Você está na página 1de 22

Relatório do Livro: JUST 2 SECONDS:

APENAS 2 SEGUNDOS
Usando o tempo e o espaço para repelir assassinos
RESUMO

O presente resumo foi extraído do livro “Just 2 Seconds”, escrito em inglês e


traduzido para este relatório e que trata do atentado ao ex-presidente dos Estados Unidos,
Ronald Reagan, ocorrida no dia 30 de março de 1981, enquanto ele saía de um evento no
Washington Hilton Hotel, no estado de mesmo nome.
O autor desse atentado foi John Hinckley Jr, o qual atingiu o presidente e mais
três pessoas. Quando Reagan saiu do hotel, em direção ao seu carro, Hinckley saiu do
meio da multidão e efetuou seis disparos de revólver. O primeiro projétil atingiu a cabeça
de James Brady, Secretário de Impressa da Casa Branca; o segundo atingiu as costas de
Thomas Delahanty, Oficial de Polícia do Distrito de Columbia; o terceiro projétil
ultrapassou o presidente e atingiu a janela de um prédio do outro lado da rua; o quarto
acertou o abdômen do agente do Serviço Secreto dos Estados Unidos, Tim McCarthy; o
quinto atingiu o vidro à prova de balas da janela no lado aberto da porta da limusine
presidencial; o sexto e último projétil ricocheteou na limusine e atingiu o presidente em
sua axila esquerda, passando de raspão por uma costela e se alojando em seu pulmão,
parando quase a uma polegada de seu coração.
Além de relatar a história da tentativa de assassinato do ex-presidente dos Estados
Unidos, Ronald Reagan, o livro também relata formas de treinamento dos agentes de
segurança presidencial, focados em vários fatores que auxiliam e interferem na atividade
de segurança de autoridades, sendo essas técnicas referências de ensino e aprendizagem
em diversos países. Tão importante quanto a história, é todo o contexto que o livro traz
nos detalhes envolvidos nesta atividade que envolve grande risco e demanda muito
profissionalismo e resiliência.
O livro está dividido em cinco capítulos, os quais citam detalhes da missão e do
treinamento de segurança de autoridades, sendo eles: Now (agora), onde relata que o
agente precisa estar focado no agora, sem desviar sua atenção para outros pensamentos;
Time (Tempo), onde relata que a ameaça é profundamente influenciada pelo tempo, bem
como também os atacantes são prejudicados pelo tempo; Mind (Mente), onde relata que
a mente do agente deve estar preparada para estar no presente; Space (Espaço), onde relata
que cada local tem vantagens e desvantagens que influenciam as ações, tanto da
segurança, como da ameaça; See (Ver), onde relata como identificar e avaliar os melhores
suspeitos no ambiente, pois eles estão sempre presentes.
Recontando a História:

Quando o Agente do Serviço Secreto Jerry Parr verificou os disparos e evacuou o


Presidente Ronald Reagan para sua limusine, ele tinha a intenção de tirá-lo do perigo.
Olhando superficialmente, uns podem concluir que o Presidente foi atingido por uma das
balas de Hinckley por causa desse movimento. O Agente do Serviço Secreto Dennis
McCarthy, que estava na cena do atentado, disse que se os outros agentes tivessem agido
tão rápido quanto eles, Reagan provavelmente não teria sido atingido. Foi o movimento
correto e Jerry Parr fez isso efetivamente. Interessante é saber que o que o agente faz ou
deixa de fazer tem consequências.
Voltando ao atentado contra Reagan, o presidente caminhava na visada de
Hinckley, estimulando seu Momento de Compromisso e Hinckley executa seu primeiro
disparo. A primeira reação visível foi do assessor Aide Michael Deaver que ouviu o
zunido do projétil próximo a sua cabeça e, inconscientemente, se abaixou. Um Oficial de
Polícia de Washington e o Secretário James Brady se jogaram no chão. Antes do segundo
tiro, Jerry Parr já estava reagindo antes dos demais agentes. Seus braços já vão em direção
ao Presidente Reagan. Depois, os Agentes do Serviço Secreto Ray Shaddick e Tim
McCarthy tiveram uma visível reação: ambos, momentaneamente, se abaixaram mais que
o Presidente. Hinckley atirava à vontade e calmo. Ele acompanha o caminho do
Presidente e mesmo com a visão para o presidente bloqueada, segue atirando. Já acertara
a cabeça do Secretário de Imprensa James Brady e o pescoço do policial Tom Delahanty.
O Agente Tim McCarthy é atingido por ter se colocado entre Hinckley e o Presidente,
que está junto do Agente Parr. Agora Reagan está sendo colocado dentro da limusine e
Hinckley atira contra o vidro da porta. Ele ainda tinha duas munições. Nesse momento
Hinckley tem visada direta para o Presidente. Mas já não estava tão calmo, uma vez que
o Agente Especial Dennis McCarthy ia em sua direção. Hinckley atira e acerta o carro ao
invés do Presidente, mas o projétil ricocheteia e acerta no peito de Reagan. Ainda tem um
tiro, mas no momento do disparo McCarthy o alcança e esse tiro sai para o alto. Hinckley
está no chão e continua atirando, porém sem munições.
O livro relata e a realidade também, que agentes jovens são melhores para
trabalhar várias horas em pé, têm tempo de reação mais rápido, mas não têm o nível de
controle mental de um agente experiente.
A experiência de Jerry Parr lhe traz vantagens, ele tem menos medo de errar que
outros agentes. Um agente jovem pode hesitar em tomar a “Grande Decisão”.
A experiência de Parr continuou servindo mesmo após os disparos terem cessado.
O destino da limusine era a Casa Branca e ninguém sabia que Reagan tinha sido atingido
pelo ricochete. Mesmo não observando nada de errado, Parr colocou as mãos dentro do
terno de Reagan e não achou sangue. Porém, após isso, ele viu sangue na boca do
Presidente e teve seu 2º Momento de Reconhecimento do dia. Ordenou ao condutor que
dirigisse até o Hospital George Washington. Médicos e estudiosos concluíram que se essa
decisão não tivesse sido tomada, Reagan teria morrido.
A questão da idade e experiência também se aplica a Dennis McCarthy. Sua
experiência de 15 anos como agente fez com que ele tomasse a “Grande Decisão”
décimos de segundos após Jerry Parr. Enquanto Parr e McCarthy responderam
simultaneamente, os demais ali presentes estavam longe de seus Momentos de
Reconhecimento. Nenhum dos que estavam ali presentes poderia ser mais rápido que os
disparos de Hinckley, então cresce de importância o fato de detectar e reconhecer o
Momento do Compromisso tão cedo quanto possível.
Por fim, vale ressaltar que com todo o avanço da tecnologia, para os atacantes,
esse avanço trouxe inovações como controle remoto para detonação de explosivos. Já
para os agentes de segurança as inovações foram verificadas em armas mais leves e
mecanismos de varredura para o corpo, veículos e instalações. Talvez por não termos
muitas mudanças nas estratégias de ataque, também não tivemos muitas mudanças nas
estratégias de defesa.
Não menos importante é citar o comportamento de muitos agentes, os quais acham
que seu trabalho se resume em esperar um comportamento alarmante, mas a história
mostra diferente, em especial esse atentado ao ex-presidente Reagan. Esperar não é a
estratégia mais efetiva. Estar presente, procurando o melhor suspeito no ambiente e,
então, assumir uma boa posição e ter uma pronta resposta a algum evento alarmante é a
melhor opção.
Capítulo 1
NOW (Agora)

