo, de
acordo com declarações prestadas à imprensa por Leonid Aranov, o Diretor do Hospital.
Declarações por fontes internacionais que os parentes das vítimas não têm acesso em
visita são falsas.

Começa a circular rumores entre os reféns de que alguns dos terroristas eram tóxico-
dependentes, pois foram encontradas seringas junto aos corpos.

117 reféns morreram na operação de resgate, 50 terroristas foram eliminados e houve


baixas entre as tropas de elite, mas ainda não foram confirmadas. 28/10/2002

SOBE PARA 118 O NÚMERO DE REFÉNS MORTOS NO TEATRO DE MOSCOU


MOSCOU - Subiu para 118 o número oficial de reféns mortos como resultado da
operação de retomada do teatro em Moscou onde rebeldes chechenos mantiveram mais
de 750 pessoas seqüestradas por três dias na semana passada. Duas estrangeiras estão
entre as vítimas, anunciou uma emissora russa de TV. Neste domingo, uma ex-refém
relatou que uma crise nervosa de um menino que estava no teatro desencadeou o tiroteio
que induziu as tropas russas a invadirem o teatro na manhã de sábado (início da
madrugada em Brasília).
Até a noite de sábado, dizia-se que mais de 90 reféns e cerca de 50 chechenos haviam
morrido na ação. Mas o banho de sangue não apenas foi maior, como crescem as
desconfianças em torno da relação entre o enorme número de mortos e o uso do gás
lançado nos dutos de ar do prédio para diminuir a capacidade de reação dos chechenos.
Médicos vêm dizem que, ao inalar a fumaça, várias pessoas morreram engasgadas no
próprio vômito.

Segundo a emissora de televisão russa NTV, duas estrangeiras - seriam uma mulher da
Holanda e uma menina de 13 anos, do Cazaquistão - morreram intoxicadas pelo gás. A
emissora atribuiu a informação a médicos que atenderam as vítimas. Apesar da
crescente pressão para que o governo revele a natureza do gás usado na operação,
Moscou insiste em descrevê-la como 'uma substância especial'. O Ministério do Interior
nega que tenham ocorrido mortes de reféns por causa da substância.

A NTV disse que os ministérios de Relações exteriores da Holanda e do Cazaquistão


confirmaram a morte de duas pessoas desses países que estavam no teatro. O ministério
holandês confirmou a morte da mulher, mas esperava confirmação da causa.

O seqüestro - A crise que trouxe a guerra pela independência da República da


Chechênia para o coração de Moscou começou na noite de quarta-feira, quando cerca da
50 rebeldes chechenos invadiram um teatro onde mais de 800 pessoas assistiam a um
musical que vinha fazendo sucesso na capital russa.

Eles diziam-se membros 29ª divisão do Exército checheno e pediam o fim da ocupação
da república pelas forças russas. Toda a platéia foi feita refém. Crianças foram liberadas
pouco depois. Os seqüestradores - alguns dos quais morreram com explosivos atados
aos corpos - minaram o local.

Na sexta-feira, os rebeldes deram um ultimato ao governo: ou Moscou anunciava o fim


da intervenção militar na Chechênia até às 6h de sábado (23h de sexta-feira em
Brasília), ou os reféns começariam a morrer.

Pouco antes do fim do prazo, foram ouvidas explosões próximas ao prédio e disparos de
tiros.

Olga Chernyak, uma jornalista que assistia ao musical e foi feita refém, contou, do
hospital, que os momentos finais do seqüestro, que acabaram no banho de sangue que
se viu depois, começaram quando um menino desesperou-se.

- Ele correu em direção à saída gritando: 'mamãe, eu não sei o que fazer'. Eles abriram
fogo contra ele, mas acertaram pessoas que estavam sentadas. Um homem foi atingido
no olho. Havia muito sangue, sangue jorrando. Uma menina foi atingida no lado. Eles nos
disseram: 'não se preocupem. Está tudo bem.''

Não estava, momentos depois centenas de soldados de tropas de elite russas invadiram
o lugar, achando que os chechenos haviam começado a cumprir a promessa de matar os
reféns. 27/10/2002
O BATISMO DE FOGO:
Era madrugada e fomos solicitados pelo 15o BPM, tratava-se de uma ocorrência com
reféns num motel.
Um casal de assaltantes entrou no motel e renderam a segurança, um dos clientes
desconfiou da situação e telefonou para a Brigada Militar o local foi cercado houve troca
de tiros e os assaltantes pegaram oito casais que estavam nos quartos, fazendo-os
reféns e ameaçando tirar a vida dos mesmos.
Chegamos no local e começamos a recolher informações sobre o fato, criminosos,
quantidade e características dos reféns e planta do local, enquanto instalávamos o grupo
de segurança, sniper e seu auxiliar.
Após todos os itens importantes registrados iniciamos o planejamento de negociação e
preparação do grupo de assalto, em virtude da situação decidimos empregar a técnica de
assalto por confinamento pois não sabíamos qual dos quatro andares encontrava-se os
criminosos e seus reféns, para depois de confinados iniciarmos a negociação. Já havia
passado a FASE AFETIVA, a mais crítica, porém não tínhamos contato visual ou auditivo
com os criminosos.
Iniciamos o assalto, primeiro andar revistado e limpo, segundo piso primeiro contato e
fomos alvejados por vários tiros de pistola 7.65, tentamos negociar, mas os assaltantes
assustados subiram para o terraço (neste contato não respondemos aos disparos por
causa dos reféns, só tomamos posição e nos abrigamos) nesta fuga para os andares
superiores os criminosos deixaram para traz 06 casais, ficando apenas com quatro
pessoas. Após revistarmos os reféns e recolhermos mais informações reiniciamos o
confinamento. Terceiro andar revistado e limpo, só restava o terraço.
Cobertura pronta, inicia a progressão do primeiro homem no terraço, após chegada a seu
ponto, o segundo homem inicia a progressão e novamente somos alvejados por tiros,
sentindo-se cercado o criminoso concorda em conversar (o Ten. Mamede, junto com sua
equipe inicia tratativas).
Conseguindo romper parte das defesas e desconfianças do criminoso, criou-se um fino
laço de confiança, momento que o casal de criminosos decide liberar duas pessoas,
ficando agora com apenas dois reféns atrás das caixas de reservatório de água,
passadas algumas horas o criminoso muda completamente sua posição e começa a
gritar que vai morrer pois sua vida não tem mais sentido, mas antes vai matar os reféns,
engatilha sua pistola e quando começa a se virar para os reféns decido que é hora do
assalto final.

Assalto final:
Tenho várias imagens de ações em minha mente até hoje, esta é uma delas; Fiz o sinal
de ataque com a mão esquerda e com a direita lancei uma granada de luz e som, quando
ela explodiu quatro componentes do CT9 e eu estávamos em volta do casal de
assaltantes com nossas armas apontadas para suas cabeças. Os criminosos atordoados
e assustados com a ação rápida e inesperada, obedeceram rapidamente às ordens de
largar suas armas e colocarem suas mãos sobre a cabeça. O senhor e a senhora que
estavam como reféns nada sofreram, apenas a senhora que estava nua enrolada em um
lençol com o susto urinou-se "mas isto o CT9 não era treinado para evitar". Porto Alegre,
14 de Abril de 2001.

CASO DA ESCOLA DE COLUMBINE


A equipe da SWAT de Colombo fez a coisa certa esperando a saída de um
seqüestrador com reféns Quarta-feira, disse um perito em gerenciamento de crises.
“No curso de ação destas situações deve conter e negociar com o sujeito”, Disse
Frank A. Bolz, consultor de gerenciamento de crises. “Policiais devem conter o sujeito na
menor área praticável (uma área que não espremerá o sujeito dentro e não fará seu
pânico)”.
O detetive Brian Schuck, um negociador da Equipe de Resposta Especial do
Condado de Washington, que presta serviço ao condado de Atenas em situações de
reféns, disse que situações de gerenciamento de crises varia dependendo de vários
fatores.
“Se alguém está barricado sozinho, o tempo está do nosso lado – nós podemos
apenas esperar as coisas do lado de fora”; disse Schuck. “Nós escolhemos técnicas pela
pessoa e a situação”.
O jogo da negociação é freqüentemente um passeio de “roller-coaster” para todos
os envolvidos, diz Bolz.
“O tempo está a favor do negociador porque o perpetrador começará ficar
cansado, com fome e desanimado”, disse. “Isto torna mais fácil de tratar com o causador
da crise”.
Bolz serviu como oficial da Polícia da cidade de Nova Iorque por mais de 27 anos.
Negociou pessoalmente mais de 285 incidentes, trazendo a liberação segura de mais de
850 reféns.
Treinou mais de 3.500 oficiais de Execução Legal incluindo membros do FBI,
Serviço Secreto, Departamento de Estado e das Nações Unidas.
Na situação de reféns de Colombo, a esposa do seqüestrador foi trazida ao edifício
mas não falou com ele. Bolz disse que oficiais trazem membros da família a fim de colher
informações de fundo sobre o sujeito.
Pessoas que fazem reféns podem ser classificadas em três categorias básicas, diz
Bolz. Os Emocionalmente Perturbados, tais como o seqüestrador de Colombo, James L.
Dailey da Corte de Washington, fazem parte da categoria acima. Ele disse que os
negociadores usam a mídia para saberem que seu caso pode ser publicado e a mídia
também são observadores neutros.
“A melhor maneira de resolver este tipo de situação é deixar o causador à vontade
e ter seu problema ouvido”, diz Bolz. “Estas são pessoas frustradas, às vezes elas são
maridos que procuram a custódia das crianças, pessoas procurando atenção ou tem
outros problemas com burocracia”.
“Uma outra categoria é o criminoso profissional ou assaltante que tem um
inesperado encontro com a Polícia” disse. “O assaltante toma refém como um passaporte
para liberdade. Os primeiros 15 a 20 minutos são cruciais porcausa da reação do pânico
– lutar ou fugir. Depois que o pânico passa são mais fáceis de tratar porque são mais
racionais”.
A terceira categoria são Grupos Organizados, como grupos de terroristas ou
desestruturados, como aqueles em situações de motim na prisão, disse Bolz.
Ele disse que quando o seqüestrador deixou seu filho ir até ele, poderia ter sido um
mau sinal.
“Ele pode ter esperado para cometer suicídio pela Polícia e ele não quis que seu
filho visse”, disse Bolz. “Ele pode ter prejudicado um dos reféns a fim de precipitar a ação
dos policiais”.
O seqüestrador não fez, entretanto, e eventualmente foi vencido por um dos reféns
e foi feito então exame sob custódia policial.
Além das negociações não-violentas, três outras possibilidades de ação estavam
disponíveis para a Polícia, disse Bolz.
Um é o resgate dinâmico onde os policiais causam uma tempestade dentro do
sujeito. Outro é ter o tiro de snipers sobre ele. O último é o uso de agentes químicos para
desorientar o sujeito. Bolz disse que estas alternativas violentas são irreversíveis e são
usadas somente como um último recurso.
O Delegado Ken Hackathorn da Equipe de Resposta Especial do Condado de
Washington disse que das opções ditas, as não-violentas é a mais desejável.
“Quando você tem uma situação barricada o objetivo nº1 é um desfecho calmo”,
disse. “Hábeis negociadores são a chave, porque você está fazendo um negócio com o
causador”.
A equipe de Colombo fez um negócio, afastando as armas do seqüestrador numa
troca por popularidade e outros itens.
“A Equipe de Colombo fez um bom trabalho – sua paciência recompensou”, disse
Bolz.

CASO DOM ALOÍSIO LORSCHEIDER


DATA DO EVENTO:
15.Março.1994

LOCALIDADE:
Município de Eusébio, a 30 quilômetros de Fortaleza/CE.

PONTO CRÍTICO:
Instituto Penal Paulo Sarasate (considerado de segurança máxima).

NÚMERO DE PERPETRADORES:
12 (doze), capitaneados por um tal “CARIOCA”, possivelmente ligado ao chamado
“Comando Vermelho”, do Rio de Janeiro.

BREVE HISTÓRIO DO EVENTO:


O cardeal-arcebispo e representantes de entidades ligadas à defesa dos direitos
humanos visitavam o presídio, pela manhã, para investigar denúncias sobre as condições
precárias de carceragem, bem como a possível ocorrência de maus tratos aos presos.
Por volta das 10h15min, quando o Diretor da Penitenciária fazia a apresentação do
grupo a presos reunidos no auditório, foram todos surpreendidos pela ação de vários
presos, que, munidos de armas brancas, avançaram sobre Dom ALOISIO
LORSCHEIDER e outros religiosos, tomando-os como reféns.
Dom ALOISIO foi arrancado da cadeira onde sentava por um detento armado de
faca e arrastado para um dos cantos do auditório. Estabeleceu-se assim um clima de
pânico no local, tendo se iniciado um tiroteio, no qual morreram dois detentos presentes
no auditório e foram feridos dois soldados da PMCE. Os amotinados se espalharam
estrategicamente pelos cantos do auditório, levando cada um o seu refém.
Na confusão, os amotinados conseguiram se apoderar de um fuzil e dois
revólveres retirados dos policiais, durante o confronto inicial.

EXIGÊNCIAS DOS PERPETRADORES:


Armas e veículos para fuga.

CLASSIFICAÇÃO DO EVENTO:
Crise de segundo grau, ou ALTÍSSIMO RISCO, de acordo com a escala do FBI.
Nessa classificação, levou-se em consideração a quantidade de reféns, a
relevância social de um deles (Dom ALOISIO LORSCHEIDER) e a idade e o estado de
saúde do cardeal-arcebispo. O fato de alguns dos bandidos estarem dispondo de armas
de fogo também influenciou na classificação.

NÍVEL DE RESPOSTA:
As autoridades cearenses responderam a essa crise com o mais alto nível de
resposta de que poderiam dispor, com o emprego de recursos exógenos, como foi o caso
do COT da Polícia Federal e de um grupo de policiais do GER (Grupo Especial de
Resgate) da polícia civil de São Paulo, chefiados pelo Delegado FLÁVIO DALMASSO.
Nessas condições, pode-se afirmar que houve uma resposta de NÍVEL QUATRO,
de acordo com a escala adotada pelo FBI.

TIPOLOGIA DOS CAUSADORES DO EVENTO:


Criminosos profissionais, motivados pelo desejo de fuga.

ELEMENTOS ESSENCIAIS DE INTELIGÊNCIA:


a) Perpetradores - totalmente conhecidos;
b) Reféns - totalmente conhecidos;
c) Objetivo - conhecido;
d) Armas - conhecidas.

A abundância de informações a respeito dessa crise foi simplesmente inusitada,


chegando-se inclusive à situação ideal de se haver filmado a própria eclosão do evento.

ISOLAMENTO DA ÁREA:
Muito bom, tendo em vista que o ponto crítico se situava numa penitenciária.

CONTENÇÃO DA CRISE:
Muito ruim, pois os policiais que participaram inicialmente do evento permitiram
que bandidos lhes tomassem as armas de fogo, o que veio a contribuir para aumentar o
grau de risco da crise.

DURAÇÃO DA CRISE:
Aproximadamente 19 (dezenove) horas, divididas em duas fases. A primeira delas
no interior da penitenciária, com duração de aproximadamente 13 (treze) horas, e a
segunda no interior do carro-forte utilizado na fuga, com uma duração de
aproximadamente 6 (seis) horas. Os últimos reféns foram libertados exatamente às 5h
15min, do dia 16.Março.1994, no interior de um sítio localizado no Município de Quixadá,
a cerca de uns 250 quilômetros da capital.

SOLUÇÃO ADOTADA:
O atendimento total das exigências dos perpetradores, com a subseqüente
perseguição ao carro-forte em que eles fugiram com os reféns.

APRECIAÇÃO DO GERENCIAMENTO:
A mais perfunctória análise dessa crise leva à inevitável conclusão de que ela foi
em todas as suas etapas, muito mal gerenciada.
O seu desfecho, com a libertação de todos os reféns são e salvos, não representa,
por si só, uma vitória a ser comemorada pelos responsáveis pelo gerenciamento desse
evento. Muito embora a preservação da vida seja o princípio fundamental da doutrina de
gerenciamento de crises, não se pode daí deduzir que, em nome desse princípio, se deva
atender a todas as exigências dos bandidos (inclusive a inadmissível entrega de armas)
e, de resto, ficar se rezando para que eles soltem os reféns incólumes e em paz.
A prevalecer tal ponto de vista (em cujo âmago não deixa de vislumbrar um certo
comodismo), desnecessário se tornaria qualquer trabalho de gerenciamento na
eventualidade de eclosão de qualquer crise com tomada de reféns e, com isso, não mais
restaria às autoridades outra alternativa senão a de ceder sempre e em tudo, nessas
ocasiões. Ora, se esse entendimento laxista passasse a vigorar como regra geral, tornar-
se-ia inútil qualquer ação policial nesses eventos cruciais e a sociedade, como todo,
ficaria exposta à sanha dos marginais, que, animados pelo fenômeno do mimetismo,
passariam a ações cada vez mais ousadas, motivados pelo sucesso obtido em eventos
críticos anteriores.

Nessa ordem de idéias, corrobora-se o entendimento de que é indispensável à


existência de um gerenciamento de crises com bases científicas.

Há que haver uma doutrina. Há que haver passos e rotinas a serem seguidos
pelas autoridades em situações dessa natureza, visando a assegurar aquilo que, por
consagrada definição, se denomina de “solução aceitável”.

A solução precipitadamente dada pelas autoridades cearenses não pode nem deve
ser classificada como aceitável, pois a vitória alcançada pelos bandidos, providos de tão
parcos e artesanais recursos, servirá certamente de modelo a ser imitado mimeticamente
por outros bandidos em outras penitenciárias.

A compreensível angústia das autoridades pelo fato de haver entre os reféns uma
personagem da proeminência de Dom ALOISIO LORSCHEIDER, cuja morte naquela
ocasião teria inevitáveis repercussões negativas para o país, não justifica o açodamento
com que foram violados e esquecidos os mais elementares princípios doutrinários de
gerenciamento de crises, processo científico cuja gênese não está nas fantasias de
alguns burocratas ou técnicos de polícia, mas na experiência quase sempre cruenta,
advinda dos casos semelhantes vivenciados por policiais do mundo inteiro, ao longo de
décadas.

