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MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES
CADERNO DE INSTRUÇÃO
SOBREVIVÊNCIA NO PANTANAL
Edição Experimental
2020
EB70-CI-11.438
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MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES
CADERNO DE INSTRUÇÃO
SOBREVIVÊNCIA NO PANTANAL
Edição Experimental
2020
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CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
1.1. Finalidade.............................................................................................. 1-1
1.2. Considerações Iniciais.......................................................................... 1-2
1.3. Abrangência......................................................................................... 1-2
1.1 FINALIDADE
- Esse Caderno de Instrução destina-se ao aprendizado de técnicas e formas
básicas de sobrevivência, inseridas no complexo ambiente operacional do Pan-
tanal. Visa ainda fornecer subsídios que auxiliem no planejamento e na execução
das diversas tarefas de um indivíduo ou grupo, exaltando as peculiaridades do
ambiente operacional e sua influência nos recursos humanos, materiais e doutri-
na de emprego.
1.3 ABRANGÊNCIA
- A elaboração desse Caderno de Instrução tomou como referência publicações
que tratam do assunto de natureza semelhante, produzidos na esfera civil e do
Ministério da Defesa (MD), buscando-se assegurar a harmonia e o alinhamento
dos procedimentos a serem adotados em situação de sobrevivência.
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CAPÍTULO II
ÁREAS DO PANTANAL
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São Francisco (MT) e Maracaju (MS); e
d) a oeste/sudoeste pela fronteira com a Bolívia e o Paraguai (Fig 1).
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2.2.1.3 A seguir são listados alguns termos empregados nas áreas ribeiri-
nhas
2.2.1.3.1 Baía: lagoas temporárias ou permanentes, que podem apresentar di-
versas espécies de plantas aquáticas (Fig 2).
Fig 2 – Baía
Fig 3 - Carandazal.
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2.2.1.3.3 Corixos: curso d’água de fluxo estacional, com calha definida, geral-
mente com mata ciliar, que durante o período de seca, não têm a sua boca
fechada (Fig 4).
Fig 4 - Corixo.
2.2.1.3.4 Salinas: lagoas com água salobra, sem cobertura de plantas aquáticas,
mas com grande densidade de algas, o que confere a cor verde à água (Fig 5).
Fig 5 - Salinas.
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2.2.1.3.5 Banzeiros: pequenas ondulações na superfície das águas, provocadas
por embarcações em movimento (Fig 6).
Fig 6 - Banzeiro.
2.2.1.3.6 Vazantes: curso d’água temporário, amplo, sem calha definida. No pe-
ríodo seco é coberto por gramíneas (Fig 7).
Fig 7 - Vazante.
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Fig 8 – Repiquete.
2.2.1.3.8 Furo: canal que une entre si duas lagoas ou uma lagoa a um rio (Fig 9).
Fig 9 – Furo.
2.2.1.3.9 Remanso: correnteza com movimento circular que pode formar ensea-
da, tornando-se um bom lugar para pescar (Fig 10).
Fig 10 – Remanso.
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2.2.1.3.10 Dequada: fenômeno de deterioração da qualidade da água (falta de
oxigênio), levando a uma grande mortandade de peixes (Fig 11).
Fig 11 – Dequada.
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2.2.1.5 O Exército adota atualmente, a classificação do Pantanal em 11 (onze)
sub-regiões (Fig 12).
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junção dos Rios Cuiabá e Paraguai; a leste, o rio Paraguai; e a oeste, as flores-
tas da fronteira boliviana.
- A vegetação é tipicamente de savana (que predomina em extensão) e campo,
muitas vezes com adensamento acentuado do estrato lenhoso da savana. Po-
rém, também apresenta uma mata pluvial tropical, com exemplares da Amazô-
nia, num prenúncio da proximidade da região supracitada. Os solos do Pantanal
de Cáceres são argilosos, siltosos e arenosos, prevalecendo em área, o último
tipo. As espécies arbustivas e arbóreas de savana são as mesmas de outras
sub-regiões, destacando-se o pequi (Caryocar brasiliense), a canjiqueira (Bry-
sonima intermédia), o pateiro (Couepia uiti), a sucupira (Bowdichia virgilioides),
entre outras. A vegetação de campo apresenta como espécies dominantes o
capim-mimoso (Axonopus purpusii) e Reimorochloa brasiliensis.
b) Aspectos militares: devido às cheias, que acontecem durante o verão, o em-
prego de embarcações fica restrito a essa época do ano. Poucas áreas apresen-
tam inundações, existindo boa malha viária, facilitando o emprego de viaturas
ao longo de todo o ano. As regiões com vegetações de grande porte permitem a
camuflagem de grandes efetivos.
- A permeabilidade é satisfatória, pois existe boa quantidade de fazendas servi-
das por estradas de terra.
2.2.1.6.2 Pantanal de Poconé:
a) Compõe a calha do Rio Poconé (zona entre os Rios Paraguai e Cuiabá). O
Pantanal de Poconé limita-se, ao norte com a própria cidade de Poconé/MT,
zona mais alta de savana; ao sul com o Rio São Lourenço, no limite com o Pan-
tanal de Paiaguás; ao leste com o Pantanal de Barão de Melgaço; e a oeste com
o Rio Paraguai.
- A vegetação mostra charcos imensos, repletos de ciperáceas e juncáceas, além
de campos, savanas e florestas. Elementos da vegetação amazônica ocorrem
em menor frequência do que o registrado para o Pantanal de Cáceres. Contudo,
é possível encontrar belas formas de vitória régia amazônica (Nymphaeaceae)
flutuando em meandros do Rio Cuiabá e cercanias da estrada Transpantanei-
ra. Os campos são compostos por campos sujos e, em menor proporção, por
campos limpos. O estrato lenhoso das savanas dessa região é muito denso, o
que implica em menores extensões de área útil de pastagem. Matas ciliares são
observadas ao longo do Rio Cuiabá. Uma espécie arbórea muito abundante na
área é a piúva (Tabebuia impetiginosa e Bignoniaceae ou Tabebuia avellane-
dae).
- O solo é essencialmente argiloso. Esse tipo de solo, predominante no Pantanal
de Poconé, ocasiona o surgimento de uma estreita relação ecológica solo-plan-
ta. Uma associação vegetal que ocorre com regular frequência em Poconé é o
cambarazal (Vochysia divergens), secundada pelo gravatal (Bromélia balansae).
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b) Aspectos militares: nessa região o uso de embarcações é restrito à calha do
Rio Cuiabá, São Lourenço e Paraguai. Durante os meses iniciais do ano apare-
cem charcos extensos, o que dificulta o movimento a pé.
- A permeabilidade é dificultada, tendo em vista a existência de poucas fazendas,
principalmente na região de savanas e campos. O solo durante a época das chu-
vas dificulta o deslocamento motorizado.
2.2.1.6.3 Pantanal de Barão de Melgaço:
a) Sub-região muito similar ao Pantanal de Paiaguás. O Pantanal de Barão de
Melgaço apresenta como limites, ao norte, uma linha imaginária que cruza a pró-
pria cidade; ao sul, o Pantanal de Paiaguás, ambos separados pelo Rio Piquiri;
a leste, o Planalto Central; e a oeste, o Pantanal de Poconé, com o Rio Cuiabá
como divisor de águas.
- Apresenta extensas áreas de campos baixos inundáveis, com solo argiloso,
infestadas por capim amoroso. As pastagens são assentadas sobre solos argi-
losos e arenosos, que formam imensos retalhos nessa região. O substrato are-
noso predomina em extensão. O Rio Piquiri o separa do Pantanal de Paiaguás.
Ainda abrange a calha do Rio São Lourenço (zona entre os Rios Cuiabá e Cor-
rentes). A vegetação é bastante semelhante àquela do Pantanal de Paiaguás,
predominando a savana sobre o campo, em extensão.
- O sobrevoo mostra várias paisagens. Uma delas constituída por vastos cam-
pos finos nas intermediações do Rio São Lourenço, alternando essa paisagem
com imensas áreas de cerradão. As áreas recobertas por vegetação de savana
apresentam trechos extensos infestados pelo capim-rabo-de-burro (Andropogon
bicornis).
b) Aspectos militares: pela característica diversificada de solo, áreas inundáveis
e matas, o emprego de viaturas é satisfatório, sendo necessário o amplo apoio
da equipe de logística e manutenção, devido ao desgaste prematuro das rodas,
amortecedores e tração. O emprego do cavalo pantaneiro é uma alternativa, pois
o casco é muito resistente à umidade.
- A operação a pé deve ser bem monitorada pelo Cmt, tendo em vista o desgaste
provocado pelo terreno e intempéries.
2.2.1.6.4 Pantanal do Paiaguás:
a) Compõe a calha do Rio Paiaguás (zona entre os Rios Correntes e Taquari).
A vegetação dessa sub-região é principalmente do tipo savana. O Pantanal de
Paiaguás apresenta como limites, ao norte, o Pantanal de Barão de Melgaço,
servindo o rio Piquiri como marco divisório entre os dois; ao sul, o Pantanal da
Nhecolândia; a leste, a serra de São Jerônimo, no limite com o Planalto Central;
e a oeste, as florestas dispostas na fronteira Brasil-Bolívia.
- Áreas consideráveis estão recobertas por savana densa, que não alcançam a
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configuração de mata, o que aumenta a área de pastagem útil. O estrato herbá-
ceo graminoso e forrageiro dessas áreas de savana adensada (presença maior
de elementos lenhosos), é principalmente composto por capim-mimoso (Axono-
pus purpusii) e capim-bananal (Axonopus compressus). Praticamente não exis-
tem as baías e salinas, sendo substituídas por corixos e corixões.
- Em vista aérea, sobressaem a savana e a savana adensada, pontilhadas por
matas- galeria e campos. Constata-se a existência de solos argilo-siltosos e are-
nosos, com acentuada predominância do segundo tipo. Também se constatam
superfícies de tamanho considerável, apresentando solos argilosos, porém qua-
se sempre próximas a algum manancial hídrico da área (rio, ou charco).
b) Aspectos militares: essa região é própria das criações de gado do Pantanal,
onde a vegetação predominante é o pasto. As áreas mais baixas, ocasionalmen-
te ficam alagadas pela ação das chuvas, não se tornando com isso, obstáculo
para tropa a pé. Ela é bem servida de estradas e fazendas facilitando o apoio lo-
gístico, entretanto a falta de cobertura vegetal dificulta a camuflagem de grandes
instalações. A presença de corixos permite o uso de embarcações de pequeno
porte, porém suas margens não oferecem cobertura para camuflagem.
- O uso de viaturas tracionadas é facilitado, assim como o emprego de cavalos,
com a ressalva dos cuidados, que devem ser observados de forma similar ao
disposto na sub-região anteriormente citada.
2.2.1.6.5 Pantanal da Nhecolândia:
a) Sua zona é limitada pelos Rios Taquari e Negro. Essa sub-região apresenta
como limites ao norte, o Pantanal do Paiaguás, sendo o Rio Taquari o ponto de
referência para a separação; ao sul, as sub-regiões de Abobral e Aquidauana,
tendo o Rio Negro como importante marco divisório; a leste, o Planalto Central,
atingindo o mesmo, através da serra da Alegria e desembocando na rodovia BR-
163, de onde se atinge, quase que de forma equidistante, as cidades de Coxim/
MS e Rio Verde de Mato Grosso/MS; e a oeste, o Rio Paraguai.
- A vista aérea dessa área mostra uma fisionomia bastante típica, caracterizada
por apresentar baías, salinas, campos limpos, bosques e savanas. Uma fisiono-
mia comum é a presença de bosques, com as espécies lenhosas apresentando
ao seu redor pastagens naturais e, imediatamente vizinhas, as baías e as sali-
nas. Essas massas hídricas atuam como bebedouros para o gado.
- Durante a fase mais crítica da estação seca (agosto e setembro), algumas
dessas baías secam ou diminuem consideravelmente seu volume. As baías
apresentam vegetação ao seu redor e em seu interior. Perifericamente, tem-se
a pastagem natural, sobressaindo-se com destaque acentuado, pela frequên-
cia, o capim-mimoso (Axonopus pirpusii) e o capim-mimosinho (Reinarochloa
brasiliensis). A vegetação no interior das baías exibe samambaias pequenas
(Azolla sp., Marsilea polycarpa), chapéu-de-couro (Echinodorus paniculatus), er-
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va-lanceta (Sargitaria montevidensis), camalote (Pontederia cordata) e aguapé
(Eichhormia crassipes). Concentrações da palmeira carandá (Copernicia Alba)
surgem com certa frequência nessa sub-região. Nos solos arenosos da Nhe-
colândia destacam-se também, as palmeiras de nome acuri (Attalea phalerata),
bocaiúva (Acrocomia totai) e tucum (Bactris glaucescens). Volumes apreciáveis
de água depositam-se em baixadas, ao longo das rotas que conduzem ao inte-
rior da Nhecolândia.
- Os corixos apresentam em alta frequência, dois tipos de aguapé, Richhornia
spp e Pontederia cordata. Essas espécies ornamentam sobremaneira os cur-
sos d’água da região, com suas grandes e belas flores de tons brancos, azul,
rosa e roxo. Os outros tipos de massas hídricas encontradas na Nhecolândia, e,
também, em outras regiões, são as vazantes e corixos. Outra paisagem carac-
terística é o barreiro. Esse constitui em depressões do terreno, tendo em torno
de 100 a 200 m² de área. O solo é barrento e o gado o lambe, presumivelmente
em busca de sais minerais.
- O Rio mais importante dessa sub-região é o Taquari, que serve como marco
divisório entre a Nhecolândia e o Paiaguás, podendo-se ver ao longo do mesmo
matas-galeria. A vegetação da Nhecolândia mostra frequentemente savanas, em
alternância com massas hídricas do tipo baías e salinas. Algumas associações
vegetais destacam-se na Nhecolândia por sua contínua presença na paisagem.
As principais são o canjiqueiral, o gravatal e o caronal. Os solos do Pantanal
da Nhecolândia são essencialmente arenosos, apresentando textura geralmente
tão fina que lembra aquela ocorrente no litoral. Eventualmente, pode-se encon-
trar manchas de solo siltoso ou argiloso. As savanas e campos da Nhecolândia
assentam-se fundamentalmente sobre uma camada aflorante de areia muito
fina. A riqueza forrageira das savanas e campos da Nhecolândia recai principal-
mente em duas espécies de gramíneas, o capim-mimoso (Axonopus purpusii) e
o capim-mimosinho (Reimarochloa brasiliensis).
b) Aspectos militares: a região é favorável ao deslocamento a pé, entretanto,
pelo solo parecer com areia de praia, produz um desgaste maior. A orientação
é dificultada pela inexistência de pontos nítidos e pela imensidão da região, que
apresenta sempre as mesmas características. A presença de matas, capões e
pequenas baías fornece conforto à tropa que opera na região. A grande quanti-
dade de fazendas possibilita um apoio logístico melhorado, seja por lançamento
de cargas seja pela utilização de aeródromos e até mesmo a utilização de viatu-
ras tracionadas ou cavalos. A areia fina impõe ao material um desgaste prema-
turo, sendo necessária a manutenção constante. A presença de rios pequenos
restringe o uso de embarcações.
2.2.1.6.6 Pantanal do Abobral:
a) Compõe a calha do Rio Abobral (zona entre os Rios Negro e Aquidauana).
Limita-se, ao norte, com a Nhecolândia; ao sul, com os Pantanais de Miranda e
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Nabileque; a leste, com o Pantanal de Aquidauana; e a oeste, com o Rio Para-
guai. O Abobral é uma das sub-regiões mais baixas dentre as conhecidas, sendo
uma das primeiras a encher, junto com o Pantanal de Nabileque, quando da
chegada das chuvas em outubro.
- A vegetação é do tipo savana e campo, sendo muito semelhante morfologi-
camente àquela registrada no Pantanal de Aquidauana (ou Pantanal do Rio
Negro). Encontram-se no Abobral, extensões consideráveis de campos limpos,
intercalados com pequenos capões de mata (bosques) esparsos. Também se
encontram campos levemente sujos, intercalados com bosques esparsos. Os
campos limpos ora são dominados por capim-mimoso (Axonomus purpusii), ora
por capim-mimoso-de-talo (Hermarthria altissima).
- Os solos são arenosos, embora, existam manchas consideráveis de solo argi-
loso. Essa realidade é algo intrigante, em aspectos de distribuição das espécies
forrageiras.
b) Aspectos militares: essa região inunda rapidamente, e suas margens não pos-
suem contorno definido. Há presença de poucas habitações, e quando apare-
cem geralmente são de palafitas. Permanece alagado durante o período das
cheias e durante a época do inverno. Nos locais denominados de “cordilheiras”,
que são pequenas ondulações do terreno e que oferecem relativa proteção nas
cheias, aparecem as pequenas fazendas de criação de gado. É comum também,
durante a vazante o aparecimento de pequenas baías circundadas por matas
que dificulta o deslocamento da tropa, mas oferecem relativa proteção para per-
noites.
2.2.1.6.7 Pantanal de Aquidauana:
a) Disposto ao longo dos Rios Negro e Aquidauana. Essa sub-região apresenta
como limites, ao norte o Pantanal da Nhecolândia; ao sul a própria cidade de
Aquidauana/MS; a leste a Serra de Aquidauana; a oeste os Pantanais de Miran-
da e Abobral.
- O Pantanal de Aquidauana, assim como o de Miranda, é definido mais como
Pantanal alto, sendo menos afetado pelas enchentes do que outras sub-regiões.
Traduzindo, pode-se afirmar que as perdas e malefícios causados aos rebanhos
pela ocorrência de enchentes, nesses dois pantanais, apresentam menor inci-
dência. O Pantanal de Aquidauana está fortemente vinculado, florística e edafi-
camente, aos Pantanais de Abobral e Nhecolândia.
- A área do Rio Negro, em rigor, é um prolongamento natural da Nhecolândia,
mostrando a presença de baías, salinas e solo arenoso, sobre o qual assenta-se
a pastagem. As áreas de barro estão restritas às imediações de cursos d’água. A
vegetação na zona do Rio Negro é principalmente de campo, savana e bosques
isolados (capões), quase igual à da Nhecolândia. Manchas pequenas de caran-
dá são observadas. Os campos limpos, extensos em área, são maciçamente po-
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voadas por capim-mimoso (A. purpusii), capim-mimosinho (Rimarochloa spp.),
Paspalum almun e Hermathria altissima. Nas savanas aparecem com alta frequ-
ência, espécies como a piúva e o cambará. O capim-mimoso forma campos lim-
pos, onde se torna quase dominante e absoluto. Na margem norte do Rio Negro,
onde predomina o solo arenoso, a fitofisionomia é aquela da Nhecolândia, ocor-
rendo com abundância duas espécies invasoras, o capim-carona e Andropogon
selloanus. As invasoras lenhosas dessa margem são também aquelas de solos
arenosos, destacando-se a canjiqueira e a lixeira.
- Na margem sul do rio Negro, o solo tende para silte e argila, ocasionando re-
flexos ecológicos. Forrageiras com presença marcante, e não encontradas na
margem norte, são Paspalum almun e Panicum laxum.
b) Aspectos militares: região seca durante todo o ano. Facilita o emprego de
viaturas e dificulta o de embarcações, que fica restrito a calha do rio. Apresenta
vegetação de grande porte o que permite a camuflagem de grandes efetivos.
- O emprego de viaturas blindadas sobre rodas ou lagarta é facilitado pelo terre-
no pouco movimentado e firme.
2.2.1.6.8 Pantanal de Miranda:
a) Assim como o item anterior, é uma sub-região do Pantanal alta, sendo tam-
bém, pouco afetada pelas enchentes. Está disposta ao longo da calha do Rio
Miranda. O Pantanal de Miranda apresenta os seguintes limites, ao norte, o Pan-
tanal de Abobral; ao sul, as florestas chaquenhas do município de Porto Murti-
nho/MS; a leste, o Pantanal de Aquidauana; e a oeste, a Serra da Bodoquena e
o Pantanal de Nabileque.
- A vegetação é do tipo savana, mata e campo. Surgem em forte concentração
o carandá e, especialmente, o paratudo (Tabebuia caraiba), esse formando os
famosos paratudais. A savana de Miranda lembra muito a vegetação chaquenha,
havendo considerável sobreposição de espécies do território paraguaio com
aquelas do território brasileiro.
- Os solos dessa sub-região são limo-argilosos e arenosos, com acentuada pre-
dominância do primeiro tipo. Por essa razão, várias espécies forrageiras que fal-
tam no Pantanal de Aquidauana são nessa sub-região encontradas. Os campos
limpos de Miranda exibem ótimas espécies forrageiras, havendo também pre-
sença considerável de espécies menos palatáveis na pastagem. As pastagens
desse pantanal são principalmente povoadas por Panicum laxum, Hymenachne
amplexicaulis, Hemarthria altissima, Leersia hexandra e Paspalum almum. Em
áreas onde existe solo arenoso, aparecem as mesmas forrageiras característi-
cas dos Pantanais de Aquidauana, Nhecolândia, Abobral, Cáceres e Paiaguás,
isto é, Axonopus purpusii e Reimarochloa spp. O canjiqueiral, associação for-
mada por canjiqueira e capim-mimoso, predomina em terrenos arenosos. Essas
áreas de solos arenosos, em Miranda, configuram-se de certa maneira como
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bolsões, ilhadas pelo terreno limo-argiloso circundante.
b) Aspectos militares: essa região não sofre influência direta das cheias dos rios
e por isso, durante a maior parte do ano apresenta-se seca. O Rio Miranda é
extremamente caudaloso, de forte corrente e cheio de tocos, o que dificulta o
deslocamento fluvial, enquanto, que, suas margens sofrem inundações curtas
e durante os meses de chuvas. Há grande quantidade de fazendas e estradas
nessa região o que permite o desdobramento de grandes efetivos e uso de via-
turas. Nas áreas mais baixas a inundação acontece por meio das chuvas, os
chamados ‘repiquetes’, que podem influenciar no deslocamento da tropa.
2.2.1.6.9 Pantanal de Nabileque:
a) Essa sub-região está disposta na calha Rio Paraguai. O Pantanal de Nabile-
que, apresenta como limites, ao norte, o Pantanal do Abobral; ao sul, a floresta
chaquenha de Porto Murtinho/MS; a leste, o Pantanal de Miranda; e a oeste, as
matas situadas na fronteira boliviano-paraguaia. Está sob a jurisdição de Co-
rumbá/MS, sendo um distrito do município. A área do Jacadigo está, também,
incluída nessa sub-região.
- A vegetação do Nabileque é do tipo savana, porém, nela não ocorrem algumas
espécies lenhosas observadas na Nhecolândia e no Paiaguás, que são substi-
tuídas por uma palmeira que aparece em formações densas. Essa palmeira é o
carandá (Copernicia alba), espécie dominante no conhecido carandazal. A fisio-
nomia desse Pantanal, assim como aquelas dos municípios de Porto Murtinho e
Miranda, tem muito a ver com a fisionomia do Chaco. O Pantanal de Nabileque
pode ser interpretado como uma extensão do Chaco paraguaio-boliviano. O Na-
bileque é um dos primeiros pantanais a receber o flagelo das inundações, em
boa parte, devido ao seu solo argiloso, pouco permeável e de drenagem lenta.
As espécies forrageiras ali ocorrentes são em sua maioria, distintas das que
ocorrem na Nhecolândia e Paiaguás, sendo o elemento edáfico, o principal fator
limitante para seu encontro, embora talvez não seja o único. O Nabileque é repu-
tado como sub-região possuidora de excelentes forragens e, de fato, as possui
em número apreciável. Pode-se citar Paspalum virgatum, excelente forrageira
que se desenvolve em solos argilosos, Paspalum plicatulum, Panicum laxum,
Hymenachne amplexicaulis, Leptochloa virgata, etc. Esse estrato forrageiro her-
báceo dispõe-se nos interstícios deixados pela vegetação arbórea.
- A chegada das primeiras chuvas em outubro é motivo de preocupação, pois à
altura da segunda quinzena de novembro, a locomoção já se torna precária. Em
novembro, dificilmente um veículo automotor pode trafegar nas picadas dessa
área. Os solos do Nabileque são principalmente argilosos, orgânicos, escuros.
- Visto do alto, o Pantanal do Nabileque parece ter vegetação de mata, tal é a
concentração do palmar. No solo, porém, vê-se que há suficiente espaço entre
as árvores, por onde a pastagem natural se interpõe.
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b) Aspectos militares: região extremamente sensível às cheias, apresenta fa-
zendas próximas das morrarias e pequenas elevações. É servido por precária
rede de estradas de terra que são impróprias durante os meses de chuvas e nas
cheias de inverno. As matas se apresentam na forma de capões (ilhas de mata)
e pastos inundáveis pela grande quantidade de corixos. É abundante a fauna
rasteira e peçonhenta.
- O solo extremamente úmido é um obstáculo a mais para a tropa a pé.
2.2.1.6.10 Pantanal do Paraguai:
a) Essa região corresponde, em sua maior parte, à extensa planície de inun-
dação do Rio Paraguai, desde a ilha do Caracará, nos limites do Pantanal de
Cáceres, até as bordas do Maciço do Urucum, ao Sul de Corumbá/MS.
- É uma sub-região repleta de baías e corixos. É formado, essencialmente por
sedimentos arenosos não consolidados e semi-consolidados da Formação Pan-
tanal e depósitos aluviais de Idade Holocênica.
- Caracterizada pela grande incidência de baías e longo período de inundação
que se estende por mais de 06 (seis) meses, sendo que grandes áreas ficam
permanentemente inundadas. Predominam nessa área solos Glei Pouco Hú-
mico que, como os demais solos da unidade, apresentam caráter eutrófico e
argila de atividade alta. Encontram-se em geral associados a solos Glei Húmico,
cuja ocorrência é mais frequente ao norte, e Planossolos, que tendem a ocorrer
preferencialmente em áreas mais afastadas do Rio Paraguai, além dos solos
aluviais, em faixa que acompanha o seu leito. Embora pouco expressivos, ocor-
rem ainda Vertissolos e Solonetz - Solodizados, que se encontram associados
na paisagem ao sul, dos relevos residuais da Serra do Amolar, na divisa com a
Bolívia e junto ao Maciço do Urucum.