“Esta não é a hora para pensar, nem para planejar. Esta é a hora de agir”.
- Moment of Commitment (Momento do Compromisso):
É o momento que marca o início de um ataque. É o instante em que a ameaça faz
uma ação que revelará sua intenção: sacar uma arma, avançar no meio da multidão com
uma faca, dentre outras. A ameaça sabe que após isso não voltará para casa quando
terminar sua ação. Começa a corrida entre segurança e letalidade.
- Moment of Recognition (Momento do Reconhecimento):
É o instante onde os agentes voltam suas mentes para o que está acontecendo.
Começa a leitura do ambiente, tomada de decisão e ação a ser executada em segundos ou
centésimos de segundos.
A maioria dos ataques públicos, do Momento do Compromisso até o final do
ataque, teve duração menor que 5 segundos. Ou seja, todo dano que poderia ter sido
causado, foi feito dentro desse tempo.
Muitos fatores influenciam o Momento do Compromisso:
- Quando o alvo entrará na zona de matar?
- Quanto tempo permanecerá lá?
- Os seguranças estão perto do atacante?
- Quando o alvo estará perto?
- A multidão está obstruindo meu ataque?
Estratégias efetivas de proteção podem influenciar a ameaça, retardando o
atentado, adiando o atentado ou até mesmo o cancelando. Estudos mostram que a maioria
dos atentados foi realizada a uma distância menor que 25 pés (aproximadamente 8
metros). Isso mostra que o foco dos agentes deve estar voltado para curtas distâncias e
não procurando atiradores em telhados.
Certo é que 100% dos atentados aconteceram ao mesmo tempo: Agora. E esse é o
único momento onde alguma coisa pode acontecer, ou seja, no presente. O resto é uma
memória (passado) ou uma fantasia (futuro), e nada no passado ou no futuro podem ferir
a autoridade. Focar a atenção no agora é a única maneira de estar presente e pronto no
evento para o momento do atentado e não apenas como um espectador assistindo ao
evento. O agente pode se colocar na posição perfeita para repelir um atentado e mesmo
assim não estar presente ou em condições de repeli-lo.
Agentes de Segurança sabem manter sua prontidão física, mas sua mente deve
estar preparada também. É ela que controla suas mãos, braços, pernas e olhos. Focar no
agora o deixa mais leve e ágil, ao passo que pensar em outras coisas o deixa mentalmente
pesado.
O disparo e o Momento do Reconhecimento são raramente simultâneos. Um
grande conflito é gerado nos agentes: agir prematuramente e ficar constrangido ou agir
tarde e arriscar tudo? O Momento do Reconhecimento é diferente de pessoa para pessoa.
Mas, certamente, para desvendar o quebra-cabeça antecipadamente sua atenção deve estar
focada no Agora. Se o agente está pensando em outra coisa, quando ele for chamado de
volta ele precisará de tempo para pousar, avaliar, concluir e agir perante o atentado ou ato
hostil.
A partir do Momento do Reconhecimento, os agentes estão enraizados no presente
e a uma terrível montanha-russa de decisões a tomar: cobrir a autoridade, parar o ataque,
subjugar o atacante, retirar a autoridade do local? Se a autoridade não foi atingida, sua
prioridade é tirá-la dali ou cobri-la. Se você está próximo do atacante seu objetivo passa
a ser cobrir a visão do atirador. Se a autoridade foi atingida, sua prioridade além de tirá-
la dali, deverá ser de estancar a hemorragia e levá-la aos cuidados médicos, além de
impedir que possa receber outro tiro.
Abaixo, segue um método que todo agente precisa conhecer e adotar em sua
carreira de segurança de autoridades, como se fosse um checklist:

