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EB70-CI-11.

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MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES

CADERNO DE INSTRUÇÃO
PRIMEIRO INTERVENTOR EM
SITUAÇÕES DE CRISE

Edição Experimental
2021
EB70-CI-11.456

MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES

CADERNO DE INSTRUÇÃO
PRIMEIRO INTERVENTOR EM
SITUAÇÕES DE CRISE

Edição Experimental
2021
EB70-CI-11.456
EB70-CI-11.456

PORTARIA Nº 054-COTER/C Ex, DE 14 DE JUNHO DE 2021.


EB: 64322.002753/2021-32

Aprova o Caderno de Instrução Primeiro


In­terventor em Situações de Crise (EB710­
-CI-11.456), Edição Experimental, 2021,
e dá outras providências.

O COMANDANTE DE OPERAÇÕES TERRESTRES, no uso da


atribuição que lhe conferem os incisos II e XI do art. 10 do Regulamento do
Comando de Operações Terrestres (EB10-R-06.001), aprovado pela Portaria
do Comandante do Exército nº 914, de 24 de junho de 2019, e de acordo
com o que estabelece os Art. 5º, 12º e 44º das Instruções Gerais para as
Publicações Padronizadas do Exército (EB10-IG-01.002), aprovadas pela
Portaria do Comandante do Exército nº 770, de 7 de dezembro de 2011,
e alteradas pela Portaria do Comandante do Exército nº 1.266, de 11 de
dezembro de 2013, resolve:

Art. 1º Fica aprovado o Caderno de Instrução Primeiro In­


terventor em Situações de Crise (EB710­-CI-11.456), Edição Experimental,
2021, que com esta baixa.

Art. 2º Esta portaria entrará em vigor e produzirá efeitos a


partir de 1º de julho de 2021.

Gen Ex JOSÉ LUIZ DIAS FREITAS


Comandante de Operações Terrestres

(Publicada no Boletim do Exército nº 25, de 25 de junho de 2021)


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FOLHA REGISTRO DE MODIFICAÇÕES (FRM)

NÚMERO ATO DE PÁGINAS


DATA
DE ORDEM APROVAÇÃO AFETADAS
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ÍNDICE DOS ASSUNTOS
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CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
1.1 Finalidade ................................................................................................... 1-1
1.2 Considerações Iniciais.................................................................................1-1

CAPÍTULO II – DEFINIÇÕES
2.1 Crise............................................................................................................2-1
2.2 Características da crise...............................................................................2-1
2.3 Gerenciamento de crise...............................................................................2-1
2.4 Alternativas táticas...................................................................................... 2-1
2.5 Negociação ................................................................................................ 2-2
2.6 Negociador ................................................................................................. 2-2
2.7 Primeiro Interventor .................................................................................... 2-2
2.8 Tipos de Negociação ................................................................................. 2-3

CAPÍTULO III – MEDIDAS INICIAIS


3.1 Finalidade.................................................................................................... 3-1
3.2 Aproximação................................................................................................ 3-1
3.3 Cerco.......................................................................................................... 3-2
3.4 Isolamento................................................................................................... 3-2
3.5 Segurança................................................................................................... 3-2

CAPÍTULO IV – PROTEÇÃO COLETIVA


4.1 Regras da Comunicação Inicial ..................................................................... 4-1
4.2 Fases da comunicação inicial ....................................................................... 4-2
4.3 Solução da Crise ........................................................................................ 4-6

ANEXO A
Fluxo do Conhecimento ................................................................................ A-1
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ANEXO B
Melhorias do Cerco e Isolamento ................................................................ B-1

ANEXO C
Registro da Evolução dos Acontecimentos (REA) .......................................... C-1
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CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO

1.1 FINALIDADE
- O presente Caderno de Instrução tem por finalidade apresentar os conheci-
mentos básicos sobre as condutas e procedimentos a serem adotados pelos
militares do Exército Brasileiro (EB) como Primeiro Interventor em situações tí-
picas de crise.

1.2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS


1.2.1 Todos os militares da Força devem ter capacidade de abordar situações
típicas de crise no nível tático, com intuito de proporcionar uma pronta resposta,
solucionando ou evitando que a situação de crise se agrave.
1.2.5 Entende-se que primeiro interventor é aquele militar que primeiro depara-se
com uma situação de crise e deve estabelecer uma comunicação inicial a fim de
evitar a escalada da crise.
1.2.6 Assim, o Caderno de Instrução do Primeiro Interventor em Situações de
Crise tem como objetivo principal apresentar ferramentas básicas que possam
ser utilizadas por todos os militares do EB, permitindo que tenham noção dos
procedimentos e forma de comunicação que devam ser adotados diante de si-
tuações de crise.