- As fitofisionomias predominantes são: floresta estacional semidecidual/forma-
ções pioneiras (ecótono), formações pioneiras e savana/formações pioneiras
(ecótonos). A principal formação pioneira é o cambarazal e nessa unidade, ocor-
rem grandes lagoas.
b) Aspectos militares: essa região apresenta grandes baías que são sensíveis
aos fenômenos da frente fria. As margens dos rios apresentam relativa camu-
flagem para pequenas frações e embarcações. Aparecem a maioria das serras
com vegetação de caatinga. Há grande número de corixos que adentram para
áreas interiores e que dificultam a orientação. Não existe estradas, exceto na
região da Serra do Urucum em Corumbá/MS, impossibilitando o uso de viaturas
nas operações militares. As poucas fazendas existentes estão localizadas nos
sopés das serras e possuem na sua maioria campos de pouso para aeronaves
de pequeno porte.
- O deslocamento a pé, entre os meses de outubro a fevereiro, é facilitado e no
restante do ano é prejudicado.
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2.2.1.6.11 Pantanal de Porto Murtinho:
a) Localizado na extremidade meridional do Pantanal do Paraguai, na região
conhecida como “Fecho dos Morros”. Posiciona-se ao longo do Rio Paraguai
(trecho entre os Rios Miranda ao norte e Apa ao sul). O Pantanal de Porto Mur-
tinho posiciona-se ao longo do Rio Paraguai, tendo como limites Norte e Sul os
Rios Aquidauana e Apa, respectivamente.
- A geologia constitui-se de Alcalinas Fecho dos Morros (sienitos e traquitos) e
sedimentos não consolidados e semi-consolidados da Formação Pantanal e Alu-
viões Fluviais. Confinada entre a República do Paraguai e os relevos residuais
do Complexo Rio Apa e Grupo Amonguijá e tendo a Norte o Pantanal do Nabile-
que, essa unidade representa a extremidade meridional do Pantanal Sul-Mato-
-Grossense, onde as inundações estendem-se por um período de 4 a 6 meses.
Predominam Solonetz Solodizados e Planossolos Solódicos, quase sempre com
horizonte e argila de atividade alta. Encontram-se associadas a Vertissolos que
são mais frequentes na porção setentrional da área e a Planassolos desprovi-
dos de caráter solódico, esses mais expressivos ao Sul. Em menor proporção,
ocorrem solos Glei Pouco Húmico e Aluviais, que ocupam a planície de inunda-
ção do Rio Paraguai. Alguns relevos residuais como solos Litólicos e Podzólicos
Vermelho-amarelo relacionados a rochas Alcalinas no Fecho dos Morros, nas
proximidades da cidade de Porto Murtinho/MS.
- No Pantanal, predominam os solos hidromórficos, os quais são o reflexo da
deficiência de drenagem generalizada e da forte tendência para inundações pe-
riódicas e prolongadas.
b) Aspectos militares: essa região facilita o emprego de embarcações de peque-
no porte, dificulta o emprego de tropa a pé. Apresenta por poucos períodos do
ano regiões secas que permitem o uso de aeronaves.
- Sua vegetação esparsa e de floresta de palmeiras dificulta a camuflagem de
grandes efetivos.
2.2.2 GEOLOGIA
2.2.2.1 O Pantanal é uma das maiores planícies de sedimentação do mundo,
sendo resultado da separação do oceano há milhões de anos, formando o que
os geólogos denominam de “mar interior”. Nas regiões de maior altitude, a pre-
sença de terras de origem sedimentar e rochas solúveis propiciam a formação
dos terrenos de aluvião, muito permeáveis e de composição argilo-arenosa. Já
nas regiões de altitude intermediária, o solo é arenoso e ácido e a água é retida
apenas no subsolo.
2.2.2.2 A existência de minerais no subsolo pantaneiro é conhecida há séculos,
entretanto, esse potencial ainda vem sendo explorado atualmente, com desta-
que para o minério de ferro, o manganês e o ouro. Cabe ressaltar que no municí-
pio de Corumbá se encontra a 2ª maior jazida de ferro e a 3ª maior de manganês
2-17
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do Brasil. A cada ciclo de estações de seca e de águas, o Pantanal se modifica,
transformando-o em uma área em constante evolução.
2.2.3 OROGRAFIA
2.2.3.1 O relevo do Pantanal é composto, em sua maioria, de altitudes suaves,
que variam, em média, de 100 a 200 m, sendo um prolongamento para o norte,
da Planície do Chaco, em território paraguaio. No entanto, ocorrem elevações
isoladas, como é o caso do Maciço do Urucum, nas proximidades da cidade de
Corumbá.
2.2.3.2 Merecem destaque também, as Serras Ricardo Franco, Amolar (Fig 13),
Coimbra e Fecho dos Morros, também conhecidas por habitantes locais como
“morrarias”.
2-18
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2.2.3.3 Existem, ainda, movimentos denominados de “cordilheiras”, os quais se
situam cerca de cinco m acima do nível das águas e servem de refúgio para
animais (Fig 14).
2-19
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2.2.4.2 Devido à pequena declividade dos leitos dos rios da Bacia do Paraguai,
seu potencial hidrelétrico é praticamente nulo e, normalmente, extrapolam a ca-
lha natural e criam imensas áreas alagadas. Existem ainda, as grandes lagoas
permanentes, por exemplo, as de Uberaba, Gaíva, Castelo, Mandioré e Jacadi-
go (Fig 16).
2-20
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2.2.4.3 Outra peculiaridade da hidrografia pantaneira é o surgimento sazonal
dos chamados “corixos”. Esses são riachos, de leitos próprios, originários da
cheia dos principais rios da região. Deve-se ressaltar que, em alguns casos,
dependendo da época do ano, os “corixos” se confundem com os cursos d’água
que lhes deram origem e tornam-se vias de acesso para a navegação fluvial.
2.2.4.4 A rede hidrográfica é vital para a região pantaneira, pois serve como
via natural de transporte e é importante para a economia local, devido à pesca.
Cabe ressaltar que as principais localidades do Pantanal situam-se às margens
do Rio Paraguai.
- Para se operar nesse ambiente operacional é fundamental o perfeito conheci-
mento dos regimes das chuvas, a fim de se avaliar corretamente a possibilidade
de navegação fluvial nos rios pantaneiros, em cada período do ano.
2.2.5 CLIMA
2.2.5.1 O clima na região é tropical, quente e úmido, com temperaturas eleva-
das e amplitude térmica maior que a de outras regiões. O inverno é seco, com
temperatura média em torno de 21ºC. Já o verão é quente e úmido, com tempe-
ratura média em torno de 32ºC, e com a máxima ultrapassando os 40ºC. Existem
dois períodos bem distintos: o das cheias, de novembro a abril e o das secas, de
agosto a outubro.
2.2.5.2 Os meses do verão são úmidos porque nessa época a planície do Pan-
tanal é uma das áreas mais quentes da América do Sul, formando um núcleo de
baixa pressão que atrai os ventos úmidos para a região. A temperatura elevada,
associada à umidade, produz uma desconfortável sensação de calor. No inver-
no, o vento sul, predominante na área, quando associado às frentes frias, atinge
grandes velocidades e provoca sensação térmica de frio bastante desagradável,
podendo chegar próxima ao 0° C.
2.2.6 CHEIAS E VAZANTES
2.2.6.1 O Pantanal é uma das maiores extensões contínuas do planeta e está
localizado no centro da América do Sul, na bacia hidrográfica do Alto Paraguai.
Sua área é de cerca de 150.000 km², com 65% de seu território no estado de
Mato Grosso do Sul e 35% em Mato Grosso. Nesse último localiza-se a cidade
de Cáceres, conhecida como o Portal do Pantanal, pois faz a divisa com a Flo-
resta Amazônica.
- A região pantaneira é uma planície fluvial influenciada por rios que drenam a
Bacia do Alto Paraguai, onde se desenvolve uma fauna e flora de rara beleza e
abundância, influenciada por quatro grandes biomas: Amazônia, Cerrado, Char-
co e Mata Atlântica.
2.2.6.2 A declividade da planície do Pantanal é de aproximadamente 40 cm/km
de leste a oeste e de 2 cm/km de norte a sul. Os rios da região têm capacidade
2-21
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de suportar as descargas médias, mas, durante as maiores cheias, provocadas
pelas fortes precipitações que ocorrem na região do alto curso da bacia, alaga-
-se uma área de aproximadamente 30.000 km², correspondente à região do Pan-
tanal Mato-grossense.
2.2.6.3 A propagação das cheias do Rio Paraguai se dá ao longo de vários me-
ses do ano, caracterizando o lento escoamento das águas no Pantanal. Isto se
deve à complexa combinação das contribuições de cada planície, cujas lagoas e
baías funcionam como reguladores de vazão, acumulando água e amortecendo
a elevação do nível, durante o crescimento da cheia e cedendo água durante
a recessão. Ocorrem enchentes locais em diversas regiões, ao longo do ano,
dependendo do regime de chuvas.
2.2.6.4 Na região entre Cáceres e Cuiabá, o trimestre mais chuvoso estende-se
de janeiro a março, com ocorrência de níveis de água elevados em março. Na
sub bacia do Rio Miranda, o trimestre mais chuvoso estende-se de dezembro
a fevereiro, com ocorrência de níveis elevados em fevereiro. Em Cáceres, as
cheias ocorrem entre fevereiro e março, recebendo contribuições intermediárias,
e a jusante, alcançam Corumbá, entre maio e junho, assim como atingem Porto
Murtinho, entre julho e agosto.
2.2.6.5 O Rio Paraguai apresenta um quadro de enchente muito uniforme, com
apenas um pico anual, próximo a Forte Coimbra. A partir daí, até a confluência
do Rio Apa, podem ocorrer pequenos picos devido às contribuições locais. Toda
essa regularidade e a lentidão do escoamento possibilitam a previsão de seus
níveis de água com até um mês de antecedência.
2.2.7 PREVISÃO DE NÍVEIS DO PANTANAL
2.2.7.1 A Bacia do Alto Paraguai (BAP) localiza-se no oeste do Brasil e pos-
sui uma superfície de 361.666 km², compreendendo a planície pantaneira, com
138.183 km², e planaltos adjacentes, com 223.483 km². Os principais rios da
BAP são o Rio Paraguai, dreno coletor principal das águas, e seus tributários Se-
potuba, Cabaçal e Jauru, pela margem direita, e os Rios Cuiabá, Taquari, Negro
e Miranda, na margem esquerda.
2.2.7.2 Entre os postos de medição dos níveis de água dos rios da BAP, o do
Rio Paraguai, em Ladário-MS, é o que mais dispõe de dados de toda a rede ins-
talada na BAP, ou seja, possui registros diários desde 1900. Outra característica
importante do posto de Ladário é que por ele passa a maioria do volume de água
da BAP, aproximadamente 81% da vazão média de saída do território brasileiro.
Assim, a régua de medição dos níveis do Rio Paraguai, em Ladário, vem se
constituindo no principal referencial do regime hidrológico da BAP, possibilitando
até mesmo a caracterização de um dado período como sendo de seca ou de
cheia.
2.2.7.3 Historicamente, quando o nível máximo do Rio Paraguai, em Ladário, se
2-22
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iguala ou supera o nível de alerta de enchente, que é de 4,0 m, o ano é conside-
rado de cheia no Pantanal, caso contrário, como sendo de seca. Quando o pico
de cheia fica compreendido entre 4 e 4,99 m, como sendo de cheia pequena,
entre 5 e 5,99 m como cheia normal e igual ou superior a 6,0 m como cheia gran-
de, cheia excepcional ou super cheia. Tanto as cheias excepcionais quanto as
pequenas cheias e, principalmente, a seca no Pantanal causam impactos sócio
econômicos e ambientais.
2.2.7.4 As cheias excepcionais são altamente prejudiciais aos pecuaristas e à
população ribeirinha. Os fazendeiros têm que movimentar grande quantidade de
animais para as partes mais altas, o que implica em prejuízos financeiros. Já os
ribeirinhos são obrigados a abandonar as suas casas. Cheias inferiores a 5 m
comprometem os estoques pesqueiros do Pantanal, pois a redução do volume
dos corpos de água facilita a captura dos peixes e prejudica a sua reprodução e
alimentação.
2.2.7.5 Anos de seca prolongada causam alteração no processo natural de
sucessão vegetal pelo incremento do nível de praguejamento das pastagens,
principalmente devido ao rebaixamento do nível do lençol freático, com refle-
xos marcantes na economia das unidades de produção. Além disso, a seca no
Pantanal é prejudicial para a navegação de grandes embarcações, sejam para o
transporte de cargas, bem como de pessoas que vem para a região passear e/
ou pescar (turismo).
- Ressalta-se que o turismo é uma atividade de grande importância sócio econô-
mica para a região.
2-23
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Força Terrestre em áreas desabitadas, por meio de seus Pelotões Especiais de
Fronteira.
2.3.4 Em localidades afastadas, a carência de profissionais de saúde é atenua-
da pelo atendimento prestado pelas Forças Armadas. No entanto, são raros os
casos de doenças endêmicas graves na região.
2.3.5 O homem pantaneiro preza por suas tradições, assim como as datas cí-
vicas e religiosas. Deve ser ressaltada o culto à imagem de Nossa Senhora do
Carmo, padroeira do Forte de Coimbra. Com relação à saúde, apesar da região
ainda possuir um sistema de saneamento básico deficiente, as condições de
higidez são satisfatórias.
2-24
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populações ribeirinhas. A mineração também ocupa um lugar de destaque na
economia pantaneira. Em Corumbá está localizado o Maciço do Urucum, grande
fonte de manganês e minério de ferro.
2.5.4 O sistema de transporte que funciona no Pantanal ainda está longe do
ideal, apesar de ter melhorado nas últimas décadas. As estradas ainda são defi-
cientes e a navegação fluvial enfrenta os óbices das variações das estações da
seca e das águas. Merecem destaque as rodovias BR-070, que liga Cáceres à
Bolívia; a BR-262, entre Campo Grande e Corumbá; e a BR-267, que une Cam-
po Grande à Porto Murtinho.
2.5.5 Os principais aeroportos são o de Cáceres e o de Corumbá, esse último de
classificação internacional e com voos regulares, ligando a cidade à Campinas/
SP. No entanto, na região existem alguns campos de pouso catalogados que
podem servir de apoio às operações militares.
2.5.6 Os principais portos são os de Corumbá, Cáceres e Ladário, sendo que
nessa cidade está a sede do 6º Distrito Naval, da Marinha do Brasil, importante
Organização Militar que pode, em caso de necessidade, prestar apoio às ações
da Força Terrestre no Pantanal. O modal ferroviário do Pantanal é bem modes-
to, dessa forma, não influi decisivamente na economia da região. Os principais
produtos transportados por esse modal são minério (Corumbá-Porto Esperança/
Mina de Urucum-Ladário) e aço (Corumbá-Bauru), além de ureia (Bolívia-Co-
rumbá).
2.5.7 A matriz energética do Pantanal é um dificultador para as operações mi-
litares nessa região, pois além de deficiente, enfrenta alguns problemas estra-
tégicos, como por exemplo o fato da cidade de Corumbá estar ligada apenas a
um tronco.
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recursos locais e locais de apoio, tornam os deslocamentos demorados e difí-
ceis.
2.6.1.1.3 O relevo do Pantanal, apesar de ser uma planície, apresenta de forma
dispersa, pequenas elevações que não ultrapassam os 500 m e algumas serras
que chegam próximas dos 1.000 m de altitude e ditam a forma do principal rio
do Pantanal. Essas elevações, na sua grande maioria, são formadas de pedras
dificultando com isso, a construção de abrigos, porém permitem ao longo do Rio
Paraguai, uma observação a grandes distâncias.
2.6.1.1.4 No interior do Pantanal, as pequenas elevações que surgem, geral-
mente são utilizadas para o estabelecimento de fazendas e criação de gado,
usualmente esses locais recebem o nome de “cordilheiras” e sua altura não ul-
trapassa os 10 m, porém, servem de local seco, quando do ciclo das cheias.
- As altitudes elevadas de algumas serras e o tipo de terreno, podem indicar o
uso pela tropa de fardamento e equipamento próprios de operações em regiões
de montanhas.
2.6.1.1.5 Quanto à declividade, a principal característica da cheia do Pantanal
está no fato de que essa é provocada pelas chuvas do verão na cabeceira e se
distribui ao longo do ano, por todo o Pantanal. Tal fato tem como causa a baixa
declividade do Rio Paraguai no sentido Norte-Sul, aliada com a presença de
diversas baías ao longo do principal rio. Diante doexposto, tem-se nas regiões
centrais do Pantanal, cheias em plena estiagem e na parte baixa do Pantanal,
cheias próximas ao final do ano.
- O conhecimento do ciclo das cheias influi decisivamente no planejamento,
principalmente quanto ao correto uso dos meios de transporte (embarcações)
e quanto às condições de trafegabilidade nos diversos tipos de deslocamento.
2.6.1.1.6 O tipo de solo pantaneiro se divide basicamente em três tipos: o areno-
so, o argiloso e o lixiviado:
a) O primeiro se apresenta nas regiões intermediárias entre os alagadiços e os
secos;
b) o segundo aparece nas extremidades do Pantanal em plena zona de transição
com os planaltos; e
c) o terceiro se encontra na região central junto aos maiores rios e que fica, du-
rante grande parte do ano, debaixo de água ou sob influência direta dela.
2.6.1.1.7 O solo arenoso restringe o uso de viaturas, devido à areia que se acu-
mula nas engrenagens e pela necessidade constante do uso da tração. O solo
argiloso é favorável ao uso de viaturas, exceto durante o ciclo das chuvas, pois
cria lama e dificulta o movimento. O solo lixiviado, por permanecer alagado boa
parte do ano, impede o uso de viaturas, dificultando o deslocamento de tropa a
pé e, também, o estabelecimento de pernoite e a construção de espaldões.
2-26
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2.6.1.1.8 A vegetação, assim como o solo é variada e depende da região do
Pantanal em que se está conduzindo as operações militares. No alto Paraguai
e ao longo da calha do rio, a vegetação se apresenta de médio a grande porte,
permitindo a camuflagem de tropa e material. Na região central, afastado do Rio
Paraguai, encontramos campos com presenças esparsas de matas, os chama-
dos capões, que permitem relativa camuflagem para pequenos efetivos. Junto
às serras, devido a presença de rochas, a vegetação se assemelha à de caatin-
ga, com muito espinho.
2.6.1.1.9 No baixo Paraguai, em virtude de o solo permanecer a maior parte do
ano debaixo de água, encontram-se as florestas de carandá, palmeira de grande
porte que sobrevive bem sob a água. Outra vegetação característica do ambien-
te pantaneiro e que se apresenta em quase todos os rios é o camalote, o qual
cresce preso às margens e durante o ciclo da chuva se desprende e desce o rio.
Essa vegetação, quando cresce no interior de corixos e rios menores provoca o
seu fechamento (entupimento), restringindo-o e por vezes impedindo o uso de
embarcações.
2.6.1.1.10 O clima é um dos fatores que mais influenciam as operações militares,
devido à sua agressividade e rapidez.
a) O clima quente e úmido provoca no combatente desconforto, abate a moral e
o descuido desse fator pode levar à baixa do militar, por fenômenos fisiológicos
ligados ao calor;
b) o fenômeno do vento sul ou frente fria provoca, durante o verão, as chamadas
“trombas d’água”, que associadas com regiões de baixa altitude provocam os
chamados repiquetes que se constituem em uma cheia repentina e localizada,
podendo pôr em perigo tropas despreparadas. Aconselha-se retirar pequenas
embarcações do curso do rio, quando da presença desse fenômeno. Até mesmo
grandes embarcações podem ter dificuldade para vencer a força do repiquete,
aconselhando-se o seu abicamento ou abarrancamento nas margens; e
c) no inverno, a frente fria provoca em questões de horas, a queda brusca de
temperatura, e pode levar o combatente a doenças provocadas pelo frio, princi-
palmente se o militar estiver molhado.
2.6.1.1.11 Outra característica do vento sul é sua agressividade, podendo a ve-
locidade do vento chegar a 100 Km/h, o que torna o uso de embarcações e ae-
ronaves impossível. Durante o inverno, em que não existe praticamente chuvas,
acontece o fenômeno da estiagem, que contribui para a seca da vegetação tor-
nando-a extremamente sensível às queimadas e que em conjunto com os ventos
dessa época do ano, se espalham de maneira agressiva e rápida, podendo pôr
em risco as tropas e populações em determinadas áreas.
2.6.1.1.12 Quanto à hidrografia, o principal rio pantaneiro, o Rio Paraguai, tem
sua nascente ao norte e percorre toda a extensão do Pantanal em direção ao sul.
2-27
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Os afluentes desse rio nascem a leste e a oeste e correm sempre da periferia
para o interior do Pantanal. Os rios menores abastecem o Rio Paraguai, o qual
não suporta o volume de água recebido e transborda, inundando as áreas adja-
centes ao seu curso. As serras se estendem de norte a sul, servindo de barreira
natural e ditando o curso do rio. Junto a essas serras, existem diversas baías de
profundidade pequena, porém de grandes extensões. Pela distribuição dessas
baías, de norte a sul, e pelo recebimento de água dos rios afluentes, as cheias
do Pantanal acontecem em períodos diferentes do ano.
2.6.1.1.13 O Rio Paraguai é um rio navegável, permitindo o uso, em quase todo
o ano, de grandes embarcações, entretanto, quanto mais ao norte, fica mais es-
treito e raso. Os rios menores propiciam o emprego de embarcações menores e
de calado inferior a 2 m. Os rios constituem as “estradas” do Pantanal e por onde
a maioria do transporte de pessoal e material ocorre, o que torna as embarca-
ções alvos compensadores, haja vista a facilidade do emprego de emboscadas
pelo oponente. Os lagos, devido à sua extensão e quando associado com frente
frias, são extremamente perigosos para uso de embarcações, tendo influência
direta de grandes ventanias. No interior do Pantanal, na região das fazendas,
existem pequenos lagos de água salgada, são as chamadas salinas, e que pos-
suem a água imprópria para o consumo.
2.6.1.2 Influência no Combatente
2.6.1.2.1 Quanto à adaptação, o combatente deve realizar a preparação espe-
cífica antes de atuar na região. Deve procurar se preparar para realizar longos
deslocamentos, sob a influência do calor e com falta de água potável, além de
ser habilidoso em técnicas aquáticas. Deverá estar preparado para alternância
de temperatura, ocasionada pelos ventos sul. Moralmente preparado para atuar
longos períodos isolados e extremamente familiarizado com os costumes locais.
Intelectualmente deve estar em condições de operar embarcações de diversos
tipos, conhecer as características da sub-região em que atuará e os meios ma-
teriais que utilizará.
2.6.1.2.2 O fato de o terreno pantaneiro impor, por muitas vezes, o emprego de
pequenas frações, de forma descentralizada, e em grandes vazios, aumenta a
sensação de isolamento e produz reflexos negativos no moral do combatente.
Quanto à solidão, o emprego de pequenas frações de forma descentralizada e
em grandes vazios, aumenta a sensação de isolamento e consequentemente
produz reflexos negativos no moral (ânimo) do combatente. A possibilidade de
dispersão, pela influência do ambiente ou do inimigo, exige a preparação voltada
para a sobrevivência. A sobrevivência dinâmica é desaconselhável, a não ser
que o oponente esteja atuante ou se o militar conhecer plenamente a região.
2.6.1.2.3 Quanto ao calor e frio, o combatente deverá, se possível, usar farda-
mento e equipamento leves e que protejam do clima, sendo esse último, extre-
mamente necessário. Roupas para o frio são aconselháveis, mesmo quando o
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clima está quente, em razão da possibilidade de mudança repentina, em virtude
do vento sul. Roupas de muda, protetor solar, reservatório de água e cobertura
tipo chapéu pantaneiro são necessários em dias de sol. Medicamentos que com-
batam os efeitos do calor e frio devem ser conduzidos, seja pelo combatente,
seja pelo pessoal de saúde em missão.
2.6.1.2.4 Quanto à umidade, o calor associado a essa, produzem extrema su-
dorese, que afeta o moral e o material do combatente. A manutenção do arma-
mento e do material de comunicações devem ser diárias. O banho assim como
a substituição de peças íntimas, evitam o aparecimento de assaduras, infecções
e doenças.
2.6.1.2.5 Quanto às doenças, a associação do calor, umidade e tipo de ambiente
criam as condições ideais para o desenvolvimento de doenças, cujos transmis-
sores são insetos. As doenças respiratórias e de pele, também aparecem em
grande quantidade, devido ao clima. Os animais do Pantanal são extremamente
perigosos e podem ocasionar envenenamento e doenças alérgicas. O conheci-
mento, por parte do combatente, de suas limitações físicas e o asseio corporal
aumentam a chance de sucesso nesse ambiente.
2.6.1.2.6 Além disso, alguns exames e vacinas são necessárias para minimi-
zar os problemas que futuramente poderão causar a baixa ou óbito do militar.
Conforme as Normas para Inscrição e Seleção para o Estágio de Operações no
Pantanal (EOPan), destinados aos candidatos ao EOPan, os seguintes exames
e vacinas são necessários (podem ser modificados, conforme atualização de
ata, publicada periodicamente):
a) Reação para picada de abelha;
b) radiografia de tórax (ântero-posterior e perfil – pulmões e coração) e dos seios
da face;
c) reação de Machado Guerreiro;
d) hemograma completo; contagem de plaquetas;
e) glicemia de jejum;
f) EAS (sumário de urina);
g) ECG (eletrocardiograma em repouso);
h) ureia e creatinina;
i) eletroencefalograma;
j) dentário;
k) comprovante de vacinação antitetânica e antiamarílica; e
l) vacina contra difteria e vacina contra a hepatite B.
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2.6.1.2.7 Quanto aos animais nocivos, a fauna do Pantanal pode causar baixas
sérias e que exijam o procedimento de evacuações de emergência. Os peque-
nos animais podem causar reações alérgicas importantes e os médios e grandes
animais podem causar lacerações e perdas de membros.