Método Mnemônico LADDER:


- Logistics (Logística): capacidade de mover sem interferência ou atraso. Manter
a autoridade em movimento dificulta para o atacante;
- Advance (Adiantamento): tenha detalhes dos locais, rotas, recursos, saídas de
emergência, agenda, conheça os adversários, principais ocorrências;
- Distance (Distância): mantenha a autoridade na “máxima distância prática” do
público, na “mínima distância prática” entre agentes e autoridade e na “mínima distância
prática” entre agentes e público;
- Deterrence (Dissuasão): máxima prontidão e efetividade do módulo de
segurança, sempre;
- Evacuation (Evacuação): mantenha saídas de emergência desbloqueadas; e
- Response (Resposta/Decisão): mantenha-se pronto e com maior capacidade de
resposta perante a um ataque ou perigo.
Capítulo 2
TIME (Tempo)

Neste capítulo, vemos que atacantes são prejudicados pelo tempo e os agentes
devem estar mentalmente presentes e posicionados para, quase sempre, obter vantagens.
A ameaça é profundamente influenciada pelo tempo, e os agentes de segurança
que estiverem mentalmente presentes podem se prevalecer, quase sempre.
Imagine que você está prestes a ser testado. Na sua visão periférica, à direita, você
vê o vulto da autoridade. Sua atenção está voltada à esquerda, para um homem de
aparência atlética numa jaqueta esportiva que se encontra a 15 pés de distância
(aproximadamente 4,5 metros). Existem algumas pessoas atrás dele, mas você sabe que
este homem está prestes a sacar uma arma. O alvo, com certeza, é a autoridade. Ele está
tentando parecer casual. Você está se perguntando o que fará quando a arma for sacada,
o que está prestes a acontecer. Você pensa em se aproximar mais da ameaça, mas alguma
coisa te deixa enraizado pensando. A autoridade não será capaz de se mover sozinha para
fora do perigo e a ameaça saca arma. Em apenas 1 segundo seus batimentos cardíacos
chegam a 150 BPM, bombeando sangue para todo seu corpo, fazendo com que você se
mova em direção ao atirador. Você colide com ele, empurrando a arma para baixo. A
arma continua atirando com vocês dois no chão. Todos ali presentes assistiram a tudo
com maior atenção e viram que você se movimentou mais rápido que qualquer um. Todos
vão concordar que se você tivesse se movimentado mais devagar, o atirador teria feito
mais estragos. Qualquer observação agora, pouco importa. A autoridade levou um tiro na
cabeça.
Após um ataque bem sucedido, os agentes de segurança querem outra chance. Só
que desta vez você estará a 7 pés de distância (aproximadamente 2 metros) e a chance de
alcançar o atirador antes que comece a atirar será maior.
- Este exercício é chamado TAD – Time and Distance (Tempo e Distância).
O exercício é o seguinte:
O aluno no papel de ameaça recebe uma arma com 6 munições de Simunition
(uma munição a base de tinta para treinamentos). Ele se coloca a aproximadamente 20
pés (6 metros) da autoridade (representado por um alvo de papelão). Sua missão é
surpreender o outro aluno no papel de agente de segurança, sacando a arma o mais rápido
possível e disparando o máximo de disparo contra a autoridade antes de ser atingido pelo
agente de segurança. Ao aluno no papel de agente de segurança é dito que em 30 segundos
alguém sacará uma arma e tentará acertar a autoridade. Sua missão é reconhecer quando
irá acontecer e impedir que ele realize algum disparo.
TAD traz a oportunidade de estudar cada parte do ataque.
Os alunos como agentes sabem que qualquer movimento súbito é, certamente, o
Momento do Comprometimento e não há nada a pensar antes do Momento do
Reconhecimento.
No TAD, mesmo os agentes com a desvantagem de agir após os atacantes, se
estiverem posicionados próximos à ameaça, são capazes de impedir o ataque na maioria
das vezes.
Nos testes, citados no livro, o atacante era um instrutor de tiro altamente treinado
e capaz, ou seja, muito mais preparado que qualquer ameaça que for tentar um ataque. E
mesmo assim, quando o agente de segurança estava bem posicionado, ele conseguia
repelir o ataque. Estar “bem posicionado” é a lição a aprender nesse exercício.
- Primeiro round:
- O agente se encontra a 15 pés (4,5 metros) da ameaça:

- Segundo round:
- O agente se encontra a 7 pés (2 metros) da ameaça:
- Terceiro round:
- O agente se encontra próximo da ameaça (alcance do braço):

- Quarto round:
- O agente se encontra próximo da ameaça (alcance do braço), mas com os braços
pré-posicionados:

Normalmente este exercício é executado duas vezes, uma com o agente do lado
da mão dominante da ameaça, outra com o agente do lado da mão não dominante da
ameaça. Depois desses exercícios, é executado novamente adicionando mais um agente
na cena. Este agente fica próximo à autoridade e sua missão é cobri-la ou retirá-la dali.
Depois de cada round, os instrutores contabilizam a quantidade de tiros disparados, tiros
que acertaram a autoridade e onde acertaram (cabeça, pernas, tronco).
Nos atentados reais é difícil identificar precisamente os motivos da falha. Pode ser
a intervenção dos agentes, pode ser o erro ou falta de habilidade do atirador. No TAD,
quando um ataque falha é por causa da ação dos agentes de segurança, todas as outras
influências foram removidas. Quando a autoridade não é atingida significa que o agente
de segurança teve sucesso. Quando algum disparo atingiu a autoridade significa que o
sucesso foi da ameaça.
Como resultado, esse exercício mostrou que a 15 pés a probabilidade de sucesso
é da ameaça; a 7 pés a probabilidade é a mesma, tanto para a ameaça quanto para o agente
de segurança; a 0 pés os agentes de segurança quase sempre tem sucesso; Numa distância
de 15 pés pode-se observar mais pessoas na multidão, porém a probabilidade de sucesso
da ameaça é grande; na distância de 7 pés você pode além de observar muitas pessoas, ter
maior probabilidade de sucesso; no alcance de um braço ou com eles já pré-posicionados
além de ter quase 100% de chances de sucesso, o poder de dissuasão é grande e a ameaça
provavelmente nem atacará.
A probabilidade de sucesso dos agentes de segurança será muito maior num ataque
real do que no TAD pelos seguintes motivos: a habilidade da ameaça no TAD é muito
maior que de uma ameaça real; a autoridade provavelmente estará se movendo; o nível
de stress da ameaça real estará muito mais elevado.
Mesmo a ameaça no TAD tendo menos stress que uma ameaça real, verifica-se
que eles se desestabilizam quando os agentes de segurança estão indo em sua direção.
Conclui-se que, mesmo antes de alcançar a ameaça, o movimento do agente e o grito de
arma já estão trazendo benefícios para repelir o ataque. Isto acontece devido aos
batimentos cardíacos da ameaça aumentarem quando verificam que tem alguém tentando
impedir o ataque e a precisão no tiro está diretamente ligada a isso.
Outro exercício de TAD é fazendo com que a ameaça ataque em 10 minutos ao
invés de 30 segundos. Esse longo período pode fazer com que o desempenho do agente
diminua, por não conseguir permanecer tão atencioso por tanto tempo. Mas não é o que
acontece. Os agentes no TAD de 10 minutos tem mais sucesso que no TAD de 30
segundos. Isso se deve ao fato de ter mais tempo para ler o ambiente e verificar as pessoas
ali presentes. Além de já poder traçar estratégias caso alguma coisa aconteça. Com isso
foi verificada a necessidade dos agentes de segurança de se familiarizarem com o
ambiente e as pessoas ali antes da chegada da autoridade.
A segunda fase do TAD insere mais um agente na cena, com o objetivo de cobrir
e evacuar a autoridade no caso de um atentado. Inicialmente coloca-se o agente que vai
cobrir a autoridade a 7 pés e depois no alcance de um braço, conforme figura abaixo.
Dessa maneira, a possibilidade de sucesso dos agentes de segurança aumenta
substancialmente, mesmo tendo um agente a 15 pés de distância da ameaça. Um agente
foca na ameaça e o outro na autoridade (2 módulos). Uma coisa é certa, se o agente estiver
longe da autoridade (acima de 25 pés) em nada poderá interferir.
O sucesso da ameaça e que é comum nos cenários atuais, resume-se a três
condições: autoridade no centro do palco; agentes de segurança na lateral do palco;
nenhum agente próximo da ameaça. Para que isso não aconteça, o risco pode ser
diminuído se a autoridade se colocar ao lado do palco. Assim teremos agentes na lateral
do palco, inclusive longe das vistas do público. Deixar a autoridade a pelo menos 25 pés
(7,5 metros) do público, ter um agente de segurança a menos de 25 pés da autoridade, ter
um agente de segurança a menos de 25 pés do público, também se torna eficaz.
Nesse capítulo, certas lições para o agente de segurança são passadas: estar
presente; manter um pé na frente do outro; postura de prevenção; avançar contra a
ameaça; interromper o ataque é o objetivo principal; ganhar o controle da arma é um
objetivo secundário; agarrar a arma não é um componente do sucesso; buscar o meio do
braço, isso vai trazer uma probabilidade maior de sucesso; estar perto da ameaça; manter
a autoridade em movimento e não jogá-la no chão, para não mantê-la parada.
Algumas razões para mover a autoridade:
- A ameaça perde precisão quando tem necessidade de acompanhar a autoridade.
- Os agentes não sabem se não existe outra ameaça ou perigo. O atentado pode
não ter terminado.
- É difícil manter a ordem após um atentado. É impossível controlar a reação das
pessoas ali presentes.
- Após um atentado, mesmo que mal sucedido, os agentes precisam de tempo para
se reagrupar e recuperar a prontidão. Um atentado consome muita energia dos agentes.
- Uma lesão pode não aparecer imediatamente, como no caso do atentado contra
Ronald Reagan. Existem alguns casos em que as vítimas, mesmo feridas, não perceberam
imediatamente que se tratava de um atentado.
- Fora das vistas do público será mais fácil avaliar o impacto do incidente (o
embaraço de uma torta na cara, uma briga com paparazzi, etc.).
Uma ameaça quer o máximo de tempo possível entre o Momento do
Comprometimento e o Momento do Reconhecimento. Como os atentados envolvem
barulho (tiros, gritos), é difícil não chamar a atenção. Esse reconhecimento é um processo
mental estimulado por um evento físico.
Falando em termos gerais, existem dois tipos de agentes: os projetivos e os
protetores. Agente projetivo é aquele que vai se projetar contra a ameaça. Vai tomar
medidas ofensivas. Agente protetor é aquele que está mais próximo da autoridade e vai
protegê-la (cobrir, evacuar, etc.). Vai tomar medidas defensivas.
Ações projetivas são as que têm mais probabilidade de serem decisivas num
atentado. Se o agente estiver na mesma distância entre autoridade e ameaça é melhor
tentar alcançar a ameaça.
Durante um atentado, alcançar a autoridade e levá-la para longe do perigo gasta
mais tempo e esforço do que alcançar o braço da ameaça e interromper o ataque. O
admirável fato de se colocar na frente da autoridade para protegê-la só será possível se
outro agente avançar sobre a ameaça.
Se puder escolher, escolha estar perto da ameaça. Suas chances de sucesso serão
muito maiores. No caso de atentados com armas longas, onde a ameaça está longe e o que
estimula o seu Momento de Reconhecimento é o barulho do tiro, você terá apenas
medidas protetoras, sendo impossível se projetar contra a ameaça. Claro que a melhor
situação é termos agentes em ambas as funções: Projetivas e Protetoras.
Pode-se concluir que ações projetivas e protetoras são muito importantes e, se
combinadas, podem ser decisivas.
Capítulo 3
MIND (Mente)