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CAPÍTULO II
DEFINIÇÕES

2.1 CRISE
2.1.1 Crise é toda e qualquer situação que envolve grave perturbação da ordem
ou ameaça à vida que necessitem emprego imediato e adequado da Força.
2.1.2 Numa situação de conjuntura perigosa, difícil ou decisiva, pode haver gra-
ve perturbação dos acontecimentos da vida cotidiana, rompendo padrões tradi-
cionais, de alguns ou de todos os grupos integrados na sociedade.

2.2 CARACTERÍSTICAS DA CRISE


2.2.1 GRAVE COMPROMETIMENTO DA ORDEM
- As ações do(s) causador(es) da crise pela natureza, origem, amplitude e vulto
representam ameaça potencial à estabilidade institucional.
2.2.2 AMEAÇA À VIDA
- Situação de risco iminente de morte.
2.2.3 PREMÊNCIA DE TEMPO
- Necessidade de providências imediatas sob pena de danos maiores.
2.2.4 IMPREVISIBILIDADE
- Não se pode antever com exatidão quando determinada situação ocorrerá, por
exemplo, catástrofes ou acidentes.

2.3 GERENCIAMENTO DE CRISE


- É o processo de análise dos fatores de decisão, combinado com a aplicação
de meios internos e externos disponíveis, com o objetivo de resolver uma crise.

2.4 ALTERNATIVAS TÁTICAS


2.4.1 LISTAGEM DAS ALTERNATIVAS
a) Negociação;
b) Tecnologia Menos Letal;
c) Tiro de Comprometimento (caçador); e

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d) Intervenção - uso da Força de Choque ou Combate em Recinto Confinado
(CRC).
2.4.2 TECNOLOGIA MENOS LETAL
- São todos os armamentos e munições que visam incapacitar temporariamente
uma ou mais pessoas, buscando evitar danos permanentes e a morte;
2.4.3 TIRO DE COMPROMETIMENTO
- É aquele realizado por atirador especializado com a finalidade de neutralizar um
alvo específico buscando extinguir qualquer dano colateral;
2.4.4 INTERVENÇÃO
- Pode ser realizada através da ação da Força de Choque (caso a crise se trate
de uma turba) ou da Entrada Tática, quando o espaço da crise estiver reduzido
a um aparelho ou semelhante.

2.5 NEGOCIAÇÃO
2.5.1 A negociação é a forma mais tradicional de solução de conflitos e a mais
acessível. É quando as partes, por meio do diálogo, expõem os interesses, de
forma pacífica e independente.
2.5.2 A Negociação em Gerenciamento de Crises é o processo de resolução de
conflitos desenvolvidos entre a Equipe de Negociação e um ou mais causadores
da crise, podendo haver vítimas ou não.

2.6 NEGOCIADOR
- Militar especializado com capacidade de conduzir eventos críticos através do
processo de negociação prestando apoio e suporte à estrutura de gerenciamento
de crise que foi acionada para condução e controle do evento crítico.
- Normalmente, o processo de negociação é conduzido por uma Equipe de Ne-
gociação.

2.7 PRIMEIRO INTERVENTOR


2.7.1 Consiste no militar que se depara com uma situação típica de crise, inde-
pendentemente do posto, graduação ou antiguidade. A atuação é fundamental
para não agravar a crise e resolvê-la com o menor esforço possível.
2.7.2 O primeiro interventor tem a missão de estabelecer a Comunicação Inicial,
que consiste no primeiro contato, sem concessões, realizado com a finalidade
exclusiva de ganhar tempo e levantar informações para buscar a solução pacífica
ou a continuidade do processo até a chegada da Equipe de Negociação.

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OBSERVAÇÃO: Deve-se evitar que o primeiro interventor seja o militar mais
antigo presente.
2.7.3 O primeiro interventor deve ter capacidade de identificar uma situação de
crise, conhecendo as características de um evento crítico. Deve saber como
proceder em crises com ou sem causadores e conhecer a doutrina de gerencia-
mento de crise, bem como as alternativas táticas, no intuito de prover o máximo
de informações e suporte necessário caso ocorra uma escalada da crise até a
chegada da Equipe de Negociação.