Objetivamente analisada à luz da doutrina, a crise do Instituto Penal Paulo


Sarasate evidenciou as seguintes falhas de gerenciamento:

a) a má atuação dos policiais que inicialmente tentaram debelar o evento


ocasionando ferimento e mortes, bem como a tomada de armas de fogo pelos
bandidos;
b) o envolvimento direto da pessoa do Governador do Estado na negociação.
Sabe-se, por princípio doutrinário, que as negociações devem ser sempre
conduzidas por pessoas especializadas. Por outro lado, mesmo que o
Governador fosse dotado de especialização nesse mister, não poderia
funcionar como negociador, porque essa atividade é incompatível com pessoas
que tenham poder de decisão. O negociador deve sempre ser um intermediário
entre as autoridades e os bandidos;
c) a utilização, a certa altura, da mãe de um dos bandidos como intermediária nas
negociações, fato esse que é tradicionalmente condenado pela doutrina, por
ser de efeitos incertos e quase sempre prejudiciais ao gerenciamento;
d) a total capitulação das autoridades perante os bandidos, inclusive com a
entrega das armas exigidas, o que, além de não solucionar a crise, aumentou o
seu grau de risco em detrimento da segurança dos reféns; e
e) a aparente falta de unidade de comando, com um envolvimento exagerado de
organismos policiais, levando a uma situação praticamente caótica, onde não
se percebia com nitidez quem estava encarregado de gerenciar o evento. Essa
situação tornou-se particularmente evidente por ocasião da perseguição
empreendida ao carro-forte que levava os bandidos e os reféns ao longo da
BR-116. As imagens colhidas pela televisão deixaram entrever uma verdadeira
procissão de aproximadamente cinqüenta veículos policiais dos mais diversos
tipos, origens e finalidades, pertencente às mais diferentes organizações
policiais, tendo ainda veículos da imprensa, rádio e televisão de permeio, numa
perseguição frenética e bizarra, cujo perigoso desfecho era difícil de prever e,
em tese, contrariava frontalmente a decisão anterior de ceder inteiramente às
exigências dos bandidos, deixando-os fugir em paz, para que mais tarde
liberassem os reféns sãos e salvos.

Curitiba/PR, 22/0394. ROBERTO DAS CHAGAS MONTEIRO Del. de Polícia Federal

CASO DA EMBAIXADA IRANIANA EM LONDRES


30 de abril a 05 de maio de 1980 – Londres
Mataram 01 refém e jogaram o corpo fora
06 terroristas iranianos
11 minutos
Polícia atendeu inicialmente e depois passou para o Exército (SAS)
Grandes danos porcausa do incêndio
TERRORISTAS
Grupo Árabe Mártires
Número total de 06
Antitomada islâmica
Treinados no Iraque
Passaportes falsos (Iraque) com vistos estudantis
Um membro desistiu

REFÉNS
Número total de 26 (homens e mulheres)
Iranianos, ingleses e paquistaneses
O policial Trevor Locke estava no local com um revólver e seis munições; ele quem
passava as informações e acalmava os reféns.

ARMAMENTO
02 Pistolas polonesas
03 Pistolas Browing High Power
01 Revólver
05 Granadas de mão russas
400 Munições

1º DIA
Tensão em todos os envolvidos
Reféns separados
Exigências:
1. soltura de 91 prisioneiros árabes
2. independência para Khuzestan
3. aeronave pronta para partir em 24 horas
Terroristas colocavam barricadas nas janelas e escadarias
Achavam que o assalto seria pelo teto
Foi colocado dispositivo de escuta no apartamento vizinho

2º DIA
50 cafés da manhã são entregues
HT foram entregues para negociação
09:00 – tiro disparado dentro da Embaixada
11:25 – refém masculino é solto (simula doença)
12:00 – primeiro prazo final expira
14:00 – novo prazo final
Mudaram a rota das aeronaves passando por cima da Embaixada para encobrir o
barulho das escavações
Trouxeram uma tradutora que ficou em estado de choque, não suportou a tensão e
acabou sendo dispensada
Novas exigências
solicitada presença dos embaixadores de Iraque e Argélia

3º DIA
Reféns relocados
Terroristas encontram-se com a TV BBC
Terroristas planejam fuga
Terroristas informados sobre a cobertura da mídia
Vigilância eletrônica estabelecida dentro da embaixada
Mulher iraniana informa ter ouvido barulhos

4º DIA
Refém solto em troca da cobertura da mídia
Cigarros são entregues no cativeiro
Mulher paquistanesa solta por estar estocolmizada
Reféns relocados
Descobre que Iraque financiou os terroristas

5º DIA
Terroristas começam a discutir entre si
Lovansani (refém) chama atenção
Último refém foi solto
Embaixador iraquiano recusa-se se encontrar com terroristas
Terroristas passam recado ao policial Locke
Lovasani é morto (ele era refém pró Aiatolá Khomeini)
Mulla (religioso) conversa com terroristas
Mais tiros – corpo de Lovasani jogado para fora
Controle da operação passa para o SAS

AÇÕES DO SAS
30 de abril
12:00 terroristas são avisados pela BBC que SAS assumiu o controle
13:03 aviso da Scotland Yard
15:00 grupo precursor do SAS voa para Londres
17:00 grupo do SAS recebe briefing
19:30 Time antiterror é chamado
23:59 Time antiterror chega a Londres

01 de maio
02:30 SAS estabelece perímetro
03:30 SAS em Stand by

02 de maio
vigilância eletrônica
Briefing de reféns soltos
Construção de cargas explosivas
Cabos posicionados no telhado
Ensaios
Planos atualizados constantemente
Outras opções planejadas
Troca de times
Repouso dos homens

OPERACIONAIS DO SAS
Total de 44 operacionais
14 homens para recepção de reféns
04 entraram pela frente
06 entraram pelos fundos do 1º andar
04 entraram pelos fundos do porão
08 entraram pelos fundos do 3º andar
04 entraram pelos fundos do 4º andar
02 fizeram a cobertura frontal
02 fizeram a cobertura nos fundos

05 dias treinando e ensaiando mas nada foi aplicado, acabaram fazendo um


assalto de emergência.
19:00 iniciou o assalto porque era o horário de jantar da imprensa. Controle dos
reféns foi feito fora, nos jardins, porcausa do gás no interior do prédio.

LIÇÕES
Chegar o mais rápido no local da crise
Pouca informação passada aos operacionais
Mecanismos de distração/gás (faca de dois gumes)
Controlar reféns
Entrada explosiva é essencial
Cabos novos não são confiáveis
Vestir operacionais iguais
Planos simples (exercícios básicos)

SUCESSO DEPENDE DE:


Alto nível de treinamento
Operacionais altamente motivados e disciplinados
Ordens claras
Ensaios
Todos totalmente comprometidos com a missão
O número de policiais vai depender do número de reféns e suspeitos

Cuidado com: “meu pé está na frente e minha mente está atrás”

CERCO DA EMBAIXADA DO IRÃ EM LONDRES


A tomada da embaixada do Irã em Londres por terroristas, entre 30 de abril e 05
de maio de 1980, atraiu a atenção mundial e colocou o S A S em grande evidência: o
desfecho ocorreu sob as vistas de fotógrafos e cameramen de televisão e o sucesso no
resgate criou no público uma expectativa de vitória certa, sempre que o SAS entra em
cena.
A embaixada do Irã em Londres fica na Princes Gate nº 16, do outro lado do Hyde
Park. Foi tomada às 11h30min de uma quarta-feira, 30 de abril, por seis homens armados
com três pistolas automáticas de 9mm e granadas de mão de fabricação chinesa.
Oan, de 27 anos, comandava os outros cincos homens, todos na faixa dos vinte e poucos
anos. Todos eram da região do Arabistão ou Khuzistão, no extremo sul do Irã, e resistiam
aos arianos do norte do país, então no poder. Muitos apoiaram o golpe do aiatolá
Khomeini contra o xá apenas para descobrir que o novo governante não era muito
diferente de seu antecessor no trato com as minorias do País.
Na ação em Londres, eles disseram representar o chamado Movimento
Democrático Revolucionário para Liberação do Arabistão, grupo de orientação marxista-
leninista, com base na Líbia, e cuja causa na época era a autonomia regional (não a
independência) do Arabistão.

NEGOCIAÇÕES
Havia 29 pessoas na embaixada quando os terroristas a tomaram: quatro ingleses
e 25 iranianos, homens e mulheres, três dos quais conseguiram escapar nos primeiros
minutos. Inicialmente, os rebeldes queriam que 91 prisioneiros arabistaneses fossem
soltos pelo aiotolá, com prazo final marcado para as 12 horas da quinta-feira, 1º de maio.
Nessa noite, conseguiram contato com a Polícia de Londres e com a imprensa.
Um dos reféns, uma mulher iraniana estava doente, foi solta na noite de quarta-
feira. Um inglês, igualmente doente, saiu na manhã seguinte. Conseguiu-se um
adiamento do prazo dado pelos terroristas quando a Polícia concordou em transmitir uma
mensagem deles para a imprensa. Assim, a hora fatal – 14 horas na quinta-feira- passou
sem que nenhum dos lados tivesse alguma iniciativa.
Na Sexta-feira de manhã, haviam sido feitos muitos contatos entre a Polícia e os
terroristas, mas as vidas dos reféns continuavam sendo ameaçadas. As negociações
continuaram por todo o sábado e conseguiram a libertação de outros dois reféns em
troca de uma transmissão pelo rádio dos motivos e objetivos dos rebeldes.
Um desses reféns foi solto no início da noite de Sábado, mal começou a
transmissão pelo noticiário das 21 horas da BBC. Depois que os terroristas confirmaram
que sua mensagem fora reproduzida palavra por palavra, o outro refém saiu. O clima
dentro da embaixada melhorou, ainda mais depois do jantar, uma boa refeição enviada
pela Polícia.
Ao longo do domingo, o governador inglês discutiu o problema com vários
embaixadores árabes, mas não houve solução. Dentro da embaixada, o fato de maior
importância até então foi a libertação de um refém iraniano que começou a passar muito
mal.
Na segunda-feira, os terroristas estavam evidentemente nervosos. Uma discussão
aos berros entre dois reféns ingleses e a Polícia, por volta do meio-dia, certamente não
ajudou em nada. Ás 13h30min a paciência do líder rebelde Oan aparentemente se
esgotou - e houve um tiro: o próprio Oan atirou em Abbas Lavasani, do corpo de
funcionários da embaixada, durante uma discussão pelo telefone com a Polícia. Foi a
gota d’água. Havia dúvidas sobre se o refém tinha sido morto ou não - mas só até às 19
horas, quando o corpo de Lavasini foi atirado à rua pela porta da frente da embaixada.
Os homens do SAS tinham observado o local já no primeiro dia da invasão, e
estavam o tempo todo acampados em barracas a cerca de 03km dali. A Polícia de
Londres tinha descoberto em que parte da embaixada os terroristas e suas vítimas
estavam e o que eles estavam fazendo. Assim, os homens do SAS foram bem
informados sobre a situação quando a Polícia pediu ajuda.

O RESGATE
No plano original, agiriam doze homens dividido em três grupos – formação
costumeira. Dois grupos entrariam por trás do prédio pelo telhado e desceriam por
cordas. Quatro desses homens iriam até o chão, e os outros tentariam entrar pelo balcão
do primeiro andar. O terceiro grupo entraria pela lateral do prédio a partir do balcão do
prédio vizinho. Uma vez na embaixada, os três grupos tentariam libertar os reféns sem
que fossem feridos.
Tudo foi preparado para que o impacto da entrada, assim que percebida, fosse o
maior possível. Os doze homens se vestiriam de preto, dos pés à cabeça, incluindo
máscaras contra gás de borracha preta. Entrariam usando cargas explosivas, granadas
de atordoamento (flash bangs) e bombas de gás lacrimogêneo CS. A combinação de
explosão, barulho, fumaça, velocidade de ação e a própria aparência dos homens deveria
funcionar perfeitamente. Para isso, os SAS tiveram de estudar detalhadamente a planta
do prédio e gastar algumas horas decorando o rosto de cada refém.
Precisamente às 19h26, os homens da retaguarda começaram a descer do
telhado. Os dois primeiros não tiveram o menor problema mas um dos homens do
segundo par teve sua corda travada, acidente comum nesse tipo de ação. Na frente, os
SAS apareceram no balcão do prédio número 15 e rapidamente passaram à embaixada
(nº 16) - imagem registradas nas fotos da imprensa. Ao mesmo tempo a Polícia falava ao
telefone com os terroristas para distraí-los. Foi então que as granadas atordoantes
explodiram, as luzes se apagaram e tudo virou confusão para os rebeldes. Irromperam
alguns incêndios, provocados pelas bombas e granadas e então alguns homens da parte
de trás estavam ainda nas cordas - que imediatamente cortaram, atirando-se ao balcão,
risco preferível ao de ser queimado.
Os SAS irromperam rapidamente na sala. Dois terroristas foram mortos no ato: um
deles começou a atirar nos reféns de uma sala do andar de cima, mas só provocou
alguns ferimentos. Em poucos minutos, cinco dos seis homens armados estavam mortos,
enquanto o sexto se protegia entre os reféns. Então, todos os sobreviventes foram
levados para o jardim. Nenhum refém foi morto na ação.
CASO RAMO DAVIDIAN – WACO – TEXAS
O ASSALTO
04 agentes ATF mortos
16 agentes ATF feridos
Várias pessoas mortas
51 dias de cativeiro
75 mortos ao final (homens, mulheres e crianças)
Ataque pelo Exército americano
Compra de armas automáticas pelos correios (seguidores da seita)

JUNHO 1992
ATF inicia investigações

JANEIRO 1993
ATF inicia vigilância
PLANO DE ASSALTO
Corpo inicial: 75 agentes
Entrada dinâmica
Caminhão de gado utilizado para aproximação e penetrar no local
Helicópteros
Posto de Comando distante 03 milhas do rancho
03 dias de treinamento numa base do Exército próximo
artigo no jornal (chamaram a imprensa para publicidade, promoção pensando que iria dar
tudo certo)

27 Fev 93
Artigos publicados em jornais
Nenhuma mudança de rotina no cativeiro
153 quartos de hotel para pessoal de apoio
policial/médico deu a dica para um repórter

28 Fev 93
80 veículos no comboio
07:00 mídia chega ao local da crise
07:30 saíram da base do Exército ao local da crise
Carteiro avisou a Koresh que Polícia estava chegando
Plano comprometido
Caminhões e helicópteros sob fogo
ATF sai e entra FBI

A TOMADA
Incidente de barricada
Armamento, comida, água, tinham tudo no cativeiro
Guerra psicológica

O PLANO DE GÁS
Crianças, idosos e mulher grávida
Incêndios

JUSTIFICAÇÃO
Condição de higiene (pessoas feridas, mortos, faltava comida, sem luz)
Promessas não cumpridas

PLANO DE GÁS APROVADO


Crianças a salvo do perigo
Somente Juiz Federal poderia abortar a missão

18 Abr 93
Presidente dos EUA foi informado e autorizou
Início do gás: 06:00
Sai o último sobrevivente: 15:30
RESULTADOS
ATF/FBI demonstram falta de preparo
15 reuniões no Congresso
FBI re-estrutura doutrina de Gerenciamento de Crises
Bomba de Oklahoma 02 anos depois houve críticas de grupos anti-governo porcausa de
Waco