Esse capítulo mostra que a memória é um bom servo, mas um mestre terrível. A
mente deve estar preparada para estar presente no único momento que alguma coisa pode
acontecer: Agora.
Para o agente reconhecer um ataque, ele deve estar lá mentalmente, não apenas
fisicamente. Prontidão existe só quando ambos, mente e corpo, estão preparados.
Atribuições periféricas podem tirar o foco.
A mente é construída para colocar e responder perguntas, para contar histórias,
para explicar coisas, para tomar conclusões. A mente é uma linha de montagem constante
que produz milhares de aplicativos inúteis e raramente produz algum de valor.
Quando um agente está perdido em pensamentos, ele está literalmente perdido no
momento presente. Estar presente no espaço é uma coisa, mas estar lá no tempo é o
principal. A mente deve ser domada e persuadida a ficar no momento atual,
principalmente no trabalho de segurança.
A grande questão/desafio é: Como estar no momento presente?
A resposta é: comprometimento, preparo físico, condicionamento da mente e a
prática de ver cada novo evento como, realmente, novo.
Poucas coisas removem a pessoa do momento presente tão completamente como
um desejo. No trabalho como agente de segurança, vício é definido como qualquer hábito
que leva ao desejo. Esse desejo pode tomar a atenção e só cessará quando for conseguido,
sendo que essa cessação é temporária. Nicotina, cafeína e açúcar são os produtos que as
pessoas mais anseiam, mas o que o corpo realmente quer é nutrição.
Permanecer no Agora significa livrar-se de sua mente e focar nos seus sentidos,
assim você perceberá o que está acontecendo em sua volta.
E se o exercício TAD de 30 segundos mudasse para 30 minutos?
Por um lado seria melhor, pois teria mais tempo para observar as pessoas no
ambiente, por outro lado ficaria mais difícil de manter-se focado por tanto tempo. Sua
mente quer fazer o que ela melhor sabe fazer: PENSAR. E pensar é muito diferente de
observar. Imagine aumentar o tempo de 30 minutos para 30 dias. Com certeza manter-se
focado o tempo todo seria impossível.
A tarefa de um agente é estar atento o tempo todo e manter-se assim por longos
períodos causa ansiedade, tensão e fadiga. E, assim, começa a prejudicar a capacidade de
perceber.
A mente não se aquieta. Sua missão é aprender, pensar, coletar informações e,
como crianças, ter sua atenção. Por isso as pessoas procuram paz de espírito, mas mente
e paz são opostos. Muitas pessoas são relutantes em ver sua mente como obstáculos. A
mente está entre a percepção de alguma coisa e a resposta.
Quando se escuta um barulho parecido com tiro existem vários passos até definir
se é um tiroteio ou não. Tem a vibração do tiro, o caminho neural até o cérebro, a
avaliação e a conclusão. Não se percebem essas etapas, percebem-se apenas os seus
efeitos combinados. Cada percepção inclui esses passos. Entretanto, quando se conclui
que se trata de um tiroteio, é necessário respeitar essa conclusão e agir sem pensar. Se
continuar a pensar em algo, a mente questionará a conclusão.

- Zen na Arte da Proteção (ZAP)