- O conhecimento dos ambientes e da forma de ataque desses animais traduz
em maior segurança no desenvolvimento das operações militares.
2.6.1.2.8 Quanto à audição e olfato, a falta de elevações e de vegetação de gran-
de porte no Pantanal propiciam que sons de embarcações ou aeronaves alcan-
cem distâncias maiores, cabendo ao planejador, avaliar a influência desse fator
na execução da missão. Além disso, meios artificiais ou naturais para combater
os insetos, como repelentes ou fumaças, podem denunciar a posição de uma
tropa e prejudicar sobremaneira o sigilo e o cumprimento da missão.
2.6.1.3 Influência no Equipamento e Armamento
2.6.1.3.1 Os equipamentos e os armamentos a serem empregados na área do
Pantanal devem possuir características semelhantes aos das tropas leves e de
selva. O fardamento a ser utilizado nesse ambiente operacional deve ser bem
maleável, de preferência composto por tecido de secagem rápida, devido à gran-
de probabilidade de atuação do combatente no meio aquático. Da mesma forma,
o calçado deve possuir válvulas para escoamento da água e ilhós largo que
facilite a confecção de amarrações com soltura rápida.
2.6.1.3.2 Ao preparar o fardo aberto, o militar deverá observar a sua missão e
poderá optar por conduzir, em coletes ou bornais de assalto, materiais e muni-
ções necessários para o cumprimento da missão, evitando com isso, a condução
de mochilas que desgastariam o combatente. Se a missão necessitar do uso de
mochila em grandes deslocamentos, o ideal é que o fardo aberto seja leve, tipo
suspensório, tornando mais arejado a região da frente do corpo.
- O que é necessário estar nesse fardo é, pelo menos, dois cantis, devido ao
grande consumo de água, bem como o facão, devido às características do am-
biente.
2.6.1.3.3 O emprego adequado do facão de mato pode ser de grande utilidade
para o combatente pantaneiro, auxiliando tanto na construção de abrigos e ar-
madilhas, quanto na confecção de alimentos e na abertura de trilhas em deter-
minados trechos de vegetação mais densa.
2.6.1.3.4 Devido ao grande número de insetos que povoam o Pantanal, o uso
de repelentes pode ser uma solução a ser adotada. No entanto, algumas pre-
cauções devem ser tomadas, pois o odor expelido pelo seu uso pode acabar por
denunciar a posição de uma tropa, ou pelo menos o caminho que ela percorreu.
Outro cuidado que se deve ter é em relação ao uso continuado, pois pode pro-
vocar reações alérgicas adversas.
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2.6.1.3.5 Buscando auxiliar o preparo do fardo de combate, é necessário res-
saltar que as operações descentralizadas em que o combatente pantaneiro se
insere, acarretam uma maior dificuldade de apoio logístico do escalão superior,
suscitando com isso, a necessidade de que o militar leve o máximo de material
necessário à sua sobrevivência em combate. Entretanto, o uso de mochilas ex-
tremamente pesadas ocasiona restrições no emprego de aeronaves e embarca-
ções e ocasionam o desgaste físico prematuro, principalmente, em deslocamen-
tos em ambiente alagado.
- Diante dessas observações, o fardo de combate, ao ser preparado para o cum-
primento de missão, deverá sempre levar em conta as características dos meios
envolvidos no terreno e o tempo de duração da missão.
2.6.1.3.6 A utilização da rede de selva é fundamental para um pernoite confortá-
vel, e principalmente seguro. Devido à grande incidência de animais peçonhen-
tos, o uso da rede possibilita ao combatente o repouso em boas condições de
segurança, quando não estiver sendo empregado, mantendo assim sua capaci-
dade combativa elevada.
2.6.1.3.7 A pequena fração deve possuir versatilidade em armamentos e muni-
ções, tendo em vista os diferentes tipos de missões e alvos. O armamento indi-
vidual deve ser rústico para resistir às intempéries e ao mesmo tempo versátil,
para permitir o uso em ambientes fechados, matas, localidades, aeronaves e
embarcações, assim como, possibilitar o emprego eficaz tanto de dia como a
noite em diferentes tipos de alvos, como casamatas, embarcações e aeronaves.
O armamento individual do combatente pantaneiro deve ser o fuzil Pára-FAL, IA2
ou outro de características similares.
2.6.1.3.8 Dessa forma, o armamento para emprego no ambiente do Pantanal
tem que obedecer a duas condições básicas: ser de fácil maneabilidade e bem
resistente às intempéries da região.
a) Apesar da escassez de elevações, os amplos campos de tiro propiciam o em-
prego de atiradores de elite, logo a tropa deve ser dotada de caçadores.
b) a pequena fração, ainda deve ser dotada de armamento específico para algu-
mas tarefas como a balestra, que visa silenciar a sentinela, evitando o alerta do
inimigo; armas de caça que possibilitam manter a segurança, quanto a animais
de médio e grande porte, assim como, o combate em ambientes fechados e a
caça, caso a tropa fique temporariamente em uma situação de sobrevivência;
armas anticarro de curto alcance e baixa penetração para a defesa contra em-
barcações e aeronaves; e armas de tiro curvo com médio e grande alcance, para
uso em obstáculos a frente, como os existentes em rios ou corixos ou em locais
que a vegetação impossibilitam o tiro tenso.
c) quanto às munições, deve-se ter em mente o uso de munição perfurante em
maior quantidade, principalmente contra embarcações. De forma similar à per-
2-31
EB70-CI-11.438
furante, a munição traçante deverá ser utilizada para as atividades noturnas e
pelo alcance que pode atingir designando os alvos. O fumígeno tem que possuir
características flutuantes e poderá ser empregado como meio de comunicações,
designação de alvo a grande distância ou para cegar o inimigo.
2.6.1.3.9 O equipamento rádio mais adequado para se operar no Pantanal, em
função de seu relevo suave e das grandes distâncias a cobrir, deve ser preferen-
cialmente do tipo UHF, com cerca de 100 W de potência. Em virtude de se atuar
em faixa de fronteira, é necessário que esse equipamento possua um sistema de
criptografia. O tipo de terreno e a descentralização das ações restringirá muito
a utilização do meio fio. O sistema de mensageiros pode vir a ser utilizado, em
casos especiais, empregando os mais variados meios de transporte, como as
embarcações regionais.
2.6.1.3.10 Alguns equipamentos devem obrigatoriamente ser conduzidos pelas
pequenas frações, a fim de facilitar a orientação em combate, como óculos de
visão noturna, telêmetros a laser, GPS, dentre outros, conforme a missão que
ele for cumprir, sua previsão de tempo de emprego e a possibilidade de ressu-
primento. O OVN além de suas características operacionais, pode ser utilizado
durante os processos de orientação para se avistar as bocas de rios e corixos,
que à noite se confundem com a vegetação ciliar. O GPS é extremamente im-
portante, pois determina o ponto exato em que a fração se encontra, corrigindo
erros que a carta topográfica pode provocar no orientador.
2.6.1.4 Influência no Deslocamento
2.6.1.4.1 O deslocamento no Pantanal pode ser realizado por qualquer meio
de transporte ou até mesmo a pé, entretanto o planejador deve sempre levar
em consideração a região em que irá operar. A vegetação diferenciada pode
representar verdadeiro obstáculo no deslocamento e até mesmo impedir o cum-
primento de missões. Nas áreas próximas dos rios, a mata ciliar restringe o movi-
mento para o interior. Muitas vezes, por ser uma área alagada, são encontradas
vegetações espinhosas, como o tucum, que restringem o movimento. Nas áreas
mais altas, como as serras, a vegetação é similar à caatinga e prejudica os
deslocamentos da tropa a pé. Nas regiões de fazenda, o deslocamento a pé e
motorizado é facilitado por possuir pouca vegetação, mas a dificuldade de camu-
flagem pode tornar o deslocamento diurno perigoso.
2.6.1.4.2 Nas áreas alagadas próximas aos rios, o desgaste dificulta o desloca-
mento a pé, porém pode ser utilizado para atingir o inimigo com surpresa e em
curtas distâncias. Nos rios e corixos, o deslocamento fluvial pode ser prejudicado
pelo camalote, que quando cresce em demasia provoca os chamados “entupi-
mentos”. Com relação às condições climáticas, deve-se observar que quando o
clima estiver quente, os deslocamentos a pé sofrerão influência direta, interferin-
do sobremaneira no moral e condicionamento físico do militar. Caso o desloca-
mento for embarcado, o reflexo do sol sobre a água pode provocar queimaduras
2-32
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de pele e interferir na visão (o uso de óculos de sol é uma alternativa importante,
além de reduzir muito o impacto de partículas e insetos nos olhos, causados pela
velocidade da embarcação). Já com o clima frio, os deslocamentos em ambiente
alagado poderão provocar hipotermia. Com relação ao vento sul ou frente fria, a
sua presença pode impedir o uso de aeronaves e embarcações, devido à veloci-
dade do vento e às condições de visibilidade.
2.6.1.4.3 Por ser uma área de planície, o Pantanal facilita o movimento da tropa
a pé e de viaturas, principalmente nas regiões mais afastadas do Rio Paraguai.
Nas regiões em que o terreno é acidentado, o uso de viaturas fica restrito, sen-
do melhor empregado os animais, como o cavalo pantaneiro. As regiões mais
próximas dos rios, por sofrerem a influência das cheias, dificultam o movimento
da tropa a pé, sendo mais empregadas as embarcações de pequeno calado ou
regionais.
2.6.1.4.4 A seguir são apresentados alguns dados médios de planejamento para
o deslocamento a pé em região de Pantanal:
a) Deslocamento diurno:
- velocidade de 2 Km/h, para as matas de grande porte;
- velocidade de 1 km/h, para as matas de pequeno porte;
- velocidade de 700 m/h em matas com espinheiros;
- velocidade de 800 m/h, em trechos alagados até a altura do joelho; e
- velocidade de 300 m/h, em trechos alagados até a altura do peito.
b) Deslocamento noturno:
- velocidade de 800 m/h, para as matas de grande porte;
- velocidade de 300 m/h, para as matas de pequeno porte;
- velocidade de 200 m/h, para as matas com espinheiros;
- velocidade de 300 m/h, em trechos alagados até a altura do joelho; e
- velocidade de 150 m/h, para trechos alagados até a altura do peito.
2-33
EB70-CI-11.438
falta de informações das cartas topográficas da região. Entretanto, os rios pos-
sibilitam a vida no Pantanal e são as únicas “estradas disponíveis”, logo é fun-
damental o emprego de embarcações de pequeno e médio porte na maioria dos
corixos e embarcações de grande porte nos rios principais.
2.6.1.4.6 O emprego descentralizado e a insuficiência de estradas dificultam o
transporte de cargas para as pequenas frações. As missões geralmente impõem
grandes jornadas de deslocamentos, o que implica em maior quantidade de
peso a ser carregado. Entretanto, os rios e os corixos fornecem possibilidades
de transporte fluvial de grande quantidade de carga. Nas áreas descampadas
do Pantanal pode-se utilizar o lançamento de carga por aeronave para apoiar as
missões, observando ainda que se a carga for convenientemente preparada, em
devidos fardos e pacotes impermeáveis, poderá ser lançada em área alagada.
2.6.1.4.7 Quanto aos estacionamentos, o acantonamento é dificultado pela qua-
se inexistência de povoados, assim como o acampamento, tendo em vista a
grande quantidade de material levado, exceto em base de combate fluvial, devi-
damente apoiada por embarcações. Já para os bivaques deve-se sempre levar
em conta o clima, os animais nocivos e o local onde se vai pernoitar, procurando
conduzir:
a) Rede de selva
- Facilita o pernoite, principalmente pela existência do mosquiteiro, porém é di-
ficultada pela dificuldade de encontrar áreas com troncos grossos para a sua
amarração. A variante é colocar no terreno, levantando-se o mosquiteiro.
b) Mosquiteiros
- Extremamente importante, mas se não for associado à suspensão do solo, o
combatente fica exposto à ação de animais rasteiros, o que não acontece na
rede de selva por ser fechada.
c) Abrigos improvisados
- Necessários para caso de sobrevivência ou para potencializar um abrigo artifi-
cial. Pode ser usado em bases de combate para aumentar o conforto.
2.6.1.5 Influência nas Atividades Logísticas
2.6.1.5.1 A distância dos grandes centros dificulta o recompletamento e a subs-
tituição da tropa empregada. Os recursos locais podem ser utilizados para res-
suprir a tropa em combate, bem como a população local se consubstancia em
ótimo recursos humanos, tendo em vista o conhecimento da região, a facilidade
com que usam armas e a paixão pelo Pantanal.
2.6.1.5.2 A manutenção é dificultada pelas distâncias dos grandes centros; pelo
reduzido número de estradas e hidrovias que possam servir de eixos de evacua-
ção de material; e pela dificuldade de reposição, além do valor ser relativamente
caro (peças de embarcações e aeronaves).
2-34
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2.6.1.5.3 Em um combate no complexo ambiente pantaneiro, o correto emprego
assim como as formas de obtenção dos suprimentos, são determinantes para a
manutenção das condições de combate. Para a logística correta, torna-se funda-
mental a observância dos seguintes pontos:
a) A adoção de processos especiais para distribuição de suprimento (comboio
especial, posto de suprimento móvel, reserva móvel e, em particular, suprimento
por via aérea) permite minimizar o peso a ser transportado pelas tropas em 1o
escalão e são melhores adaptáveis ao tipo de terreno.
b) O local de apoio à missão deve buscar a utilização do pré-posicionamento de
material próximo aos possíveis objetivos, assim como equipes especiais trans-
portando material para determinada missão.
c) As instalações logísticas possuem seu uso dificultado pela falta de cobertura
e pela existência de poucas vias de suprimento (estradas), limitando-se, por ve-
zes, ao uso das hidrovias.
d) A rápida deterioração de gêneros alimentícios é um dificultador. Para longos
períodos é vital o ressuprimento constante. Tal fator pode ser atenuado pelo uso
de alimentos com maior duração e locais apropriados de armazenamento, sen-
do também pertinente afirmar que o Pantanal com sua riqueza natural, propicia
muitos meios de sobrevivência.
e) A baixa durabilidade do fardamento e equipamentos é agravada pelas con-
dições climáticas e do terreno, o que provoca nas pequenas frações, uma ne-
cessidade maior da capacidade de manutenção dos diversos itens da cadeia de
suprimento, especialmente fardamento e armamento.
f) Elevado consumo de combustíveis e lubrificantes ocorre devido, principalmen-
te, ao uso de embarcações e aeronaves para realizar os deslocamentos.
g) Toda a atenção deve ser destinada à minimização da deterioração do su-
primento classe V, sendo vital o correto armazenamento de munição, devendo
receber especial atenção, pois a umidade e o calor influenciam no poder de
oxidação de forma rápida.
h) Em atividades operacionais, o comandante deverá estar ciente que poderá ter
baixas, em virtude de diversos motivos. Torna-se importante a observância de
alguns fatores que contribuirão para a saúde de seu efetivo:
1) apoio cerrado às pequenas frações é fundamental, devendo-se prever o
emprego de elementos de saúde (1o escalão de saúde), desde que devidamente
instruídos a socorrer feridos em combate e com conhecimento das enfermidades
do Pantanal (execução de atendimento primário, medicina preventiva e com limi-
tada capacidade de retenção, tratamento e evacuação);
2) para a higiene e profilaxia, a prevenção e o uso de equipamentos adequa-
dos ao ambiente podem evitar a baixa em combate por motivos fúteis. O militar
2-35
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deve preocupar-se em estar sempre confortável, com sua roupa seca e com seu
abrigo bem construído, com o objetivo de evitar os males provocados pela umi-
dade excessiva e pelos animais nocivos; e
3) a condução de remédios específicos, destinados aos primeiros socorros,
pelo pelotão é essencial, principalmente para casos mais graves, devido à atua-
ção descentralizada. O estojo de primeiros socorros pessoal deve dar preferên-
cia para os malefícios do militar e para as suas deficiências. O uso de reidratante
oral, remédios contra alergia e problemas de pele são constantes, portanto, es-
ses produtos não devem ser esquecidos e poderão ser conduzidos no estojo do
militar, deixando de sobrecarregar o estojo da fração (coletivo).
2.6.2 ACIDENTES CAPITAIS
2.6.2.1 Os acidentes capitais mais importantes no Pantanal são as localidades,
portos, aeródromos e até mesmo elevações que dominem locais de passagem
obrigatória ou trechos de importantes rios navegáveis, como Coimbra e Fecho
dos Morros.
2.6.2.2 As regiões mais elevadas não serão necessariamente acidentes capi-
tais, exceto nas condições anteriormente mencionadas.
2.6.2.3 Os acidentes do terreno, cuja posse ou manutenção trazem vantagens
para algum dos contendores no ambiente pantaneiro são resumidos, pratica-
mente, a pontos críticos ou regiões que dominem esses pontos:
a) Vias de transporte terrestre - entroncamentos, regiões propícias à montagem
de emboscadas;
b) localidades e áreas que possam ser utilizadas como base pelo inimigo;
c) pontos que dominem a circulação, tais como as regiões de passagem sobre
os rios (pontes, local de travessia de balsa, etc), os nós rodoviários, as confluên-
cias de rios, boca dos rios afluentes, curvas dos rios, ilhas, elevações próximas
às margens e regiões propícias à montagem de emboscadas;
d) os campos de pouso existentes na região; e
e) clareiras e áreas secas que sirvam como Z Reu, base de combate ou base de
patrulha e outras instalações, além das que favoreçam as ações inopinadas de
emboscadas e infiltrações, que permitam a operação de helicópteros e que se-
jam utilizadas como zona de lançamento para emprego de tropas aeroterrestres.
2.6.2.4 São acidentes capitais, ainda, os locais apropriados para a instalação
de Base de Combate Ribeirinha (BCR), seja terrestre ou flutuante, locais para
instalação de Bases de Operações Aéreas (BOA) e Locais de Desembarque
Ribeirinho (Loc Dbq Rib).
2-36
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2-37
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2-38
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CAPÍTULO III
FLORA E FAUNA
3.1 FLORA
3.1.1 A vegetação do Pantanal, rica e variada, não é homogênea e há padrões
diferentes de acordo com o solo e a altitude.
3.1.1.1 Nas partes mais baixas predominam as gramíneas, que são áreas de
pastagens naturais para o gado.
3.1.1.2 Nas alturas intermediárias, predomina o cerrado, com árvores de porte
médio. Há também os capões de mato, com árvores maiores.
3.1.1.3 Já nas altitudes mais elevadas, a vegetação se apresenta semelhante à
da área de caatinga. Existem, ainda, no Pantanal algumas áreas com mata densa.
3.1.1.4 A vegetação aquática é fundamental para a vida pantaneira. Existem
variadas espécies de plantas flutuantes, como os camalotes e a vitória-régia,
vegetações típicas da Região da Amazônia (Fig 17, 18 e 19).
3-1
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Fig 19 - Baceiro
3-2
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reconhecidas pela folha com cheiro de goiaba ou pitanga, embora algumas te-
nham frutos pouco saborosos e com pouca polpa. Para sobreviver no mato, às
vezes resta confiar nos instintos, embora os sentidos de alerta (olfato e sabor), do
homem urbano sejam pouco desenvolvidos. Não há plantas muito venenosas no
Pantanal que sejam motivo de preocupação, pois as que são tóxicas têm cheiro
e gosto muito desagradáveis.
3.1.6 Vagens devem ser evitadas, assim como não deve-se comer sementes tipo
feijão sem trocar várias vezes a água de fervura. O fedegoso tem semente tóxica,
o que desaparece ao ser torrada. A semente de angico também é tóxica. Uma
indicação de plantas frutíferas é o que é comido por porcos, macacos e algumas
aves como arancuã, araras e tucanos. Frutos vermelhos geralmente são procu-
rados por aves frugívoras e muitos podem ser comidos pelo homem.
3.1.7 Via de regra, não devem ser consumidos os vegetais, frutos, tubérculos que
apresentarem uma das três características fundamentais: cabeludo, amargo ou
leitoso. A grande maioria dos frutos comidos pelos animais poderá servir para o
consumo do homem. Vale lembrar que as aves pequenas não são fontes confi-
áveis de bom alimento quanto ao sabor, quantidade de polpa e principalmente a
toxidez, como é o caso dos papagaios que comem frutos tóxicos como caiarana,
camboatá, saboneteira e ximbuva.
3.1.8 Caso a planta não seja identificada, outra regra básica é utilizar os brotos,
de preferência subterrâneos, pois são mais tenros e saborosos. É importante
ressaltar que na área do Pantanal não há palmito tóxico, logo todos podem ser
consumidos. Os alimentos de origem vegetal estarão sempre na dependência da
época e da distribuição geográfica (região), e os melhores locais para se procurar
os frutos são capões, beira de matas e beira de rios em campo abertos.
3.1.9 REGRA DOS SENTIDOS
- A EMBRAPA, por meio de estudos científicos, desenvolveu um método para
verificar se os vegetais encontrados na natureza podem ser consumidos pelo
homem. Consiste na REGRA DOS SENTIDOS, que possui 3 etapas:
a) Deve-se partir o fruto ao meio e colocá-lo em contato com a parte do braço
contrária ao cotovelo (parte mais sensível). Deve-se verificar se a pele não sofreu
nenhuma irritação, comum a vegetais que podem ser tóxicos;
b) após isso, coloca-se o fruto em contato com os lábios e canto da boca, duran-
te aproximadamente 5 segundos. deve-se observar e verificar se os lábios não
sofreram nenhuma irritação; e
c) o próximo passo, é colocar o alimento na ponta da língua durante aproxima-
damente 5 segundos. Caso não sinta queimação ou amortecimento engula-o e
aguarde durante 4 a 5 horas. Se não ocorrer nenhuma reação adversa, a planta
deve ser segura.
3-3
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Observação: é importante ressaltar que não se deve estabelecer uma dieta com
apenas esse tipo de vegetal, visando evitar outras reações, como a diarréia,
oriunda de um cardápio pobre em variedades.
3.1.10 OS VEGETAIS COMESTÍVEIS
3.1.10.1 Dos alimentos de origem vegetal, podemos classificar em vegetais não
cultivados ou silvestres e os cultivados, sendo que ambos poderão ser consumidos
quando encontrados em uma situação de sobrevivência.
3.1.10.2 Os vegetais silvestres comestíveis são encontrados na região pantaneira
e se reproduziram sem a necessidade de cultura, assim sendo, são vegetais en-
contrados nas matas. Eles serão expostos na tabela a seguir (Tab 1), conforme
a padronização que leva em consideração:
a) a sua época de frutificação com a letra P (primavera), V (verão), O (outono)
e I (inverno);
b) seu grau de valor alimentício, em ordem crescente de importância e que vai
de 1 a 5; e
c) por fim, seu grau de frequência de ocorrência (facilidade de encontro no am-
biente), que será de 1 para raro, 2 para ocasional, 3 para frequente, 4 para muito
comum e 5 para predominante.
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3-5
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3-6
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3.1.12 OS VEGETAIS E SEU USO MEDICINAL
3.1.12.1 A seguir estão listados os vegetais encontrados no Pantanal (Tab 2), cujas
propriedades medicinais são de grande importância e utilidade para a saúde do ho-
mem pantaneiro (fruto da experiência indígena e dos ribeirinhos locais). Os efeitos
e o modo de preparo sugerido visam o melhor aproveitamento desses vegetais.
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3-8
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Limão Bravo
Arbusto a árvore: 2 a 5
m de altura (com espi- Fruto comestível, ácido,
nhos). e também consumido por
animais. A semente possui
Flor (AGO-OUT) e fruto óleo alimentício.
(OUT-DEZ).
3-9
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Árvore: 5 a 10 m de al-
tura. Ornamental (cultivada),
madeira pesada e macia,
Flor branca (SET-DEZ),
utilizada para cabo de fer-
durante poucos dias.
ramentas.
Taiuiá
3-10
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Bocaiuva
Folha bem aceita por bois
Palmeira: 5 a 20m de e cavalos; fruto comestível,
altura. quando a polpa é cozida
com leite serve como forti-
Espinhosa no caule,
ficante; pode ser feito como
flor (SET-JAN) e fruto
sorvete; é bem procurado
(OUT-DEZ).
por roedores, emas e ara-
ras. Madeira usada para
paredes e caibros.
Cumbaru
Embira de Sapo
Embiruçu
Madeira leve e porosa, boa
Árvore: 4 a 10 m de altu-
ra, com tronco e ramospara confecção de caixotes,
com casca grossa de cochos e gamelas. Fibras
resistentes a água, não
cortiça de cor castanha.
apodrecem com facilidade,
Flor de 20 cm de com-
sendo boa matéria-prima
primento (JUN-SET).
para salva-vidas e isolante
térmico. Ornamental.
Espeteiro
Aroeira
3-12
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Angico Branco
Árvore: 8 a 20 m de al-
Ninho de araras e tuiuiú,
tura, tronco geralmente
madeira branca–amarela-
bifurcado, flor (JUN-
da, com textura grosseira,
-NOV) e vagem (AGO-
fibrosa e pouco durável.
-DEZ).
Aromita
3-13
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Guatambú
Cera Cozida
3.2 FAUNA
3.2.1 Apesar de didaticamente não se enquadrar como um dos aspectos fisiográ-
ficos, não se pode tratar do Pantanal sem uma abordagem detalhada da fauna
da região. Seu ecossistema é diversificado, abrigando grande quantidade de
animais de diversos portes.
3.2.2 A atuação dos insetos e animais de pequeno porte podem causar reações
alérgicas graves e, dessa forma, comprometer o moral da tropa. Um incidente
3-14
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envolvendo animais de médio e grande porte, como as cobras, onças e jacarés,
pode vir a causar lacerações, perda de membros e até mesmo a morte do com-
batente atingido. Assim, é fundamental para o militar ter o pleno conhecimento
dos ambientes e da forma como vivem esses animais da região, pois podem vir
a causar baixas na tropa.
3.2.3 O conhecimento dos hábitos da fauna pantaneira, além de servir como pre-
venção a qualquer tipo de incidente, também pode agir em favor da tropa local.