LIÇÕES
Estrutura de comando e controle
Experiência dos comandante e líderes de times
Considerar todas as opções
Documentar ordens operacionais
CASO DA EMBAIXADA JAPONESA NO PERU
Num rápido e brutal assalto, as tropas de Fujimori resgataram todos, menos um
dos 72 reféns.
Os Comandos peruanos esperaram toda noite embaixo da residência do
embaixador japonês em Lima, fossilizaram-se dentro de um tortuoso túnel rodeado de
aço, carregados com armas, munições e coletes, eles ainda tinham uma sala suficiente
para descansar e tentar dormir. Os túneis eram trabalho de mineiros profissionais e as
tropas podiam caminhar eretos, de duas em duas pessoas andando lado a lado, através
de câmaras iluminadas e ventiladas. Pela manhã, depois de uma sessão final de
planejamento, os oficiais chegaram escorregando através das edificações vizinhas e de
dentro dos túneis para juntarem as Forças de Operações Especiais do Exército, Marinha
e Força Aérea no subsolo para o ataque.
O Coronel Juan Valez Sandoval, líder de uma Esquadra, sentou para escrever
uma carta de despedida para os homens que ele treinou por meses. “Se amanhã vocês
lerem esta carta é porque eu já estarei morto”.
Além disso os oficiais de inteligência estavam ouvindo aos microfones que eles
tinham infiltrado na residência, rasteando os movimentos dos 14 guerrilheiros do Tupac
Amaru e seus 72 reféns Vips. Os oficiais sabiam o que aguardar: ao meio dia os reféns
estariam no quarto do primeiro andar e os rebeldes que estavam retendo os prisioneiros
teriam começado seu regular jogo de futebol, provisoriamente na sala de estar do térreo.
Foi mais ou menos dessa forma que às três horas da tarde, os ouvidores escutaram oito
guerrilheiros, inclusive seu comandante Nestor Cerpa Cartolini, deixando seus fuzis e
começado uma gritaria, um jogo de golpes.
O Exército passou a palavra rapidamente ao Presidente Alberto Fujimori, que
estava do outro lado da cidade com sua mulher Suzana. Instantaneamente ele deu a
ordem para atacar. “Nós sabíamos que era o momento de menor risco”.
Ainda era um risco. O assalto poderia tornar-se um desastre sangrento. Mas não
foi. Foi um triunfo para Fujimori e seus mais criticados militares. Somente 15 minutos
após os comandos de explosão e tiros dentro da residência, 71 reféns estavam livres,
todos os guerrilheiros estavam mortos e apenas um refém e dois soldados estavam
mortos.
Fujimori nunca teve uma oportunidade de resolver o problema pacificamente. Do
começo, dia 17 de dezembro quando os rebeldes invadiram a residência do Embaixador
durante um coquetel de gala, Cerpa tinha demandado notícia de 400 dos seus
camaradas em prisões peruanas. Então, Fujimori disse que nunca iria concordar. Fez
mais uma tentativa de negociação só para encobrir as preparações para o assalto. Ele
arranhava a promessa de passagem segura para Cuba para os rebeldes, se eles
quisessem e apontou o Arcebispo Juan Luís Cipriani como negociador especial. Depois
da incursão, como o Arcebispo expressou sua simpatia para com as famílias dos mortos,
ele cobriu seus olhos com sua mão.
Cerpa deixou centenas de reféns caminharem fora da porta, mas ele mantinha
justamente, os 72 reféns de maior valor: Oficiais Seniores peruanos, o irmão de Fujimori,
Diplomatas estrangeiros e o Embaixador Japonês. O Presidente peruano assumiu que
eventualmente teria que combater para tê-los de volta. “As conversas com os
guerrilheiros não iriam chegar a lugar nenhum”, disse um oficial militar de alta patente.
“Assim que os túneis e os Comandos estavam prontos, eles agiram”. Os Estados Unidos
ofereceram ajuda, como também os britânicos, germânicos e israelenses, mas todos eles
foram negados. Embora Fujimori tivesse prometido informar o Governo Japonês antes de
fazer qualquer ação militar, ele não o fez, presumindo que o 1º Ministro Hyutaro
Hashimoto diria “não”.
Fujimori prosseguiria sozinho. Ele articulou o dia 15 de fevereiro como o dia “D”
para o assalto, o oficial militar disse à TIME. Mas o ataque de fevereiro foi abortado
porque os guerrilheiros e os reféns estavam trocando de posições dentro da embaixada e
o serviço de inteligência não podia localizá-los. Então ele escolheu uma data no início de
março, que foi novamente adiada devido a Cerpa ter ouvido o barulho das construções
dos túneis – o Exército tentou encobri-las colocando caixas de som tocando música
marcial – prevenindo-se da escavação, Cerpa cessou as conversas com os mediadores
do Governo e transportou os reféns para o primeiro andar.
Depois que Fujimori articulou a data para a última semana de março para o
assalto, o Exército foi remanejado para infiltrar no mínimo 11 terminais de escutas dentro
da Embaixada. Alguns eram pequenos microfones infiltrados que permitia os oficiais de
inteligência comunicarem-se com o Comandante do Exército e da Polícia que estavam
sendo mantidos lá dentro. Os microfones foram levados para Embaixada quatro dias
antes da incursão pelos agentes de inteligência postos lá como doutores para checar a
saúde dos reféns. Os terminais foram cedidos pela C.I.A., de acordo com o oficial militar,
e foram ocultadas em peças pessoais como livros, violões e garrafas térmicas, que
supostamente foram enviadas pelas famílias. Os reféns sinalizavam abrindo as cortinas
quando era seguro comunicar-se.
Então, Fujimori deu a ordem para agir na semana passada, os Comandos não
atacaram imediatamente. Eles falaram com seus colegas lá dentro, contando a eles que
teriam 10 minutos para transmitir a notícia para os outros reféns que descessem e
cobrissem. E eles tinham uma solicitação especial: “tentem abrir uma porta pesada de
metal reforçada que conduz para a sacada do lado de fora do quarto principal”. Os
peruanos sussurravam suas advertências aos outros, incluindo o Embaixador Boliviano
Jorge Gumucio Granier. As notícias assustaram Gumucio, que lembrou-se
instantaneamente que os guerrilheiros praticaram mais de vinte vezes como eles
reagiriam a uma incursão – jogando granadas nos quartos ocupados por reféns. Gumucio
não lembrou-se depois quantos minutos ele esperou para o ataque começar, mas ele
disse: “para mim foi uma eternidade”. Juan Julio Wicht, um padre jesuíta que esteve na
embaixada, embora com uma oferta de liberdade, sustentou a palavra que os Comandos
estavam vindo.
Os 126 de mais aborrecimento do que terror, de comidas mal realizadas e sem
banhos, reduziram o moral dos rebeldes e dos prisioneiros igualmente. Mas tornou-se
pior para os rebeldes, que tornaram-se desanimados e desatentos. “Isto nunca acabará”,
disse Gumucio. “Eles nunca esperariam algo em plena luz do dia”.
Assim que os guerrilheiros jogando fulbito (mini – futebol) estavam gritando “gol!”,
o chão explodiu embaixo de seus pés. Cinco foram mortos instantaneamente, e os outros
disputaram sua armas em direção à escada. No mesmo momento outra carga de
explosivos plásticos explodiram abrindo mais entradas dos túneis para o interior da
embaixada. Ainda outras explodiram do lado da fora da embaixada, e uma destruiu o
quintal. “A casa inteira balançou como papelão” , diz um tenente do Exército, e a fumaça
rolou no céu assim que as armas automáticas começaram a fazer barulho.
Comandos saíram dos túneis atirando. No balcão do lado de fora do quarto principal, os
Comandos encontraram uma porta exterior de madeira ainda trancada, ainda que os
reféns tenham aberto o interior do painel de metal. Um dos rebeldes atirou com sua AK-
47 através da madeira e matou o tenente-coronel Valer. Este não é o relato da morte de
Valer dada por Fujimori, mas é a reportagem de um oficial que guerreou próximo ao
coronel. As tropas de Valer não golpearam a porta abrindo com uma granada e atacaram.
O ministro estrangeiro Francisco Tudela Van Bruegal-Douglas foi ferido na perna ao
escapar. O Comandos, interceptaram os guerrilheiros ao vir da sala de estar, atiraram
neles na escada.
Numa outra sala no primeiro andar, um rebelde atirou num representante da
Suprema Corte da Justiça Carlos Giusti Acuña. Giusti morreu a caminho do hospital,
possivelmente de um ataque cardíaco. Durante um violento tiroteio em que o tenente-
coronel Raul Jimenez Salazar foi morto, outro refém, Ministro da Agricultura Rodolfo
Muñante Sanguinette, teve uma vista fechada. Um guerrilheiro entrou de forma violenta
no quarto ele estava se escondendo com outros e levantou seu fuzil, mas ele não apertou
o gatilho. “Ele saiu sem atirar ou jogar uma granada em nós” , Muñante relembrou. “Eu
tive a impressão que o rapaz subitamente sentiu-se mal sobre o que ele e os rebeldes
tinham feito”. Fujimori, mudando a voz, louvou Jimenez depois por sua liderança,
dizendo, “ele foi o primeiro a abrir o caminho para os seus companheiros”.
Todos os 14 guerrilheiros foram mortos e as conseqüências foram acusações, ou
no mínimo suspeita que alguns tentaram se render mas foram executados. Fujimori
bravamente negou que tivesse emitido a ordem de atirar para matar. “Minha única
ordem”, ele contou aos repórteres, “foi de resgatar os 72 reféns”. É quase a mesma coisa,
claro. Tropas de Operações Especiais são treinadas para matar rapidamente, para deter
o cumprimento de suas ameaças aos seus reféns. Comandos freqüentemente consagram
seus reféns. Comandos freqüentemente avisam os reféns para deitarem-se porque eles
atiram em quem se levantar. Quando as tropas especiais usando máscaras de gás
arrebentaram a fumaça grossa dos corredores da embaixada semana passada, eles
tiveram a preocupação de distinguir reféns de guerrilheiros. Um tenente-coronel gritou;
“quem se mover receberá um tiro”. Ele quase atirou num refém que agarrou sua mão.
Assim que a fumaça começou a clarear lá dentro, os Comandos organizaram uma
fileira de reféns nas suas mãos e joelhos como rastro de formiga, como elas se colocam
em fila. Eles rastejaram para o balcão do quarto e embaixo do lado de fora para a escada
por segurança. “Manti meu nariz no chão”, disse Gumucio, “mas sabia que naquele
momento parar-nos era a última coisa que os rebeldes poderiam fazer”.
Verdade, eles estavam mentindo em relação a multidão ensangüentada em volta
da residência. Cada vez que um Comandos passando por um dos corpos, um oficial do
exército contou à TIME, ele bombeara-o com mais uma bala para certificar-se. “ Cada
terrorista deveria ter levado 500 tiros quando tudo acabasse”, disse o oficial. “As cabeças
deles estavam destruídas”.
Se o Tupac Amaru que operava desde 1982, será destruído é menos certo.
Fujimori reivindicou antes, e foi desaprovado a captura da residência do embaixador em
dezembro. Agora ele não está tão confiante. “Eles não estão necessariamente
eliminados”, disse ele. “Há outros terroristas lá fora, e manteremos os olhos com mais
cuidados neles”. Se eles pudessem, aqueles guerrilheiros iriam tentar mostrar Que ainda
estavam no negócio com outro ataque”. Outra grande organização peruana, Conduta
Reluzente, provavelmente gostaria de pôr outro ultraje para embaçar a vitória de Fujimori.
A popularidade do presidente pulo de 38% para 67% numa pesquisa feita semana
passada, durante a crise dos reféns. Mas se Fujimori quer disputar com sucesso a
eleição daqui a três anos, terá que fazer mais que perseguir guerrilheiros. Ele governa
com um quieto e frígido autoritarismo que terá de suavizar-se se for fazer sala para as
reformas sociais e democracia adicional que ele prometeu. Mas, semana passada, com
seu rigor antiquado, deslumbrou-se ao ver o corpo de Cerpa na subida da escada,
inquestionavelmente trabalho feito.

O ÔNIBUS 174
Todos puderam acompanhar de perto, pela a televisão, em 12 de junho do de 2000, o
assaltante Sandro do Nascimento, sobrevivente da chacina da Candelária, em 1993,
seqüestrou um ônibus da linha 174 (Gávea-Central), no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio
de Janeiro .

Dez passageiros foram feitos reféns, entre eles, a professora Geisa Firmo Gonçalves,
morta ao final do incidente, assim como o próprio assaltante.
Sandro entrou no ônibus com um revólver calibre 38 e pulou a roleta. Vinte minutos
depois, dois policiais que passavam pela rua em uma viatura interceptaram o veículo,
alertados pelo sinal de um passageiro.
O motorista, o cobrador e outras pessoas conseguiram fugir, mas dez passageiros
ficaram retidos. A negociação para libertar os reféns teve início uma hora mais tarde,
quando o Batalhão de Operações Especiais chegou ao local com dezoito homens.
Sandro obrigou uma mulher a escrever mensagens nos vidros dos ônibus, simulou a
execução dela e colocou o revólver na boca de outras duas.
Às 18h49, o assaltante deixou o veículo usando a professora Geisa como escudo. Um
policial disparou um tiro que deveria atingir Sandro, a bala acertou ele. O bandido, então,
atirou na professora à queima-roupa, atingindo-a duas vezes nas costas e uma no
tronco.
Ele foi imobilizado e levado, ileso, para um camburão. Dez minutos depois, foi asfixiado e
morto por um policial.

Perto de 35 milhões de brasileiros acompanhou em tempo real o drama dos passageiros


do ônibus. Muitas orações foram feitas, muita tensão e um ar de muitas emoções pairou
sobre aquele ônibus. Sentimentos de vingança, insegurança, raiva e tristeza.
No dia seguinte o ônibus estava de volta às ruas. Mas sempre quando ele passava ali
perto do clube militar, aonde teve o acontecimento; podia-se ouvir várias pessoas
rezando dentro do ônibus, apesar de nenhum dos passageiros ali dentro estar rezando.
Não importando o horário em que ele passava isso sempre acontecia, mesmo com o
ônibus vazio. Para terror do motorista e do trocador, quando o ônibus passava de
madrugada por ali os dois sempre ouviam a mesma reza, e nenhum passageiro estava
sendo transportado.

Uma equipe de TV da rede Globo chegou a preparar uma reportagem sobre esse
fenômeno, mas na ultima hora foi cancelada. O que aconteceu foi que depois de um mês
rodando após o incidente, o ônibus quebrou e nunca mais voltou a rodar. Estava parado
na oficina da empresa servindo de sucata e tendo suas peças reutilizadas em outros
ônibus.
A superstição sobre o 174 ficou tão forte que a empresa teve de acabar coma linha, no
lugar entrou a linha 158 (Gávea - Central), que faz o percurso idêntico.

CASO DO TEATRO DE MOSCOU


JÁ SÃO 140 OS MORTOS EM OPERAÇÃO EM TEATRO RUSSO; 90 ERAM REFÉNS
Chega a 140 o número de pessoas mortas no resgate de mais de 700 reféns em
um teatro de Moscou, segundo um último levantamento divulgado pelo governo russo.

Das vítimas fatais, 90 são civis e 50, militantes tchetchenos. A operação teve início hoje
pouco antes de 6h (23h de sexta-feira, em Brasília), quando os rebeldes começaram a
matar os reféns como resposta ao não-cumprimento de sua exigência: a retirada russa do
território da Tchetchênia.

Os tiros e algumas explosões deflagraram a operação, fazendo com que forças especiais
russas utilizassem gás paralisante e invadissem o teatro.

Três militantes foram presos pelo FSB (serviço secreto russo) e outros dois teriam
escapado, misturando-se aos civis. Centenas de pessoas foram levadas a hospitais de
Moscou --algumas em estado grave.

Apesar de o alto número de mortos, a ação foi considerada bem-sucedida pelos políticos
do país.

Logo após o resgate, o vice-ministro do Interior, Vladimir Vasiliev, disse que sentia pela
morte dos reféns, mas que "mais de 750 pessoas" foram salvas.
Já o presidente Vladimir Putin, em pronunciamento à nação, pediu desculpas aos
parentes das vítimas. Porém, segundo ele, a crise teria mostrado que a Rússia "não pode
ser forçada a se ajoelhar".

"Em nenhum lugar do mundo as pessoas podem se sentir seguras até que ele (o
terrorismo) seja derrotado. Mas ele deve ser derrotado. E será derrotado", afirmou Putin.

Crise
Em dezembro de 1994, a Rússia deu início à guerra contra a república da Tchetchênia. O
conflito durou 21 meses, deixou milhares de mortos e terminou com a retirada dos russos.
A Tchetchênia passou a gozar de ampla autonomia.

Em setembro de 1999, o então primeiro-ministro russo Vladimir Putin --hoje presidente-,


ordenou nova ofensiva militar contra a Tchetchênia, considerada uma república rebelde,
alegando que ela abrigaria rebeldes islâmicos que pretendiam estabelecer um Estado
fundamentalista no Daguestão, república russa vizinha à Tchechênia.

Após quase três anos de combates, Moscou domina a maior parte da região, incluindo a
capital, Grosni, e as principais cidades.

QUADRILHA MANTÉM MORADORES REFÉNS EM GUARULHOS


São Paulo - Após invadirem duas casas no Jardim Centenário, em Guarulhos, e
manterem seis pessoas reféns, quatro bandidos, entre eles dois menores, foram presos
no final da noite desta quarta-feira por policiais militares da 1ª Companhia do 31º
Batalhão.
Por volta das 22h, armados com dois revólveres calibre 38mm, Anderson Cleiton
Oliveira dos Santos, de 18 anos, Charles Aparecido Sanches, 19, e os menores, T.C., 16,
e E.D.B., 17, renderam um dos moradores da residência localizada ma Rua Taú, nº 09.
"A intenção dos bandidos era ficar na casa durante toda a madrugada e encher os carros
da família com objetos de valor; e pela manhã um deles ainda iria realizar saques em
caixas eletrônicos com o dono da casa", contou a tenente Luciana Cardoso, policial militar
que comandou a prisão dos bandidos.
Assim que a PM chegou à casa, acionada por testemunhas da ação dos bandidos,
um quinto assaltante já havia fugido; dois deles pularam o muro do imóvel, e, pelo
telhado, invadiram o quintal de uma casa na rua de trás, onde fizeram um casal refém por
alguns minutos. Os outros dois criminosos que ainda estavam na residência e mantinham
o casal e os dois filhos reféns acabaram se entregando. Os policiais militares disseram
que os dois carros da família, uma picape S-10 e um Ford Fiesta, estavam prontos para
serem levados pela quadrilha. Anderson e Charles foram encaminhados ao 4º Distrito
Policial de Guarulhos e indiciados por formação de quadrilha, roubo e corrupção de
menores pelo delegado Alexandre Socolowski. Os menores serão levados para a Febem.
Nenhuma vítima ficou ferida.

TRIO É PRESO AO FAZER FAMÍLIA REFÉM NA ZONA OESTE


São Paulo - Três assaltantes fizeram reféns cinco pessoas de uma mesma família
em um assalto a residência na zona oeste da capital paulista, na noite desta quarta-feira.
Armado com um revólver calibre 38, Róbson de Souza, de 39 anos, auxiliado por Marcelo
Campos dos Santos, 21, e pelo menor D.S.A., 17, rendeu a esposa do proprietário da
residência, localizada na rua Maria Maximiniano, nº 55, no Rio Pequeno, quando a vítima
saiu à porta.
Após entrarem na casa, por volta das 20h, os bandidos renderam o marido e as
três filhas do casal, entre elas uma adolescente. Todos foram obrigados a deitar no chão
de um dos cômodos enquanto dois dos bandidos recolhiam o máximo de objetos de valor
do imóvel, como Tvs, vídeo-cassete, telefones celulares, aparelhos de som, roupas,
dinheiro, jóias etc.
Quando tudo já estava dentro do carro da família, um Astra prata, policiais militares
da Força Tática do 16º Batalhão chegaram e cercaram a residência. Segundo a PM, um
dos vizinhos testemunhou o momento em que a mulher era rendida e acionou a PM.
Após 50 minutos de negociações, o trio resolveu se entregar, sem ferir nenhum dos
reféns. Róbson e Marcelo, que ainda não tinham passagem pela polícia, foram indiciados
pelo delegado Alexandre Ferreira, do 51º Distrito Policial, do Butantã, por roubo e
corrupção de menores. O adolescente será encaminhado à Febem.