ZAP significa visão intuitiva direta. É estar focado no objetivo, na missão, sem
intermediação pela mente, sem intermediários, sem mediação. Significa perceber
milhares de flashes mentais e descartá-los rapidamente para que abra espaço para o
próximo que pode ser importante.
Por exemplo, a autoridade está em uma premiação e o show atrasou, o agente não
se importa. O show foi bom ou ruim, o jantar está frio, o agente não se importa. Os
organizadores estão felizes ou tristes, o agente não se importa. Se o evento demorou a
terminar ou não, não importa. O agente tem que estar fazendo a segurança da autoridade
e retirá-la dali independente da hora que terminará. Idealmente, qualquer coisa que
acontece na sua percepção deve passar pelo filtro: Isto é relevante? Isto pode ser
relevante? Se a resposta para ambas as questões for não, é necessário deixar a percepção
livre para o próximo acontecimento.
Não é fácil parar o pensamento habitual da mente. A missão da mente é analisar,
avaliar e reavaliar. Um agente de segurança deve se esforçar para domar sua mente e focá-
la na sua atividade de segurança. A vitória vem quando ocupamos um território. Na
atividade de segurança deve-se ocupar a mente e impedi-la de que ela se ocupe de outras
coisas. Ocupar a mente com eventos reais que acontecem no ambiente, percebendo as
coisas que estão acontecendo e descartando-as posteriormente.
A mente vai tentar se agarrar nas coisas que já passaram (memória), mas o agente
pode usar a realidade para mantê-lo neste momento.
Alguns podem dizer que aquele barulho alto o distraiu. Mas não. Ele trouxe o
agente de volta para o ambiente e fez com que ele percebesse o que estava a sua volta.
Pensamentos são mais destrutivos para a missão do que pequenas ocorrências no
ambiente. Flashes de câmeras, pessoas interrompendo a passagem, balões estourando,
criança chorando. Essas percepções fazem o agente ficar focado no Agora.
Se a mente tem dificuldade em descartar percepções, deve-se dar um nome rápido
ou um rótulo para cada uma. Assim o agente convencerá sua mente de que esta tarefa está
completa. É notável que nomear baseado no comportamento é muito mais importante para
a missão de segurança, do que se basear na aparência.
Na prática, ao invés de dar à mente uma missão que rapidamente se cansará, como
procurar assassinos, que tal uma atribuição mais fácil de obter sucesso como: ver e
registrar comportamentos relevantes, mesmo que sem possibilidades de atacar? Por
exemplo, um homem entre a autoridade e você (agente) com a mão no bolso ou alguém
com a respiração ofegante perto da autoridade. O agente estará sempre procurando
alguma coisa que encontrará e sua mente não se cansará disso. Logicamente que essa
percepção durará o tempo necessário para que continue sendo interessante.
Como se sabe que está no Agora? Pelo reconhecimento constante de novas
informações do ambiente. Não é só ver o que está acontecendo, mas processar o que está
acontecendo. Por exemplo, quando a autoridade aperta a mão das pessoas na multidão, o
agente está sendo apresentado a uma nova informação a todo instante. Sua mente está
ocupada com cada acontecimento: uma mão, um corpo, um rosto, uma expressão no rosto.
Não está pensando, está percebendo.
No meio da multidão é fácil se manter no Agora, pois surgem várias percepções
no meio dos empurrões. Contudo é muito difícil fazê-lo durante um discurso político.
Então como se manter presente durante um discurso? Não se deve ouvir o
discurso. Ouvir o discurso é oposto de estar no Agora.
E como os agentes de segurança podem se preparar melhor para a selvageria e
velocidade de um ataque?
Treinando, é claro. Um tipo muito específico de treinamento que oferece a
experiência de um ataque violento. Tem que ser uma experiência que os deixem
completamente engajados face ao medo, dor e stress. Nos exercícios TAD, citados
anteriormente, a carga de stress é pouca.
Um treinamento eficaz é colocar os alunos no papel de agentes e simular um
deslocamento a pé com a autoridade e, então, atirar neles e na autoridade com Simunition
(Munição de tinta). Os alunos só devem usar proteção na cabeça, pois quando um tiro
acerta, dói bastante. E neste contexto a dor é boa, faz parte do processo de vacinação.
Essas simulações de ataque com uso de Simunition estão ganhando uma aceitação mais
ampla. Já o treinamento corpo-a-corpo não é um método totalmente eficaz, pois os alunos
sabem que o instrutor ou outro aluno não vai machucá-lo a ponto de causar uma lesão.
No momento de um ataque real, é necessário ter a certeza que a ameaça não está
atacando você. Já o contrário é verdade. Depois do Momento do Reconhecimento o
agente é o predador e a ameaça é a presa. Se o agente se ver como uma presa, seu corpo
agirá como uma. A presa não ataca, ela foge.
É verdade que uma ameaça comprometida, inicialmente, é mais suscetível de estar
no momento presente que o agente de segurança, mas no momento que isso acontecer, o
agente deve agir como predador. A melhor analogia da natureza com a atividade de
segurança é o cão pastor e as ovelhas. O cão pastor é um predador que tem a missão de
proteger o rebanho de outros predadores.
Aparência é essencial. Quando o agente está totalmente presente de corpo e mente,
atento, mas não ansioso, todos vão observar e sentir sua prontidão, inclusive a ameaça.
Prontidão é a melhor dissuasão. A maneira de olhar as pessoas pode realçar a dissuasão.
Quando o agente combina prontidão com posicionamento ideal, ele está realmente
protegendo e não apenas esperando.
Segue alguns atributos do agente que demonstram prontidão: Pareça interessado,
envolvido, engajado; não converse desnecessariamente com outras pessoas, inclusive
agentes; mãos livres e prontas; terno, casaco ou camisão desabotoado para facilitar o
acesso aos equipamentos; contato visual com todos nas imediações da autoridade; mostre
desconfiança, deixe os suspeitos sentirem que você está atrás deles; esteja bem
fisicamente e exalando um ar de confiança; assuma uma posição forte e uma postura
equilibrada. O agente pode escolher andar do lado esquerdo ou direito da autoridade. Essa
pequena decisão mudará quem o agente vai encontrar, quais opções ele tem, que opções
ele perdeu. Figurativamente, emerge um universo de possíveis resultados a cada pequena
escolha do agente.