2.8 TIPOS DE NEGOCIAÇÃO


2.8.1 COMUNICAÇÃO INICIAL
- Consiste na comunicação realizada pelo Primeiro Interventor. Deverá ser
conduzida de forma a não prometer nada, nem firmar compromissos que não
possam ser cumpridos. Consiste prioritariamente em buscar de forma pacífica
a solução da crise ou evitar o escalonamento. Apesar de não ser especializado
em negociação, é de vital importância que o Primeiro Interventor tenha noções
básicas das regras e técnicas de negociação, com o objetivo principal de não
cometer erros que possam prejudicar ou comprometer o andamento das ações.
2.8.2 NEGOCIAÇÃO REAL OU PURA
- É o processo de convencimento dos causadores da crise por meios pacíficos,
trabalhando com emprego de técnicas de psicologia, barganha ou atendimento
de reivindicações razoáveis, realizada por elemento especializado em nego-
ciação (negociador).
2.8.3 NEGOCIAÇÃO TÁTICA
- É o processo de coleta e análise de informações para avaliar a necessidade de
acionamento das demais alternativas táticas (Tecnologia menos letal, Emprego
de Caçadores e de Tropa de Intervenção) para solução da crise ou mesmo para
facilitar o emprego. Nessa análise, deverão ser empregados recursos eletrônicos,
tecnológicos diversos e a utilização de Estória Cobertura.

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CAPÍTULO III
MEDIDAS INICIAIS

3.1 FINALIDADE
3.1.1 GENERALIDADES
- A partir do momento em que o militar se depara com uma crise, inicia-se o pro-
cesso de comunicação inicial.
- Medidas de caráter imediato deverão ser adotadas logo nos primeiros instan-
tes, a fim de favorecer o posterior controle e a própria condução do evento.
3.1.2. A FRAÇÃO QUE PRIMEIRO IDENTIFICAR A SITUAÇÃO COMO CRISE
DEVERÁ (ACRÔNIMO CIC):
- cercar o ponto crítico (bloquear saídas);
- isolar a área problema (impedir entrada); e
- comunicar (estabelecer comunicação inicial).
Obs.: Após a solução da crise, se for o caso, os envolvidos poderão ser encami-
nhados para a autoridade judiciária competente (consultar a Assessoria Jurídica)
e/ou assistência médica adequada.

3.2 APROXIMAÇÃO
3.2.1 As situações de crise podem evoluir e tomar maiores proporções. A apro-
ximação neste caso deverá seguir o mesmo método de aproximação de uma
abordagem tática.
3.2.2 Abrigos como muros, postes, viaturas e escudos balísticos poderão ser
utilizados pelo 1º interventor. Quando no interior de aparelhos, a abordagem
deverá ser realizada na entrada do cômodo ou do cômodo anterior.
3.2.3 O risco da crise define o limite de aproximação entre o(s) causador(es) da
crise e o primeiro interventor. Deve-se buscar respeitar este espaço conforme a
exigência da situação tática, primando sempre pela própria segurança e pela de
terceiros.
3.2.4 Por meio da verbalização será possível levantar informações para escla-
recer a situação, sendo viável definir se ela se trata de uma situação de crise ou
não.

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3.3 CERCO
- O cerco de uma situação de crise tem como finalidade principal não permitir
que ele se torne móvel, ganhando proporções maiores, gerando maior número
de vítimas e ampliando o raio de ação.

3.4 ISOLAMENTO
- O isolamento de uma situação de crise tem como finalidade impedir o acesso
de pessoas externas ao local.

3.5 SEGURANÇA
- A segurança do 1º interventor deverá se constituir o aspecto principal na abor-
dagem de uma situação de crise. Deve-se sempre verificar se o militar dispõe
dos meios necessários para realizá-la.

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CAPÍTULO IV
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO INICIAL

4.1 REGRAS DA COMUNICAÇÃO INICIAL


- Estabelecer a Comunicação Inicial através da verbalização com segurança.
- O militar que estabeleceu a Comunicação Inicial deve ser o único elemento de
ligação entre o(s) causador(es) da crise e a tropa.
- Não se aconselha que o comandante da fração ou militar mais antigo presente
seja o primeiro interventor.
- Contribuir, se for possível, com o Cerco e Isolamento do local da crise.
- Nunca perguntar o que o causador da crise quer, e sim buscar esclarecer a
situação e as motivações.
- Evitar que ocorram “bate-bocas”, e buscar manter o equilíbrio emocional.
- Para estabelecer a comunicação, buscar adequar o tom de voz ao do causador
da crise.
- Evitar dirigir ou responder xingamentos do causador da crise.
- Evitar conceder prematuramente as exigências ou barganhas (se for o caso).
- Não comentar sobre mortes e outros assuntos de maneira negativa (crise com
suicida).
- Evitar utilizar a palavra “refém”.
- Quando a arma estiver apontada para o primeiro interventor, exigir que seja
abaixada.
- Elaborar perguntas que exijam respostas além do SIM ou NÃO.
- Deixar o causador da crise falar, evitando interrompê-lo.
- Usar linguagem adequada ao causador.
- Nunca dar as costas para o causador da crise.
- Durante o diálogo, evitar movimentos bruscos.
- Conduzir, através da verbalização, a solução da crise.