Para isso, o emprego de militares da região pantaneira, exímios conhecedores
da área de operações é um fator que não pode ser negligenciado nos pequenos
escalões.
3.2.4 ANIMAIS DO PANTANAL
3.2.4.1 A região do Pantanal é conhecida mundialmente como o maior santuário
ecológico do planeta e possui grande variedade de animais.
3.2.4.2 Será feita uma abordagem específica de algumas das espécies que habi-
tam o ambiente pantaneiro (Tab 4), com dados, características, habitat, hábitos e
curiosidades. A tabela seguinte resumirá aspectos gerais de alguns animais (Tab 5).
Garça-Branca
- Habitat: beira de lagos, rios e banhados.
- Alimentação: insetos aquáticos, caranguejos, moluscos,
anfíbios e até répteis.
- Reprodução: período de incubação dos ovos em torno de
25 dias; com ninhos sobre árvores ou arbustos nos brejais,
em campos inundáveis.
- Tamanho adulto: 88 cm de comprimento.
- Distribuição: da América do Norte ao estreito de Magalhães, em todo o Brasil e também
na Europa.
- Observação: ave migratória que se associa em colônias.
Ema
- Habitat: regiões campestres, cerrados onde haja água e
campos abertos do Pantanal. A ema não voa, é terrícola
por excelência.
- Alimentação: folhas, frutas, sementes, insetos, lagartixas,
rãs e cobras.
- Reprodução: incubação dos ovos entre 27 e 41 dias;
10 a 18 ovos por fêmea e os filhotes nascem todos no
mesmo dia, com poucas horas de diferença. Ocorre o acasalamento do macho e várias
fêmeas (3 a 6), que permanecem juntas enquanto ele costuma andar só. O ninho é
construído pelo macho em uma depressão no solo e a preenche com capim ou folhagem,
Tab 4 – Características dos animais.
3-15
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Carcará
- Habitat: áreas abertas do Pantanal, frequente em beira
de estradas.
- Alimentação: bastante ampla, de frutas, lagartixas até
detritos e cadáveres.
- Reprodução: incubação dos ovos em torno de 28 dias, 2
a 3 ovos por fêmea.
- Tamanho adulto: 56 cm.
- Distribuição: da Flórida (EUA) à terra do fogo (Chile), inclusive por todo o Brasil.
- Observações: depois que os urubus abandonam uma carniça, o carcará ainda aproveita
restos, couro e larvas. Por vezes é atropelado, pois limpa as estradas do Pantanal de
animais atropelados.
Tuiuiú
- Habitat: rios, brejos, corixos, lagoas e vazantes.
- Alimentação: pequenos vertebrados como peixes e rãs.
- Reprodução: na estação seca (julho/setembro). A fêmea
bota entre 2 e 4 ovos; os filhotes recebem cuidado dos pais
até saírem do ninho em busca de alimentos.
- Tamanho adulto: 107 cm de altura, 140 cm de comprimento,
140 cm de comprimento, 260 cm de envergadura e 8 kg de peso.
- Distribuição: da América Central, até o norte da Argentina.
Garça-Real
- Habitat: beira de mata ciliar.
- Alimentação: lagartixas, sapos, rãs, gafanhotos, aranhas,
caranguejos, moluscos e até cobras.
- Reprodução: incubação dos ovos entre 22 e 23 dias; coloca
ninhos em árvores e associa-se em colônias.
- Distribuição: do Panamá ao Paraguai, Bolívia e em todo o Brasil.
Tab 4 – Características dos animais (continuação).
3-16
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Arara-Canindé
- Habitat: matas e capões.
- Alimentação: côcos de palmeiras e coqueiros, frutos de
jatobá, mandovi e pequi.
- Reprodução: incubação dos ovos entre 25 e 30 dias; 2 a
4 ovos por fêmea.
- Tamanho adulto: 80 cm de comprimento.
- Distribuição: da América Central ao Brasil, Bolívia e Paraguai.
Tucano
- Habitat: matas ciliares e capões.
- Alimentação: geralmente frutas, mas também pode
alimentar-se de animais pequenos como aranhas, grilos e
cigarras. Predador de ninho de outras aves para saquear
ovos e filhotes.
- Reprodução: incubação dos ovos entre 18 e 23 dias;
2 a 4 ovos por fêmea. Constrói ninhos em partes ocas de árvores altas.
- Tamanho adulto: 56 cm de comprimento.
- Distribuição: da Amazônia ao Paraguai, Bolívia e Argentina, não atingindo o litoral do
Brasil.
Macaco-Prego
- Habitat: florestas úmidas, florestas secas, matas ciliares
e matas secundárias.
- Alimentação: frutas maduras, castanhas, pequenos ver-
tebrados, insetos, néctar, ovos ou filhotes de pássaros e
lagartos.
- Reprodução: período de gestação em torno de 160
dias; um filhote por parto. O macaco-prego é polígamo, havendo geralmente no grupo
um macho dominante.
- Tamanho adulto: 35 a 49 cm de comprimento.
- Distribuição: sul da Colômbia, Venezuela, Guianas até o norte da Argentina.
Observações: de hábitos diurnos, vive em grupos de 5 a 20 indivíduos, são fáceis de serem
observados devido ao barulho que fazem. Quando perseguidos dão alarme e fogem. A
maturidade sexual dos machos ocorre aos 7 anos de idade, enquanto a maturidade das
fêmeas acontece aos 4 anos.
Tab 4 – Características dos animais (continuação).
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Marreco-Irerê
- Habitat: banhados e campos inundáveis.
- Alimentação: pequenas sementes e folhas, vermes, larvas
de insetos e crustáceos.
- Reprodução: incubação dos ovos entre 27 e 29 dias; a
fêmea coloca o ninho sobre o solo ou sobre a vegetação
herbácea ou arbustiva, nas proximidades da água.
- Tamanho adulto: 44 cm de comprimento. A fêmea é ligeiramente maior que o macho.
- Distribuição: África e região tropical da América do Sul (Bolívia, Argentina, Uruguai e
todo o Brasil).
Observações: espécie migratória. Encontrada em grandes grupos nas salinas.
Baguari
- Habitat: margem dos rios, corixos e vazantes.
- Alimentação: peixes, insetos e moluscos.
- Reprodução: incubação em torno de 25 dias. Fazem
ninhos sobre arbustos e árvores, em matas e capões, de
junho em diante.
- Tamanho adulto: 125 cm. Possui 180 cm de envergadu-
ra de asas e 3,2 kg de peso.
- Distribuição: do Panamá ao Chile e Argentina, e em todo o Brasil.
Observações: o baguari (maguari), é a maior das garças do Brasil. Possui hábitos soli-
tários, sendo encontrado geralmente pousado sobre a vegetação ribeirinha, à espreita
de alimentos.
Arara-Vermelha
- Habitat: banhados e campos inundáveis.
- Alimentação: frutas e sementes.
- Reprodução: incubação dos ovos em torno de 30 dias; 2
a 4 ovos por fêmea. Fazem ninhos em oco de árvores em
geral e palmeiras.
- Tamanho adulto: 1,5 m de envergadura de asas. Pesam
em torno de 1,5 kg.
- Distribuição: da América Central ao Paraguai e Norte da Argentina.
Observações: vivem em casais, durante as atividades e para dormir, reúnem-se em
bandos.
Anhuma
- Habitat: matas e capões.
- Alimentação: folhas de plantas aquáticas, capim e artró-
podes.
- Reprodução: 2 a 3 ovos por fêmea. Coloca ninhos no solo,
em brejos e lagoas.
- Tamanho Adulto: 80 cm de comprimento.
- Distribuição: da Argentina à Bolívia até o Brasil, nos estados de Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e São Paulo.
Observações: fica pousada durante horas sobre as árvores. É considerada a sentinela
do Pantanal pelo grito estridente que emite quando avista estranhos.
Cabeça-Seca
- Habitat: rios, brejos, corixos, vazantes e baías.
- Alimentação: insetos, caranguejos, rãs e peixes.
- Reprodução: incubação entre 28 e 30 dias; 2 a 3 ovos
por fêmea. Constrói ninhos em capões e matas ciliares
alagadas, junto com garças e colhereiros, na época seca,
entre JUN e SET.
- Tamanho Adulto: 95 cm.
- Distribuição: sul dos Estados Unidos à Argentina, e por quase todo o Brasil.
Observações: sua característica principal é a cabeça pelada e penas do corpo brancas,
com as bordas das asas pretas. Pesca em grupo e de modo a não ser ofuscado pelo
reflexo do Sol.
Sinimbu
- Habitat: matas ciliares, áreas brejosas e pertos de rios.
- Alimentação: jovens alimentam-se de insetos, adultos
essencialmente de plantas.
- Reprodução: NOV a JAN. Período de incubação em torno
de 50 dias, com 12 a 19 ovos por ninho.
- Tamanho Adulto: aproximadamente 140 cm de compri-
mento.
- Distribuição: países da América Central e alguns países da América do Sul.
Onça-Pintada
- Habitat: florestas e cerrados.
- Alimentação: alimenta-se principalmente de grandes ma-
míferos (capivara, anta, veado, caititu, queixada), jacarés,
tartarugas, peixes e animais de origem doméstica.
- Reprodução: período de gestação entre 90 e 111 dias; 1 a
Onça-Parda
- Habitat: variado, desde que apresente grande diversidade
e abundância de presas.
- Alimentação: desde pequenos roedores, cobras até mamí-
feros de grande porte, como capivaras, veados, queixada,
caititu, etc.
Reprodução: período de gestação em torno de 93 dias; um
3-20
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Curicaca-Amarela
- Habitat: vive abertamente em campos secos.
- Alimentação: gafanhotos, aranhas, centopeias, lagartixas,
cobras, ratos e sapos.
- Reprodução: período de incubação dos ovos em torno de
24 dias, coloca ninhos em árvores.
- Tamanho adulto: 69 cm de comprimento; 43 cm de altura.
- Distribuição: ocorre da Colômbia à Terra do Fogo e em grande parte do Brasil.
Observações: as curicacas são sociáveis e segregáveis.
Anta
- Habitat: florestas úmidas e matas ciliares.
- Alimentação: arbustos, gramíneas, frutas, raízes e folhas.
- Reprodução: período de gestação entre 12 e 13 meses;
um filhote por parto.
- Tamanho adulto: cerca de 300 kg de peso.
- Distribuição: América do Sul, leste da cordilheira dos Andes, norte da Colômbia, sul do
Brasil e norte da Argentina e Paraguai.
Observações: animal solitário, terrestre, de hábitos, principalmente noturnos e parcial-
mente diurnos. A maturidade sexual ocorre, aproximadamente aos 2 anos de idade. As
antas andam normalmente em trilhas, que sempre terminam junto de fontes aquáticas,
que são utilizadas para refugiarem-se, nadando e mergulhando muito bem. Estando na
mata faz muito barulho porque desloca-se de cabeça baixa, arrebentando cipós e folhas
que impedem sua passagem.
Queixada
- Habitat: florestas.
- Alimentação: frutas, sementes, brotos, raízes e folhas
verdes. É onívoro.
- Reprodução: período de gestação em torno de 165 dias,
2 filhotes.
- Tamanho adulto: 76,5 a 105 cm de comprimento.
- Distribuição: América do Sul.
Observações: animal gregário, terrestre, de hábitos, principalmente diurnos. Anda em
bandos de 50 a 300 indivíduos. Os machos velhos, normalmente ponteiam as varas.
Possui na base da cauda uma glândula que produz cheiro forte, característico, quando
está alarmado. Quando assustados correm em grande velocidade em fila indiana e abrem
caminho com a força do corpo ou a dentadas. Também é característica sua maneira de
bater os dentes quando irritados; uma batida seca dos dentes mandibulares contra os
maxilares pode ser escutada à distância e serve, geralmente, para ameaçar alguns de
seus poucos inimigos (onças, cães e o homem).
3-21
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Veado-Campeiro
- Habitat: ambientes de vegetação aberta, como campos e
cerrados. No Pantanal, seus hábitos preferidos são os cam-
pos inundáveis e as vazantes durante o período de seca.
Nas cheias, pode ser encontrado em caronais e cerrados
abertos, normalmente não inundáveis.
- Alimentação: gramíneas verdes, ervas e alguns arbustos
e flores de algumas árvores.
Tamanduá-Bandeira
- Habitat: florestas úmidas, cerrados e florestas secas.
- Alimentação: formigas e cupins no nível do solo.
Reprodução: período de gestação de 190 dias; 1 filhote
por parto.
- Tamanho adulto: 1,6 e 2,1 m de comprimento. Seu peso
fica entre 22 e 39 Kg.
- Distribuição: desde o Sul de Belize e Guatemala, na América Central, até a América
do Sul.
Observações: animal solitário, terrestre, de hábitos noturnos e diurnos. O filhote é car-
regado nas costas. Ameaçado de extinção.
Tamanduá-Mirim
- Habitat: florestas, cerrados e matas ciliares.
- Alimentação: insetos, principalmente formigas, cupins e
abelhas.
- Reprodução: 1 filhote por parto; período de gestação em
torno de 190 dias.
- Tamanho Adulto: 1,35 m de comprimento. Seu peso varia
entre 3,6 a 8,4 kg.
- Distribuição: América do Sul.
Observações: animal solitário, de hábitos noturnos e diurnos. É arbóreo e terrestre.
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Capivara
- Habitat: florestas úmidas e secas, pastagens próximas
à água.
- Alimentação: gramíneas, brotos, folhas, e especialmente,
vegetação aquática.
- Reprodução: período de gestação em torno de 150 dias,
4 a 6 filhotes por ano, podendo chegar a 8.
- Tamanho adulto: 1 a 1,3 m de comprimento.
- Distribuição: do Panamá até o nordeste da Argentina.
Observações: animal gregário, semiaquático, vive próximo dos corpos de água e pode
ser encontrado em grupos de até 20 indivíduos em áreas de pastagem aberta. De hábitos
naturalmente diurnos, pode adquirir hábitos noturnos quando intensamente caçada. Ao
ficar assustada, emite um grito rouco e curto, mergulhando em seguida na água e emer-
gindo à distância, normalmente junto à vegetação aquática. Quando quer reunir-se em
grupo emite uma espécie de assobio. Quando irritada, faz um barulho de batida de dentes.
Quero-Quero
- Habitat: vive em pastagens e em banhados como corixos,
vazantes e baías.
- Alimentação: larvas, insetos e pequenos peixes.
- Reprodução: 4 ovos por fêmea. Coloca o ninho no chão,
sendo muito difícil encontrar os ovos de cor “suja”. O macho
é agressivo, inclusive ao homem, quando está cuidando
do ninho.
- Tamanho Adulto: 37 cm de comprimento.
- Distribuição: da América Central à Terra do Fogo e em todo o Brasil
Martím Pescador
- Habitat: vegetação marginal de rios, vazantes, corixos
e baías.
- Alimentação: pequenos peixes.
- Reprodução: 2 a 4 ovos por fêmea. Vivem em casais e
coloca ninhos nos barrancos expostos na época da seca.
O ato de chocar é feito tanto pelo macho, como pela fêmea,
revezando-se a cada 24 horas. Os filhotes abandonam o ninho com 35 dias ou mais.
- Tamanho Adulto: 42 cm de comprimento. Pesa entre 305 e 341 gramas.
- Distribuição: do México à Terra do Fogo, por toda a América do Sul.
Tab 4 – Características dos animais (continuação).
3-23
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Rolinha-Fogo- Apagou
- Habitat: campos secos, cerrados e jardins.
- Alimentação: grãos e frutos. Ingere os grãos inteiros, sem
quebrá-los, enchendo o papo, onde ocorre a digestão.
Casais inseparáveis.
- Reprodução: incubação dos ovos em torno de 14 dias; 2
ou 3 ovos por fêmea.
- Tamanho Adulto: 19,5 cm de comprimento.
- Distribuição: da Venezuela ao Paraguai, passando pela Argentina (Missiones), e Brasil
(Nordeste, Brasil Central, São Paulo e Paraná).
Observações: muito característica pela sua aparência escamosa e pelo canto ritmado.
Urubu-Rei
- Habitat: regiões permeadas de matas e campos, distantes
dos centros urbanos.
- Alimentação: carne em putrefação.
- Reprodução: coloca ninhos em árvores altas, podendo
aproveitar-se de um ninho já existente. Põe de 2 a 3 ovos
brancos uniformes. Período de incubação de 50 a 56 dias.
- Tamanho Adulto: 79 cm de comprimento, 180 cm de envergadura e 3 kg de peso.
- Distribuição: do México à Bolívia, norte da Argentina e Uruguai, no Brasil encontrado
na parte Central, Norte e Nordeste.
Jacaré do Pantanal
- Habitat: rios, corixos, vazantes, baías e salinas do Pan-
tanal.
- Alimentação: peixes, insetos, anfíbios, aves, etc. É essen-
cialmente carnívoro.
- Reprodução: incubação de ovos entre 60 e 70 dias, no
período chuvoso, entre dezembro e fevereiro; 20 a 30 ovos
por fêmea, podendo chegar a 40. Faz ninho de folhas e gravetos na mata ou sobre o
baceiro.
- Tamanho adulto: 2 m de comprimento.
- Distribuição: Bacia do Alto Paraguai.
Observações: a determinação do sexo nesses animais é dependente da temperatura
do ninho. Temperaturas inferiores a 31,5º C geram fêmeas e superiores a 31,5º C geram
principalmente machos. A fêmea cuida do ninho, agressivamente. Normalmente o jacaré
foge do homem. Apesar de ter sido muito caçado, não está ameaçado de extinção.
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Sucuri
- Habitat: beira de rios, vazantes, corixos e baías.
- Alimentação: essencialmente carnívora, come peixes e
rãs ou caça animais que vão beber à margem dos corpos
de água, matando-os por asfixia.
- Reprodução: ninhada de 15 a 30 filhotes.
- Tamanho adulto: até 7 m de comprimento.
Veado-Mateiro
- Habitat: ambiente de vegetação arbórea densa, como
as matas e cerradões. Raramente é avistado fora desses
ambientes, dos quais só sai para procurar água.
- Alimentação: folhas de arbustos, gramíneas, ervas, flores
e frutos.
- Reprodução: um filhote por parto.
- Tamanho Adulto: de 1 a 1,10 m de comprimento. Pesa cerca de 23 kg.
- Distribuição: distribui-se amplamente pela América Central e América do Sul, a leste da
Cordilheira dos Andes e ao Norte dos Pampas.
Observações: vive solitariamente ou em casais. Os filhotes nascem ao longo do ano. A
troca dos chifres dos machos não apresenta um padrão anual definido. Não é conside-
rado ameaçado de extinção.
Guaraxo (também é conhecido como lobinho)
- Habitat: é mais comum em áreas de cerrados ou matas
ciliares.
- Alimentação: invertebrados, vertebrados (pequenos roe-
dores) e frutas. O caranguejo faz parte da dieta na estação
seca.
- Reprodução: período de gestação em torno de 53 dias; 5
filhotes por parto, em média.
- Tamanho Adulto: 65 cm de comprimento e 30 cm de altura.
- Distribuição: América do Sul (do sul do Amazonas ao Paraguai).
Observações: animal de hábitos noturnos, vivem em pares monogâmicos que ocupam
territórios exclusivos delimitados pela urina. Os jovens começam a caçar a partir de seis
semanas de idade junto dos pais, com os quais podem permanecer mais de um ano.
3-25
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Jandaia
- Habitat: campos.
- Alimentação: frutos e sementes de plantas silvestres e
domésticas.
- Reprodução: incubação dos ovos em torno de 25 dias; 3
a 5 ovos por fêmea.
- Tamanho Adulto: 32 cm de comprimento.
- Distribuição: da Argentina à Bolívia, Paraguai e, no Brasil, até sudeste do Mato Grosso.
Observação: vivem em bandos, sempre produzindo muito barulho. Também conhecido
como periquito da cabeça preta.
Papagaio-Verdadeiro
- Habitat: matas ciliares, cordilheiras e capões.
- Alimentação: frutas, sementes e flores.
- Reprodução: incubação dos ovos entre 25 e 30 dias; a
fêmea faz o ninho em setembro e coloca 3 ovos em média.
Os ninhos são feitos em ocos de palmeiras e, eventualmen-
te, em barrancos. Reproduzem-se a partir do terceiro ou
quarto ano de vida.
- Tamanho Adulto: 35 cm de comprimento.
- Distribuição: do Nordeste ao Brasil Central, além do Rio Grande do Sul, Paraguai, norte
da Argentina e Bolívia.
Observações: com estimativa de 42 anos de vida, é o melhor falador entre os papagaios.
Normalmente são canhotos e utilizam o pé esquerdo para pegar e levar alimento à boca,
enquanto com o direito se fixam sobre o galho.
Colhereiro
- Habitat: águas rasas de rios, corixos, vazantes e baías.
- Alimentação: diversos animais aquáticos, como moluscos,
insetos e peixes pequenos (essas aves mergulham o bico
em forma de colher em águas rasas, movimentando-o
lateralmente).
- Reprodução: incubação dos ovos em torno de 24 dias;
2a4
ovos por fêmea. Reproduzem-se formando ninhos juntamente com cabeças-secas e
garças-brancas.
- Tamanho Adulto: 87 cm de comprimento.
- Distribuição: do Sul dos Estados Unidos à Argentina e grande parte do Brasil, incluindo
o Pantanal.
Observações: a coloração rósea de plumagem se torna mais forte na época de acasa-
lamento e abundância de comida.
Tab 4 – Características dos animais (continuação).
3-26
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Ariranha
- Habitat: áreas próximas a cursos de água, com cobertura
vegetal nas margens (especialmente em tocas).
- Alimentação: alimenta-se basicamente de peixes (pira-
nhas, pacu e pirambeva), e também de cobras.
- Reprodução: período de gestação em torno de 70 dias; 2
a 5 filhotes por ninhada.
Veado-Catingueiro
- Habitat: campos e cerrados. No Pantanal, normalmente
ocorre em cerrados, mas também pode ser visto tanto em
cerradões, como em matas e campos abertos. Às vezes,
busca alimento nas bordas das lagoas.
- Alimentação: geralmente gramíneas, arbustos, trepadeiras
e ervas, mas também flores e frutos.
3-27
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3-28
HÁBITO
CLASSE ANIMAL HÁBITO HABITAT OUTROS SINAIS OBS
ALIMENTAR
Toca: 20 cm de
Tatu Gali- Noturno/ Fuçadas e tocas
Campos Onívoro largura e 21 cm de
nha Crepuscular não acabadas
altura
MAMÍFEROS
Diurno/ No- Campo Toca pequena e Toca: 14 cm de
Tatu Bola Onívoro
turno Sujo quase circular diâmetro
Toca na vertical e
Tatu de Diurno/ No- Campo
Onívoro circunferência per- -
Rabo Mole turno Limpo
feita
3-29
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HÁBITO
CLASSE ANIMAL HÁBITO HABITAT OUTROS SINAIS OBS
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ALIMENTAR
Toca: 37 cm de
Tatu Canas- Toca maior que a
Noturno Cerrado Insetívoro altura e 41 cm de
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Solitário/ Arranhões em
Tamanduá
Diurno/ Cre- Campos Cupim/Formiga Fuçadas cupinzeiros ou ár-
Bandeira
puscular vores
MAMÍFEROS
Solitário/
Tamanduá Arranhões em ár-
Diurno/ Cre- Capões Cupim/Formiga Escansorial
Mirim vores
puscular
Anda em grupos
Macaco Fezes cilíndricas e
Diurno Arborícola Onívoro de até 20 indiví-
Prego pastosas
duos
Arranhões em
Noturno/ Mamíferos/aves/ Adulto chega de
Onça Pin- Matas/ troncos de árvores
Diurno Soli- répteis de médio e 2,2 m a 2,7 m de
tada Bosques a uma altura de
tária grande porte comprimento
2m
Capaz de dar
MAMÍFEROS
Noturno/ Mamíferos/aves/ grandes saltos, Adulto chega de
Onça Par- Cerrados/
Crepuscular/ répteis de médio e tanto em altura 1,6 m a 2,3 m de
da Morrarias
Solitária pequeno porte quanto em dis- comprimento
tância
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HÁBITO
CLASSE ANIMAL HÁBITO HABITAT OUTROS SINAIS OBS
3-32
ALIMENTAR
mana fêmea
Semiaquático,
Noturno/ suas fezes tem Vivem em grupos
Capivara Campos Herbívoro
Crepuscular forma ovóide alon- sociais
gada
Florestas/
MAMÍFEROS
Brejos/
Noturno/ Pequenos bu-
Beira de Frugívora. Ex.: Côcos da acuri
Cotia Diurno Cre- racos rasos são
lagoa Fruto da Acuri roídos
puscular evidências
Matas/
Cerradões
Diurno/ Cre-
Matas/ Tocas volta-
puscular/ Herbívora e Frugí-
Paca Barranco Fossorial das para curso
Solitária/ vora
nos rios d’águas
Casais
Matas/
Noturno/ Quando assusta-
Beira de Vivem em grupos
Queixada Crepuscular Frutos e Raízes dos correm em fila
rios e de 20 até 100
Solitária indiana
lagoas
Um tronco de
Diurno/ Cre- Áreas Vivem em grupos
Caititu Frutos e Raízes árvore é intrans-
puscular abertas de 15 até 50
ponível
MAMÍFEROS
Beira de
Raízes, frutos,
Porco Mon- Noturno/ lagoas/ Enormes áreas Vivem em peque-
invertebrados e às
teiro Crepuscular áreas fuçadas nos grupos
vezes carniça
abertas
Matas,
Veado Ma- Noturno/ evitando Gramíneas/Fruto/ Suas fezes são Vive solitário ou em
teiro Crepuscular áreas Flores cilíndricas casais
abertas
3-33
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HÁBITO
CLASSE ANIMAL HÁBITO HABITAT OUTROS SINAIS OBS
3-34
ALIMENTAR
Suas galhadas
Possui uma mem-
Cervo do Diurno/ Cre- podem chegar até
Brejos Plantas Aquáticas brana interdigital
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Suas galhadas
Veado Cam- Campos Gramíneas e Ar- podem chegar até Vivem em grupos
Diurno
peiro limpos bustos 30 cm de compri- de 3 até 16
mento
MAMÍFEROS
Sua pilha fecal
Veado Ca- Noturno/Cre- Áreas aber- Gramíneas/Fruto e pode ser confun- Vive solitário ou
tingueiro puscular tas Flores caídos dida com a da em casais
capivara
MAMÍFEROS
O ninho com tem-
Peixe/Crustáceo e peratura inferior Podem chegar até
Jacaré do Áreas Alaga- Rios, Cori-
Mamíferos de pe- a 31,5°C geram 2 m de compri-
Pantanal das xos
queno porte fêmeas e superior mento
geram machos
RÉPTEIS
Áreas na
Peixes e Mamífe- Mais agressivo Podem chegar até
Áreas Alaga- transição
Jacaré Açú ros de pequeno e que o Jacaré do 5 m de compri-
das com a
médio porte Pantanal mento
selva
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3-36
ALIMENTAR
Campos
abertos Tem mais de 2 m
alagados de envergadura Chega a medir
Tuiuiú Diurno Peixes e Moluscos
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AVES
Voam em bandos As penas perdem
Rios/ La-
Biguá Ave aquática Peixes em forma de “V”, parte de sua imper-
goas
como os patos meabilidade
Folhas/Insetos e
Áreas se- Maior ave do con-
Ema Diurno pequenos Inverte- Ave que não voa
cas tinente americano
brados
Campos
Carcará Diurno Peixes e Carniça Vive em bandos -
abertos
AVES
Tab 5 - Aspectos gerais de alguns animais comuns no Pantanal (continuação).