Capítulo 4
SPACE (Espaço)

Já neste capítulo veremos que cada local tem vantagens e desvantagens e as ações
podem ser melhores ou piores dependendo da maneira como o agente avança ou se
posiciona.
A maioria dos ataques a pessoas protegidas são sobre objetos em movimento
através do espaço, mas geralmente os objetos são projéteis.
O espaço também é relevante para a missão de segurança em vários aspectos
importantes que são independentes do tempo:
1. Precisão – a quantidade de espaço entre atacante e alvo influencia
profundamente a precisão do atacante. Atacantes que dispararam com armas curtas contra
alvos dentro de 25 pés (6 metros) normalmente atingem os seus objetivos.
2. Método de ataque - distância ajuda a limitar os métodos de ataque disponíveis.
À curta distância, um atacante pode usar com sucesso uma faca, revólver, arma longa,
espada, dispositivo de injeção, martelo, machado, explosivo, veneno, ou punho - mas se
ele está a mais que 25 pés, a lista de opções de ataque restringe profundamente.
3. Controle de acesso - o uso estratégico do espaço permite aos agentes obrigar as
pessoas a estarem longe da autoridade (por exemplo, controle de acesso nos bastidores de
um evento, o que limita o acesso à parte da frente do palco, controle de acesso no local
de trabalho da autoridade, ou em casa, impondo limites tripulados ao redor da autoridade
enquanto se move em público).
4. Vantagem - vantagem é o comandamento perspectivo e visão abrangente que
pode proporcionar vantagem. Ao avaliar a vista, pergunte a si mesmo: Quem tem a maior
elevação? Que obstáculos estão entre atacante e alvo que possa beneficiar um ou outro?
Quem é ajudado pela iluminação relativa (por exemplo, é o alvo iluminado e o atacante
no escuro)?
5. Ocultação - situações e configurações que permitem que um atacante se esconda
ou esconde sua intenção e tenha a oportunidade de atacar sem o envio de um sinal de
grande parte do local do evento.
Ao contrário de tempo, que é uma constante imutável, cada um destes fatores
acima referidos podem ser influenciados pelos agentes durante a formatação do evento,
como por exemplo, na escolha da sala segura, rotas de fugas, acomodações temporárias,
e o mais importante, a área de embarque e desembarque em público.
Os agentes nem sempre podem convencer as autoridades a tomar as posições que
são mais seguras, mas geralmente têm uma influência substancial sobre a sua própria
posição. Segundo o TAD, quanto mais próximo do atacante o agente estiver, mais fácil é
para reagir ao ataque. O mais importante não é algemar ou prender o agressor e sim, em
um primeiro momento, atrapalhar o atacante de realizar sua ação.
Treinamentos mostraram que é melhor para agentes se posicionarem do lado
esquerdo dos atacantes, porque atacantes consistentemente têm desempenho mais fraco
quando são surpreendidos por um agente a partir de seu lado não dominante - e para a
maioria das pessoas, isso é sua esquerda.
Quanto mais longe um atacante estiver quando ele for cometer um atentado,
melhor é para o agente, pois significa mais tempo de resposta. Cordões (unifilas) não
impedem as pessoas de entrarem em um espaço, mas quando entram enviam uma
mensagem clara: "Estou violando as regras”.
Nem sempre é possível perceber um grande espaço em branco, por exemplo, em
aparições em público e, quando isso ocorrer, deve-se criar um espaço através um cordão
de agentes ao redor da autoridade.

Barricadas ou corredores podem ajudar a criar alguns espaços em branco para a


autoridade, a qual não deve aproximar-se ou debruçar-se sobre elas, por coerência, e
sempre que possível. Em campanhas políticas, por exemplo, as autoridades devem
cumprimentar as pessoas de seu lado das barricadas.
Para que ataques à curta distância possam ter sucesso, os atacantes querem três
vantagens específicas que podem ser descritas com a sigla ACE (Access, Concealment e
Escape), traduzindo, acesso, ocultação e escape.
Acesso - o atacante tem de ser capaz de chegar perto o suficiente para lançar um
ataque eficaz.
Ocultação - o ambiente deve proporcionar ao atacante alguma ocultação.
Escape - apesar de fuga não ser um requisito de ataque, fuga é, no entanto, uma
questão que muitos atacantes consideram.
Já os agentes de segurança também podem se valer dessa sigla (ACE):
Acesso - o acesso bloqueado para as pessoas que poderiam lançar um ataque.
Ocultação - recursos e proximidade suficiente para que os agentes tenham a
capacidade de cobrir a autoridade em caso de ataque.
Escape - uma rota desbloqueada, rápida para fuga.
É muito comum ver uma pessoa protegida durante uma aparição pública e pensar:
"Qualquer um pode andar até ele", ou "Os seguranças não estão perto o suficiente", ou
"Eles não têm uma saída de emergência", ou “Eles não olham para as ameaças“. Isso,
nada mais é que estar avaliando quem e como poderiam utilizar o ACE.
Algo muito útil é se valer de um Posto de Observação Tática. Por exemplo, existia
um excelente posto de observação que poderia ter sido ocupado durante o ataque de
Hinckley, diretamente acima das pessoas que estavam mais próximas do presidente:
É sabido que os atacantes muitas vezes exibem comportamentos observáveis de
pré-ataque antes de seu momento de comprometimento, embora eles procurem esconder
a sua intenção. Por conseguinte, eles podem ajustar uma arma sob sua roupa, ou se
deslocarem temporariamente para uma área que eles acreditem que é fora da vista, ou
andarem para trás e para frente, ou verificarem saídas diferentes em torno de um hotel,
procurando maneiras de encontrar o alvo. O agente no posto mais alto é dedicado a
observar todas as pessoas no ambiente. A missão é de várias maneiras semelhantes ao de
um contra-sniper, exceto que um agente em um posto de observação não precisa estar
preparado para atirar em ninguém, e não precisam sequer ser armado. Sua
responsabilidade é observar os comportamentos suspeitos, e comunicar os detalhes aos
agentes no chão.
O agente no posto de observação deve reportar o que está vendo sem edições, sem
esperar por informações conclusivas, e sem qualquer preocupação se está sendo errado.
Nesse caso, o agente pode ser claramente visível aos membros do público em geral
que por acaso olhar para cima, e isso pode trazer o benefício de dissuasão.
Outro benefício é que, se o pessoal de segurança ocupar as melhores posições
elevadas, consequentemente, essas posições serão negados aos possíveis atacantes.
Por outro lado, se o agente no posto de observação estiver dissimulado, o atacante
terá menor preocupação em esconder suas intenções, sendo assim mais fácil de ser
identificado.
É uma questão a ser avaliada de acordo com o cenário e a situação de momento.
Capítulo 5
SEE (Ver)