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4.2 FASES DA COMUNICAÇÃO INICIAL
4.2.1 ESCLARECIMENTO DA SITUAÇÃO
4.2.1.1 Informações a serem levantadas
- O Primeiro Interventor deverá realizar o esclarecimento da situação do(s)
causador(es) da crise, quando for possível, levantando informações com as pes-
soas ao redor do evento, através da verbalização ou observando, devendo ser
levantadas as seguintes informações:
a) Motivo aparente da situação de crise?
b) “O que os causadores da crise estão dizendo e/ou fazendo?”
c) Por quanto tempo a situação está ocorrendo?
d) “Há quanto tempo isto está acontecendo/ Desde quando a situação está ocor-
rendo?”
e) Possui algum instrumento de retenção?
f) “Ele(s) está(ão) armado(s)(pistola, fuzil, granada, faca, facão, porrete, bastão,
entre outros)?”
g) Características gerais físicas e estado emocional do causador da crise?
1) Características físicas:
− estatura: baixa, mediana, alta;
− cor da pele: branca, preta, parda;
− cabelo: curto, longo;
− cor do cabelo: castanho, preto, loiro, branco, grisalho;
− compleição física: gordo, magro;
− sinais no corpo: tatuagens, cicatrizes;
− roupas que esteja usando;
− acessórios; e
− outras características marcantes.
2) Características psicológicas:
− emocionalmente perturbado, depressivo, alcoolizado, em surto psicótico,
agressivo, passivo, cooperativo, colaborativo etc.
h) “Quem é(são) o(s) causador(es) da crise? Como ele(s) é(são) e como ele(s)
está(ão) se comportando?”
i) Local e as características?

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j) “Onde está ocorrendo a crise/ onde o causador da crise está?”
k) Pessoas envolvidas, vítimas e feridos?
l) Quantas pessoas estão envolvidas?
m) Há pessoas sendo ameaçadas?
n) Há feridos ou mortos?
o) Há crianças, idosos, deficientes e mulheres grávidas?”
4.2.1.2 Após esclarecer a situação, o 1º interventor tem melhores condições para
informar o escalão superior e preparar a aproximação.
4.2.2 PREPARAÇÃO E APROXIMAÇÃO
4.2.2.1 Questionamentos para a aproximação
4.2.2.1.1 Levando em consideração a situação esclarecida, deverão ser consi-
derados aspectos como a segurança do 1º interventor e a segurança das pesso-
as envolvidas, inclusive do causador da crise.
4.2.2.1.2 Deverão ser respondidas as seguintes perguntas:
a) É seguro me aproximar?
(Se há riscos para o 1º interventor, para outras pessoas ou até mesmo para o
causador da crise);
b) Tenho meios para prover minha segurança?
(Abrigos, EPI, MEM, outros militares que possam realizar minha segurança);
c) Até onde posso chegar?
(Distância máxima de segurança - considerar alcance útil do armamento do cau-
sador da crise, se for o caso);
d) Por onde vou? Como vou?
(Rota de aproximação mais adequada e método para se aproximar);
e) Quando vou?
(Momento ideal para realizar a aproximação).
4.2.2.2 Realizada a aproximação, o 1º interventor irá buscar estabelecer a co-
municação inicial.
4.2.3 ESTABELECIMENTO DA COMUNICAÇÃO INICIAL
4.2.3.1 O Primeiro interventor deverá citar o próprio nome e tentar buscar o
nome do causador da crise

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EXEMPLOS DE APRESENTAÇÃO

Quando se tratar de um grupo, buscar identificar a liderança.


- Meu nome é ______________ .
- Qual seu nome/ Como posso chamá-lo?