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3.1.14 PREVENÇÃO AO ATAQUE DE ANIMAIS
3.1.14.1 A fauna do Pantanal é uma das mais ricas do mundo em diversidade e
quantidade de animais por metro quadrado. Muitos desses animais atacam quando
se sentem ameaçados. Dessa forma, é importante conhecer as características
dos animais que oferecem algum risco, de forma a evitar algum possível ataque.
3.1.14.2 Com esse objetivo, uma descrição detalhada abordando o habitat, pro-
blemas, formas de prevenção ao ataque e ações decorrentes serão elencadas
para os animais com relevante grau de risco.
3.1.14.3 Abelhas
3.1.14.3.1 As abelhas africanizadas ou “abelhas assassinas”, descendem das
abelhas sul-africanas, importadas em 1956 por cientistas brasileiros, com vistas à
produção de mel e, que desde então, vem se cruzando com as abelhas europeias.
3.1.14.3.2 Quando perturbadas, as abelhas emitem um feromônio de alarme
(iso-pentil acetato) e altas concentrações são depositadas com o ferrão no local
da picada. Logo, a primeira ferroada vira um alvo e as demais abelhas irão se
orientar pelo odor dessa substância expelida.
3.1.14.3.3 As abelhas ao executarem a ferroada, desprendem o seu aparelho ino-
culador, incluindo nesse, todo o conteúdo do segmento abdominal, morrendo logo
em seguida. Dessa forma, o ferrão incluindo o saco de veneno, fica preso na pele
da vítima, assegurando que a maior quantidade possível de veneno seja injetada.
3.1.14.3.4 Tem sido preconizada a retirada cuidadosa do ferrão, para não se
comprimir o saco de veneno. Estudos tem demonstrado que todo conteúdo da
glândula de veneno é liberado dentro de dois minutos após a picada.
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3.1.14.4 Onça-Pintada
3.1.14.4.1 No Pantanal, as onças consomem várias espécies de animais, como
o quati, jacaré, capivara, anta, cervo e queixadas, mas o gado é o item mais
importante disponível e agente causador do conflito entre o homem e o animal.
Os habitats preferenciais das onças pintadas são as matas de beira de rio e de
corixos, margens de lagoas e brejos e florestas de encostas (em especial as
grutas de regiões rochosas).
3.1.14.4.2 Os riscos para os seres humanos são relativamente baixos, já que as
onças costumam ser esquivas e fogem à aproximação notória de pessoas. Além
disso, a densidade humana nas áreas de maior ocorrência de onças no Pantanal
é muito baixa. Geralmente, as onças buscam estabelecer os limites nos quais
toleram aproximação.
3.1.14.4.3 Uma das reações (quanto à aproximação), inclui bufos e avanços rá-
pidos em direção às pessoas, parando em seguida. Há diferenças nas reações
de indivíduo para indivíduo e nada garante que as reações sejam previsíveis.
Machos podem estar próximos de uma fêmea no cio e nessa situação podem
ser agressivos.
- Por ocasião do contato fortuito, aconselha-se não correr, não fazer barulho
intimidante, não jogar nada contra o animal e não dar as costas.
3.1.14.4.4 Outras sugestões relevantes são:
a) evitar ficar agachado na beira do rio;
b) evitar ficar de costas para uma vegetação densa;
c) durante um deslocamento fluvial evitar a aproximação da embarcação com
alguma onça que estiver atravessando um rio;
d) evitar a aproximação de barcos a barrancos de rio em que uma onça foi avis-
tada, ouvida ou onde se suspeita da presença de um animal de grande porte;
e) quando do pernoite, sendo possível, acender fogueiras (afastam as onças, mas
atraem animais rasteiros); e
f) evitar o uso de “esturradores” para atrair o animal (Fig 23).
3-40
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3-41
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evitar aproximação em caso de fêmeas serem vistas com filhotes, além de evitar
situações em que uma onça possa se sentir acuada.
3.1.14.6 Ariranha
3.1.14.6.1 A ariranha habita rios, corixos e baías no Pantanal e se alimenta ba-
sicamente de peixes. São diurnas e vivem em grupos que podem atingir mais
de 10 indivíduos. Possuem um sofisticado repertório de vocalizações (alarme de
perigo, chamado de filhotes). Utilizam tocas construídas em barrancos dos rios,
mas também podem estar escondidas entre raízes e galhos caídos.
3.1.14.6.2 As tocas são grandes e possuem um escorregador bem nítido. A entrada
da toca é geralmente mais larga do que alta. As áreas arranhadas nos barrancos
de rios com deposição de fezes, são sinais de sua presença. Torna-se importante
o exame dos barrancos, para verificar a presença de tocas e latrinas com sinais
de uso recente. Assim como, é relevante a verificação do meio, quanto a presen-
ça de um grupo de ariranhas, pois com a presença de filhotes, elas adotam um
comportamento de defesa natural.
3.1.14.7 Queixada
- Quando percebem a aproximação de pessoas, apresentam algumas reações
(grunhidos altos, batidas de dentes, pelos arrepiados, formação em grupos).
Tornam-se agressivos, quando se sentem encurralados. Ao se deparar com um
bando, nunca faça movimentos bruscos que possam assustá-los e se afaste len-
tamente. Subir em árvores é uma ótima medida de segurança, mas sem alardes.
3.1.14.8 Cervo
3.1.14.8.1 Normalmente é um animal dócil, quando não sofre nenhum tipo de
perseguição. Adota um comportamento agressivo imprevisível de alto risco quando
se sente ameaçado ou na defesa dos seus filhotes. Os machos com galhadas
duras podem atacar buscando chifrar pessoas e até cavalos.
3.1.14.8.2 As fêmeas podem atacar utilizando as patas dianteiras, com cascos
finos e afiados. Os primeiros sinais de irritação desses animais são o bater de
patas no solo, pelos do dorso e pescoço eriçados e o andar firme em direção à
pessoa. Procure sempre sair devagar e evitar correr, já que, nesses casos, o cervo
tende a perseguir. Um acidente desses com um macho adulto pode ser mortal.
3.1.14.9 Jacaré do Pantanal
- A sua dieta é constituída por peixes, moluscos e crustáceos. Normalmente evita
o contato, não apresenta riscos ao ser humano. Ficar atento ao desembarcar nas
margens do rio, pois pode haver jacarés camuflados pelos camalotes. Existem
poucos casos de ataques, sendo os mais prováveis contra praticantes de ativida-
des subaquáticas, devido as borbulhas de ar (semelhante a alguns tipos peixes).
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3.1.14.10 Arraia
3.1.14.10.1 São muito comuns no Pantanal. Normalmente, situam-se nas margens
arenosas e atacam quando se sentem ameaçadas. A ferroada provoca uma dor
aguda, com ação proteolítica, tendo como consequência a necrose do tecido
e difícil cicatrização (há casos de complicações cardiorrespiratória). O ferrão é
constituído por tecido ósseo, sendo muito comum deixar sequelas físicas na
vítima. Ao ser ferroado, recomenda-se mergulhar o local ferido em água quente
até que a equipe de saúde aplique analgésicos para dor crônica e aguda, a fim de
poder suportar a dor e ser encaminhado ao atendimento médico mais adequado.
3.1.14.10.2 Recomenda-se arrastar os pés, quando o deslocamento for feito
dentro do curso d’água, além de utilizar um bastão para sondar o leito (realizando
movimentos em zigue-zague), a fim de afastar o animal.
3.1.14.11 Piranha
- Possuem comportamento agressivo, atacando sempre em cardumes. Atacam
normalmente corpos frios ou alguma vítima com vestígio de sangramento. São
muito comuns no Rio Paraguai. O número de acidentes aumenta bastante na
época da seca (concentração maior de peixes em lagos e corixos).
3.1.14.12 Escorpião
3.1.14.12.1 De hábitos noturnos, os escorpiões gostam de locais úmidos, como
banheiros, caixas de gorduras e esgotos. A toxicidade do veneno de um escorpião
é comparada com o tamanho de seus pedipalpos (o equivalente ao braço humano
do escorpião); quanto mais robustos os pedipalpos, menos o escorpião utiliza-se
do veneno para com suas presas e quanto menores eles forem, mais o veneno
pode ser letal às suas presas. O veneno do escorpião age sobre o sistema ner-
voso periférico dos humanos, causando dor, pontadas, aumentando a pulsação
cardíaca e diminuindo a temperatura corporal.
3.1.14.12.2 A toxicidade do veneno depende de diversos fatores, tais como a
espécie do escorpião (de 1600 espécies catalogadas, apenas 25 são venenosas
ao homem); a quantidade de peçonha (veneno) injetada; o tamanho e o estado
físico da vítima. O tratamento consiste na aplicação local da ferroada de um
anestésico (lidocaína a 2%) e soro antiescorpiônico. O tratamento sempre tem
que ser hospitalar.
3.1.14.12.3 Quanto à prevenção de acidentes, os escorpiões só atacam o homem
quando acuados ou em circunstância de defesa. Portanto, sacuda e examine
calçados e roupas antes de usar; evite o acúmulo de lixo e entulhos; mantenha o
habitat livre de baratas, que são reconhecidas como um dos principais alimentos
dos escorpiões; não coloque mãos e pés dentro de buracos, montes de pedras
ou lenhas; use calçados e luvas nas atividades rurais; e use telas e vedantes nos
abrigos (se possível).
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3.1.14.13 Animais Peçonhentos
3.1.14.13.1 Entre os animais peçonhentos, os ofídios chamam a atenção pelas
dimensões avantajadas que podem alcançar, pela quantidade de peçonha que
podem inocular, e consequentemente, pelo grande número de acidentes fatais
que a sua picada pode motivar. A tabela a seguir (Tab 6), resume as características
e formas de tratamento:
COBRAS PEÇONHENTAS
Cabeça chata, triangular, bem destacada e com escamas peque-
nas, semelhantes às do corpo. Olhos pequenos, pupila em fenda
vertical e fosseta loreal (quadradinho preto) entre os olhos e as
narinas. Escamas alongadas, pontudas, dando-nos a impressão
VENENOSAS
de aspereza quando tocadas. Cauda curta e bruscamente afina-
da. Uma exceção a essa regra é a Jibóia, pois apesar de possuir
algumas características de uma cobra peçonhenta, essa não
possui veneno.
ESPÉCIES VENENOSAS
- É encontrada em todo o Brasil, exceto na Floresta Amazônica.
Cascavel - Boicininga
Maracamboia - Possui chocalho na cauda. Causam o envenenamento chama-
do crotálico. Vivem em áreas abertas, quentes e secas.
- Encontrada no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo,
Jararaca - Caiçara Ja- Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo, leste do Mato Grosso,
raguçu - Urutu Patrona sul da Bahia e algumas áreas de Minas Gerais.
– Cotiara - Algumas alcançam mais de um metro de comprimento. Causam
o envenenamento chamado botrópico. Vivem em locais úmidos.
- Encontrada nas florestas litorâneas do Rio de Janeiro e vale
amazônico.
Surucucu - Jaca Suru-
- Seu comprimento pode alcançar mais de 4 m, tornando-se a
cutinga
maior serpente peçonhenta da América.
- Causa o envenenamento chamado laquético.
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ESPÉCIES VENENOSAS
- Encontrada em todo o Brasil.
- Coloração formada por anéis vermelhos, pretos brancos ou
amarelados.
Coral verdadeira - Pouco se diferencia da falsa coral, sendo recomendável que
Ibiboboca pessoas sem conhecimentos específicos não tentem as iden-
tificar.
- Vivem sob folhas, troncos ou galerias no solo.
- Causam o envenenamento chamado elapídico.
EFEITOS DA PEÇONHA
Tipo crotálica (cascavel):
- Ação neurotóxica, miotóxica, hemolítica e coagulante.
- Discreta dor local que desaparece. Sensação de formigamento, dores musculares,
obnubilação, ptose palpebral, diminuição da visão. Urina marrom escura com mioglobina.
Tipo botrópica (jararaca, urutu):
- Ação proteolítica e coagulante.
- Dor local com manchas róseas ou azuladas.
- Aparecimento de bolhas, infecção, vômitos, prostração, sudorese e desmaio.
- Hemorragia pelo nariz, boca, gengivas, ouvido e unhas.
- Urina sanguinolenta e turva.
- Necrose do tecido afetado.
Tipo laquética (surucucu):
- Ação (bradicardia), proteolítica e coagulante, hemolítica e neurotóxica.
- Sintoma semelhante aos de acidentes botrópicos e acrescidos de diarreia e hipotensão
arterial.
Tipo elapídica (coral):
- Ação neurotóxica e curarizante.
- Local da picada fica indolor e normal.
- Sensação de dormência que irradia pelo membro.
- Salivação abundante e espessa.
- Dificuldade respiratória, obnubilação, ptose palpebral e bilateral e oftalmoplegia.
Tipo escorpiões, aranha armadeira e viúva negra:
- Ação neurotóxica, queda de temperatura, aumento de pressão, sudorese, náuseas e
vômitos (casos graves).
Tipo aranha marrom (loxosceles):
- Ação proteolítica e hemofílica.
- Caso benigno: equimose local, necrose eventual.
- Caso grave: dor local febre, bolhas hemorrágicas, náuseas e urina escura cor de vinho.
Tab 7 - Características dos ofídios e formas de tratamento (continuação).
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TRATAMENTO DE ACIDENTES
Ações imediatas:
a) identificação do animal causador do acidente; manutenção do acidentado em repouso
(procurar acalmá-lo); limpeza do local da picada (com água ou com água e sabão);
b) aplicar compressa de gelo;
c) posicionamento do membro afetado para cima do corpo em geral;
d) procurar não romper lesões e bolhas;
e) não realizar o garrote;
f) não sugar o ferimento;
g) não fazer a sangria;
h) transportar em maca o mais rápido possível para que seja realizado o tratamento
médico (soroterapia); e
i) levar a cobra viva ou morta junto (se possível).
3-46
DOSAGEM
ACIDENTE BOTRÓPICO
GRAVIDADE EDEMA HEMORRAGIA/ANÚRIA DOSE (MG) VIA TEMPO DE COAGULAÇÃO
Leve Discreta Ausente 100 EV Normal/alterado
Moderada Evidente Presente ou ausente 200 EV Normal/alterado
Grave Intenso Evidente 500 EV Normal/alterado
ACIDENTE CROTÁLICO
VISÃO TUR-
GRAVIDADE URINA MARROM ANÚRIA DOSE (MG) VIA MIALGIA
VA
Discreta ou au-
Moderada Discreta Ausente 150 EV Presente ou ausente
sente
Grave Evidente Presente Presente ou ausente 300 ou mais EV Presente ou ausente
OUTROS
Aranha (caso grave)
TIPO Laquético Elapídico Escorpião Viúva negra ou arma-
Aranha Marrom
deira
Casos graves, mínimo de 4
150 a 300 2 a 4 ampolas de soro 5 a 10 ampolas de soro poli-
DOSE 150 (EV) ampolas (soro antiescorpiô-
(EV) polivalente SC valente SC
nico), subcutânea (SC)
Observação: em casos muito severos de acidentes com aranha e escorpiões, a via de aplicação poderá ser EV.
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3.1.14.13.2 A identificação de um ofídio como peçonhento deve atender a algumas
características (sempre havendo exceção à regra):
a) Detalhes anatômicos como cabeça triangular achatada, tipo de cauda (curta
e que se afina bruscamente), escamas eriçadas, movimento mais lento e pupila
em fenda vertical, geralmente são os mais citados, no entanto, a presença da
fosseta loreal é o método mais seguro.
b) A fosseta loreal (Fig 26) é um órgão termorreceptor de altíssima sensibilidade,
capaz de perceber variações de temperatura da ordem de 0,003 grau centígrado.
Esse pequeno orifício, localiza-se entre os olhos e as narinas, sendo presente em
todas as serpentes venenosas (exceto na cobra coral).
c) Além desse traço marcante nas serpentes peçonhentas, os seus hábitos também
são característicos. Normalmente as cobras peçonhentas têm hábitos noturnos,
apesar de também ser possível avistá-las durante o dia.
d) Usualmente, as serpentes não peçonhentas não são agressivas, tendo o cos-
tume de se evadir quando ameaçadas.
e) As peçonhentas costumam ser agressivas, se enrodilhando e preparando o
bote. Contudo, como dito anteriormente, até quanto a esses hábitos, existem as
exceções.
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CAPÍTULO IV
NOÇÕES DE SOBREVIVÊNCIA
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inimiga, principalmente a noite. Já houve casos em que um militar passou quase
cinco dias em cima de uma árvore com medo dos animais selvagens, deixando
o pânico tomar conta de si. Para evitar isso, a mente necessita estar ocupada,
procurando sempre estar trabalhando, pois o cansaço chegará naturalmente.
- Um exemplo é a construção de um abrigo seguro, de preferência elevado do
solo; zelo pela proteção individual, assim como, o sono de poucas horas, pois
deve-se cuidar do fogo.
4.1.4.4 Em grupo
- É a sobrevivência mais fácil, pois os trabalhos são realizados mais rápidos e a
probabilidade de sucesso é maior, porém a moral e a vida entre os integrantes do
grupo são abalados mais rapidamente, devendo sempre haver um líder.
4.1.5 FATORES DO SUCESSO
4.1.5.1 Calma
- Manter a calma é a primeira providência a ser tomada, pois a situação poderá
ser crítica, a mente estará abalada, pode haver muitos feridos e o contexto dessa
situação de emergência pedirá rápidas decisões.
4.1.5.2 Aplicação do acrônimo ESAON
a) Estacionar:
- Significa parar onde está, não sair andando a esmo, pois a situação de emer-
gência forçará que se busque ajuda ou a necessidade de sair do local.
b) Sentar:
- Significa descansar e recuperar suas energias, tratando daqueles que neces-
sitarem de primeiros socorros.
c) Alimentar:
- Significa procurar alimento, construir abrigos, fazer o fogo, preparar a sinali-
zação e conseguir água.
d) Orientar:
- Significa saber onde está e para onde pode ir.
- Lembrar que no Pantanal deve-se procurar sempre o curso de um rio, que as
morrarias se situam ao longo das calhas dos maiores rios, que a noite pode-se
ver as luzes de uma localidade por vários quilômetros, que os ventos fortes e frios
vem do sul e que geralmente onde há fumaça, possivelmente haverá o homem.
e) Navegar:
- Significa tentar atingir de modo racional um ponto onde se pode buscar ajuda.
- Sempre que iniciar a navegação, deve-se balizar o itinerário para facilitar a
4-2
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volta se preciso for.
- Caso encontre um curso de água, siga-o, pois, irá levá-lo a um rio maior e
esse, a alguma comunidade ou localidade.
4.1.5.3 Equipes
- Distribuir as missões conforme as qualidades de cada indivíduo, evitando deixar
qualquer um sem atividade. Andar sempre em duplas, pois os perigos do Pantanal
exigem essa precaução.
4.1.5.4 Evitar indecisões
- Antes de iniciar qualquer tarefa pense como irá realizá-la, pois o insucesso da
missão, devido a indecisões poderá atingir o moral do grupo.
4.1.5.5 Sugestões
- Toda e qualquer sugestão deve ser considerada, pois pode conter o sucesso
da sobrevivência. Um bom líder é aquele que escuta a todos e decide de forma
mais sensata.
4.1.5.6 Moral elevada
- Manter-se sempre em atividade, pois somente com isso a mente estará ocupada,
evitando abater o moral do sobrevivente.
4.1.6 NECESSIDADES
4.1.6.1 Água é a primeira das necessidades. É importante ressaltar que o homem
no Pantanal resiste pouco tempo sem a água, pois o clima é quente e úmido.
A água mantém o equilíbrio do corpo, serve para preparar os alimentos, princi-
palmente na forma de sopão, pois possibilita a maior preservação de todas as
vitaminas e nutrientes.
4.1.6.2 O fogo é necessário para o preparo de alimentos, defesa de animais
selvagens, secagem de roupas, fervura da água, sinalização, etc. A obtenção de
alimentos também é uma necessidade, pois esses mantêm a vontade de trabalhar
e a energia. Nenhuma forma de alimento pode ser desprezada.
4.1.6.3 A construção de abrigos é necessária para a proteção contra os animais
selvagens, manutenção do moral elevada e proteção dos alimentos.
4.1.7 SITUAÇÕES DE SOBREVIVÊNCIA
4.1.7.1 Quando estiver em operações a sobrevivência torna-se difícil, pois um
inimigo atuante exigirá a sobrevivência dinâmica, ou seja, os sobreviventes de-
verão sempre estar em movimento, preocupando-se em não deixar rastros, nem
pistas dos locais em que sobreviveram.
- Geralmente a equipe que sobrevive, devido ao contexto das operações, estará
certamente orientada e saberá para onde deve escapar.
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- O deslocamento será noturno, se possível em alagadiços, evitando deixar rastro.
- Durante o dia, o abrigo deve ser camuflado e o fogo transportado por braseiros,
sendo aceso somente durante o dia, utilizando-se de madeira seca para evitar
a fumaça.
- A região dos abrigos deve ser protegida por armadilhas improvisadas.
4.1.7.2 Desastre aéreo
4.1.7.2.1 Nesse tipo de desastre, o risco de explosão após a queda é grande,
devendo o abandono do local ser imediato. Deve-se inicialmente:
- Zelar pelo aproveitamento do equipamento após o risco de explosão ter passado,
procurando aproveitar todo o material da aeronave, seja para confeccionar o fogo,
abrigo, alimentos e comunicações;
- verificar as rádios, pois toda aeronave possui equipamento de comunicações.
Atentar para a revista das bagagens, pois geralmente haverá alguma coisa que
possa ser utilizada;
- efetuar os primeiros socorros, principalmente dos feridos de fraturas graves
e queimaduras, lembrando que em uma aeronave, sempre haverá material de
primeiros socorros;
- estabelecer a procura de alimento e água, pois dependendo do porte da aero-
nave, pode-se encontrar esses itens;
- procurar descobrir a sua posição, já que na aeronave sempre tem bússolas,
cartas e até mesmo GPS;
- iniciar um diário, abordando as tarefas executadas; e
- abandonar a aeronave somente se for necessário, lembrando-se que, após a
queda de uma aeronave o socorro virá rápido.
4.1.7.2.2 Na atividade de construção de abrigos, a carenagem da aeronave poderá
ser muito útil. Ao fazer o fogo, o combustível da aeronave pode facilitar a obtenção
do mesmo, assim como a bateria para a produção de faíscas.
4.1.7.2.3 A sinalização no Pantanal é muito fácil e a utilização da fumaça é ideal,
pois pode ser vista a grandes distâncias. Lembrar também, que objetos podem
ser utilizados para emitir raios de luz como sinalização.
4.1.7.3 Desastre aquático
4.1.7.3.1 Nesse, deve-se afastar do ponto do naufrágio, evitando o combustível
que vaza da embarcação, principalmente o diesel.
- Se houver incêndio na água, escapar contra a correnteza e por meio do mergulho.
Procurar sempre materiais que flutuem e a margem mais próxima.
- É importante aproveitar todo material que puder ser resgatado das embarcações,
4-4
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pois a princípio, ele flutua e pode ser utilizado pelo sobrevivente.
- Se a embarcação afundou em local de fácil acesso, deve-se retirar tudo dela,
pois não há mais riscos de explosão, lembrando sempre de secar todo o material
antes de usar.
4.1.7.3.2 Efetuar os primeiros socorros, atentando para os feridos que provavel-
mente, serão por afogamento, hipotermia, fraturas leves e queimaduras.
4.1.7.3.3 Buscar construir abrigos e, se possível, utilizar o material da embarcação;
lembrando que essa construção do abrigo deve ser na margem, para facilitar a
sobrevivência. Verificar as rádios embarcadas, e se conseguir as resgatar, lem-
brar que se deve esperar que seque bem, para somente assim tentar utilizá-las.
4.1.7.3.4 Revistar bagagens, pois às vezes, podemos encontrar materiais úteis
dentro de uma bagagem.
4.1.7.3.5 Iniciar a sobrevivência:
- Procurar fazer o fogo o mais rápido possível e se possível, aproveitar o combus-
tível das embarcações, devendo atentar para sempre utilizar o mínimo de material
possível para iniciá-lo e mantê-lo;
- procurar o alimento e água em grandes embarcações, ciente que na cozinha
provavelmente haverá alimento;
- tentar descobrir a sua posição através de mapas e GPS na cabine de comando;
- iniciar um diário com as tarefas executadas; e
- preparar um ponto para sinalização, próximo do rio e em lugar aberto, utilizando
madeira verde, folhas ou mesmo material como borracha e diesel da embarcação.
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varia de acordo com o tipo de terreno e também da época do ano.