Por fim, neste último capítulo veremos como identificar e avaliar os melhores
suspeitos, pois eles sempre estão presentes. É necessário identificar e analisar os maiores
suspeitos.
Como exemplo, temos o caso da tenista Mônica Seles, a qual sofreu um atentado
com faca ao entrar em quadra, no início da década de 90. Ela possuía dois seguranças,
porém esses eram profissionais de outras áreas, não possuindo a devida qualificação. Eles
até são capazes de identificar e localizar os suspeitos, mas não conseguem agir de maneira
eficiente para evitar o ataque. Nesse caso, um dos seguranças disse que suspeitou do
agressor, que andava de maneira estranha e olhava de maneira suspeita. No entanto, não
souberam como proceder. Como conclusão do autor, faltou aos seguranças manter uma
distância adequada de quem era suspeito, de maneira a serem capazes de tomar alguma
atitude.
Qualquer pessoa que chame a atenção de alguma forma e mereça cuidado é um
suspeito em potencial. Suspeitar de alguém muitas vezes tem uma conotação ruim. No
entanto, como seguranças a mentalidade deve ser: alguém nos escolhe para suspeitar!
Olhar é muito importante, mas será a atitude para impedir que o ataque ocorra que
fará a diferença na vida de um segurança.
Muitos ataques são evitados quando o agressor não se sente seguro ou preparado
para que o ataque ocorra. Se o agente estiver na melhor posição possível em relação ao
agressor, certamente ele não se sentirá seguro.
Vale salientar que suspeitos existem em todos os lugares.
Caso identifique um suspeito, mande uma “mensagem” para essa pessoa de que
você está atento nas atitudes e movimentos que ela possa vir a fazer, intimidando-a. Não
subestime a capacidade dessa pessoa. Estar ciente do suspeito e estar mais bem
posicionado lhe deixarão em vantagem sobre o agressor.
Se o agente achar que não há suspeito, tente novamente. Deve haver. É preciso
encontrá-lo. Achando, posicione-se de maneira a prejudicar o momento do
comprometimento desse possível agressor, atrasando-o, e o mantendo preocupado com a
sua presença. É melhor o agente estar errado por 4 pessoas distantes, do que por quatro
horas de distância. Ou seja, é melhor estar perto da pessoa errada, mas estar presente
(NOW), do que perto da pessoa certa, mas perdido em pensamentos.
Alguns indicativos são fáceis de serem notados quanto à atitude do suspeito,
como: mãos fora da posição, respiração alterada, manutenção rígida da posição e
cruzando frequentemente com a autoridade protegida.
É preciso observar e monitorar a plateia e sempre suspeitar de determinadas
atitudes, como: pessoa com casaco e suando de calor, pessoa que constantemente organiza
a bolsa e pessoa mais atenta ao segurança do que ao próprio show.
Um assassino não tem medo de ser preso, mas tem medo de falhar. São na maioria
das vezes atrevidos e destemidos.
Existe uma tendência natural para que um segurança, após permanecer atento um
bom tempo observando um suspeito sem que o mesmo agrida alguém, relaxe a sua
atenção para esse suspeito. No entanto, quando a leitura do ambiente foi bem feita, a
atitude deve ser contrária. Deve-se redobrar a atenção porque o ataque deve estar se
aproximando.
Não se pode abrir mão do instinto!
Como citado no início desse resumo, vimos um pouco da história da tentativa de
assassinato do ex-presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, bem como formas de
treinamento dos agentes de segurança presidencial, focadas em vários fatores que
auxiliam e interferem na atividade de segurança de autoridades.
O livro traz um contexto rico em detalhes desta atividade que envolve grande risco
e demanda muito profissionalismo e resiliência, a segurança de autoridades.
Vimos, também, em seus cinco capítulos, cinco detalhes importantíssimos e que
devem ser levados em consideração durante os treinamentos, bem como durante todo o
exercício da atividade. O agente precisa estar focado no agora; o tempo tem grande
influência e precisa ser usado a favor dos agentes; a mente deve estar sempre no presente;
o espaço traz vantagens e desvantagens, tanto para agentes, quanto para a ameaça e, por
fim, é necessário identificar e avaliar os melhores suspeitos.
Mais uma vez, vale observar que este resumo não trata apenas de um resumo de
um livro, mas serve também como uma espécie de cartilha para a formação, aprendizado
e constante fonte de consulta para o agente de segurança de autoridades.

Você também pode gostar