Quando se tratar de um grupo ou turba:


- Quem é o chefe/líder/responsável/representante?
- Meu nome é ______________ .
- Qual seu nome/ Como posso chamá-lo?
4.2.3.2 O 1º Interventor deverá buscar saber o que motivou a situação de
crise, perguntando diretamente ao causador da crise e ouvindo atentamen-
te a resposta.
EXEMPLO DE PERGUNTA
- O que está acontecendo?
- Por que chegamos a essa situação?
(Aguardar o causador da crise falar e ouvir atentamente).
4.2.3.3 Silêncio do causador da crise
- Um motivo do silêncio ou negativa em responder do causador da crise pode
ser devido à dificuldade de ouvir o 1º interventor. Nesse caso, deve-se buscar a
atenção do causador da crise realizando as seguintes perguntas:
a) Você está me ouvindo?
b) Posso me aproximar para você me ouvir melhor?
4.2.3.4 Caso o causador da crise se mostre não aberto ao diálogo ou res-
ponda de maneira agressiva, o 1º interventor deverá:
a) realizar uma pausa;
b) reavaliar a abordagem; e
c) reformular a pergunta.
4.2.3.5 Caso a aplicação dessas medidas não traga resultados, o escalão su-
perior deverá ser informado, para que sejam tomadas as providências cabíveis.
4.2.3.6 O 1º interventor deverá manter a verbalização junto ao causador da crise,
buscando estabelecer a comunicação ou ganhar tempo até a chegada do espe-

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cialista ou recebimento de outras determinações do escalão superior.
4.2.3.7 Caso se consiga estabelecer um diálogo, o 1º interventor deverá dar
prosseguimento aplicando as técnicas de comunicação inicial.
4.2.4 TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO INICIAL
- As Técnicas de Comunicação Inicial constituem uma forma de conduzir um
diálogo de maneira a buscar solução pacífica dos conflitos.
a) Optar por perguntas abertas evitando respostas simples e diretas.
Ex: “Como...Por que... Me explique... Qual a razão...?”
b) Dar apoio emocional ao(s) causador(es) da crise, sem reforçar suas ações.
Ex: “Eu entendo seu sentimento e podemos chegar a uma solução juntos”.
c) Quando não entender, perguntar a ele ou pedir para que explique.
Ex: “Pode explicar melhor... O que seria isso... Pode repetir...?”
d) Buscar ganhar tempo repetindo a fala como resposta ao questionamento, de
forma pausada.
Ex: - Causador: “Eu quero falar com a imprensa!”
- Interventor: “Por que você quer falar com a imprensa?”
e) Diminuir a gravidade da situação.
Ex: “Isso vai passar... Podemos resolver essa situação... Isso não é o fim do
mundo...”
f) Escolher as palavras e o tom de voz adequado.
g) Adaptar a conversação, educação, vocabulário, às condições do(s)
causador(es).
h) Utilizar sempre a honestidade e credibilidade.
4.2.5 REGISTRO DOS ACONTECIMENTOS
- O primeiro interventor deve buscar registrar os acontecimentos (memória ou
escrita), que poderão fornecer subsídios para o negociador ou para a confecção
do relatório da crise.
4.2.6 TÉRMINO DA PARTICIPAÇÃO DO PRIMEIRO INTERVENTOR NA CRISE
- Fatores que caracterizam o término da participação do primeiro interventor na
crise:
a) o(s) causador(es) da crise desiste(m) de prosseguir na(s) intenção(ões);
b) o(s) causador(es) da crise acata(m) as solicitações do primeiro interventor;

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c) foi empregado o uso da força; e
d) dá-se a chegada da equipe oficial de negociação.

4.3 SOLUÇÃO DA CRISE


4.3.1 Conduzir a rendição, isto é, coordenar as ações necessárias para o fim da
crise, emitindo ordens claras e específicas, narrando como o causador da crise
deverá proceder para a solução pacífica.
4.3.2 Comunicar a solução da crise para o escalão superior.
4.3.3 Havendo indícios de crime, vítimas ou danos ao patrimônio, colaborar com
a preservação local da crise para futuras ações de perícia.
4.3.4 Encaminhar, quando necessário, para autoridades judiciárias competentes
e realizar o exame de corpo e delito (Ass Jur detalhar).
4.3.5 Encaminhar, quando necessário, para a intervenção médico-hospitalar e/
ou apoio psicológico.
4.3.6 Fornecer dados para a confecção do relatório.

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ANEXO A
FLUXO DO CONHECIMENTO

A-1
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A-2
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ANEXO B
MELHORIAS DO CERCO E ISOLAMENTO

B-1
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B-2
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ANEXO C
REGISTRO DA EVOLUÇÃO DOS ACONTECIMENTOS (REA)

C-1
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C-2
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COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES


Brasília, DF, 25 de junho de 2021
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