4.2.3.3 Em geral, terrenos mais argilosos e a época de chuvas permitem melho-
res condições para “marcar” a pegada de um animal. As pegadas são facilmente
observadas, até mesmo quando estiver realizando outras atividades. Ao tentar
identificar que animal deixou uma pegada, deve-se estar atento a algumas ca-
racterísticas que vão ajudar nessa tarefa. Uma das marcas mais importantes é a
dos dígitos, ou seja, dos “dedos” dos animais.
4.2.3.4 Deve-se prestar atenção ao número (quantos são), a forma (redondo ou
alongado) e a presença ou não de sinais de unhas. Essas informações facilitarão
muito a identificação. Outras marcas importantes são a forma e o tamanho das
almofadas, embora elas não estejam presentes nas pegadas de vários animais,
por exemplo, nos animais com casco (Fig 27).
Fig 27 - Pegada.
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4.2.3.5 Seguem exemplos das pegadas de alguns animais do ecossistema pantaneiro (Tab 7)
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ANIMAL PEGADAS OBSERVAÇÕES
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Tatu-Peba
- Na pegada dianteira do tatu-peba, normalmente,
aparecem três dígitos com as marcas de unhas,
sendo o do meio maior.
- Na pegada traseira aparecem três dígitos, com
os dois internos unidos e voltados para dentro da
trilha produzida pelo animal. O comprimento varia
de 2 a 2,5 cm e sua largura é de 4 cm.
Tatu-Galinha
- A pegada traseira do tatu-galinha marca três
dígitos bem abertos, alongados e o terceiro é
maior em relação aos demais.
- O rastro da pegada dianteira marca dois dígitos
paralelos e próximos.
- O comprimento da pegada pode chegar a 3,5
cm e a largura é de 3 cm.
Tatu-Canastra
Macaco-Prego
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Lobinho
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Tamanduá- Mirim
- O tamanduá-mirim possui unhas muito longas,
cerca de 4 cm de comprimento. O comprimento
da pegada dianteira pode atingir cerca de 8 cm
de diâmetro, a pegada traseira asemelha-se
muito a um pé de criança (pé chato), pode variar
de 8 a 10 cm de comprimento e de 5 a 6 cm de
largura. Sua pegada é muito parecida com a do
tamanduá-bandeira, diferenciando-se pelas mar-
cas de unhas finas na pegada traseira, enquanto
a do tamanduá- bandeira exibe os dígitos bem
definidos.
Tamanduá- Bandeira
- A pegada dianteira de um tamanduá-bandeira é
curva e voltada para o interior da trilha do animal,
posicionamento ao qual se deve a uma adapta-
ção para evitar o desgaste das unhas e também,
para facilitar a sua movimentação devido as suas
unhas compridas (cerca de 5 cm). A pegada
traseira assemelha-se muito a um pé de criança
com dedos curtos. As pegadas produzidas são
grandes. O comprimento da pata anterior pode
atingir cerca de 8 cm de diâmetro e a pata traseira
pode atingir 10 cm de comprimento e entre 6 a 7
cm de largura.
Quati
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ANIMAL PEGADAS OBSERVAÇÕES
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Jaguatirica
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Onça-Parda
Onça-Pintada
Ariranha
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ANIMAL PEGADAS OBSERVAÇÕES
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Veado-Mateiro
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Capivara
Queixada
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4.3 TIRO DE CAÇA
4.3.1 GENERALIDADES
- Paciência, controle e disciplina são fatores essenciais para se obter o sucesso
na caçada.
- é importantíssimo preservar ao máximo a munição, pois cada erro resulta em
menos refeições.
4.3.2 ARMAMENTO E MUNIÇÃO
4.3.2.1 Os rifles são armas de almas raiadas, tiro singular, de ferrolho e de alimen-
tação automática. As espingardas são armas de alma lisa e uso mais difundido
na região pantaneira
4.3.2.2 Como características gerais, temos que o número que indica o calibre de
uma espingarda é expresso pela quantidade de projéteis esféricos de chumbo de
diâmetro igual ao do cano, necessário para formar 1(uma) libra de peso, ou seja
0,454 grama. Exemplificando:
- O calibre 12 tem um diâmetro interno nominal correspondente a uma esfera de
chumbo que pesa 1/12 libra, portanto, são necessárias 12 esferas para se atingir
uma libra.
- O calibre 36 é uma exceção pois, segundo o critério acima, deveria ser calibre
67. Tendo um diâmetro nominal de 0,410 polegada (pol), esse calibre é também
designado por .410, especialmente fora do Brasil.
- Embora já tenham existido outros, atualmente os calibres mais em uso são os
abaixo relacionados (Tab 8):
4-16
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total, a que se refere a medida de comprimento dos cartuchos de caça. Não se
deve utilizar cartuchos de comprimento maior que o da câmara da arma.
4.3.2.4 Quanto ao comprimento do cano, as espingardas em geral são fabricadas
com canos de 660 mm, 711 mm, 726 mm, 813 mm e 864 mm. Os canos mais
compridos são preferidos para longas distâncias, em razão da visada melhor
que proporcionam e por diminuírem o recuo da arma devido ao seu maior peso.
Os canos mais curtos, de manuseio mais fácil, favorecem o tiro rápido, sendo
próprios para curto alcance ou para utilização entre arbustos. Não existe o melhor
comprimento de cano para todos os atiradores; o comprimento ideal é aquele com
o qual se obtém o melhor tiro.
4.3.2.5 O choque é uma ligeira constrição do diâmetro interno de cano, próximo
à sua boca. Exemplificando com o calibre 12, cujo diâmetro interno nominal do
cano é 18,50 mm, o estreitamento máximo que se usa, chamado choque pleno,
é da ordem de 1,00 mm, o qual reduz o diâmetro interno nominal do cano para
17,50 mm, próximo à sua boca. A finalidade do choque é controlar o agrupamento.
- A tabela seguinte (Tab 9) nomeia os tipos convencionais do choque e indica o
correspondente agrupamento que se deve obter de cada um:
Agrupamento
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4-18
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f) não apontar para outra pessoa; e
g) antes da caçada secar o cano.
4.3.2.10 Composição da munição
- A munição, normalmente fornecida nos calibres 12, 16, 20, 24, 32 e 36 compõe-
-se de estojo, tubo, espoleta, carga de pólvora, bucha, balins (de chumbo) e
fechamento.
4.3.2.10.1 Estojo:
- Confeccionado em metal, sendo utilizado em tubos de papel ou plástico resis-
tentes e em tubos de metal reutilizável (formando um último corpo).
4.3.2.10.2 Tubo:
- Invólucro cilíndrico calibrado, podendo ser de papel, plástico resistente ou de
aço latonado.
4.3.2.10.3 Espoleta:
- Cápsula de metal contendo explosivo, para início de uma deflagração.
4.3.2.10.4 Carga de pólvora negra grafitada:
- Responsável pela projeção dos balins de chumbo.
4.3.2.10.5 Bucha:
- Com a finalidade de separar a carga de projeção dos balins de chumbo.
4.3.2.10.6 Carga de chumbo:
- Constitui-se de diversos balins de chumbo, de mesmo diâmetro, variando con-
forme o tipo de caça que se deseja abater.
4.3.2.10.7 Fechamento:
- Feito pelo prolongamento do tubo de papel ou plástico, resultando no fecha-
mento estrela, ou pela utilização de um círculo de papel resistente, resultando
no fechamento orlado.
4-19
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4.3.2.11 Recarga:
- Os cartuchos de metal podem ser recarregados, sendo encontrados no comércio
(estojo, incluindo tubo) vazios com essa finalidade.
- Os cartuchos de plástico e de papel poderão ser recarregados em casos extremos
e nunca mais de duas vezes.
- Como cuidados com a munição: evitar a umidade; não polir nem lubrificar a
munição; testar a munição sempre que for velha e verificar se o calibre da arma
confere com o cartucho a ser utilizado, de preferência experimentando-o.
4.3.3 PARA O TIRO DE CAÇA DIURNO:
- A hora apropriada é ao amanhecer e ao entardecer.
- O silêncio é fundamental ao seguir a caça.
- A caça será mais abundante nas proximidades de água; tornando-se fundamental
rastrear o terreno procurando vestígios.
- A caçada ficará prejudicada por ocasião das chuvas.
- Ao executar um tiro com a caça em movimento, deve-se observar a distância
e a velocidade da caça, visando compensar o tempo que o chumbo levará para
chegar ao objetivo e a queda do chumbo na trajetória, devido ao seu peso.
4.3.4 COM O INTUITO DE REALIZAR O TIRO EM ANIMAL CORREDOR, ATEN-
TAR PARA O SEGUINTE:
a) Quando o animal correr em sentido transversal ao tiro, apontar mais alto e
para frente;
4-20
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b) já caso o animal estiver correndo na mesma direção de tiro, apontar mais alto
(nas orelhas) e um pouco mais à frente; ou
c) quando o animal correr em direção ao tiro, apontar mais à frente do mesmo
descobrindo todo o animal.
4.3.5 PARA O TIRO EM AVES, OBSERVAR O SEGUINTE:
a) Caso a ave estiver descendo, afastando-se da direção de tiro, apontar por
baixo, descobrindo bastante o corpo da ave;
b) quando a ave estiver voando em ascensão e em sentido contrário ao tiro, apon-
tar por baixo e mais à frente; no entanto, se a ave estiver voando em acentuada
ascensão, apontar por cima; e
c) se a ave estiver voando em direção transversal, apontar mais alto à frente.
4.3.6 AO EFETUAR O TIRO EM CAÇA IMÓVEL:
- Deve-se procurar acertar uma região nobre do animal, como por exemplo, o
pescoço, ou qualquer outra que guarde em seu interior um órgão, que se atingido,
imobilize a animal.
- Essa precaução deve ser mais observada à medida que cresce o porte do animal.
4.3.7 O TIRO DE CAÇA NOTURNO REQUER ALGUMAS ATIVIDADES, COMO:
a) A preparação da arma, adaptando uma lanterna à mesma e que possua um
botão de acendimento rápido; e
b) a preparação e execução da espera (chamada de mutá, mutála ou moité),
onde a isca é a própria comedia, bebedouro ou barreiro do animal e a pontaria
ou disparo são executados pelo próprio caçador.
- A construção de uma espera é simples e rápida, variando a altura do chão e
a distância da caça, de acordo com o tipo de animal que se quer abater, com
o terreno, com os ventos que sopram no local e outros detalhes associados à
experiência do caçador.
4.3.8 DE UMA MANEIRA GERAL, OS CUIDADOS SÃO OS SEGUINTES:
a) Não modificar o aspecto do terreno;
b) não progredir sobre os indícios;
c) construir um mutá a uma distância compatível;
d) ocupar a espera de preferência ao anoitecer;
e) balizar um itinerário de retraimento para a área de acampamento, caso deseje
retornar depois de ter abatido a caça (tomar cuidado, no caso de espera, quanto
às onças); e
f) manter o controle individual em aspectos como abstenção de fumo, controle
4-21
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sobre as necessidades fisiológicas, disciplina de luzes, paciência, silêncio, domínio
sobre o sono e dores musculares.
- Lembre-se que certos animais têm o sentido do olfato apurado, portanto o uso de
repelentes o afastará. Nesse caso, o uso de mosquiteiros ou o estudo da direção
do vento se reveste de grande importância.
4.3.9 Executar a técnica de tiro, buscando engatilhar a arma quando da percep-
ção da aproximação do animal, evitando o click do cão; colocar o rosto junto à
coronha da arma e rastrear o terreno com o foco da lanterna, por períodos de
5 segundos. O caçador deve procurar por meio dos ruídos, localizar a possível
posição da caça, engatilhar arma, e nesse último ato, deverá observar o reflexo
dos olhos do animal com o foco da lanterna e realizar o disparo.
4.3.10 Em situações de sobrevivência em grupo, a área para a execução da caça
deve ser localizada a certa distância que permita a segurança, evitando-se o fra-
tricídio. A equipe de caça deve estar orientada quanto à região de acampamento
para evitar o disparo em sua direção. Caso haja mais de uma equipe de caça,
deve-se dividir setores distantes entre si, de maneira a evitar o encontro fortuito,
com possibilidade de fratricídio, em especial no período noturno.
4-22
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ARRAIA
- Descrição: peixe em forma de disco, de couro e coloração
escura. Possui ferrão na cauda e pode chegar a 60 kg.
- Hábito alimentar: pequenos peixes e invertebrados
aquáticos.
- Habitat: em poços e remansos.
CACHARA
- Descrição: peixe de couro, de dorso escuro com faixas
negras transversais e região ventral clara. Pode atingir
mais de 1 metro.
- Hábito alimentar: pequenos peixes.
- Habitat: durante o dia ou a noite, nos remansos de praias
e canais com fundo de pedras ou cascalho.
CURIMBATÁ
- Descrição: corpo alto e comprido, coberto de escamas
prateadas, com dorso mais escuro que o restante do
corpo. Possui uma boca proeminente voltada para baixo.
- Hábito alimentar: algas e pequenos organismos do fundo,
pequenos peixes.
- Habitat: sob raízes e troncos, próximo às margens com
barranco.
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PIRAPUTANGA
- Descrição: peixe de escamas, atingindo até 50 cm; cor
prata, de nadadeira levemente avermelhada.
- Hábito alimentar: onívoro, sementes, insetos e peixes
menores.
Habitat: em locais de água corrente e próximo a árvores
frutíferas.
DOURADO
- Descrição: peixe de escamas amarelas e brilhantes, que
pode atingir mais de 1 metro.
- Hábito alimentar: peixes menores, moluscos e crustá-
ceos.
- Habitat: em locais de águas rápidas no leito ou próximo
às margens, desde que tenha pedras, paus e confluência de rios.
JURUPOCA (JIRIPOCA)
- Descrição: peixe liso, coloração superior marrom e algu-
mas pintas pretas, com barbilhões. A mandíbula é maior
que o maxilar superior.
- Hábito alimentar: pequenos peixes e outros invertebrados
aquáticos.
- Habitat: fundo de rios, lagos e boca de lagoas.
JURUPENSÉM
- Descrição: peixe de couro, de coloração cinza-escura
no dorso e clara no ventre; com uma faixa escura da ca-
beça à cauda; maxilar superior mais longa que o inferior
e cabeça achatada.
- Hábito alimentar: pequenos peixes e camarões.
- Habitat: em locais com fundo de lodo ou areia e boca de lagoas.
LAMBARI
- Descrição: peixe de pequeno porte, corpo alongado e
comprido, de escamas pequenas e prateadas, com dois
pontos negros, um atrás da brânquia e outro na base da
nadadeira caudal
- Hábito alimentar: onívoros, plantas superiores, peixes
menores e insetos.
- Habitat: baías, leitos de rios, na superfície da água e corixos.
Tab 12 - Elementos da ictiofauna (continuação).
4-24
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PIAVUÇU
- Descrição: peixe de escamas; de corpo curto e grosso,
podendo chegar a 60 cm de comprimento.
- Hábito alimentar: onívoros, raízes, frutos, insetos e
crustáceos.
- Habitat: margens dos rios, remansos, corixos e entrada
de baías.
PACU
- Descrição: peixe de escamas. Com corpo alto e colora-
ção escura, atingindo, aproximadamente 50 cm
- Hábito alimentar: frutos que caem das árvores, pequenos
peixes e restos de alimentos.
- Habitat: calha dos rios (seca); lagos e matas inundadas
(cheia). Nas margens, sob árvores frutíferas.
PINTADO
- Descrição: peixe liso, de corpo alongado e roliço, com
flanco e dorso cobertos por manchas pretas arredondadas.
- Hábito alimentar: estritamente pequenos peixes, princi-
palmente sardinha e tuvira.
- Habitat: calha dos rios, sob camalotes e nos encontros
de águas.
PIRAMBEVA
- Descrição: piranha de pequeno porte, atingindo até 20
cm. De corpo comprimido e elevado, com mandíbula
inferior maior que a superior. Coloração cinza no dorso e
prateada no restante do corpo.
- Hábito alimentar: pequenos peixes, insetos e algumas
frutas e sementes.
- Habitat: nas margens, poços e leitos dos rios.
PIRANHA VERMELHA
- Descrição: peixe de escamas, podendo chegar a 30 cm;
corpo achatado lateralmente, coloração cinza-escura no
dorso, vermelha no ventre e na região inferior da cabeça.
- Hábito alimentar: peixes e eventualmente insetos aquá-
ticos.
- Habitat: leito do rio, mais encontrada em lagoas.
4-25
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SARDINHA
- Descrição: peixe de escamas; corpo alongado, prateado,
com dorso mais escuro e recoberto por escamas grandes,
que se soltam facilmente.
- Hábito alimentar: onívoros, frutos, sementes, peixes
pequenos e invertebrados.
- Habitat: margens de águas mais calmas, lagoas e bocas
de corixos.
TRAÍRA
- Descrição: peixe de escamas, corpo cilíndrico e longo,
com escamas grandes, nadadeira caudal arredondada,
olhos e bocas grandes.
- Hábito alimentar: pequenos peixes, insetos e pequenos
anfíbios.
- Habitat: sob vegetações, remanso do rio, em água rasa
e quente.
TUVIRA
- Descrição: peixe liso, com única nadadeira muito longa.
Boca voltada para cima.
- Hábito alimentar: pequenos peixes, insetos, moluscos
e crustáceos.
- Habitat: próximo às margens, sob a vegetação (camalote)
e em lagoas com muita vegetação.
4-26
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d) armadilhas de pesca; e
e) uso da tarrafa ou malhadeira.
4.4.4.2 A pescaria de facho é a pesca noturna em que se utiliza um meio artificial
(vela, lanterna, lâmpada) ou natural (tocha de breu, tocha de madeira) com as
seguintes finalidades: permitir a observação e imobilizar temporariamente o pei-
xe. O melhor horário é a partir de três a quatro horas após o escurecer, quando
a maioria das espécies já está menos ativa. Como implemento para a captura
pode-se utilizar:
a) A zagaia;
b) o arpão; ou
c) o terçado.
- Durante esse tipo de pesca, deve-se tomar cuidados especiais com cobras,
onças e arraias. Recomenda-se arrastar os pés, quando o deslocamento for feito
dentro do curso d’água e nesse caso, preferencialmente subindo, para evitar a
turbidez da água.
4.4.4.3 Com a zagaia e o arpão deve-se atentar para o fenômeno da refração
da água. Recomenda-se colocar a ponta da zagaia na água e aproximar o máxi-
mo, sem espantar o peixe. A referência para não errar a perfurada é observar a
parte da zagaia que está mergulhada. Na utilização do terçado, o golpe deve ser
desferido preferencialmente na cabeça, cortando o peixe que estiver encostado
nas margens e a pouca profundidade. Alguns peixes como a traíra, podem ser
cortados mesmo durante o dia.
4.4.4.4 A pescaria com anzol pode ser realizada noturna ou durante o dia. À noite,
o melhor horário é antes das vinte e duas horas, ou seja, enquanto a maioria das
espécies está ativa, procurando algum alimento. Para obter o pescado valendo-se
do anzol devem ser observados alguns cuidados, tais como:
- Aproximar das margens sem fazer ruídos;
- não projetar a sombra na água ou destacar a silhueta no horizonte, procurar
manter a vegetação com o aspecto natural; e
- não tocar o anzol ou isca com as mãos sujas de óleo, repelente ou qualquer
outro derivado do petróleo.
4.4.4.5 A pescaria básica utilizando o anzol é aquela que vem associada a um
caniço, com diversos complementos, alguns dos quais dispensáveis como a boia,
encastoador, distorcedor e chumbada (conforme o caso ou disponibilidade). O
caniço é uma vara resistente e flexível; a linha deve ser preferencialmente de nylon
(cadarço ou cipó também servem); o anzol geralmente está presente no material
individual ou pode ser improvisado; a chumbada é usada para impedir que a cor-
renteza leve o anzol para a superfície; o encastoador é um arame ou fio resistente,
4-27
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de 10 a 20 cm, que une a linha ao anzol (serve para impedir que determinados
peixes, como a piranha e a traíra, cortem a linha; a boia é material leve e com boa
flutuabilidade, utilizada para limitar a profundidade do anzol, selecionando o tipo
de peixe; a isca é utilizada para atrair o peixe, como pedaços de peixes, vísceras
de animais, insetos, frutas, minhoca, tapuru, cupim, camarão, rã; e o distorcedor
serve para não embolar a linha durante o processo de apanha do peixe.
4.4.4.6 Como variações do emprego da pesca com anzol, temos a linhada de
mão, que é a linha enrolada em um carretel sem a necessidade de caniço. Essa
deve ser lançada nos locais mais profundos, nos chamados poços ou remansos.
É utilizada também para jogar o anzol a uma distância maior do que aquela que o
caniço normalmente permitiria. A pinauaca é um caniço em que a isca é substituída
por um pedaço de tecido ou pena de pássaro de cor vermelha.
- Resvala-se a pinauaca na superfície da água e em movimentos sucessivos, até
o peixe abocanhar o anzol, confundindo-o com alguma presa.
4.4.4.7 O espinhel é a linha na qual se prende, de espaço em espaço, linhas me-
nores armadas de anzóis. É colocado de uma extremidade a outra das margens
de corixos, furos e lagos. O anzol de galho é uma linha de mão amarrada a um
galho flexível, que se debruça sobre a água. Uma vez abocanhado o anzol, o
peixe tentará romper a linha, e no vai e vem, facilitado pela flexibilidade do ga-
lho, ele estará cada vez mais preso. O método torna-se mais eficiente, quando a
árvore escolhida estiver com os frutos amadurecidos e se precipitando na água,
atraindo o peixe.
- As formas de pesca e de anzóis improvisados estão representadas a seguir
(Fig 29/A-B).
4-28
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4.4.4.8 O processo de pescaria com armas de fogo e explosivos pode ser utilizado
quando se observa um vegetal com frutos amadurecidos se precipitando na água,
com os peixes se agitando na disputa pelo alimento. Recolhe-se um punhado
desses frutos e lança-os no ponto mais agitado e em seguida dispara-se. Quando
se utiliza explosivos o método é semelhante. A maioria morre devido à ação de
choque e não pelo impacto.
4-29
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ser mais abundante e fácil de ser encontrada nas proximidades de água e co-
medias (banhados, capões, etc). Muitas espécies de animais vivem em buracos,
tronco oco de árvores ou no chão.
4.5.4 Animais de grande porte, quando feridos ou quando protegem seus filhotes,
são perigosos. Antes da aproximação para recolher a caça, será conveniente
certificar-se bem de que ela está realmente morta. Os animais de terra também
poderão ser capturados ou abatidos: lacertídeos, quelônios e répteis. Os pássaros
não deverão ser desprezados como futuros alimentos. Serão encontrados com
mais facilidade, próximo de árvores frutíferas. Destaca-se que as armadilhas
devem ser montadas seguindo o triângulo da vida do animal (Fig 30).
4.5.5 A maioria dos animais segue uma rotina de vida denominada triângulo da
vida, ou seja, é onde o animal dorme, bebe e come. Cabe ao combatente, quando
na situação de sobrevivência, procurar sempre identificar esses lugares, e dessa
forma encontrará facilidades para pegar a caça. É importante ressaltar que uma
vez identificado esse local, o combatente deve imediatamente confeccionar sua
armadilha, pois o animal poderá estar por perto.
4.5.6 FATORES IMPORTANTES PARA O FUNCIONAMENTO DAS ARMADILHAS
a) O gatilho deve estar sensível (doce), pois de tal forma, ao leve toque do animal,
a armadilha irá disparar;
b) adequar armadilhas e iscas à caça, para isso deve-se confeccionar as arma-
dilhas, conforme o animal que se quer pegar e as iscas, de acordo com que o
animal come; e
c) as dimensões e consistência devem ser proporcionais ao porte do animal que
se deseja capturar, e para isso, buscar utilizar a medida auxiliar.
4-30
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4.5.7 A escolha do gatilho a ser utilizado na armadilha, depende da astúcia e
engenhosidade do combatente. Ele pode usar um gatilho simples que funciona
com eficiência ou um mais elaborado. O importante é que ele tenha em mente
a maneira correta de confeccionar o gatilho, pois é sempre melhor optar por um
gatilho que o combatente saiba fazer com eficiência. Há muitos tipos e cabe
ao combatente sua escolha para utilizar nas diversas armadilhas. Os gatilhos
classificam-se quanto:
a) Ao acionamento (tração, pressão, desequilíbrio e misto);
b) funcionamento (peso e açoite); e
c) utilização (ponto e área).
- Verifica-se na tabela a seguir os tipos mais utilizados (Tab 13).
4-31
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4-32
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4.5.8 A medida auxiliar (Fig 31) é uma medida padronizada para a realização da
pontaria (linha de visada), para os diversos tamanhos de caça, sendo de grande,
médio e pequeno porte.
a) Quanto aos animais de pequeno porte (paca, tatu) o ideal é a chave (distância
entre o dedo indicador e o dedo polegar);
b) já para os animais de médio porte (caititu, veado mateiro), o braço é a referência
(distância entre o dedo médio e a linha do cotovelo); e
c) para os animais de grande porte (queixada, cervo do pantanal, anta adulta),
a medida é feita a partir da posição de pé, mão colada na coxa, tomando como
referência, da ponta do dedo médio ao solo (linha da terra).
4-33
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Fig 32 - Curral.
4.5.9.2 O jiqui (Fig 33) é confeccionado com talas de palmeiras, cipós ou bambu. A
tapagem com jiqui (Fig 34) é confeccionada com folhas de acuri ou outra palmeira,
presas por pequenas varas, fechando-se o curso de água ou parte do mesmo,
deixando um buraco para ser colocado o jiqui. A tapagem é um dos métodos mais
eficientes para permitir a captura de peixes sem ter que esperar por muito tempo
(arrastão). O jiqui com gatilho (Fig 35) é confeccionado com talas de palmeiras,
4-34
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cipós ou bambu; ainda com um anzol preso na vara flexível e um gatilho.
4-35
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Fig 36 - Arapuca.
4-36
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Fig 38 - Fosso
Fig 39 - Chiqueiro.