SEQÜESTRO-RELÄMPAGO TERMINA COM PM BALEADO E BANDIDO MORTO


São Paulo - Um policial das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), que
tentou libertar uma vítima de seqüestro relâmpago foi baleado na cabeça e um dos
seqüestradores foi morto, no final da tarde de ontem, na zona Sul de São Paulo. A dona
de uma residência em que um dos seqüestradores se escondeu conseguiu trancar a casa
pelo lado de fora e chamou a Polícia.
O veículo Gol onde uma mulher vítima de seqüestro relâmpago era mantida refém
foi encontrado pelos policiais militares no Jardim São Luís, zona Sul. O criminoso dirigia o
carro, perdeu o controle quando era perseguido e bateu o veículo ao tentar fazer uma
curva. Segundo a polícia, ele e o comparsa saíram do carro e começaram a disparar
contra os policiais.
Um dos homens, Eduardo Chimielviski Silva, de 29 anos, se rendeu. O comparsa
dele continuou em fuga. No tiroteio, o sargento José da Silva Borges, de 34 anos, da
Rota, foi baleado na cabeça e socorrido em estado grave, sendo atendido no Pronto-
Socorro do Campo Limpo. Por volta das 23h30 de ontem, ele passou por cirurgia. Houve
perda de massa encefálica, mas, segundo a Rota, o sargento não corre risco de perder a
vida.
O comparsa de Eduardo se escondeu numa casa. A dona da residência, Diraneide
do Nascimento Rocha, de 27 anos, conseguiu trancar a casa pelo lado de fora e chamou
a polícia. O homem foi baleado pelos policiais no quarto da residência, não resistiu e
morreu no local. O caso foi registrado no 92º Distrito Policial, do Parque Santo Antonio.

DUPLA MORRE EM CONFRONTO COM PMS APÓS SEQÜESTRO-RELÂMPAGO


São Paulo - Dois bandidos morreram em confronto com policiais militares das
Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) após fazerem refém um microempresário,
dono de três escolas de computação, em seqüestro-relâmpago, que teve início no centro
de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, e desfecho no Morumbi, zona Sul da capital
paulista.
Por volta da 0h30 desta sexta-feira, quando saía de uma de suas escolas, na Rua
Caetano Barella, nº 209, centro de Taboão, E.T.F., de 32 anos, que não quis ser
identificado, foi dominado, em seu Fiat Palio azul, por Sérgio Paula de Souza e o
comparsa deste, que não portava documentos.
Um dos bandidos - armados com um revólver calibre 38 - assumiu o volante do carro. Em
posse de cartões bancários, a dupla tentou sacar dinheiro de uma caixa-eletrônico do
Banco do Brasil, mas como a vítima estava nervosa, a dupla teve dificuldade e não
conseguiu realizar o saque.
Na Avenida Francisco Morato, na divisa com a capital paulista, quando ainda
procuravam por outra caixa-eletrônico, os criminosos cruzaram com uma viatura da Rota,
cujos policiais já estavam cientes do assalto com refém em andamento. Teve início a
perseguição que só terminou na Avenida João Jorge Saad, no Morumbi, onde o bandido
que dirigia perdeu o controle da direção do Palio, invadiu a divisória central da avenida,
derrubou um relógio, passou por cima de um canteiro de obras e capotou o veículo na
pista contrária.
Os assaltantes ainda desceram do carro e atiraram contra os PMs, que revidaram
e balearam os dois bandidos. A dupla foi levada ao Pronto-Socorro Iguatemi, onde
morreu. A vítima do seqüestro-relâmpago sofreu vários ferimentos nas pernas, mas
conseguiu ir até o 34º Distrito Policial, onde registrou a ocorrência acompanhada dos
policiais militares.
CASO DO ASSALTO EM NATAL
"A NOITE QUE NÃO TERMINAVA" - O LONGO ASSALTO NO ITAÚ
A agência do Banco Itaú da av. Presidente Bandeira, no bairro do Alecrim , em
Natal , foi invadida nesta sexta-feira (25/02/00), logo após o encerramento do
expediente, por assaltantes que fizeram vários reféns (18:10 hs).

O clima é muito tenso na frente do banco, com cerca de 20 viaturas da PM,


batalhão de choque, e corpo de bombeiros participando de uma verdadeira operação de
guerra. As negociações com os bandidos estão sendo feitas através do celular,
diretamente pelo Coronel Reis, comandante do policiamento da Capital (20:30 hs).

12 reféns já tinham sido liberados ou resgatados pela Polícia Militar até as 22


horas. Há dúvidas sobre o número exato de reféns e de assaltantes no interior do prédio.
Nervosos, inseguros e sem propostas ou exigências concretas os bandidos não parecem
ser especializados em assaltos a bancos. (22:10 hs).

Os Bandidos fizeram vários disparos no interior do prédio mas não há feridos.


Neste momento negocia-se a entrada da imprensa e do juiz corregedor para tentar a
rendição dos bandidos. (22:25 hs).

O Juiz de Execuções Penais e Corregedor do RN , Carlos Adel, requisitado pelos


bandidos para negociar, falou com eles ao celular mas não está se dispondo a entrar no
banco, juntamente com dois jornalistas (22:34 hs).

As negociações ficam mais tensas e não parecem apontar para um desfecho


rápido. Os assaltantes pedem um carro e coletes à prova-de-bala. Policiais que
conseguiram entrar no prédio e chegar muito próximo à sala que estão os bandidos e
reféns avaliam que são dois ou três assaltantes e dois reféns (00:15 hs).

Durante toda a madrugada o clima transcorre tenso, alternando intransigência nas


negociações, tanto por parte da PM como por parte dos bandidos. Estão confirmados que
são dois reféns (01:30 hs)

Já dia claro, as negociações não tinham evoluído muito. Mas os assaltantes, um se


identificando como Pedro e outro como Netinho, mostravam sinais de cansaço e
discutiam entre si. Um querendo se entregar e outro não (07:15 hs).
No assalto bancário mais longo da história de Natal, permanecem, até este
momento, como reféns dois funcionários do Itaú: o tesoureiro da agência, Amaury
Gomes Cortez, e o filho do encarregado dos malotes, João Bolinha, que também trabalha
no banco. O comando da PM aposta no cansaço dos assaltantes e que eles acabarão
por se entregar (08:55hs).

18 horas depois de iniciado, finalmente acontece o desfecho, sem vítimas fatais,


do mais longo e cansativo assalto a banco em Natal. Os dois bandidos exigiram a
presença de um advogado; capuz para esconder o rosto e a promessa de que a PM não
deixaria a Imprensa entrevistá-los. Satisfeitas as exigências, os assaltantes que eram
"Pedro" e "Netinho" , foram identificados como Washington e Josias Pereira, libertaram os
dois últimos reféns e se entregaram (10:40 hs). 26/02/2000

RELATÓRIO DE OCORRÊNCIA ENVOLVENDO NEGOCIAÇÃO COM TOMADA DE


REFÉNS
No dia 08/07/2002, por volta das 22:00hs fui acionado pelo Subcmt do Btl para
atender a uma ocorrência que envolvia negociação de reféns. A situação era a de um
assalto frustrado em um bar na rua Benjamim Constant, com a tomada de reféns por
dois criminosos quando uma Vtr PM chegou ao local. Segundo informações eram dois
criminosos armados e dois reféns.
Ao chegar ao local, me deparei com policiais civis da DIC que tentavam uma
negociação. Mais tarde fui informado que a PM já estava no local atendendo a ocorrência
quando os policiais civis da DIC chegaram e tentaram assumir a mesma.
De imediato constatei a falta de preparo técnico por parte destes policiais civis. O
PC Salésio estava em frente a uma porta do tipo esteira, com a cabeça junto a mesma,
sem proteção alguma. A poucos metros do PC Salésio estava um cinegrafista da TV,
filmando, também, sem proteção.
Tão logo um dos tomadores de reféns exigiu a presença de um advogado, o PC
Salésio se prontificou a chamá-lo, sem ao menos tentar ganhar alguma vantagem disto.
Não permiti que o advogado fosse chamado e passei a orientar o PC Salésio, fazendo
com que o mesmo exigisse a liberação de um dos reféns para a chamada do Advogado.
Com a aceitação desta imposição por parte dos tomadores de reféns, houve a liberação
de um dos reféns. Durante a liberação deste refém solicitei ao PC Salésio que passasse
para o interior do Bar meu telefone celular para que eu pudesse negociar diretamente
com os tomadores de reféns. Cumprimos nossa parte no acordo, acionando um
advogado. Com a chegada deste advogado, entrei em contato com os tomadores de
reféns pelo celular e orientei os mesmos a se entregarem, pois havíamos cumprido mais
uma etapa do acordo, o que acabou acontecendo, ou seja, os dois tomadores de reféns
se entregaram e liberaram o segundo refém, conferindo total êxito a ação policial.

CONSIDERAÇÕES: Entendo perfeitamente a boa intenção dos Policiais Civis em


tentarem auxiliar a PM na condução desta ocorrência. Acontece que a PM já estava no
local, este tipo de ocorrência, tomada de reféns, é uma ocorrência exclusiva de
atendimento por parte da PM, se constituindo em Policiamento Ostensivo Repressivo e
Manutenção da Ordem Pública, como previsto na legislação. Não podemos confundir
com extorsão mediante seqüestro, que exige investigação, constituindo-se em ocorrência
de atendimento exclusivo por parte da PC.
Os policiais da DIC, não tem preparo técnico para o atendimento destas
ocorrências, o que pode colocar em risco a vida dos próprios policiais civis, dos reféns, do
público que se aglomera nas proximidades, e dos policiais militares.
Por várias vezes o PC Salésio negligenciou a sua própria segurança, passando em
frente as vidraças, sem segurança e fazendo negociação cara-a-cara, sem o devidos
cuidados que este tipo de negociação requer, e que os policiais com especialização em
negociação conhecem. Estes fatos puderam ser constatados pelas imagens de TV que
foram divulgadas. O PC Salésio chegou a abandonar sua arma, em situação que poderia
ser apanhada pelos tomadores de reféns.
Os policiais da DIC, como conjunto não tem disciplina tática, nem conhecimento da
técnica de combate em ambientes confinados, o que é bastante razoável, já que são um
grupo de investigações criminais e não um time tático. Pude observar um policial da DIC
fazendo uso de uma metralhadora, arma completamente inadequada para este tipo de
ocorrência. Várias vezes constatei que a posição que os policiais da DIC tomavam eram
em linha de tiro com o GRT, situação de extremo perigo para todos os envolvidos.
Finalmente quando os tomadores de reféns se entregaram, não foi possível ao
GRT fazer a tomada do ambiente com segurança como determinam as medidas táticas.
Tão logo a porta foi movimentada, houve uma invasão por parte dos policiais civis, que
teve que ser acompanhada pelo GRT e outros policiais, inclusive este negociador.
Visando a plena harmonia entre as instituições e acima de tudo a garantia da vida
dos reféns, solicito que o Comando do Btl faça contato com o Delegado Regional e com o
Delegado da DIC para que a Polícia Civil respeite a competência legal da PM, bem a
como a competência profissional, já que temos um time tático, treinado e equipado para
atuar nestas condições. Temos um negociador com formação na área.
Se por ventura, não for possível para a Polícia Civil respeitar estas situações, que
então formemos uma equipe de gerenciamento de crises integrada por policiais das duas
instituições que tenham treinamento. Devendo esta equipe atuar em todas as ocorrências
de crise, não só naquelas que são da PM, mas também, nas que envolvam a Policia Civil,
através da DIC.
Internamente solicito que o 10º BPM monte uma equipe de gerenciamento de
crises, pois como negociador tive que comandar a operação, por ser o oficial de maior
posto na operação e também o único com formação, fazer o contato com a imprensa que
estava no local e com os familiares dos reféns. Para a formação da nossa equipe de
gerenciamento de crises, estou preparando documento com sugestões para ser
encaminhado ao Cmdo do Btl, e ainda para instrução dos oficiais e sargentos.

LADRÕES ENGOLEM ANÉIS EM JOALHERIA DE SP 27/0901


Após manter oito pessoas reféns por mais de uma hora e meia, dois assaltantes
engoliram pelo menos 12 anéis em uma tentativa frustrada de assalto a uma joalheira do
centro de São Paulo. Armados com uma pistola, um revólver calibre 38 e um punhal, três
assaltantes, incluindo uma adolescente de 16 anos, renderam os funcionários da loja
Pedra Higa.

M.R.C., vestida com blusa e saia vermelhas, foi a integrante do grupo que deu início ao
assalto. Segundo o delegado-seccional Jorge Carrasco, os ladrões confessaram ter
usado M.R.C., "uma conhecida", na ação, por ela ter "boa aparência". Os outros dois
ladrões também usavam trajes sociais, como terno e camisa.
M.R.C. tocou a campainha da sala e, com um punhal, rendeu a funcionária que abriu a
porta. Depois dela, os outros dois homens renderam os demais funcionários, trancando-
os numa sala. Eles queriam as chaves do cofre, que não estavam em poder de nenhum
dos funcionários que trabalhavam na hora do assalto.

Um vizinho da loja, desconfiado com a estranha movimentação, chamou a polícia. O


terceiro andar, onde fica a joalheria, foi esvaziado pela PM para garantir a segurança de
outras pessoas que também trabalhavam no prédio.

Nervosos com a chegada da polícia - a ação envolveu mais de 40 veículos do Garra


(Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), Goe (Grupo de Operações
Especiais da Polícia Civil), Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar) e
PM, os assaltantes ameaçavam matar os reféns caso não tivessem garantias de que
sairiam vivos do assalto. Havia um boato, no início da operação, de que os ladrões teriam
uma granada. Neste momento, M.R.C. se fingiu de refém.

Só que nenhum dos três assaltantes sabiam que dentro da joalheria havia um circuito
interno de televisão e todas as suas ações eram vistas por um PM através de um monitor
instalado no quarto e último andar do edifício.

Depois de 40 minutos de negociação, os três assaltantes decidiram se entregar. Mas,


mesmo assim, ainda tentaram roubar algumas jóias. Eles confessaram, já na delegacia,
que haviam engolido pedras de diamantes. A polícia, durante o monitoramento,
desconfiava de que os ladrões estivessem usando drogas, por levarem constantemente
as mãos ao nariz e boca.

Os ladrões afirmaram, em depoimento, que um deles havia engolido três pedras. O outro,
quatro. A adolescente negou que tivesse engolido qualquer diamante. Os três foram
encaminhados, no início da tarde, ao pronto-socorro do hospital municipal da Glória para
a realização de exame de raios-X.

No exame ficou constatado que José Wagner dos Santos, 51, conhecido como
Wagninho, engoliu seis anéis. Francisco Rodrigues do Prado Filho, 37, pelo menos mais
seis. Nos exames de M.R.C. nada foi encontrado.

Com a ajuda de laxantes, 4 dos pelo menos 12 anéis foram expelidos pelos dois
assaltantes, que irão responder pelos crimes de roubo qualificado, cárcere privado e
corrupção de menor. Condenados, podem ficar presos por até 19 anos. M.R.C. foi
encaminhada ao SOS Criança.
CAMBOJA: SEQÜESTRADORES COMETEM SUICÍDIO EM HOSPITAL
PHNOM PENH - Dois seqüestradores que mantinham vinte pessoas reféns em um
hospital na localidade de Bontey Meanchey, cerca de 200 quilômetros da capital
cambojana, cometeram suicídio após um enfrentamento de cinco horas com a polícia.
04/11/02
DISCIPLINA: RADIOGRAFIA DO SEQÜESTRO
A ESCALADA DO SEQÜESTRO NO BRASIL
1ª Fase: Fins dos anos 60
Seqüestros Políticos - 04/09/69
Rio - Charles Elbrick - E.U.A
Movimento Revolucionário. – 08 de outubro e Aliança Libertadora Nacional
2ª Fase: Anos 80
Grandes Empresários - Alvo
Interesses Financeiros
07/11/86 - São Paulo - Banqueiro
Antônio Beltran Martinez
3ª Fase: Comerciantes
Profissionais Liberais, Pequenos Empresários.
Valor do resgate diminui e número de casos aumenta.

4ª Fase: Banalização
Insignificância do resgate.
Geladeiras, TVs, Freezer, etc..

5ª Fase: Seqüestro Relâmpago


DIAGNÓSTICO DO SEQÜESTRO NO BRASIL
Rio: 146 casos;
Brasília: 05;
São Paulo: 18;
Estados: 20;
Cresceu 350% de 1989 a 1992.
Vítimas:
Banqueiros Industriais
Empresários Fazendeiros
Comerciantes Filhos ou parentes próximos.
70% das vítimas: Rígida rotina de horários;
48% trabalho p/ casa - 22% vice-versa;
Valor: Entre US$ 200 mil e US$ 40 milhões.
ORGANOGRAMA DO SEQÜESTRO
ALVO
LEVANTAMENTO
RESIDÊNCIA ROTINA DIÁRIA
TRABALHO FIM DE SEMANA
FAMILIARES
PLANEJAMENTO
PESSOAL ALTERNATIVA
LOCAL MEIO
HORÁRIO MODUS OPERANDI
APOIO LOGÍSTICO
EXECUÇÃO
SEQUESTRO MORTE
TIPIFICAÇÃO DO DELITO
Seqüestro: Art. 159 CP. e Lei No. 8.072/90;
Seqüestro Manter em cárcere privado.
Ato Reter (ação)
Ilicitamente (forma)
Cárcere privado (modo)
VARIÁVEIS ESTIMULANTES
Probabilidade de confronto com a Polícia:
Seqüestro: 0,2% estipulam o valor;
Roubo: 40% e não sabem o valor que terão.
Falta de credibilidade:
Conjuntura ambiental para avaliar o seqüestro;
Empresários: Avaliar-se como alvo potencial;
Seqüestradores: Impunidade.
TIPOLOGIA DOS SEQÜESTRADORES
Doente mental:
Fanático, morrerá por qualquer motivo; difícil negociação, impossível prevê-se o
que irá fazer.
O criminoso:
A “vantagem” é que poderá haver negociação.
O politicamente motivado:
O mais perigoso, exige coisas absurdas, não se interessa por dinheiro.
FASES DO SEQÜESTRO
SELEÇÃO DO ALVO
Riqueza (patrimônio);
Acesso (chegar no alvo/segurança);
Filosofia de pagamento;
Informes;
Informações;
Reconhecimento.
RECONHECIMENTO
Vigilância do alvo (checar os hábitos);
Saídas e entradas;
Veículos (circulando nas proximidades);
Rotinas (itinerários);
Telefonemas (testar horários);
Testes: De acordo com hábitos/responsabilidade do alvo;
“Check” do plano: Simulação de seguir o veículo do alvo; verificar nível de
segurança;
Com reação violenta: Eliminar o alvo.
SEQÜESTRO
Área urbana: 90%;
Trajetos de ida/volta: Deslocamentos;
Ruas estreitas: Evitar manobras evasivas;
Incidência:
Saída do trabalho: 48%
Saída da residência: 22%
Local de trabalho: 10%
Residência: 07%
Diversos: 13%
Modus Operandi: Tática
Equipes de:
Ação
Bloqueio
Transporte
Guarda
Negociação
Publicidade
Plano típico: Dica / aviso;
Bloqueio / manobra; Agarramento.
CATIVEIRO
Áreas urbanas (maioria às vezes/não chama a atenção);
Pessoas (familiares)
Vítima isolada Mundo (notícias)
Campo de concentração
Comunicação: Escrita
Elo psicológico: “Síndrome de Estocolmo”
Ansiedade/medo: Frente à morte
NEGOCIAÇÃO
Primeiro aviso: Polícia NÃO!
Exigências:
Imediatas;
Estado de choque;
Quantia exagerada; e
Pressão psicológica.
Telefone: 85%
Cartas: 13%
Outros: 2%
a. Dinheiro: 92%
b. Publicidade: 5%
c. Libertação de presos: 1,5%
d. Outros: 1,5%.
COLETA DO RESGATE
Entrega das instruções: Mudar de métodos;
Entrega do resgate: Gincana, “busca ao tesouro”;
Dispersão do resgate: “Lavagem, narcotráfico”.
LIBERTAÇÃO DO REFÉM
Cerco e resgate: 06 horas após o resgate
20 dias (máximo)
30 horas (média)
Pagamento do resgate: 67%
Intervenção da Polícia: 28%
Fuga ou morte: 05%
CONDUTAS DO REFÉM
Na captura:
Resistir ou não;
Sentimento de abandono.
Após a liberação:
Depressão, fadiga e confusão;
Síndrome de Estocolmo.