4-38
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4.5.12 ARMADILHAS COM ARMAS DE FOGO
- São empregadas para abater qualquer animal, sendo confeccionadas com
qualquer arma de fogo, madeiras e cipós; em locais de passagem de caça, como
trilhas, comedias e bebedouros, de acordo com a medida auxiliar observada pelo
caçador (Fig 40 a 43). Para a construção, o local escolhido deve ser plano e a
arma instalada perpendicularmente ao eixo de progressão da caça. Deve-se evitar
andar na trilha da caça, principalmente na “área de matar”.
4-39
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4-40
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4.5.13.2 O arco e flecha (Fig 45) é utilizado para apanhar animais de pequeno ou
médio porte. Como observação, deve-se amarrar a flecha a um cordel, para que
a caça não escape. O jiqui também pode ser empregado para pegar tatus, para
isso, é colocado na boca da toca e depois camuflado.
4-41
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4.5.13.3 Como outros tipos de armadilhas, temos a varrida que consiste em uma
trilha construída no Pantanal, de onde se retira todas as folhas, permitindo o
combatente deslocar-se sem fazer barulho. É construída normalmente, próxima
a comedias ou bebedouros. É um método muito eficiente, porém perigoso, prin-
cipalmente em locais que tenham onça e tamanduá.
4.5.13.4 O laceiro (Fig 46) é empregado para capturar qualquer tipo de caça.
Confeccionado com vara flexível, cipós ou cordas e gatilho.
4-42
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4.5.13.5 O alçapão consiste em um buraco fundo, cuja boca será coberta de varas
finas e folhagem, a fim de camuflá-la. Poderá ou não ser colocada uma isca, e se
for o caso, terá a vantagem de atrair a caça pelo cheiro.
4.5.14 Em uma situação de sobrevivência é muito importante montar as armadilhas
antes do cair da noite, em trilhas, comedias, bebedias e dormedias; fazer com
que a caça realmente caia na armadilha montada; zelar por iscas coerentes com
o tipo de alimento que o animal come; camuflar a armadilha, evitando ao máximo
alterar o ambiente por onde anda a caça; e saber o local exato da armadilha, tendo
em vista que voltará ao local para apanhar a caça.
4.5.15 Toda a equipe deverá saber a localização das armadilhas, para que elas
4-43
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não se tornem antipessoais, principalmente aquelas que empreguem armamentos
e estacas “panji”. É muito importante retirar o cheiro humano, após confeccionar
as armadilhas (o ato de macerar folhas verdes com água e esfregar nas madei-
ras, cipós ou cordéis das armadilhas cumpre a finalidade). O conhecimento dos
hábitos dos animais reveste-se de grande importância, sendo mais relevante que
conhecer as técnicas de construção das armadilhas.
4-44
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uma vez feitas as incisões transversais e longitudinais, pela simples tração o couro
vai soltando-se do músculo. Após esfolado ou descamisado (Fig 47), o animal será
aberto pela linha do peito para a evisceração. Nessa operação deve-se ter cuidado
duplo, com a bexiga e com a fel. Para isso, coloca-se a ponta da faca protegida
pelo indicador, e tracionando-se para frente e para baixo, o animal estará aberto
sem correr o risco de furar a bexiga e a bolha biliar. Nos animais de grande porte,
nenhuma parte das vísceras deverá ser aproveitada. Por medida de segurança,
as vísceras dos animais de pelo não devem ser consumidas, tendo em vista
serem prováveis focos de doenças. No entanto, podem ser utilizadas como iscas
para a obtenção do pescado, em especial, piranhas.
Fig 47 - Descamisamento.
4.6.4.3 A fervura é um processo muito utilizado para a cutia, animal que possui a
pele muito saborosa. Joga-se água quente em cima do animal e simultaneamente,
faz-se a raspagem do pelo, até a pele ficar branca. Recomenda-se tomar cuidado
para evitar que o couro venha a “encruar” e para tal, deve-se jogar água somente
nas partes (quartos) que serão imediatamente raspadas. Eviscerado e lavado, o
animal estará pronto para a cocção e poderá ser moqueado para uso posterior.
A pele do animal poderá ser aproveitada para abrigos, para colher água ou para
4-45
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simples adorno (enfeite). Para isso, deverá ser esfolada e posta para secar ao
sol ou fogo. Quando moqueada, a carne deverá ter no máximo dois dedos de
espessura.
4.6.5 AVES
4.6.5.1 As aves (mutúns, arancuã), devem ser consideradas basicamente em
duas situações: com o corpo quente (quando recém abatidas) ou com o corpo frio.
4.6.5.1.1 Aves com o corpo quente, possuem como característica, as penas se
soltarem facilmente. Aproveita-se o corpo, ainda quente da ave recém abatida
para arrancar as penas com a mão.
- O descamisamento é executado após pendurar a ave pelos pés, fazendo uma
incisão na coxa ou pescoço, cortando- se apenas a pele.
- Por esse pequeno furo, coloca-se um tubo oco (tubo de caneta ou de camalote),
soprando-se até separar a pele com os resíduos de penas, da carne da ave.
- A partir de então, realiza-se um corte maior, buscando tracionar toda a pele. A
grande desvantagem desse processo é a perda por completo da pele do animal,
juntamente com um pouco de sangue e gordura (que podem ser considerados
fonte de energia).
4.6.5.1.2 As aves com corpo frio, têm como característica o fato das penas não
saírem com facilidade. Portanto, a fervura é um dos processos de depenagem,
com o emprego da água quente. No entanto, sendo mais difícil de ser realizado
em regime de sobrevivência, além de lento.
- Outro modo consiste em envolver as aves em barro e colocar diretamente na
brasa. Quando o barro quebrar, as penas serão retiradas junto com ele. O pro-
cesso é eficiente, porém demorado.
- Depois da retirada das penas, realizar a evisceração, com a incisão de abertura do
animal pelas costas. É um processo utilizado, principalmente para aves pequenas.
4.6.5.2 Além desses processos, existe também a alternativa de sapecar, ou seja,
chamuscar a ave no fogo e ao mesmo tempo retirar as penas já queimadas com
a mão ou pela raspagem. Após a utilização de qualquer dos processos descritos,
procede-se a evisceração, por meio de um corte longitudinal no ventre da ave.
Das vísceras das aves podem ser aproveitadas o coração, o fígado e a moela,
sendo que dessa última pode ser extraída uma pequena quantidade de sal. Os
ovos, tanto das aves como dos quelônios, podem ser conservados até 30 (trinta)
dias, quando guardados em salmoura, ou então, depois de cozidos, esfarelados
e postos ao sol para uma melhor desidratação.
4.6.6 PEIXES
4.6.6.1 Os peixes de escamas (piranha, pirambeva) podem ter as mesmas re-
tiradas, sempre da cauda para a cabeça, no sentido inverso das escamas. Em
4-46
EB70-CI-11.438
seguida, deve-se cortar as barbatanas, guelras e as nadadeiras. Nos peixes que
possuem escamas grandes poderá ser feita a escamação, cortando-se finas fatias
ao nível das escamas, sem atingir a carne. Após a utilização de qualquer um dos
processos acima, faz-se a evisceração pelo ventre, aproveitando-se apenas as
ovas, quando for o caso. Se o peixe for de tamanho médio para pequeno, pode-
-se assar sem descamisar, escamar ou mesmo eviscerar.
4.6.6.2 Alguns tipos de peixes não possuem escamas e sim couro. Esses, logi-
camente não serão escamados, mas podem ser descamisados. Após a retirada
das barbatanas, nadadeiras e guelras, é feita a evisceração (Fig 48), sendo então
levados ao fogo a fim de preparar o alimento para o consumo. Como exemplo de
peixe de couro, temos o pintado, jaú, cachara, entre outros. O processo do barro
pode ser utilizado no cozimento dos peixes, após eviscerado, escamado ou não.
Envolve-se o peixe em uma palha, depois envolver com barro e levar ao fogo.
Quando o barro se partir, retirar o peixe e já estará pronto para o consumo (muito
utilizado para peixes pequenos).
4-47
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4-48
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4.6.7.4 Para a evisceração, cortar a primeira víscera logo abaixo da cabeça
tracionando-a um pouco, de modo que se empunhe com firmeza e a partir daí,
puxar as vísceras sem muita força. Elas serão retiradas até a altura da cauda e de
uma só vez, sendo conveniente que durante todas essas etapas, o animal esteja
bem tracionado. Por fim, fazer a separação da cabeça e da cauda na altura da
cloaca, entretanto deve-se ter o cuidado de, no momento de se cortar a cabeça
do ofídio, colocar o mesmo de cabeça para baixo, a fim de se evitar uma possível
contaminação da carne pela peçonha do mesmo, caso seja um ofídio venenoso.
4.6.7.5 Concluída a preparação e a respectiva limpeza, o ofídio estará pronto
para ser preparado para o consumo. Não se deve assar a carne de cobra, pois
fica muito dura. O couro pode ser utilizado como utensílio, bastando para isso
secá-lo ao sol, retirando a gordura existente no mesmo.
4.6.7.6 Os quelônios podem ser levados inteiros ao fogo. O próprio casco pode
servir de vasilha para a cocção e sua carne poderá ser cortada em pequenas
postas, sendo assadas no espeto. Não é um processo higiênico. Para a separação
da casca, coloque o quelônio no chão com o ventre para cima, após isso, bata
com o facão nas laterais para separar as duas carapaças. Ainda com o quelônio
na mesma posição, retire a carapaça ventral, puxando-a com as mãos e auxiliando
com um facão. O mesmo é feito com o casco dorsal. Após ser liberado, o corpo
do quelônio é retirado como um todo de dentro do casco.
4.6.7.7 Em um local com maior visibilidade e apoio, é realizada a evisceração.
Logo após, só restará praticamente os músculos dos membros locomotores, o
fígado, o coração e os ovos, que deverão ser preparados em uma vasilha com
um pouco de água e algum tempero (sal), caso disponha. Não se deve assar a
carne do jabuti, pois ela fica muito dura. Não devem ser consumidos lacertídeos
que se deixem apanhar com facilidade.
4.6.7.8 Não devem ser consumidos jacarés e lacertídeos que se deixem apanhar
com facilidade. Alguns cuidados devem ser tomados na preparação do jacaré,
como amarrar a boca, mesmo depois de morto; caso o abate tenha sido recente,
um auxiliar deverá imobilizar a cauda do animal para evitar surpresas desagra-
dáveis (movimento de chicote); no jacaré só é possível fazer a retirada do couro,
por meio do esfolamento e isso é feito colocando-se o animal estirado com o
ventre para cima. Poderá ser feito de forma semelhante aos animais de pelo. A
evisceração deverá ser feita pelo ventre, já que o couro nessa parte não é tão
duro, quanto no dorso.
4.6.7.9 Uma parte muito apreciada, principalmente nos jacarés é a cauda. Nos
lacertídeos e jacarés, a cabeça será a parte em que não haverá aproveitamento,
sendo a cauda a carne mais macia. O descamisamento será bastante difícil, em
virtude do couro do animal (jacaré) possuir placas ósseas.
4-49
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4.6.8 TEMPEROS
4.6.7.1 Quando os alimentos são preparados, a presença de tempero em uma
sobrevivência será o maior problema. No entanto, o sal poderá providenciado
da seguinte forma: nas cinzas, pois essas possuem pequeno teor salino na sua
parte mais branca; no camalote, planta aquática que secada ao sol, queimada e
lavada poderá fornecer algum resíduo de sal (Fig 49); na moela das aves, que
após ser picada e fervida, até a evaporação da água, por várias vezes, deixará
um pequeno depósito com certo teor de sal; e no sangue dos animais (galinha),
por meio da fervura e sua evaporação, podendo-se obter um pouco de sal.
Fig 49 - Camalote.
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4.6.10 TIPOS DE FOGÕES IMPROVISADOS
4.6.10.1 O fogão de espeto é aquele feito unicamente com um espeto, tendo de
preferência uma forquilha na ponta. No próprio espeto, coloca-se a caça a ser
assada e, na forquilha, pode-se pendurar o caneco ou outra vasilha para purificar
a água ou cozinhar outro alimento.
4.6.10.2 O fogão de assar consiste em duas forquilhas colocadas uma de cada
lado do fogo e que sustentam o espeto, com a caça e a vasilha para cocção,
podendo essa última, também ser colocada junto ao fogo no solo.
4.6.10.3 O fogão de moquém ou de moquear (Fig 50) é um tipo de fogão em
que são necessárias três ou quatro forquilhas. Uma vez dispostas em triângulo
ou quadrado, envolvendo o fogo, arma-se com varas um estrado, sobre o qual
será depositada a caça a ser moqueada. É o processo ideal para assar peixes,
entretanto, para se ter um cozimento mais uniforme, convém fazer uma cobertura
com folhas largas sobre o estrado, antes de lançar os peixes.
- O moquém é utilizado para o preparo de carnes, para um consumo posterior.
Todavia, para se obter um moqueado uniforme e mais rápido, convém que as
postas de carne não tenham uma espessura superior a dois dedos.
- A desidratação será mais completa, rápida e, consequentemente, a conservação
da carne será muito maior, podendo durar uma semana.
- Se dispuser de tempo e a caça tiver sido abundante, poderá ainda salgar as
peças antes de moqueá-las, pois, sendo o sal um elemento higroscópico, a reti-
rada da água (desidratação) será mais eficiente e a conservação poderá fazê-las
durar até um mês.
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4.7.3.6 É aconselhável que a água colhida das diversas fontes (com exceção dos
vegetais) passem pelo processo de purificação, o qual poderá ser realizado de
várias formas como: pela fervura, durante cinco minutos; aplicação do comprimido
de halazone (hipoclorito de cálcio, hipoclorito de sódio), um por cantil e esperando
20 minutos para o consumo; pela adição de tintura de iodo, 8 a 10 gotas para
cada um litro de água, esperando 30 minutos para o consumo; e pela adição de
água sanitária, 8 a 10 gotas para cada litro de água.
4.7.3.7 Além do processo de purificação (possibilita a redução de micro-orga-
nismos), é possível valer-se de alguns elementos filtrantes (que servirão para a
redução de resíduos e partículas que comprometem a qualidade da água), por
meio do emprego dos seguintes processos: filtro de areia (ordem no recipiente,
pedra pequena, areia, pedra grande, carvão pedra); coando com um pano limpo;
ou empregando o cacho ainda não frutificado da palmeira acuri (filtro do acuri).
Esses procedimentos visam atender às condições mínimas de segurança para o
consumo de água de alguma fonte, por parte do ser humano. Importante destacar
que a água deve ser:
a) Corrente;
b) límpida;
c) incolor;
d) inodora;
e) insípida; e
f) com o ponto de coleta o mais distante possível de habitações, currais e pocilgas.
4.7.4 FOGO
4.7.4.1 Assim como a água, o fogo é uma necessidade, para que seja possível
prolongar a sobrevivência, pois por intermédio dele, possibilita-se: a purificação
da água; o cozimento de alimentos; a secagem de roupas; o aquecimento do
corpo; a sinalização; a iluminação e a segurança noturna.
4.7.4.2 Quanto à preparação e acendimento do fogo, é importante ressaltar que
o local deve estar limpo, com um abrigo para o fogo (rabo de jacu), o local da
fogueira com toras de madeira para que o fogo fique fora do contato com o solo
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Fig 55 - Fogo com lentes Fig 56 - Pedra dura e metal Fig 57 - Arco e pau
4.7.4.5 O acendimento da isca também pode ocorrer por meio do tiro. Com uma
espingarda Cal 12, e um cartucho preparado (sem balotes e com um pedaço de
algodão em seu lugar), um homem dispara com o cartucho, apontando para o alto.
Outro homem localiza no solo a bucha incandescente e, rapidamente, procura
utilizá-la como isca.
4.7.4.6 O fuzil pode ser empregado também para acender. Para isso, deve-se
empregar um cartucho traçante em um alvo como uma madeira dura. Ao atingir
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o alvo, a parte de fósforo da munição permanecerá por um tempo na madeira,
sendo necessário apenas a maravalha para obter o fogo.
4.7.4.7 Um pedaço de palha de aço ou outro material semelhante, de fraca resis-
tência, ligado aos pólos de duas pilhas de lanterna ou uma bateria, incendiar-se-á
facilmente.
4.7.4.8 Após o início do fogo:
a) Deve-se ir colocando lenha cada vez mais grossa. Para isso, lembrar que é
muito importante ter sempre boa quantidade de lenha estocada para a fogueira,
possibilitando que o fogo seja mantido;
b) além disso, não se deve desperdiçar fósforos, nem isqueiros tentando acender
iscas mal preparadas. Não gastar esses meios para acender cigarros ou outra
fogueira. Antes de utilizar o fósforo, tentar acender a fogueira com meios de for-
tuna para se acostumar.
c) guardar muito bem o material para confeccionar o fogo (se possível, imper-
meabilizar);
e) recolher todo o material para isca encontrado e guardá-lo para uso futuro. A
boa lenha é obtida em árvores secas e em pé; e
f) para o transporte do fogo basta levar a brasa.
4.8 ABRIGOS
4.8.1 O objetivo principal do homem, quando em uma situação de sobrevivência, é
retornar à civilização. Esse objetivo está calcado em três aspectos fundamentais:
a obtenção da água, do fogo e de alimentos. Dessa forma, é importante salientar
que a construção de abrigos está intimamente ligada a esses três fatores, con-
tribuindo para o sucesso do sobrevivente. O combatente pantaneiro necessita
de proteção contra o meio adverso, a fim de manter a saúde do corpo e o bom
estado do seu material.
4.8.2 A utilização de um abrigo eficiente, limpo, de bom aspecto e que proporcione
um mínimo de conforto dará ao combatente, além de melhores condições físicas,
condições psicológicas favoráveis para obter um rendimento máximo em suas
ações. Os abrigos são construções preparadas pelo combatente, para a proteção
contra as intempéries e os animais selvagens.
4.8.3 De acordo com o material de construção e com o tempo de ocupação do
abrigo, esses são classificados em: abrigos permanentes, construídos com ou
sem material da região e destinados a permitir uma ocupação contínua, por perí-
odo indeterminado (base de instrução); abrigos semi-permanentes, construídos
com o material nativo e destinados a permitir a ocupação por um longo período
de tempo (tapiri); e abrigos temporários, construídos com o material nativo ou
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utilizando peças do equipamento individual, destinados à ocupação por curtos
períodos de tempo (rabo de jacu, improvisados com poncho).
4.8.4 TIPOS DE ABRIGOS
4.8.4.1 A rede de selva (abrigo temporário) é uma peça do equipamento individual
do combatente que tem por finalidade proporcionar-lhe abrigo (Fig 58). Deve-
-se atentar para a montagem do telheiro, firmeza das árvores, aplicação de nós
de soltura rápida e manutenção do mosquiteiro esticado (tanto com os cordéis,
quanto com as varetas).
4.8.4.2 Abrigo com um poncho ou reunindo-se mais ponchos dos combatentes (Fig
59) pode-se improvisar abrigos que variam em eficiência, desde um pernoite com
o poncho em charuto (abrigo temporário), até construções mais bem elaboradas
com telhado (poncho) em uma ou duas águas (também considerados temporários).
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4.8.4.5 O tapiri cozinha é um abrigo semipermanente construído para ser utilizado
como cozinha nos estacionamentos da tropa (Fig 64). Possui em seu interior um
balcão, construído com material nativo, para ser utilizado como mesa, guardar
utensílios e gêneros alimentícios.
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4.8.4.6 Já o tapiri simples é outro tipo de abrigo semipermanente, construído
para alojar pessoal (Fig 65). O modelo e as dimensões dependem do efetivo
que será alojado no tapiri (1, 2, 3, 5 ou mais homens).
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4.8.5 DECISÃO
4.8.5.1 Para decidir o tipo de abrigo a ser construído, deve-se levar em con-
sideração algumas condicionantes, tais como:
a) Situação tática;
b) tempo disponível para a construção;
c) tempo de permanência (ocupação) no local; e
d) material disponível (material nativo e equipamento).
4.8.5.2 Assim como a escolha do local do abrigo deve ser cuidadosa e obe-
decer aos requisitos:
a) Obedecer às imposições táticas;
b) local elevado (solo seco) e ligeiramente inclinado, para facilitar o escoamento
da água da chuva;
c) próximo a água potável, para facilitar as atividades de sobrevivência;
d) afastado de charcos, porque nesses locais proliferam mosquitos e outros ani-
mais que podem ser nocivos ao homem; e
e) evitar construir sob árvores podres, secas ou mantidas em pé por cipós ou
outras árvores.
4.8.6 MATERIAL NATIVO UTILIZADO NA CONSTRUÇÃO DO ABRIGO
4.8.6.1 Quanto aos tipos de materiais empregados, há a madeira (utilizada na
construção da estrutura e assoalhos dos abrigos), as palhas e folhas de palmei-
ras (utilizadas, principalmente, na cobertura dos abrigos, sendo a mais comum,
a palha da acuri), as enviras (retiradas da segunda camada da casca de certas
árvores e que se caracterizam por possuir fibras longas e resistentes, possibi-
litando amarrações diversas) e os cipós (assim como as enviras, também são
utilizados para amarrações).
4.8.6.2 Entre os cipós, destaca-se: o cipó ambé que é encontrado na mata de
terra firme e às margens de corixos, sendo resistente e flexível, muito utilizado
nas amarrações e quando cortado, apresenta cheiro de goiaba. O cipó tripa de
galinha, também é encontrado na mata de terra firme e às margens de corixos,
resistente e flexível, tem um aspecto irregular, e é muito utilizado nas amarra-
ções; e a raiz da figueira, encontrada na mata de terra firme e quando macerada
é muito resistente.
4.8.7 PREPARAÇÃO DO MATERIAL NATIVO
4.8.7.1 Palhas
4.8.7.1.1 No processo da palha aberta, utiliza-se a palha “branca”. Nesse pro-
cesso a palha será aberta para, em seguida ser usada, principalmente visando a
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4.8.7.1.4 Caso seja utilizado o processo da palha torcida, devemos torcer as fo-
lhas da palha e inverter para o lado oposto em relação ao talo. Nesse processo,
é importante uma grande quantidade de palha para se construir uma cobertura
eficiente.
4.8.7.1.5 Se o processo utilizado for o da palha trançada, torna-se relevante a
disponibilidade de tempo, pois trata-se de um processo artesanal utilizado, princi-
palmente na palha branca. Demanda muita prática, tendo em vista, a costura de
cada folha por entre a palhas de determinado lado. Esse processo é usado para
fazer o fechamento de arestas dos abrigos. Para aumentar a impermeabilização
pode-se associar a folha da bananeira.
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4.8.7.2 Cipós
4.8.7.2.1 Na preparação dos cipós, não se deve dar nós cegos (simples), evitado
o apodrecimento mais rápido do cipó. Para unir dois cipós deve-se macerar suas
pontas e unir com o nó direito.
- O cipó ambé é preparado descascando-o, macerando a sua ponta, raspando
o cipó e dividindo-o em fatias paralelas, podendo ser em forma de cruz. Como
observação, esse tipo de cipó pode ser utilizado sem dividi-lo e com a casca.
4.8.7.2.2 Para a preparação do cipó tripa de galinha, é importante descascar o
mesmo e o dividir, evitando o corte em cruz, podendo parti-lo, inclusive em seu
nó. Já a raiz da figueira, deve ser sovada até ficar flexível, dividida em tamanhos
desejados e torcida nos pedaços para ficar mais flexível.
4.8.7.3 Enviras
- Para o processo de preparação das enviras, é necessário fazer um pequeno
corte na casca e a 10 cm de uma das pontas, de forma a não separar totalmente
a casca da envira; inverter a posição, de maneira que o corte fique voltado para
a parte de baixo; colocar o terçado transversalmente à envira, paralelo ao corte
e prendendo ao solo com os pés. Após isso, deve-se puxar para cima e para trás
a ponta de 10 cm que sobrou após o corte, com isso a envira separar-se-á da
casca; em seguida, bater a envira em uma madeira ou tronco de árvore e separar
as fatias em tamanhos desejados, pois a envira já está pronta para ser usada.
4.8.7.4 A construção de abrigos dará ao combatente condições de sobreviver em
melhores condições físicas e psicológicas, frente a situação em que se encontrar.
O trabalho de equipe é fundamental, para que todas as atividades sejam bem
cumpridas no prazo que deve ser seguido.
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4.9.3 Para a preparação do local para o descanso, o mesmo deve ter espaço su-
ficiente para a montagem do abrigo (sem espinheiros, evitar mata fechada) e ser
preferencialmente seco. Ainda deve estar balizado para uma trilha, curso d’água
ou estrada, para facilitar o acesso, devendo esse ser único (não adentrar muito
a mata, evitando se perder, de forma a dificultar o resgate). Torna-se vital realizar
a limpeza do local, para o afastamento de insetos e animais nocivos ao homem
e ainda facilitar o trânsito dentro da área do pernoite.
4.9.4 O fogo deve ser feito em um buraco (fogão de fosso) para a proteção do
vento, a isca deve estar seca e deve haver lenha para todo o pernoite, para que
se evite a apanha desnecessária durante a noite (situação de perigo). Sem dú-
vidas, é muito importante manter o fogo aceso toda a noite, evitando o contato
com animais nocivos ao homem. Quanto aos abrigos, a área escolhida deve ficar
longe de troncos e árvores podres, para evitar possíveis acidentes. O indivíduo
deve ter em mente não provocar muitas mudanças no local e imediações, tendo
em vista, um ataque de abelhas, picada de cobras, entre outros.
4.9.5 O cuidado com o corpo deve ser essencial em situação de sobrevivência,
pois nunca se sabe o que é esperado no dia de amanhã. Devem ser estabelecidas
regras que cooperem com a auto segurança, como: delimitar a área do pernoite,
identificação do local exato da trilha de entrada e saída; e manter-se atento, quanto
a fauna e flora do Pantanal, que por vezes, pode ser traiçoeira. Em grupo, deve-
-se manter sempre atento com os companheiros, sempre andar juntos (mínimo
dupla) e aplicar todas as medidas de segurança.