Não seja um herói;


Os primeiros 30 minutos são perigosos;
Não fale, a menos que falem com você;
Evite perder a condição de “pessoa”;
Evite oferecer sugestões;
Entenda que você é um refém;
Não tente fuga, se não tiver certeza do êxito;
Resgate: Deite-se.
Manter-se calmo;
Não resistir;
Cumprir as ordens dos seqüestradores;
Evitar comentários provocadores;
Procure ganhar tempo;
Evitar a empatia;
Não recusar comida;
Tentar manter o senso de humor;
Não tratar diferente as mulheres;
Não deixar de responder perguntas;
Tentar contornar as humilhações;
Fazer anotações mentais; e
Só tentar fugir com a certeza do êxito.
MECANISMOS DE DEFESA DO REFÉM
Idade;
Nível de instrução;
Afinidade;
Duração do cativeiro;
Priorizar experiências de vida;
Treinamento;
Relações sociais;
Religiosidade;
Depressão.
DISCIPLINA: REBELIÃO EM ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS
INCIDENTES PRISIONAIS
FUGA: Ocorre em Unidades prisionais ou presos que cumprem penas em regime
fechado;
EVASÃO: Ocorre nas demais Unidades e regimes de cumprimento de pena;
MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO: Não envolvem violência contra pessoa,
embora pode resultar em danos ao patrimônio do Estado;
REBELIÃO: Implica no uso da violência física ou ameaça, com ou sem reféns.
CAUSAS DAS REBELIÕES
Demora na concessão de benefícios;
Deficiência da assistência judiciária;
Violência dentro da prisão;
Problemas ligados a drogas;
Superlotação carcerária;
Tentativas de fugas frustradas;
Falta ou má assistência médica;
Falta ou má qualidade da alimentação;
Falta de capacitação profissional do Funcionário penitenciário.
PRISIONEIROS EM REVOLTA
Revolta dá aos detentos maior poder de barganha e grande destaque nos meios
de comunicação;
Como capturados são, normalmente, ligados à Polícia ou à administração do
presídio, há grande aumento na probabilidade de violência ou homicídio contra
capturados;
Alta probabilidade de violência contra outros detentos:
hora do acerto de contas!
A resposta mais eficiente é uma rápida ação policial, antes do estabelecimento de
lideranças entre os amotinados;
Normalmente as reivindicações dizem respeito a:
melhoria das condições de vida na prisão;
melhoria na qualidade da refeições;
maior flexibilidade nos horários de visita;
protesto contra maus tratos;
corrupção dos administradores ou carcereiros;
Esses casos exigem negociadores experientes:
Grande pressão por parte dos captores;
Grande repercussão na mídia;
Gerenciamento geralmente deficiente compromete a negociação;
É crítica a necessidade da POLÍTICA DE ATUAÇÃO.
PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES
Comunicar o fato imediatamente à PM, a autoridade judiciária ou promotor de
execuções e a COSIPE;
Convocar, sempre que necessário, a autoridade judiciária ou promotor de
execuções;
Reforçar as guaritas e aumentar o patrulhamento externo;
Iniciar o processo de negociação;
Providenciar o cerco total do Estabelecimento Prisional;
Impedir qualquer comunicação dos rebelados com o exterior.
INTELIGÊNCIA NECESSÁRIA
Hora e local que o movimento teve início;
Motivação;
Lideranças;
Número, condições de saúde e sexo dos reféns e se existem mulheres gestantes,
crianças, excepcionais, etc.;
Quantidade de alimentação existente;
Existência de substâncias entorpecentes e álcool;
Quantidade e qualidade de armas em mãos dos presos;
Efetivo de Funcionários e policiais no local.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE NEGOCIAÇÃO
Preservação da vida e da integridade física dos funcionários, reféns, policiais e
presos;
Restabelecimento da ordem e da disciplina na Unidade prisional;
Preservação do patrimônio público;
Não aceitação de fugas, de pedidos de veículos ou armas de fogo;
Não substituição de reféns ou do Diretor da Unidade Prisional no curso das
negociações;
O comando da operação deve ficar sob responsabilidade direta do Secretário
responsável pela pasta.
GRUPO DE NEGOCIAÇÃO (REGRAS)
Uniformidade de linguagem e obediência aos princípios gerais;
Nunca abrir mão da autoridade;
Um membro do Grupo jamais deve desmentir o outro;
Paciência e persistência;
Observação quanto à feitura de túneis em rebeliões demoradas;
Contato freqüente com os reféns;
Atenção com o uniforme dos funcionários;
Cumprir os compromissos assumidos;
Manter-se calmo quando houver atos de vandalismo, ofensas verbais e ameaças
físicas;
Revezar com os demais membros do Grupo para descansar;
Alimentar-se levemente e ingerir bastante água;
Dar sempre a impressão de tranqüilidade;
Informações tranqüilizadoras a familiares de funcionários, policiais e presos;
Negociar sempre com as lideranças dos presos e de forma pessoal;
Negociar sempre que possível em local fechado e com um grupo restrito de
presos, de preferência de 04 a 10;
Evitar tratar situações particulares, pois cada um pretenderá resolver seu problema
e não da coletividade;
Manter o Comando da PM informado das negociações;
Manter a imprensa informada dos fatos e, em princípio, fora do estabelecimento
Prisional.
REIVINDICAÇÕES QUE PODEM SER ATENDIDAS
Transferência de uma Unidade para outra;
Presença da autoridade judiciária e do Ministério Público para verificação de
processos;
Medidas que visem a melhorar a assistência judiciária, de saúde, educacional,
alimentação, etc..
PROVIDÊNCIAS PÓS-REBELIÃO
Após restabelecimento do controle e socorridos os eventuais feridos, é necessário:
Apurar-se, através de inquérito e sindicância os motivos da rebelião e
responsabilidades de quem quer que seja;
Apuração dos ilícitos penais praticados por funcionários ou presos;
Recolher a massa carcerária às celas;
Identificadas às lideranças do movimento, recolher às celas disciplinares e, se
necessário, transferir de Unidade.

MASSACRE DO CARANDIRU, QUE DEIXOU 111 MORTOS, COMPLETA DEZ ANOS


Tudo começou com uma briga de presos no Pavilhão 9 e deveria terminar como mais um
tumulto da Casa de Detenção, no complexo do Carandiru, zona norte de São Paulo. No
entanto, uma intervenção policial resultou em 111 mortes. O episódio que ficou conhecido
como Massacre do Carandiru completa dez anos nesta quarta-feira.

O pavilhão está vazio, assim como toda a Casa de Detenção, que foi desativada dia 15
de setembro. Um parque público, com centros de cultura, lazer e de formação
profissional, vai ocupar o espaço da antiga penitenciária.

As lembranças ficaram nas paredes das celas, na memória dos sobreviventes e dos
familiares dos mortos. Alguns presos se misturaram aos cadáveres para fingir que
estavam mortos e tentar sobreviver.

A chacina teve repercussão internacional por causa da violência, pela quantidade de


mortos e pela forma de atuação da polícia.

O coronel da reserva Ubiratan Guimarães, que comandou a invasão da Polícia Militar na


Casa de Detenção, foi condenado, em junho de 2001, a 632 anos de prisão pela morte de
102 dos 111mortos e cinco tentativas de homicídio. Por ser réu primário, recorre da
sentença em liberdade.

Na ocasião do julgamento, a Promotoria afirmou que, no dia do massacre, ocorreram


nove mortes provocadas por "armas brancas", com facas ou estiletes, provocando dúvida
sobre a autoria dos crimes. As mortes por armas brancas podem ter sido provocadas
durante briga entre os próprios presos.

Um ato ecumênico, realizado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, centro de


São Paulo, foi realizado hoje lembrar os 10 anos do massacre do Carandiru.

Tumulto e intervenção
O tumulto na Casa de Detenção, há dez anos, teve início envolvendo dois presos no
segundo andar do Pavilhão 9. Agentes penitenciários levaram os feridos para a
enfermaria, no pavilhão 4, e trancam a grade de acesso ao segundo andar.

Pouco depois, os detentos conseguem romper o cadeado. O tumulto é generalizado.

Durante a rebelião, os presos queimam colchões, arquivos e montam barricadas nos


corredores para impedir o acesso da polícia.

O então secretário de Segurança Pública, Pedro Franco de Campos, teria telefonado


para o governador Luiz Antonio Fleury Filho, que estava viajando pelo interior do Estado.
Fleury, no entanto, afirma que só foi informado sobre o tumulto.
O coronel Ubiratan Guimarães assume o comando da operação. Em uma tentativa de pôr
fim à rebelião, a Polícia Militar, armada e com cães, invade a penitenciária. Os presos
reagem.

Sem negociação, a Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) ocupa o primeiro e o


segundo andar do pavilhão. A tropa não é preparada para esse tipo de ação e entra no
presídio fortemente armada.

Todos os presos que estavam no primeiro andar foram mortos. No segundo andar,
morrem 60% dos detentos.

O número total da chacina só foi divulgado oficialmente no dia seguinte, meia hora antes
do encerramento das eleições municipais. Folha Online (02/10/2002)

PCC É UMA RAMIFICAÇÃO DO NARCOTRÁFICO DO RIO DE JANEIRO

O PCC (Primeiro Comando da Capital), que está por trás das rebeliões nos presídios do
Estado de São Paulo, começou a funcionar em SP no ano passado como um "braço" dos
traficantes de armas e drogas do Rio. Há duas teses para sua origem:

1ª) o PCC seria uma ramificação do Terceiro Comando (TC), organização que teria se
rebelado no inicio da década de 90 contra sua matriz, o Comando Vermelho (CV)
_principal distribuidor de drogas e armas no país;

2ª) o PCC seria uma nova dissidência, que se rebelou contra o já "rebelado" Terceiro
Comando, em 93 ou 94 (não há consenso sobre a data), embora só tenha entrado para
valer nos grandes presídios paulistas no ano passado.

Na verdade a polícia não tem certeza se esses grupos são mesmo "inimigos" ou se estão
apenas descentralizados para dificultar o combate aos seus crimes.

O fato é que no ano passado o CV e o TC decidiram mudar sua base de operações do


Rio para São Paulo.

A "sede" escolhida foi à favela de Heliópolis (zona sudeste da cidade).

Motivo: os criminosos estariam "cansados" de ser extorquidos por alguns policiais


cariocas que, em troca de propina, permitiriam o trânsito livre de drogas, armas e
contrabando para os morros (e, daí, para o consumidor).

Na mesma proporção que o pagamento de propinas aumentou, o lucro dos bandidos


diminuiu _e motivou a mudança para São Paulo.

Em conversa gravada e publicada na revista "Istoé", Fernandinho Beira-Mar (um dos


"cabeças" do tráfico nacional) reclamou com seu interlocutor que não suportava mais "ser
extorquido" por policiais do Rio.

A maioria dos "produtos" chegava ao Rio pelo mar. Ali ocorria o primeiro e maior
pagamento de propina: supostamente para policiais marítimos que faziam vista grossa
aos descarregamentos.

Mudando a base de operações para São Paulo, todos os carregamentos, que costumam
partir de países como o Paraguai rumo ao Sul do Brasil e, depois, por via marítima, para
o Rio, passaram a entrar em São Paulo por rodovias _para só então serem enviados ao
Rio.

Com essa medida os traficantes se "vingaram" dos policiais cariocas.

COMANDO VERMELHO – UMA RETROSPECTIVA


Para entendermos claramente o que hoje é considerado uma das maiores
Organizações Criminosas do mundo, faz-se mister retornarmos aos idos 1969, quando na
Penitenciária da Ilha Grande – Instituto Penal Cândido Mendes, ocupavam a Segunda
Galeria “B”, também chamada de “fundão”, os presos pertencentes às organizações
políticas, tais como: ALN, MR-8, Val-Palmares, Colina, Juventude Operária, Juventude
Universitária Católica e outros bandidos comuns que imitaram os métodos de assalto a
bancos utilizados pelas Organizações Políticas e por isso enquadrados e condenados
pela Lei de Segurança Nacional (LSN), na versão de 1969. Daí terem surgido, mais tarde,
as histórias do “pessoal da LSN”, ou presos da LSN, ou “Comando Vermelho”, ou
“Falange Vermelha”; grupo de presos comuns e que hoje impera nas prisões cariocas e
daí controla o crime organizado intramuro e extramuro.
É de se esclarecer que, no início, embora na mesma galeria, não havia convívio
entre os presos políticos e os bandidos comuns da LSN. Não tomavam banho de sol, não
liam revistas ou jornais, não ouviam rádios, nem conversavam com os outros detentos.
Entretanto, pouco a pouco, os rigores da cadeia foram se afrouxando e aconteceu o
convívio entre eles, cujas atividades intramuros foram às mesmas. Marcando bem suas
diferenças com os, simplesmente, bandidos comuns ou massa carcerária.
Desse convívio perpassaram-se experiências: os políticos tomaram conhecimentos
das violências praticadas nos presídios – os assaltos a presos, a violência sexual, os
assassinatos, os pagamentos de pedágio, o trânsito dos tóxicos e o jogo. Por seu turno,
os comuns da LSN tomaram aulas de política, de comportamento grupal e de
organização, sobretudo de organização coletiva. Passaram a valorizar mais suas famílias,
respeitavam-se entre si e cultuavam valores sociais.
Tal convívio perdurou até o final de 1974, ocasião em que os presos políticos
conseguiram sua transferência para uma Unidade prisional especial , no complexo da
Frei Caneca, no Rio de Janeiro.
Com a saída total dos políticos, os comuns da LSN passaram a ter suas atividades
reguladas da mesma maneira dos comuns e, lentamente, foram misturados. Ficavam,
assim, submetidos aos valores da vida intramuro que regrava a massa comum, onde
imperava os assaltos, a curras, o pagamento de pedágio para os deslocamentos nas
galerias, os furtos, o jogo, e ainda havia a figura do “xerife”, o líder do cubículo a quem
todos os residentes, naquele cubículo, se submetiam.
Como os comuns da LSN somavam pouco mais de 100 (cem) presos, ante uma
massa comum de cerca de 700 (setecentos) presos, não tiveram outra saída. Ou uniam-
se, e tinham aprendido como fazê-lo, ou sucumbiam.
Dessa maneira, entre os anos de 1974 e 1977, os presos comuns da LSN,
paulatinamente, foram ganhando a confiança dos funcionários e administradores. Eram
bem falantes, tinham mais estudo, apresentavam-se melhor, pugnavam sempre por
valores diferentes dos praticados pela massa, de formas que, nesse período, foram se
colocando nas várias seções e serviços da penitenciária. Passaram a trabalhar na
cozinha, na enfermaria, na padaria, na carpintaria, na pesca, na garagem, enfim, foram
espalhados por todos os setores da prisão e cada vez mais ganhando a confiança dos
funcionários e, fatalmente, traficando suas influências, sempre voltadas para o
atendimento das necessidades dos presos comuns, aos quais já chamavam de “caídos”.
Assumiram o Clube Cultural e Recreativo de Internos (CCRI), a direção dos jornal
dos presos “O Colonial”, a Federação Desportiva e criaram uma caixinha, alimentada
inicialmente, com o capital resultante de pequenos trabalhos manuais, e mais adiante,
com o capital gerado pela cantina que criaram e administraram.
Foi por aí que começaram a ajuntar adeptos de seu movimento de pregarem as
mudanças de valores da massa.
Como tinham assistência familiar constante e alguma disponibilidade de dinheiro,
passaram a apoiar financeiramente os “caídos”, a ajudar através de seus familiares a
tentar localizar ou trazer notícias das famílias daqueles, davam-lhes cigarros, roupas e
revistas, que dessa forma estavam definitivamente comprometidos com o movimento,
pois uma regra imutável até hoje na cadeia é: quem deve paga.
No início do ano de 1977, como a penitenciária estava super povoada, seu efetivo
já ia a quase 1.200 (mil e duzentos) presos, e a disciplina periclitava, pois as celas de
castigo, temido por todos, foram desativadas, acenou-se com a possibilidade de virem a
morar fora com seus familiares. Evidente que o critério era sobretudo o bom
comportamento e ausência de registros de fugas ou tentativas. Assim, em pouco tempo
60 (sessenta) presos residiam fora com seus familiares e, entre esses, alguns da LSN.
Resultou dessa prática, um aumento de tráfico de drogas e dinheiro. Verificou-se a
primeira notícia da chegada de armas de fogo na cadeia. Criou-se a figura do “pombo-
correio” (familiares de colonos-livres que transitavam com mais facilidade e menos
cautela de revista). Houve a primeira fuga de resgate.
Conquanto o pessoal da LSN tenha se unido no período 1974/77, a massa
carcerária continuava dividida entre várias quadrilhas, ou seja, os presos comuns se
reuniam pelas suas origens na rua.
Até o final de 1978, anota-se que as crescentes tentativas de fuga e as fugas bem
sucedidas já não são ações isoladas, porém ações organizadas, planejadas e
coordenadas pelo pessoal da LSN que as financiam.
As mortes passaram a ser dirigidas contra os considerados maléficos às idéias da
LSN. São executados vários assaltantes da cadeia, curradores e os rotulados de
“alcagüetes”. A cada fuga mal sucedida do pessoal da LSN, morre um ou vários presos
como responsáveis pela delação.
Dessa forma, no meado de 1979, novamente o efetivo carcerário girava em torno
de 1.000 (mil) presos, agora agrupados nas seguintes facções ou falanges, com as
seguintes características de ação:

1) FALANGE VERMELHA: Pregava o término dos assaltos, furtos


estupros, melhor assistência médico-odontológica, jurídica e
humanização da cadeia; objetivavam, contudo, o controle da vida
intramuros.

2) FALANGE JACARÉ: Seus componentes assaltavam, controlavam o


jogo e o tráfico intramuros; não pregavam ou se importavam com
melhorias. Tinham mais voz ativa na massa carcerária.

3) FALANGE ZONA SUL: Seus membros praticavam assaltos, o jogo e o


tóxico entre eles mesmos, porém demonstravam maior ação de
colaboração com a administração nas tarefas afetas aos presos, e de
manutenção da Penitenciária.

4) FALANGE CORÉIA: Tinha as mesmas características da “Falange Zona


Sul”, com o qual se fundiu no correr de 1979.

5) FALANGE DOS NEUTROS: Praticavam toda sorte de ações sem


estarem ligados a qualquer compromisso ou idéia. Sua maioria era de
“caídos”.

Esta divisão era anotada em todas as Unidades Prisionais do Sistema Prisional


carioca, inclusive se agrupando em galerias e cubículos distintos.
Em 18 de agosto de 1979, foi abortada pela administração uma fuga de 11 (onze)
membros do “Comando Vermelho”, que objetivavam, uma vez nas ruas, organizarem-se
em quadrilhas de assaltos a banco e exploração de pontos de tráfico de drogas, cujo
resultado das ações praticadas reverteriam para a caixinha.
Foi a partir desse insucesso que “Comando Vermelho” posicionou-se quanto a
assumir definitivamente a liderança da Penitenciária, sem mais escamotear seus reais
objetivos. Invertendo tudo que pregavam, sob a alegação de que a fuga fora delatada
pelo pessoal do “Jacaré”, conseguiram a união do pessoal da “Falange Zona Sul” e
declararam guerra à “Falange Jacaré” e alguns “Neutros”. Passaram a cobrar pedágio, a
controlar o jogo e o tóxico, eliminando sumariamente e covardemente quem quer que
praticasse tal atividade. Passaram a controlar e determinar quem fugiria, além de
estabelecerem que os que obtivessem sucesso, teria que destinar parte do produto de
suas ações criminosas na rua, para a caixinha.
O ponto culminante e assunção definitiva do controle das ações intramuros, deu-se
no dia 17 de setembro de 1979, quando praticaram um massacre à “Falange Jacaré”.
Os líderes da “Falange Jacaré”, cerca de 30 (trinta) presos, moravam na cela 24,
da 2ª galeria, ala “A”, e ali foram encurralados, tanto que mandaram avisar à segurança
da Penitenciária que dali não sairiam nem para as refeições, pois, sabiam ser morte certa
circularem pelas galerias. Assim, foi oferecido pelo “Comando Vermelho” uma rendição:
quem passasse para a cela 19, da mesma galeria e ala, nada sofreria, 10 (dez)
renderam-se. Os demais permaneceram trancados. Porém, na manhã do dia 17, os
presos João Carlos da Silva o “ratinho” e Ozório Costa o “caveirinha”, saem da cela,
talvez por não acreditarem nas ameaças, e são massacrados. Foram assassinados por
mais de 30(trinta) presos. Mais tarde, no mesmo dia, os presos “parazão”, “marimba” e
“naval”, também deixaram a cela e foram imediatamente executados.
Os sobreviventes, 14 (quatorze), arrombaram então a parede da cela que dava
para o pátio da frente e, à noite, ao ouvirem uma ordem “arrebenta a porta machudo”,
desceram rapidamente por cordas improvisadas com lençóis e pediram seguro de vida ao
Chefe de Segurança. Estabeleceu-se a partir desse fato o poder único e incontestável do
“Comando Vermelho” que, imediatamente, envia mensagens para seus comparsas nas
outras Unidades prisionais, determinando que assumissem todas as atividades
intramuros, inclusive, que fossem eliminados os desobedientes, tendo ocorrido
execuções seguidas em várias Unidades do Rio de Janeiro.
Tomado o controle interno, e tendo sucesso à idéia da contribuição da caixinha,
passaram a mandar mensagens para os traficantes e grandes assaltantes livres, exigindo
suas contribuições para a caixinha da Ilha Grande se não contribuíssem em dinheiro,
podiam contribuir com contratação de Advogados, envio de tóxicos, armas ou aluguel de
embarcações para fugas.
As mensagens diziam: “quem ainda não foi preso e está bem na rua, poderá ser
preso. Se contribuir, ao ser preso, estará numa boa na cadeia”.
Além disso, quando os do “Comando Vermelho” fugissem iriam acertar as contas,
eliminando, na rua, aos que não contribuíssem.
De registrar-se que, no final de 1979, resultante de elementos remanescentes das
“Falange Jacaré”, “Zona Sul”, “Coréia” e “Neutros”, que ainda estavam espalhados pelas
Unidades Prisionais surgiu uma falange intitulada “3º Comando”, que intentou ações
contra o “Comando Vermelho”, principalmente nas Unidades do Complexo da Frei
Caneca, não chegando contudo a abalar seu poderio.
Até os dias atuais permanece esta rivalidade e disputa pelo poder no crime
organizado no Estado do Rio de Janeiro entre essas duas facções, espalhando suas
doutrinas pelas demais Unidades prisionais do País.

AS 12 REGRAS DO BOM BANDIDO


(extraído do Processo Administrativo nº 09/010 094 – SESP/RJ)
1 – Não delatar;
2 – Não confiar em ninguém;
3 – Trazer sempre consigo sua arma limpa, carregada, sem demonstrar volume,
mas com facilidade de saque, e munição sobressalente;
4 – Lembrar-se sempre que a Polícia é Organização e não subestimá-la;
5 – Respeitar mulher, crianças e indefesos, mas abrir mão desse respeito, quando
sua vida ou liberdade estiverem em jogo;
6 – Estar sempre documentado (mesmo com documento falso) e com dinheiro;
7 – Não trazer consigo retratos ou endereços suspeitos, bem como não usar
objetos com seu nome gravado ou objetos de valor;
8 – andar sempre bem apresentável, com barba feita, evitar falar gíria, evitar andar
a pé, não freqüentar lugares suspeitos, não andar em companhia de “chave de cadeia”;
9 – Saber dirigir autos, motocicletas, conhecer alguma coisa de arrombamento,
falsificação e noção de enfermagem;
10 – Lembrar-se sempre que roubar R$ 100,00 ou R$ 1.000,00 resulta na mesma
coisa;
11 – Estar sempre em contato com o criminalista, e
12 – Não usar, em hipótese alguma, tatuagem.

ESTATUTO DO PCC PREVÊ REBELIÕES INTEGRADAS


A ação organizada do PCC (Primeiro Comando da Capital), que desencadeou a
série de rebeliões no Estado de São Paulo, está prevista no estatuto da organização
criminosa.

O estatuto prevê ainda que todo membro que não seguir à risca as determinações
será condenado à morte, sem perdão.

Leia abaixo a íntegra do estatuto reproduzida fielmente como foi escrita pelas
lideranças da organização criminosa.

ESTATUTO DO PCC
1.Lealdade, respeito, e solidariedade acima de tudo ao Partido

2. A Luta pela liberdade, justiça e paz

3.A união da Luta contra as injustiças e a opressão dentro das prisões

4.A contribuição daqueles que estão em Liberdade com os irmãos dentro da prisão
através de advogados, dinheiro, ajuda aos familiares e ação de resgate

5.O respeito e a solidariedade a todos os membros do Partido, para que não haja
conflitos internos, porque aquele que causar conflito interno dentro do Partido, tentando
dividir a irmandade será excluído e repudiado do Partido.

6.Jamais usar o Partido para resolver conflitos pessoais, contra pessoas de fora.
Porque o ideal do Partido está acima de conflitos pessoais. Mas o Partido estará sempre
Leal e solidário a todos os seus integrantes para que não venham a sofrerem nenhuma
desigualdade ou injustiça em conflitos externos.

7.Aquele que estiver em Liberdade "bem estruturado" mas esquecer de contribuir


com os irmãos que estão na cadeia, serão condenados à morte sem perdão

8.Os integrantes do Partido têm que dar bom exemplo a serem seguidos e por isso
o Partido não admite que haja assalto, estupro e extorsão dentro do Sistema.

9.O partido não admite mentiras, traição, inveja, cobiça, calúnia, egoísmo,
interesse pessoal, mas sim: a verdade, a fidelidade, a hombridade, solidariedade e o
interesse como ao Bem de todos, porque somos um por todos e todos por um.

10.Todo integrante tem que respeitar a ordem e a disciplina do Partido. Cada um


vai receber de acordo com aquilo que fez por merecer. A opinião de Todos será ouvida e
respeitada, mas a decisão final será dos fundadores do Partido.

11. O Primeiro Comando da Capital PCC fundado no ano de 1993, numa luta
descomunal e incansável contra a opressão e as injustiças do Campo de concentração
"anexo" à Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, tem como tema absoluto à
"Liberdade, a Justiça e Paz".

12.O partido não admite rivalidades internas, disputa do poder na Liderança do


Comando, pois cada integrante do Comando sabe a função que lhe compete de acordo
com sua capacidade para exercê-la.

13.Temos que permanecer unidos e organizados para evitarmos que ocorra


novamente um massacre semelhante ou pior ao ocorrido na Casa de Detenção em 02 de
outubro de 1992, onde 111 presos foram covardemente assassinados, massacre este
que jamais será esquecido na consciência da sociedade brasileira. Porque nós do
Comando vamos mudar a prática carcerária, desumana, cheia de injustiças, opressão,
torturas, massacres nas prisões.

14. A prioridade do Comando no montante é pressionar o Governador do Estado a


desativar aquele Campo de Concentração “anexo" à Casa de Custódia e Tratamento de
Taubaté, de onde surgiu a semente e as raízes do comando, no meio de tantas lutas
inglórias e a tantos sofrimentos atrozes.

15.Partindo do Comando Central da Capital do QG do Estado, as diretrizes de


ações organizadas simultâneas em todos os estabelecimentos penais do Estado, numa
guerra sem trégua, sem fronteira, até a vitória final.

16. O importante de tudo é que ninguém nos deterá nesta luta porque a semente
do Comando se espalhou por todos os Sistemas Penitenciários do estado e conseguimos
nos estruturar também do lado de fora, com muitos sacrifícios e muitas perdas
irreparáveis, mas nos consolidamos a nível estadual e a médio e longo prazo nos
consolidaremos a nível nacional. Em coligação com o Comando Vermelho - CV e PCC
iremos revolucionar o país dentro das prisões e nosso braço armado será o Terror "dos
Poderosos" opressores e tiranos que usam o Anexo de Taubaté e o Bangu I do Rio de
Janeiro como instrumento de vingança da sociedade na fabricação de monstros.

Conhecemos nossa força e a força de nossos inimigos Poderosos, mas estamos


preparados, unidos e um povo unido jamais será vencido.

LIBERDADE! JUSTIÇA! E PAZ!


O Quartel General do PCC, Primeiro Comando da Capital, em coligação com
Comando Vermelho CV UNIDOS VENCEREMOS
LEONARDO PAREJA, O SEQUESTRADOR QUE RIDICULARIZOU A POLÍCIA, É
ASSASSINADO NA CADEIA POR SEUS COMANDADOS
A vida do bandido que quis transformar sua biografia num autêntico filme policial
chegou ao fim às 7h20 da segunda-feira 9. Leonardo Rodrigues Pareja, 22 anos, foi
assassinado no final de um corredor do Centro Agroindustrial de Goiás (Cepaigo) por um
grupo de presidiários que desferiu uma facada e disparou sete tiros à queima-roupa com
uma pistola automática calibre 45. O final infeliz de Pareja era desejado pelos
personagens principais da trama que ele mesmo armou. Nos últimos 15 meses, o
assaltante goiano ridicularizou a polícia em fugas espetaculares e, dentro do Cepaigo,
passou a incomodar os companheiros de prisão com seu comportamento de estrela. Nos
depoimentos que prestaram após a execução, os assassinos afirmaram que praticaram o
crime porque Pareja fez papel de dedo-duro e delatou à direção do presídio um plano de
fuga dos detentos. "Estávamos cansados de ser humilhados por ele", desabafou
Eurípedes Dutra, autor dos tiros. "Aqui dentro estou seguro, tenho o controle completo de
minha vida", disse Pareja em entrevista concedida ao SBT dez dias antes de morrer.

A intuição de Leonardo Pareja falhou. A facada no pescoço que antecedeu os sete


tiros à queima-roupa foi um golpe certeiro lançado por Eduardo Rodrigues de Siqueira, o
"Eduardinho", considerado por Pareja seu último braço direito dentro da prisão.
Curiosamente, o destino do assaltante acabou selado com a ajuda de uma arma que lhe
pertencia. Segundo a versão dos assassinos, um mês antes de sua morte, o
seqüestrador havia comprado uma pistola automática ao preço de R$ 2 mil das mãos do
agente penitenciário Sérgio Luciano de Almeida e a guardava dentro de uma cela onde
só entravam ele e seus comparsas. Na manhã da segunda-feira, Eduardinho levantou
disposto a executar o companheiro de vida bandida, fumou três cigarros de merla,
derivado de coca, e roubou a pistola de Pareja.

A confissão dos presidiários não descarta, entretanto, o envolvimento de policiais


na morte do assaltante que fazia tudo para atrair os holofotes. A polícia tinha motivos de
sobra para ficar irritada. As peripécias de Pareja começaram em setembro de 1995. Após
assaltar um apartamento em Salvador, ele manteve como refém por três dias uma
menina de 16 anos e, durante mais de um mês, desafiou a polícia telefonando para
rádios e brincando de esconde-esconde numa fazenda em Goiás. Nesse episódio,
chegou a ficar a poucos passos dos policiais mergulhado dentro de um rio camuflado com
o rosto sujo de barro. Na seqüência, foi reconhecido numa igreja evangélica em
Aparecida de Goiânia (GO), trocou tiros com policiais e, mais uma vez, escapou. Em
outubro do ano passado, entregou-se à Justiça dizendo que tinha medo de ser morto
durante a prisão. No início de abril, assumiu o comando de uma rebelião de seis dias em
que ele e outros 43 presos fugiram com seis reféns, todos integrantes da alta cúpula do
Poder Judiciário de Goiás. Poucas horas depois da fuga, Pareja entregou-se novamente
à Justiça dando proteção a um dos reféns, Aldo Guilherme de Freitas, filho do presidente
do Tribunal de Justiça de Goiás, desembargador Homero Sabino. Pareja aproveitou a
fama nacional conquistada durante a rebelião para assumir o papel de líder dos presos,
passando a controlar o comércio ilegal dentro do presídio, que conta com a conivência
dos agentes penitenciários, segundo os presos. "Não quero citar nomes, mas quase
todos os funcionários do presídio abastecem o comando dos detentos com armas e
drogas", disse Eduardinho a ISTOÉ na quarta-feira 11. O poder de Pareja passou a ser
um problema maior para a polícia quando ele começou a usar o prestígio de comandante
dos detentos para acumular dinheiro. "Um bandido com poder e dinheiro dentro de um
presídio torna-se uma ameaça ao sistema penitenciário", explica o desembargador
Homero Sabino. Além do dinheiro que entrava através do comércio ilegal, o assaltante
conseguia aumentar seu capital com a venda do livro Vida bandida, sobre sua trajetória, e
entrevistas concedidas à imprensa estrangeira. Nos últimos dias de sua vida, Pareja
realmente levou uma vida de galã. No domingo 8, véspera de sua morte, teve um dia
especial. Recebeu em sua cela a visita da namorada, Vanessa Ferreira Fagundes,
acompanhada de duas fãs, e passou o dia tocando violão e cantando. Enquanto posava
para fotografia ao lado das três e do namorado de uma delas, fez bravatas a respeito de
um futuro plano de fuga e apresentou aos visitantes como seu braço direito o detento
Eduardinho, que no dia seguinte ajudaria a matá-lo. Definitivamente, não era um preso
comum. Desfrutava de mordomias como televisão e aparelhagem de som e distribuía
tarefas para os demais presidiários, inclusive a limpeza de sua cela. Também tinha sob
seu comando um grupo de 28 "robôs", presos que se submetiam às suas ordens e
atuavam como seguranças de juízes que fiscalizavam as condições do Cepaigo. Outro
costume de Pareja era ofertar suas amantes para os amigos mais chegados.

O destino colaborou para o marketing de Pareja até no dia do seu sepultamento. O


corpo do bandido foi enterrado no cemitério "Parque Memorial" na terça-feira 10 de
dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. A coincidência motivou o
representante do movimento "Tortura Nunca Mais" de Goiânia, Valdomiro Batista, a
colocar sobre o caixão uma bandeira do Brasil. A iniciativa foi considerada um abuso pelo
comandante do batalhão de choque da Polícia Militar de Goiás, tenente Nilton Neri de
Castilho. "Isso é um desrespeito", afirmou o policial depois de ordenar a retirada da
bandeira. "Não podiam fazer isso com um homem que se tornou um símbolo de Goiás.
Todo detento tem o direito à vida", disse Batista. Duas horas antes do sepultamento,
havia acontecido outra cena de pastelão mexicano. Uma tia do morto não gostou de ver
Vanessa Ferreira Fagundes dar entrevistas durante o velório se dizendo "viúva" de Pareja
e partiu para cima com tapas e empurrões. Vanessa perdeu a batalha e terminou
assistindo ao enterro enrolada numa bandeira a mais de 30 metros de distância.

Com tantos lances cinematográficos na vida real e até no próprio enterro, Pareja
vai ressuscitar nas telas em um longa-metragem dirigido pelo ator Reginaldo Farias, que
encarnou o bandido Lúcio Flávio Villar Lírio numa produção do final da década de 70. Tão
espetacular quanto à história de Lúcio Flávio, o passageiro da agonia, o roteiro do filme
policial de Pareja contou com a colaboração do personagem principal ao longo do últimos
meses. Admirador de Al Pacino, Pareja inspirou- se no filme Scarface para levar sua vida
bandida. "Ele era um bandido cruel e humano ao mesmo tempo", dizia Pareja, o menino
classe média, que falava inglês e teve aulas de piano, mas escolheu como cenário o
mundo do crime.

HELICÓPTERO POUSA SOBRE PRESÍDIO EM GUARULHOS PARA RESGATAR


PRESOS E É RECEBIDO A TIROS
SÃO PAULO - Um helicóptero pousou na tarde deste domingo na laje do presídio
Adriano Marrey, em Cumbica, Guarulhos, na Grande São Paulo, apesar dos tiros de
advertência disparados por guardas do local. A Secretaria de Administração Penitenciária
confirmou que o helicóptero seria usado para a fuga do preso Alexandre Santos, que
acabou ferido quando se aproximava da aeronave.

Segundo a Polícia Militar, como o helicóptero realizou o pouso no local, os policiais


começaram a atirar nos passageiros da aeronave. Quatro pessoas ficaram feridas pelos
disparos.

Os dois bandidos que tentaram resgatar o preso tinham uma metralhadora e dispararam
contra os guardas da cadeia. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária,
houve intenso tiroteio quando o helicóptero em que eles estavam pousou na laje do
presídio.

O piloto do helicóptero teria sido feito refém pelos bandidos e obrigado a pousar sobre a
laje do Adriano Marrey. Policiais efetuaram vários disparos contra o aparelho. O piloto,
dois suspeitos da tentativa de resgate de presos e o detento que seria resgatado ficaram
feridos.

Os visitantes que estavam no presídio ficaram muito assustados com os tiros. Eles estão
sendo liberados de dois em dois. Alguns saem do local chorando. A situação já se
normalizou.

DETENTOS INICIAM REBELIÃO NO PRESÍDIO DO ROGER [01/12/02 - 13h25]


Vários presos iniciaram uma rebelião no presídio do Róger, em João Pessoa. A
informação foi dada pelo Centro de Operações da Polícia Militar. Ainda não há
informações de feridos.

Uma equipe de reportagem do WSCOM Online está no local e trará mais informações
em instantes.

Presos tomaram armas de agentes [01/12/02 - 13h57]


Segundo a polícia, a rebelião na penitenciária modelo do Róger teve início por volta das
12h30, quando um grupo de presos tomou as armas dos agentes penitenciários.

Durantes o motim os agentes Alberto Martins e João Vicente foram atingidos no


abdômen, e ambos se encontram no Hospital de Traumas, em estado grave. O agente
Marcos Vinícius Gama levou um tiro de raspão na orelha, mas seu estado não inspira
cuidados.

Dos cinco pavilhões que existem no Róger, três já foram dominados pelos presidiários. E
como hoje é dia de visita convencional e íntima, vários familiares dos presos encontram-
se na parte interna do presídio.

A operação no presídio está sob o comando do Cel. PM Morais.


Presos têm cinco armas, mantém reféns e clima é tenso no Roger [01/12/02 - 14h44]

O clima é tenso no Presídio do Roger onde foi iniciada uma rebelião aproximadamente às
12h30 de hoje. A direção da unidade prisional informou que os amotinados tinham a
intenção de empreender uma fuga em massa e portavam, no início da rebelião, duas
armas. Eles renderem e balearam três agentes penitenciários e tomaram mais três
revólveres.

Como o domingo é dia de visita convencional e íntima, o coronel Morais, da PM, informou
que todas as celas receberam familiares e amigos dos detentos, que estão sendo
mantidos como reféns. Ele não soube explicar como as armas chegaram até os
amotinados. "Nós cuidamos da segurança externa. A interna cabe à direção do presídio",
resumiu.

Entre os policiais e agentes presentes no local, há um sentimento de revolta pelos


ferimentos causados nos colegas. Um deles, Alberto Martins, ferido com um tiro no
abdômen, foi levado ao Hospital de Traumas e internado em estado gravíssimo. Marcos
Vinícius Gama foi alvejado com um tiro de raspão na orelha, medicado e retornou ao
presídio. O agente João Vicente também foi ferido com um disparo no abdômen e perdeu
muito sangue.

Além de 15 homens do Grupo de Ações Táticas Especiais, o Esquadrão de Polícia


Montada foi chamado para reforçar a segurança do presídio.

Do lado de fora, há muita comoção entre parentes dos presos. Alguns deles foram
libertados após o início do motim, mas há informações dando conta da presença de
muitos visitantes no interior da unidade, dentre eles, mulheres e crianças.

Parte dos reféns são liberados e juíza chega para negociar com presos [01/12/02 -
15h03]
Parte dos familiares que estavam no Presídio do Roger no momento do início da tentativa
de fuga, na hora do almoço, foram liberados pelos detentos pouco antes das 15h. Cerca
de 30 pessoas, entre elas crianças de até 3 anos, estavam no local. A juíza Maria das
Neves do Egypto chegou pouco depois da saída dos familiares dos detentos.

A titular da Vara das Execuções Penais chegou ao Presídio do Roger acompanhada do


juiz plantonista, Paulo Régis. Ambos reuniram-se com o diretor da unidade, Capitão
Eduardo. Há a possibilidade de a PM invadir o local. Antes, contudo, Maria das Neves
deve coordenar uma ação para negociar a rendição dos amotinados.

Os agentes plantonistas informaram à reportagem do WSCOM Online que os reféns


remanescentes no interior do presídio foram divididos entre dois grupos de presos e
levados do segundo pavilhão, onde todos se concentravam, para o terceiro e o quarto
pavilhão.

Presos queimam colchões e curiosos lotam a rua em frente ao Presídio [01/12/02 -


15h20]
A rebelião no Presídio do Roger, em João Pessoa, prossegue em clima de extrema
tensão. Inexistem informações sobre o número de reféns mantidos no local pelos
detentos. Eles iniciaram após às 15h a queima de colchões dentro dos pavilhões.

Na rua em frente à unidade penitenciária, uma multidão de curiosos se aglomera, junto a


familiares e amigos dos presos.

A reunião entre os juízes Paulo Régis e Maria das Neves do Egypto com o Capitão
Eduardo, diretor do Presídio do Roger prossegue. O Coronel Morais, da Polícia Militar,
disse ao WSCOM Online estar preparado para invadir o local. "Nosso efetivo está de
prontidão. Esperamos apenas ordens superiores. Se a determinação for de invadir o
presídio, vamos faze-lo".

Dez detentos assumem responsabilidade de motim; um deles negocia com PM por


celular [01/12/02 - 15h32]
As negociações entre a polícia e o grupo de detentos amotinados no Presídio do Roger,
em João Pessoa, tiveram início aproximadamente às 15h30. Um preso conhecido até
agora pelo primeiro nome somente, Gilberto, conversou com o Coronel Morais, da PM,
através de um telefone celular.

Gilberto informou ao coronel que o grupo de rebelados é composto por ele e mais nove
presos. Eles assumem a responsabilidade do planejamento e execução do motim.

O Coronel Morais aguarda novo contato do representante dos detentos, informando quais
as reivindicações deles para por fim à rebelião.

Juízes reúnem-se com Comissão de Crises na SSP-PB [01/12/02 - 15h42]


Os juízes Paulo Régis e Maria das Neves do Egypto deixaram o Presídio do Roger após
reunião com o diretor da unidade, Capitão Eduardo, e deslocaram-se para a sede da
Secretaria de Segurança Pública do Estado. Uma reunião com a Comissão de Crises do
órgão vai decidir as ações a serem empreendidas para contornar o motim iniciado às
12h30 de hoje.

O Coronel Morais, comandante da operação militar no presídio, mantém comunicação


com o representante dos presos e com os magistrados para repassar a eles o desenrolar
dos acontecimentos no Roger.

"Nossa intenção é negociar uma solução para a rebelião da forma mais pacífica
possível", argumento o juiz Paulo Régis.

Presos exigem padre ou representante de direitos humanos e admitem terminar


motim [01/12/02 - 15h58]
O grupo de dez presos amotinados no Presídio do Roger já admite liberar os reféns e
entregar as armas usadas para iniciar a tentativa de fuga. O preso Gilberto, que negocia
a rendição com o Coronel Morais, da PM, exigiu a presença de um padre ou um
representantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB.
"Eles querem uma garantia, no caso com a presença de um padre ou representante da
Comissão de Direitos Humanos, de que não sofrerão represálias após entregarem as
armas. Eu já informei que não haverá violência se houver a rendição. Estimo que a
solução para o fim da rebelião esteja 98% encaminhada", declarou o Coronel Morais.

Gilberto também disse ao militar ter conversado por telefone celular com o advogado
dele, residente em Recife. O preso pediu que seu representante jurídico se deslocasse a
João Pessoa para acompanhar o desfecho da rebelião.

Liberados mais quatro reféns no Presídio do Roger [01/12/02 - 16h29]


Mais quatro reféns, sendo uma anciã, duas moças e uma criança de colo foram libertadas
após as 16h. O grupo integrava os reféns mantidos pelos detentos amotinados na
instituição prisional. O Coronel Morais, da PM, teve um diálogo áspero com o preso
Gilberto, que representa os rebelados.

O PM exigiu que a rebelião fosse terminada em 10 minutos, com a libertação dos


detentos.

Mais 80 reféns deixam Presídio do Róger [01/12/02 - 16h36]


Após a liberação de quatro reféns, um grupo de mais 80 deixou o Presídio do Roger às
16h45 de hoje. Um dos visitantes mantidos no local pelos presos informou ao WSCOM
Online existir um morto no Pavilhão 1.

A informação não foi confirmada pela polícia nem pela direção do Presídio. O visitante
não soube precisar se o morto era detento ou refém.

Agentes feridos no Róger continuam na UTI [01/12/02 - 16h53]


Os agentes penitenciários Alberto Martins e João Vicente, feridos hoje durante a rebelião
no presídio do Roger, continuam na unidade de terapia intensiva do Hospital de Traumas
em estado grave. A informação foi dada por uma funcionária do hospital que não quis se
identificar.

Dentro do presídio, contudo, as informações são contraditórias. Os agentes acreditam


que os dois já estejam mortos, devido à gravidade de seus ferimentos.

A rebelião no presídio já dura mais de quatro horas.

Presos não entregam armas e clima volta a ficar tenso no Róger [01/12/02 - 17h38]
Os presos se negam a entregar armas sem a presença de um padre ou representante
dos direitos humanos e clima volta a ficar tenso no presídio.

Mesmo com a garantia de vida, dada pelo Coronel Morais, da PM,o grupo de presos se
negam a qualquer tipo de negociação.

A rebelião no presídio do Roger teve início por volta das 12h30, quando familiares dos
presos entravam para o horário da visita, e já dura mais de cinco horas.
Detentos solicitam a presença da Imprensa [01/12/02 - 18h05]
O grupo de dez presos, que se encontram amotinados no presídio do Roger desde ás
12h30 de hoje, voltam a fazer novas exigências. O preso Gilberto, que lidera a rebelião e
negocia com o Coronel Morais, da PM, desta vez solicitou a presença da imprensa.

O Coronel Morais, que negocia a rendição com os detentos, informou ao repórter


Fernando Braz, do WSCON, que neste momento, há um presidiário morto no pavilhão
dois, dentro das dependências internas do presídio.

“O pavilhão dois é considerado um dos pavilhões mais perigosos do presídio”, afirmou


Morais.

Três detentos se entregam e a rebelião está próxima do fim [01/12/02 - 19h05]


A rebelião no presídio do Roger, em João Pessoa, está prestes a terminar. A expectativa
é que as negociações acabem por volta das 20h. A informação foi dada pela polícia.

Três, dos dez presos que iniciaram o motim já se renderam. Também já se encontra em
poder da polícia, duas das armas que estavam em poder dos detentos.

O detento Gilberto, líder dos rebelados, exigiu junto ao Coronel Morais, da PM, e ao
diretor do presídio, a sua transferência para o Estado de São Paulo. Daí o impasse para o
fim da rebelião.

Ainda é grande o número de familiares dentro e fora do presídio do Roger. A rebelião já


dura mais de seis horas. Mais informações você confere daqui a pouco no portal Wscom.

Presos não entregam armas e clima volta a ficar tenso no Róger [01/12/02 - 19h46]
Os presos amotinados no Róger negam a entrega das armas sem a presença de um
padre ou representante dos direitos humanos e clima voltou a ficar tenso no presídio.

Mesmo com a garantia de vida, dada pelo Coronel Morais, da PM, o grupo de presos
recusa qualquer tipo de negociação.

A rebelião no presídio do Roger teve início por volta das 12h30, quando familiares dos
presos entravam para o horário da visita. O motim já dura mais de cinco horas.

Cosipe atesta superlotação do Roger e estima existência de 150 reféns [01/12/02 -


19h48]
A Coordenadoria do Sistema Penitenciário (Cosipe) do Estado dispõe de estatísticas
apontando para uma superlotação do Presídio Flóscolo da Nóbrega, o Roger. Segundo
Vânia Lustosa, da Cosipe, há 767 presos na instituição, quando ela seria destinada a
350. Vânia também estimou entre 150 e 200 o número de reféns que ainda permanecem
dentro da unidade.

Há dois pavilhões queimados e o representante dos detentos, conhecido como Gilberto


exige ser transferido para São Paulo, onde também foi condenado. Até agora, duas das
cinco armas em poder dos amotinados foram entregues à polícia. São dois revólveres
calibre 38. Um deles estava municiado com 5 projéteis. O segundo, estava vazio. Além
das armas, os rebelados também encaminharam à polícia um celular da Oi, afirmando
estar bloqueado.

A direção do presídio, contudo, entrou em contato com a matriz da empresa de telefonia


e constatou que o número 8804 1598 estava em condições normais de uso.

Um representante da Comissão dos Direitos do Homem e do Cidadão, Antônio Isidio da


Silva, está no presídio participando das negociações.

O Coronel Morais, um dos coordenadores da ação militar no Roger, declarou ao WSCOM


Online que os dois agentes baleados gravemente durante o motim estão fora de perigo,
no Hospital de Traumas.

Amotinados entregam armas e terminam rebelião no Roger [01/12/02 - 19h54]


A rebelião no Presídio Flóscolo da Nóbrega, mais conhecido como Roger, por estar
localizado no bairro de mesmo nome, terminou às 19h43, aproximadamente. O grupo de
dez presos que assumiu a responsabilidade do motim rendeu-se e entregou as armas à
polícia, depois da entrada da Imprensa e de um representante dos direitos humanos.

Centenas de reféns foram libertados e os policiais estão revistando os pavilhões em


busca de um cadáver que estaria dentro da unidade prisional. A morte não foi confirmada
ainda, bem como a identidade da vítima fatal.

DISCIPLINA: Técnicas de Negociação

OBJETIVOS
DISCUTIR a negociação no contexto do Gerenciamento de Crises;
INTERPRETAR o papel da Negociação em Crises como elemento do Sistema de
Gerenciamento de Crises;
ADEQUAR os conhecimentos das Ciências Comportamentais às necessidades
das Técnicas de Negociação.
PREMISSAS INICIAIS
Qualquer que seja a exigência inicial, deve-se ter em mente que não é incomum a
aceitação de um acordo que implique em modificação da mesma!
É virtualmente impossível a retomada da Negociação após uma tentativa frustrada
de assalto tático.
OS VÁRIOS ASPECTOS DE NEGOCIAÇÃO COM REFÉNS INCLUEM:
1) Características de um incidente negociável;
2) Quais são as razões comuns para fazer reféns;
3) Que tipo de pessoa faz refém;
4) Síndrome de Estocolmo e comportamento do refém;
5) O processo de negociação;
6) Considerações ao selecionar um negociador;
7) Ritual de rendição.
INCIDENTE NEGOCIÁVEL
1 - Deve haver vontade de viver por parte do causador da crise;
2 - Deve haver demonstração de força por parte das autoridades;
3 - Deve haver comunicação entre causador e autoridades;
4 - Deve haver um líder nas negociações;
5 - Deve haver exigências;
6 - Deve haver isolamento;
7 - Deve haver tempo para negociar;
8 - Deve haver um negociador das autoridades que pode ferir ou matar o causador mas
que indica o caminho para salvá-lo.
TERRORISMO
Querem demonstrar ao público a ineficiência dos mecanismos governamentais de
proteção;
A captura de pessoas garante imediata repercussão e acesso à mídia;
Induz as autoridades governamentais a tomar medidas drásticas e que afetem
significativamente parcelas da população.
CRIME COMUM
O captor busca assegurar a própria incolumidade física;
A captura é uma oportunidade de conseguir novas e maiores vantagens.

CAUSAS PSICOLÓGICAS
O indivíduo mentalmente perturbado busca reparar o que percebe estar errado;
Imagina que tem uma missão sagrada;
Tenta realizar algo de grande importância.
PARANÓICOS ESQUIZOFRÊNICOS
Pensamento distorcido;
Escuta ou vê coisas que na realidade não existem;
Seu sistema de crenças não tem amparo na realidade;
Captura pessoas buscando realizar um “grande plano” ou obedecendo ordens de
alguma “pessoa superior”;
Usualmente demonstra inteligência – em certos casos, acima da média;
Capacidade de manipular pessoas e arregimentar asseclas.
PARANÓICOS ESQUIZOFRÊNICOS (NEGOCIAÇÃO)
Cuidado ao tentar truques e mentiras;
Aceite as declarações do captor e não tente provar que são erradas;
Não busque empatia afirmando escutar ou ver as mesmas coisas que o captor!
MANÍACOS DEPRESSIVOS
A perda do contato com a realidade é causada pela depressão aguda
Indivíduo pode se considerar não merecedor de continuar vivendo, sentir culpa por
eventos ou pecados passados existentes ou não
Sente-se culpado pelos pecados do mundo
Alto potencial para o suicídio
Alto potencial de violência ou assassínio do refém
As pessoas capturadas são, muitas vezes membros da família ou conhecidos do
seqüestrador, que acredita estar lhes fazendo um favor ao matá-los, livrando-os desse
“mundo cão”.
MANÍACOS DEPRESSIVOS (NEGOCIAÇÃO)
Procure identificar o momento pelo qual passa o captor: excitação ou depressão?
Ressalte, constante e freqüentemente, o valor do captor
Convença-o a falar sobre interesses, hobbies ou qualquer outra coisa positiva
relacionando-as com potencialidades do captor
Fique atento a declarações espontâneas do tipo “tudo bem-acho que já sei o que
vou fazer” (pode indicar suicídio)
Não se incomode em discutir com o captor a respeito de suicídio
Após o estabelecimento do rapport, seja mais direto e use frases como “ei, fulano,
acho que agora você já pode confiar em mim. Eu gostaria que você saísse e se
encontrasse comigo. Eu posso te ajudar”.
PERSONALIDADE ANTI-SOCIAL
Ausência de qualquer sentimento de culpa ou de consciência (indivíduo que não
incorpora valores e moral da sociedade em que vive);
Pode exibir excelente aparência, ser bem falante e os capturados o verão como
“um jovem agradável que as autoridades perseguem”;
É impulsivo e exige satisfação imediata de seus desejos;
Busca manipular os outros com vistas a algum ganho material para si próprio.
PERSONALIDADE ANTI-SOCIAL (NEGOCIAÇÃO)
Durante a negociação, lembre-se que este indivíduo é egoísticamente voltado para
si mesmo: ele tentará manipular as coisas a seu favor;
Desconfiado, ele espera que você tente enganá-lo. É provavelmente esperto e tem
experiência com Policiais;
Não faça promessas que você não tem condições de cumprir;
Esse tipo de captor necessita de freqüente estimulação: Se o negociador não a
der, ele se voltará contra os capturados;
Evite prolongados lapsos de tempo sem atividade para o captor.
PERSONALIDADE DESAJUSTADA
Elementos que mostram, no decorrer de suas vidas, respostas ineficientes ou
inadequadas às situações de stress físico, emocional ou social
Elemento que se vê como um perdedor contumaz
A captura pode ser sua última tentativa de provar a alguém (esposa, pais, filhos,
namoradas...) que pode obter sucesso em alguma atividade
Usa frase como “vou mostrar a eles que eu realmente posso fazer alguma coisa!”,
ou “vou mostrar a todo mundo que eu não sou mais aquele otário”
Seu pensamento é claro (tem vínculo com a realidade) – ele pode entender as
conseqüências de seus atos!
PERSONALIDADE DESAJUSTADA (NEGOCIAÇÃO)
A negociação é relativamente simples;
Ofereça compreensão e aceitação – um meio de “sair dessa” sem “falhar
novamente”;
Não traga ao local pais, amigos, namoradas, parentes, etc.;
Isso pode provocar reações imprevisíveis, do tipo “vou mostrar que posso fazer
algo realmente grande”.
CRIMINOSOS APANHADOS EM FLAGRANTE
Procure determinar se o captor é ou não portador de algum tipo de distúrbio
mental;
Caso positivo, monte uma estratégia baseada nas características do captor;
Caso negativo, esteja alerta para o fato de que o captor sabe o que esperar da
Polícia;
Também sabe do que precisa para sair vivo da situação.

CRIMINOSOS APANHADOS EM FLAGRANTE (NEGOCIAÇÃO)


Oriente a negociação para um reconhecimento dos fatos adjacentes à situação
geral;
O captor terá garantido sua sobrevivência física se liberar os reféns.
FANÁTICOS POLÍTICOS OU RELIGIOSOS
Querem mudanças sociais através da ameaça ou uso da violência;
Buscam a maior publicidade possível para sua causa;
Alvos escolhidos em virtude de:
·Seu valor simbólico;
·Valor propagandístico;
·Possibilidade de êxito na ação;
·Vulnerabilidade do alvo;
Ações planejadas com grande minúcia e incluem suporte psicológico para captores
e reféns/vítimas;
Normalmente exigência são impossíveis de serem atendidas pelos governos locais
exigindo interferência de autoridades federais;
Alta possibilidade de violência ou homicídio contra capturados;
Repercussões foram já discutidas e captores estão prontos para morrer como
mártires!
FANÁTICOS POLÍTICOS OU RELIGIOSOS (NEGOCIAÇÃO)
Negociação deve basear-se no convencimento dos captores de que já houve
suficiente destaque para sua causa, suas exigências foram ouvidas por todos e a
violência contra os capturados provocará descréditos ou revolta na opinião pública;
Examinar criteriosamente o comportamento da mídia.
SÍNDROME DE ESTOCOLMO
Banco de Crédito de Estocolmo - Suécia;
03 mulheres e 01 homem como reféns;
Aproximadamente 45 min para instalação;
Elo Psicológico: Seqüestrador - Refém;
Refém defende o Seqüestrador;
Refém fica contra as autoridades;
Seqüestrador sensibiliza-se com o refém.
DESENVOLVENDO A SÍNDROME DE ESTOCOLMO
Pedir aos causadores que lhe dê os nomes das pessoas;
Pedir aos causadores para descobrir se alguém precisa de cuidados médicos ou
considerações especiais;
Quando se referir às necessidades, inclua todas as pessoas;
Não use o termo REFÉM, chame-os pelo nome;
Pedir para transmitir recados às “pessoas” que estão com os causadores;
Conte com a passagem do tempo, desde que reféns e causadores fiquem juntos.
QUANDO A SÍNDROME NÃO ESTÁ SE DESENVOLVENDO
O causador se mantém distante (física e psicologicamente) dos reféns;
O causador continuar a despersonalizar os reféns.
FATORES QUE DIFICULTAM O SURGIMENTO DA SÍNDROME
Violência injustificada ou tortura contra os reféns;
Isolamento dos reféns;
Barreira na língua;
Conhecimentos de fenômenos psicológicos pelo refém;
Valores culturais conflitantes entre reféns/seqüestradores;
ASPECTOS NEGATIVOS DA SÍNDROME
Informações transmitidas pelos capturados tornam-se não confiáveis!
Capturados, consciente ou inconsciente, dão falsas informações sobre as armas
ou potencial dos captores
Capturados terão dificuldades em descrever captores e assumem postura de
“advogados” dos mesmos
A Síndrome pode causar interferência nos planos de resgate dos capturados, que
poderão agir contrariamente aos comandos dos Policiais no momento do assalto;
Negociadores despreparados podem ter seu desempenho afetado, principalmente
caso se identifique a necessidade de ação tática;
O QUE SE PODE OU NÃO NEGOCIAR
Comida, bebida, dinheiro, transporte, armas, cobertura da mídia, troca de reféns e
liberdade para os causadores.

ADVERTÊNCIA!!!!
JAMAIS FORNEÇA QUALQUER COISA SEM RECEBER ALGO EM TROCA!
CUIDADO COM DECLARAÇÕES À MÍDIA, O CAPTOR PODE DISPOR DE
RÁDIOS, TV (PILHA) OU CELULAR!
REFÉM = VÍTIMA?
REFÉM:
Há exigências;
Há ameaças em caso de não atender as exigências.
VÍTIMA:
Pessoa significativa para o captor;
Não há exigências objetivas;
Real possibilidade de homicídio - suicídio.
OBJETIVOS DE CONTER A CRISE
1 - Prevenir que a ameaça possa espalhar;
2 - Limitar os efeitos danosos a propriedade e pessoas;
3 - Prevenir a fuga dos causadores da crise;
4 - Prevenir a intrusão de pessoas não autorizadas;
5 - Isolar os causadores do resto do mundo;
6 - Colocar pressão sobre os causadores.
TEMPO POSITIVO
Aumenta as necessidades humanas básicas;
Reduz o estresse e ansiedade;
Aumenta a racionalidade;
Permite que surja a Síndrome de Estocolmo;
Aumenta a possibilidade de fuga dos reféns;
Melhores decisões são tomadas;
Maiores informações sobre o incidente;
Surge rapport entre negociador-seqüestrador;
Reduz as expectativas dos seqüestradores.
TEMPO NEGATIVO
Exaustão; Aborrecimento; Ferimentos; Mau estar; Pressão alta; Pressão para
resolver logo; Despesa: Mão de obra, muitas pessoas; Policiais tomam drogas para
ficarem acordados; Atenção do público e da mídia; Tráfego; Considerações táticas -
operacionais cansados, estressados, desmotivados, “saco cheio”, “chatice”.
OBJETIVOS DA NEGOCIAÇÃO
Ganhar tempo;
Abrandar exigências;
Colher informações;
Prover um suporte tático;
Libertar os reféns.
TIME DE NEGOCIAÇÃO
NEGOCIADOR PRINCIPAL
NEGOCIADOR AUXILIAR/SECUNDÁRIO
NEGOCIADOR TERCIÁRIO/ANOTADOR
PSICÓLOGO/PSIQUIATRA
NEGOCIADOR PRINCIPAL:
Conversa com o sujeito;
Desenvolve inteligência.
NEGOCIADOR SECUNDÁRIO:
Monitora as negociações;
Fornece ao principal: tópicos e assuntos para conversar;
Mantém um relatório das coisas importantes;
Fornece apoio emocional ao negociador principal;
Substitui o principal a qualquer momento.
TÉCNICA DE NEGOCIAÇÃO (CONTATO INICIAL)
Meu nome é......e gostaria de ajudar.
Como posso chamá-lo?
Estou aqui para ajudá-lo.
Você pode me dizer o que está havendo?
Calma, que resolveremos juntos numa boa!
TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO (inadequado)
O que você quer?
Estas pessoas estão sendo mantidas como reféns?
Quais são suas exigências?
Quanto tempo temos para satisfazer suas exigências?
Como você está, malandro?
Saia e entregue-se senão eu vou aí buscar você!
Vai sair por bem ou por mal?
Entregue-se, pois você é um homem morto!
Não tenho tempo para ficar escutando seus problemas!
Estou saindo de serviço e não quero demorar aqui!
ERROS COMUNS NA NEGOCIAÇÃO
Falta de comunicação entre negociadores e Time Tático;
Falta de confiança entre negociadores e Tático pela falta de compreensão dos
papéis;
Levantamento de informações e distribuição será inadequado;
Permitir que o negociador engaje cara-a-cara com o suspeito armado na rendição;
Permitir que um psicólogo se torne o negociador principal;
EFEITOS DA NEGOCIAÇÃO
Medo de falhar;
Problemas de ego – vai sentir que é bom demais;
Preocupação com negociação mesmo quando não está negociando;
Tomar responsabilidades de comando – dizendo para as pessoas o que e como
fazer;
Culpa – por situações que não conseguiu resolver.
O COMANDANTE COMO NEGOCIADOR
Não tem muita objetividade – não vai querer deixar o tempo passar;
Comanda toda a situação;
Não deixa a situação “rolar”;
Autoridade demais;
Dificuldade em manter o “rapport” – acostumado a dar ordens;
Personalidade de comando;
Pouca experiência – faz tempo que saiu das ruas;
Negociadores não comandam e comandantes não negociam!
INDICADORES DE ALTO RISCO
O sujeito comete deliberadamente uma ação que ele sabe que vai provocar uma
resposta ou uma confrontação com a Polícia;
A vítima é conhecida do sujeito e foi escolhida especificadamente, principalmente
se teve um caso amoroso ou se a vítima for membro da família;
Se houver uma história de passado com problemas entre o sujeito e a vítima, um
passado severo para garantir a intervenção da Polícia, especialmente história de abuso
sexual ou se a vítima encontrou alguma queixa;
São feitas ameaças de ferimentos contra a vítima;
INDICADORES DE SUICÍDIO
O seqüestrador prepara um plano para sua própria morte;
O seqüestrador insiste nas negociações face-a-face ( isto é, provocando a Polícia
a matá-lo);
Um seqüestrador negando pensamentos de suicídio ( ele está mentindo para o
negociador e preparando o “suicídio em virtude da presença do policial”. Como Strentz
diz, “um homicídio procurando uma vítima”).
O seqüestrador conversando sobre a disposição de seus pertences.
INTERVALO NAS NEGOCIAÇÕES
Para rever o que foi ouvido ou aprendido;
Para pensar em questões para perguntar;
Para explorar alternativas possíveis;
Fazer uma revisão das estratégias que esteja usando;
Determinar como você reagiria para novas exigências;
Consultar especialistas, comandantes e pessoal tático;
Descansar;
Analisar quaisquer mudanças nas exigências, comportamentos ou atitudes.
MEMBROS DA FAMÍLIA
Desconhece a dinâmica daquela família;
Despertar complicações psicológicas;
Um vê a perspectiva diferente do outro sobre o caso;
Pode estar querendo dizer adeus antes de matar e suicidar e quer que aquela
pessoa veja a cena.
NEGOCIADORES NÃO POLICIAIS
Considerações éticas que podem impedir o progresso nas negociações;
Sob estresse eles podem responder de forma inadequada;
Não são treinados;
Não estão acostumados à violência;
Não estão acostumados a conversar com pessoas violentas especialmente em
situações de crise;
Não estão acostumados aos procedimentos e táticas policiais;
Faz com que se perca o controle da situação;
Pode ter sistemas de valores diferentes;
A Polícia é responsável por esta pessoa;
É uma entidade completamente desconhecida para você.
NEGOCIAÇÃO FACE-A-FACE
Consiga promessa de segurança para o negociador;
Não tão cedo na situação, escolha o momento certo;
Não negocie com uma arma apontada para você;
Não dê as costas ao sujeito;
Sempre tenha uma rota de fuga;
Nunca negocie com mais de um sujeito ao mesmo tempo;
Tenha ciência do espaço corporal;
Troque suas descrições físicas antes do contato;
Mantenha sempre o contato visual;
Nunca se exponha completamente ao seqüestrador;
Use colete balístico;
Porte sua arma;
Sempre coordene com o Time Tático um homem de segurança.
PROGRESSO NAS NEGOCIAÇÕES
Há menos conteúdo violento nas conversas do seqüestrador;
O seqüestrador conversa mais freqüentemente e em um período mais longo com o
negociador;
O seqüestrador fala mais vagarosamente e seu tom de voz e volume é mais baixo;
O seqüestrador fala sobre questões pessoais;
Uma ameaça de morte passa e não há incidente;
As ameaças do seqüestrador diminuem;
Reféns são soltos; e
Ninguém é morto ou ferido desde o começo das negociações
RITUAL DE RENDIÇÃO
O sujeito deve render-se mas não deve saber como está fazendo tal ato;
Enfatize o que ele tem a ganhar desistindo neste instante;
Minimize os danos neste ponto;
Discuta o plano de prisão com o Tático logo no início do incidente;
Pergunte quais as garantias que ele precisa;
Descreva para o seqüestrador o que ele vai ver quando sair;
Na rendição primeiro sai os reféns com as mãos para cima atrás da cabeça;
Mantenha o ritual de rendição em mente;
Continue dizendo “quando” e não “se” você sair/aparecer;
Nunca tome a arma da mão do sujeito;
Se o seqüestrador se render para você, diga que verá o Tático que o levará preso.
CONDUTAS BÁSICAS DE NEGOCIAÇÃO
Escolher a ocasião correta para fazer contato.
O negociador é o único canal de comunicação dos causadores com o resto do
mundo.
Procurar neutralizar os meios de comunicação externos.
Se a situação é estática, não permitir que se torne móvel , a não ser que haja
vantagem tática.
Nenhum negociador deve negociar armado.
Evitar oferecer alguma coisa ao indivíduo.
Evitar a presença de policiais mostrando armas ostensivamente.
Não supervalorizar a situação.
Evitar dirigir a atenção às vítimas com muita freqüência.
Evitar chamar as pessoas de “reféns”.
Trate todos pelo nome que mais gosta de ser tratado.
Ser tão honesto quanto possível e evitar truques.
Evitar deixar de atender as exigências (dentro do razoável), por menor que seja.
Evitar dizer “não”, “nunca” ou “jamais”.
Ao encontrar parentes dos causadores no público, sondá-los previamente sobre a
aceitação ou não do mesmo.
Procurar abrandar as exigências.
Nunca estabelecer um prazo fatal e procurar não aceitá-lo.
Evitar fazer sugestões alternativas que possam irritar os causadores.
Evitar envolver pessoas não policiais no processo de negociação.
Antes da estabilização da situação, manter contato abrigado ou por telefone.
Jamais aceitar a troca de reféns, salvo em casos graves de saúde.
Ser receptivo e flexível ao lidar com exigências.
Deixar o captor fazer a primeira oferta.
Esforçar para obter do captor algo em troca daquilo que for cedido, mesmo que
seja uma promessa de mudança de comportamento.
Deixar o captor lidar com tudo o que receber.
Anotar todas as concessões, lembrando-o se necessário.
Não aumentar as expectativas do captor cedendo-lhe muita coisa antes do tempo.
Não ressuscitar exigências passadas, a menos que sejam vantajosas.
Estar preparado para sugerir alternativas.
Não considerar nenhuma exigência insignificante.
Manter o captor tomando decisões, mas evitar irritá-lo.
Fazer algumas concessões como prova de boa vontade.
Evitar medidas extremas.
Manter-se honesto, caso contrário, o processo de negociação estará severamente
prejudicado.
Não perguntar o que ele quer, deixá-lo fazer o seu pedido.
Dar prioridade a reféns feridos, crianças e mulheres em suas barganhas.

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