4.9.6 O armamento é fundamental ao militar em uma situação de sobrevivência
e deverá estar sempre com o mesmo em um pernoite isolado, pois é a única
defesa que restará ao militar, portanto, o armamento por todo o momento deverá
ser mantido junto ao corpo, principalmente na hora de dormir. Vale ressaltar que o
armamento deve estar o tempo todo manutenido, pois em uma situação adversa
uma falha no disparo poderá ser fatal.
4.10 PECONHA
4.10.1 A peconha consiste em uma técnica de subida em árvores que oferece
uma relativa segurança e rapidez, porém exige conhecimento dos métodos de
confecção, bem como material e técnicas adequadas. Pode ser utilizado em vários
momentos nas operações em ambiente Pantaneiro, como por exemplo: obtenção
de alimentos de origem vegetal; reconhecimentos; ESAON; sinalização; proteção
contra animais ferozes; estabelecimento das comunicações; orientação; ocupação
de uma espera ou de um posto de vigia; ocupação de posição de tiro (caçador); etc.
4.10.2 A peconha pode ser confeccionada com dois tipos de materiais: artificiais
(cordéis, cinto da calça, cabo solteiro, gandola, calça de combate, cabos de aço
flexíveis, fio duplo telefônico, entre outros), e naturais (palhas do acuri, cipó imbé,
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cipó tripa de galinha, raiz de figueira, embira de sapo, entre outros). A confecção
da peconha, com qualquer material, deve ser feita de acordo com a espessura
da árvore, ou seja, aproximadamente a metade da espessura do caule da árvore.
4.10.3 Para a confecção com o cabo solteiro, recomenda-se permear o cabo;
medir o tamanho do anel; conforme o diâmetro da árvore; formar um anel com
o cabo permeado, unindo as extremidades com um nó direito arrematado (com
soltura rápida) ou, o mais indicado, o nó pescador duplo (em soltura rápida, pois
evita a perda do cabo com o uso, evitando que fique irreversível ou muito ‘aco-
chado’); após isso, deve-se colocar o anel nos pés com o nó para baixo, ficando
em condições de abordar a árvore.
4.10.4 Ao tomar a posição junto à árvore; iniciar a subida, forçando os joelhos para
fora e a planta dos pés para dentro, de encontro ao tronco da árvore. Com
os cipós, é necessário ressaltar, que esses devem estar devidamente macera-
dos e trançados. Já com meios de fortuna (cintos, cordéis, etc), deve-se ter em
mente a resistência desses materiais. Para esses outros materiais, o processo
de abordagem e subida na árvore é similar ao do cabo solteiro.
4.10.5 Em algumas situações, um militar ou sobrevivente poderá valer-se dessa
técnica para subir em árvores (Fig 67). O sobrevivente poderá empregar visando:
apanhar frutos e ovos; construir armadilhas para caça; construir abrigos ou mutá;
e proteger-se durante um pernoite. O militar em operações poderá empregar
visando: a entrada em posição de atirador de emboscada isolado ou não; a insta-
lação de antenas improvisadas; o resgate de suprimentos lançados e presos nas
copas das árvores; observar as proximidades do leito de rios, clareiras, socavões,
localidades, entre outros.
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4.11.4 TAREFAS QUE CONTRIBUIRÃO PARA O SUCESSO DE UM INDIVÍDUO
OU GRUPO EM SITUAÇÃO DE SOBREVIVÊNCIA:
a) Achar o local para a equipe;
b) não cortar árvore de grande porte (risco grande de acidente);
c) limpar o local da área de sobrevivência;
d) ter, no mínimo, dois locais para armazenamento de água, dois reservatórios
e dois filtros;
e) ter fogões diferentes e locais (secos, abrigados e isolados do solo), para lenha;
f) construir uma mesa (trabalho do alimento);
g) ter um local para o lixo;
h) ter um local para preparo da caça (trave de esfola);
i) construir um banheiro com latrina; e
j) construir abrigos para o fogo e para todo o efetivo.
4.11.5 ALÉM DAS TAREFAS ANTERIORES, É IMPORTANTE:
a) Manter a fogueira permanentemente acesa;
b) caso esteja perto de um lago ou rio, confeccionar anzóis improvisados (perda
de anzóis é grande com os enroscos);
c) construir armadilhas para peixes, aves, animais de pequeno e médio porte;
d) ter uma posição de espera (mutá);
e) confeccionar uma cerca em torno da área de abrigos; e
f) balizar as trilhas para o rio, para a latrina e para o mutá.
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4.12.3 Para evitar que se corte um dedo ou outra parte do corpo, os movimentos
da faca e do facão devem ser feitos na direção oposta, ou seja, no sentido oposto
ao da mão que dá estabilidade no material a ser cortado (Fig 71).
4.12.4 Para que a faca e o facão mantenham a eficiência no corte, deve-se ter
alguns cuidados especiais, tais como:
a) Manter sempre limpo e afiado;
b) manter lubrificado;
c) não deixar fincado ao solo por muito tempo, em razão da umidade;
d) durante a noite, guardar em local seco, abrigado da chuva e orvalho;
e) não deixar muito próximo ao fogo, a fim de não destemperar e estragar a
lâmina; e
f) sempre ao guardar, fazê-lo limpo.
4.12.5 Para afiar a faca e o facão, o fio deve ter o formato triangular e sem dentes.
Deve-se utilizar pedra específica para amolar, executando os seguintes passos:
a) Molhar a pedra;
b) posicioná-la em superfície fixa e segura;
c) verificar se o corte está muito danificado e se estiver, iniciar pelo lado mais
grosso da pedra;
d) após retirar os dentes no lado mais grosso da pedra, deslizar a faca ou facão
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no lado menos poroso, em um ângulo entre 10º e 20º;
e) fazer o mesmo movimento dos dois lados; e
f) à medida que vá se formando o fio, gradativamente reduzir a força do movi-
mento (Fig 72).
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CAPÍTULO V
TÉCNICAS ESPECIAIS
Fig 73 - Jogar.
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Fig 74 - Rebocar.
5.1.3 O nado de aproximação é a variante do estilo “craw” (Fig 76). Nesse caso,
a cabeça do socorrista deverá ficar para fora da água, de forma a facilitar a vi-
sualização do afogado. Esse estilo tem a vantagem de proporcionar uma maior
velocidade de deslocamento, sem que se perca a vítima de vista.
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próximo a linha da água, deixando o corpo totalmente estendido.
5.1.5.2 A braçada é realizada simultaneamente ao movimento das pernas. O
braço que estiver submerso tracionará a água, no momento em que as pernas
estiverem se encolhendo, e se esticará quando ocorrer a impulsão da pernada. O
braço deve descrever um “S” por ocasião do tracionamento. O outro braço deverá
ficar na posição de reboque segurando a vítima por cima do peito, até a mão
do socorrista alcançar a axila ou a lateral do peito, fornecendo maior firmeza ao
socorrista. Como observação, quando o socorrista estiver utilizando nadadeiras,
a pernada realizará seu curso normal de propulsão, ou seja, uma em extensão,
a outra em flexão.
5.1.6 JUDÔ AQUÁTICO
5.1.6.1 O judô aquático contempla técnicas que permitem que o socorrista se solte
caso seja agarrado pela vítima. Para isso, quando a vítima agarrar o socorrista
pelos cabelos é necessária uma batida com a parte anterior e externa da mão
sobre as costas da mão que agarra, segurando-a no sentido de fora para dentro,
com a mão apoiada no cotovelo da vítima, forçando-a a efetuar um giro com o
corpo, correspondente a uma meia volta, colocando-a de costas para o socorrista,
tomando-se em seguida, a posição de reboque.
5.1.6.2 Quando a vítima abraçar o socorrista por cima dos braços, o socorrista,
com os punhos cerrados, deverá pressionar fortemente as costelas da vítima,
efetuando em seguida o giro e tomando a posição de reboque.
5.1.6.3 Já quando a vítima abraçar o socorrista por baixo dos braços, o mesmo terá
ambas as mãos livres, e deverá colocar uma delas sob a base do nariz da vítima,
empurrando-a energicamente para cima. Isto a obrigará a afrouxar os braços,
quando então o socorrista efetuará o giro para a tomada da posição de reboque.
5.1.7 EQUIPAMENTOS AUXILIARES
5.1.7.1 O uso de equipamentos no auxílio para salvar vidas dentro da água vem
sendo utilizado há vários séculos. Sua importância é tão grande hoje em dia, que
somente em raras circunstâncias admite-se que um profissional de salvamento
aquático trabalhe sem a ajuda de um ou mais materiais de salvamento, tais como:
boias, pranchas, cabos, etc.
5.1.7.2 Como principais benefícios de se utilizar materiais de salvamento desta-
cam-se: a segurança para o socorrista, a medida em que a vítima agarra o material;
a manutenção da vítima calma, quando essa segura uma boia; a sustentação da
vítima na superfície sem fadigar o socorrista; a possibilidade de aplicação dos
primeiros socorros, ainda dentro da água; a redução do desgaste físico e aumento
da velocidade de retirada da vítima da água; e a possibilidade de salvamento de
várias vítimas simultaneamente.
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5.2 EVACUAÇÃO E NAUFRÁGIO
5.2.1 Quando houver risco de a embarcação afundar, deve-se abandoná-la o
mais rápido possível, afastando-se a nado, para não ser puxado pelo redemoinho
causado pelo seu afundamento. Após o abandono recomenda-se utilizar um meio
de salvatagem.
5.2.2 O meio de salvatagem é qualquer material encontrado nas embarcações
para o salvamento de náufragos, por exemplo, um bote, uma balsa rígida, coletes,
boias etc. As balsas rígidas geralmente são colocadas no teto das embarcações e
destinam-se ao uso de várias pessoas, devendo-se distribuir o peso das mesmas
para que a balsa não vire. Boias circulares normalmente possuem uma retinida,
que é um cabo preso a ela, para que seja lançada ao rio e puxada a bordo, caso
alguém tenha caído na água.
5.2.3 Por ocasião de um naufrágio, sempre que possível, deve-se pedir socorro
pelo rádio de bordo, antes de abandonar a embarcação, passando a localização
e todas as informações possíveis para facilitar o resgate. Ao abandonar a em-
barcação, aconselha-se livrar-se das roupas e calçados. Ao mesmo tempo, se
possível, deve-se procurar conduzir ou rebocar um mínimo de roupa, por causa do
frio que possa vir a fazer à noite e os calçados (coturnos), contra animais nocivos
(como piranhas, arraias).
- O mais importante, é não esquecer o colete salva-vidas.
5.2.4 Em caso de fogo, deve-se pular da embarcação contra a correnteza, o mais
distante possível, afastando-se dela com o nado submerso e voltando à superfície,
afastando o óleo, mesmo sem a superfície estar pegando fogo.
- A forma correta é girando a mão e o braço para abrir uma “clareira”, respirando
e voltando a mergulhar, repetindo esse processo até que se afaste a uma posição
segura do fogo e do óleo sobre a água.
5.2.5 Após o abandono, se não for encontrado quaisquer meios de salvatagem,
pode-se utilizar pedaços da embarcação que ficaram flutuando. A mochila bem
impermeabilizada torna-se um perfeito meio de salvatagem. Deve-se nadar para a
margem mais próxima do naufrágio, devendo ter cuidado de que seja terra firme.
- No Pantanal é muito comum encontrar vegetações nas margens, como cama-
lotes, que além de dificultar a abordagem podem esconder vários animais, como
jacarés e cobras, entre elas a sucuri e a boca de sapo.
5.2.6 Outro cuidado é com os baceiros, que são um emaranhado de raízes e ve-
getações flutuantes encontrados nas margens e que, além de esconder animais
nocivos, o náufrago poderá acabar se enroscando e vindo a se afogar. Outra
dificuldade no Pantanal é a existência de barrancos, principalmente na época
das cheias. Deve-se sempre procurar por margens que tenham areões (praias)
e que facilitem a abordagem.
5-5
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- Por isso, às vezes, a margem mais próxima não é a mais segura e ao abandonar
a embarcação é recomendável procurar meios que permitam flutuar com maior
facilidade.
5.2.7 O uso de equipamentos pirotécnicos deverá ser realizado quando houver
uma probabilidade de ser visto.
- O fumígeno é o equipamento pirotécnico diurno mais utilizado. Ele solta uma
fumaça, geralmente na cor laranja ou branca.
- Já à noite, o meio mais utilizado é o chamado “strobolight”, que é um dispositivo
flutuante com uma lâmpada que fica piscando.
5.2.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
- O mais importante em uma situação de naufrágio, além do que foi explanado, é
manter a calma. Deve-se procurar auxiliar os que não sabem nadar, pois esses,
geralmente, acabam ficando em verdadeiro pânico.
- Toda vez que entrar em alguma embarcação, deve-se procurar identificar onde
estão localizados os coletes salva-vidas e os meios de salvatagem. Deve existir
um colete para cada pessoa embarcada. Nas pequenas embarcações o uso do
colete é obrigatório.
- Deve-se verificar as condições da embarcação e a existência e localização de
extintores de incêndio.
- O uso do poncho e capas de chuva deve ser evitado ao máximo, pois dificultam
a natação em um caso de naufrágio.
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CARACTERÍSTICAS GERAIS
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5.3.1.2.2 Embarcação Patrulha Grupo (EPG), é uma embarcação para o transporte
de um efetivo de até 12 homens, de comprimento total entre 9 e 12 m (Tab 16).
CARACTERÍSTICAS GERAIS
CARACTERÍSTICAS GERAIS
TIPO..............................................TÁTICA
COMPRIMENTO........................ ...6,00 m
MANUTENÇÃO.............................15 dias
PASSAGEIROS........................... ...........7
TRIPULAÇÃO............................. ...........1
Piloto......................................................1
POTÊNCIA MÁXIMA...............25HP,40HP
COMBUSTÍVEL........Gasolina e Óleo 2T
CONSUMO/HORA.............10 litros/horas
Vel de Sv.........................20 nós/35 km/h
AUTONOMIA................................ .......2 h
Tab 17 - Características gerais da Embarcação Patrulha Esquadra.
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CARACTERÍSTICAS GERAIS
TIPO.......................................... TÁTICA
COMBUSTÍVEL......................... Óleodiesel
COMPRIMENTO....................... 8,50 m
CONSUMO/HORA..................... 40 litros/h
MANUTENÇÃO......................... 100 horas
Vel de Sv...........................30 nós/60 km/h
PASSAGEIROS......................... 8
Vel MÁXIMA.....................35 nós/70 km/h
TRIPULAÇÃO........................... 2
AUTONOMIA.....................................12 h
POTÊNCIA MÁXIMA................. 300 HP
CARACTERÍSTICAS GERAIS
TIPO.......................................... TÁTICA
COMBUSTÍVEL......................Óleo diesel
COMPRIMENTO....................... 30,90 m
CONSUMO/HORA..................... 70 litros/h
MANUTENÇÃO......................... 250 horas
Vel de Sv.............................6 nós/10 km/h
PASSAGEIROS......................... 141
Vel MÁXIMA.......................8 nós/16 km/h
TRIPULAÇÃO........................... 7
AUTONOMIA....................1.140 km/114 h
POTÊNCIA MÁXIMA................. 360 HP
TRIPULAÇÃO
Total ............................... 7 Cmt Embc...............................................1
Sub Cmt Embc................ 1 Mec Pps.................................................1
Aj Mec Pps...................... 1 Op Convés.............................................3
CARACTERÍSTICAS GERAIS
TIPO......................................LOGÍSTICA COMPRIMENTO..........................13,50 m
MANUTENÇÃO.......................250 horas TRIPULAÇÃO........................................6
Cmt Embc.............................................1 Sub Cmt Embc.......................................1
Mec Pps................................................1 Aj Mec Pps.............................................1
Op Convés............................................2 POTÊNCIA MÁXIMA....................409 HP
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CARACTERÍSTICAS GERAIS
COMBUSTÍVEL....................Óleo diesel
CONSUMO/HORA....................70 litros/h
Vel de Sv..........................6 nós/10 km/h
Vel MÁXIMA........................8 nós/16 km/h
AUTONOMIA.................3.400 km/342 h
CARACTERÍSTICAS GERAIS
TIPO.......................................LOGÍSTICA
COMPRIMENTO.........................25,20m
MANUTENÇÃO...........................100horas
TRIPULAÇÃO.......................................6
Cmt Embc...............................................1
Sub Cmt Embc......................................1
Mec Pps.................................................1
Aj Mec Pps............................................1
Op Convés.............................................2
POTÊNCIA MÁXIMA....................360HP
COMBUSTÍVEL......................Óleo diesel
CONSUMO/HORA...........70 litros/horas
Vel de Sv............................6 nós/10 km/h
AUTONOMIA..................2.850 km/285 h
Vel MÁXIMA.......................8 nós/16 km/h
CARACTERÍSTICAS GERAIS
TIPO.......................................LOGÍSTICA COMPRIMENTO.....................25 a 36 m
BOCA..................................8,00 a 8,80 m PONTAL............................1,50 a 1,70 m
CALADO.................................1,0 a 1,5 m BORDA LIVRE MÍNIMA.....0,20 a 0,50 m
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para cumprir as atribuições de sota-voga, visando ações de abicagem, atracação
e desatracação.
5.3.1.4.5 Quanto à formação, o ideal é a existência do comandante da embarcação,
que poderá ser o Cmt Pel (que também comanda a 1ª Seção das embarcações e
a 1ª embarcação), o Adj Pel (que também comanda a 2ª Seção das embarcações
e a 3ª embarcação), ou Cmt GC (que comanda a 2ª ou a 4ª embarcação).
5.3.1.4.6 Além do comandante, é fundamental a presença de dois militares dotados
de Mtr MAG, um atirador de Mtr. 50 e um granadeiro, com a ressalva da presença
de um auxiliar do atirador da Mtr. 50. Quanto ao piloto e seu sota-voga, esses
deverão possuir os cursos de ECSP e ETSP, respectivamente.
5.3.1.4.7 A guarnição ideal para a Guardian 25 é composta de (Fig 80):
a) Cmt da embarcação;
b) 1 piloteiro;
c) 1 sota-voga (auxiliar do piloteiro);
d) 2 atiradores de Mtr MAG;
e) 1 atirador de Mtr. 50;
f) 1 auxiliar do atirador; e
g) 1 granadeiro.
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Legenda:
- .50 – Atirador de Mtr .50
- Aux – Auxiliar de atirador
- P – Piloteiro
- S – Sota-Voga
- Cmt – Comandante da embarcação
- A1 ou A2 – atirador de Mtr MAG
- Gr - Granadeiro
Especificações - Guardian 25
Comprimento do barco – 7,5 m Calado, com motores inclinados – 0,41 m
Peso do motor – 481 kg Peso do barco básico, sem motores – 1.622 kg
Capacidade do tanque opcional, frente – 151
Capacidade do tanque central – 602 litros
litros
Potência do motor, máxima – 400 HP Potência do motor, mínima – 115 HP
Capacidade de carga (pessoas, motor e equipamento) – 1.377 kg
Tab 23 - Especificações da embarcação Guardian 25.
5-13
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5.3.2 MOTORES DE POPA
5.3.2.1 O motor de popa é uma máquina utilizada para movimentar embarca-
ções. Sua utilização é simples, porém exige alguns cuidados e particularidades.
Abaixo são listadas algumas características dos motores de popa que normal-
mente são empregados no EB (Tab 24):
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- engate da corda de segurança
- haste do grampo da morsa;
- botão do suporte da inclinação; e
- vareta do ajuste do angulo de equilíbrio.
5.3.2.2.3 A caixa de engrenagem é uma estrutura ligada com a parte inferior (ter-
minal), do motor de popa e é composta por uma caixa, contendo basicamente:
a) Um pinhão;
b) duas engrenagens cônicas, destinadas a transmitir o movimento do eixo de
transmissão para o eixo propulsor; e
c) eixo propulsor. As suas peças são as seguintes:
- hélice;
- lingueta de equilíbrio;
- entrada de água para arrefecimento;
- placa anti-cavitação; e
- placa para salpicaduras.
5.3.2.2.4 O tanque de combustível é composto por:
a) bulbo do afogador;
b) linha do combustível (mangueira de combustível);
c) tampa de abastecimento;
d) parafuso de ventilação; e
e) alça de transporte.
5.3.2.5 A mistura de gasolina e óleo 2 tempos
- A mistura de gasolina e óleo 2 tempos deve ser feita numa vasilha e bem agi-
tada, para que fique homogênea (não misturar o óleo e a gasolina no tanque de
combustível).
- Sempre que o tanque ficar de repouso por mais de quatro horas, recomenda-se
agitá-lo no sentido lateral (nunca com violência, para não danificar o indicador de
combustível). Não deverá ser utilizada a mistura com mais de 10 dias de preparo.
5.3.2.6 A operação do motor de popa é iniciada com a fixação do motor no
bote
- Para a colocação, os motores são fixados nas popas por meio de parafusos
borboletas;
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- a hélice deve ficar sempre submersa;
- a distância entre a superfície da água e a placa de cavitação deve ser, para um
barco sem carga, de 10 cm;
- passar uma corda através da alça do motor e prendê-la no bote para evitar que
o motor caia na água, em caso de acidente.
5.3.2.7 Além da colocação, deve-se atentar para o ângulo de ajustagem
- Para inclinar o motor, colocar a alavanca de bloqueio na posição release e
inclinar o motor corrigindo a posição na chapa de aço de inclinação, situada na
parte traseira do motor, removendo o pino de trava ou de fixação, colocando-o
na nova posição.
5.3.2.8 Quanto à partida, deve-se:
- Colocar o acelerador na posição de marcha lenta;
- colocar a alavanca de reversão na posição neutra;
- colocar a alavanca de segurança (trava), localizada no cavalete do motor na
posição lock;
- ligar o tanque de combustível e abrir o suspiro do tanque;
- pressionar o bulbo da mangueira, até sentir uma pequena resistência;
- puxar o afogador;
- puxar a corda de partida; e
- girar o botão da agulha da marcha lenta do carburador para a esquerda ¼ de
volta (motor Johnson).
5.3.2.9 Quando o motor funcionar, deve-se:
a) Empurrar o botão do afogador para dentro;
b) deixar o motor em marcha lenta por, aproximadamente 2 minutos;
c) observar se está saindo água no orifício de saída;
d) caso não saia água pelo orifício de saída, o motor deverá ser desligado ime-
diatamente;
e) caso contrário (ejeção de água pelo orifício de saída) engrenar a marcha de-
sejada (funcionamento desejado, com as saídas de água previstas).
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5.3.3 PRINCIPAIS PANES
PANE PROCEDIMENTO
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5.3.4 SEGURANÇA NAS EMBARCAÇÕES
5.3.4.1 Toda embarcação está sujeita a panes, acidentes e em consequência, a
um possível naufrágio. Partindo-se desse princípio, deve-se saber as medidas
preventivas para sobreviver a esses acidentes e evitar a perda de materiais. As
recomendações que se seguem buscam prevenir acidentes e evitar a perda de
material envolvendo embarcações, já que no ambiente pantaneiro, o meio de
locomoção mais utilizado é a embarcação, principalmente a “voadeira”.
5.3.4.2 Para que a missão não seja comprometida, é imponderável seguir algu-
mas normas como: ter coletes salva-vidas (em bom estado e dentro do prazo
de validade), os quais são obrigatórios a utilização pelo pessoal embarcado no
Pantanal, sempre atentando para a correta colocação.
5.3.4.3 Ao preparar uma embarcação, recomenda-se
a) Prender o motor ao verrugo;
b) antes do embarque, deverá ser verificado se o motor e o tanque de combustível
estão amarrados (devidamente ancorados na embarcação);
c) verificar se o combustível é suficiente para o cumprimento da missão;
d) verificar se existe, no mínimo, um remo por embarcação;
e) verificar se existe o cabo de proa (sendo obrigatório a sua utilização), e se
o mesmo contém espessura, de no mínimo 10 mm, para que possa ancorar o
material na embarcação;
f) verificar se a embarcação possui ferramentas para pequenos reparos e manu-
tenção de 1° escalão, além de algumas peças sobressalentes; e
g) verificar se as luzes de sinalização noturna estão em pleno funcionamento.
5.3.4.4 Os piloteiros devem saber realizar pequenos reparos na embarcação;
utilizar o stop, um cordel ligado ao motor que, se puxado corta automaticamente
o seu funcionamento; conduzir lanternas de segurança para realizar balizamen-
tos, principalmente, para a retaguarda; e sempre estar em condições físicas e
orgânicas estáveis (ou seja, saudável e sem sono).
5.3.4.5 O militar mais antigo deve, sempre que possível, fazer um briefing com
os piloteiros antes da partida para qualquer missão. Além disso, integrá-los nas
atividades da patrulha, pois os mesmos possuem o conhecimento da área e podem
facilitar o planejamento (ordem preparatória, ordem patrulha e ensaios). Alguns
cuidados com armamento e equipamentos diversos devem ser tomados. Isto varia
em situações reais de emprego ou em situações de exercício ou adestramento.
5.3.4.6 Para as situações reais, o armamento mais o equipamento necessário
para o cumprimento da missão vão atrelados ao corpo, sendo importante esse
procedimento, pois visa facilitar o desembarque. A mochila pode ou não, estar
5-18
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ancorada ao combatente, dependendo da situação.
5.3.4.7 Quanto aos exercícios e adestramento, o armamento, mochila e equipa-
mento de comunicações vão atrelados na embarcação, utilizando o cabo solteiro
ou retinidas.
5.3.4.8 Como prescrições diversas
a) Deve-se atentar para os cabos e amarras das embarcações, que não podem
permanecer arrastando na superfície da água;
b) toda embarcação deve deslocar-se sob a responsabilidade de um chefe (res-
ponsável pela disciplina e segurança);
c) ao ocupar uma embarcação, os militares devem seguir as normas de equilíbrio,
um entra de um lado e o próximo vai para o outro lado (bombordo e boreste);
d) o militar somente levanta da embarcação, quando a mesma estiver totalmente
parada;
e) em caso de naufrágio, o militar deve se afastar da embarcação e usar o colete
salva-vidas e sua mochila para flutuar, tendo o controle de seu armamento.
f) durante a noite, a velocidade deverá ser reduzida, principalmente, quando
estiver com pouca visibilidade;
g) o colete salva-vidas só deverá ser retirado, quando o combatente estiver em
terra firme;
h) quando for atracar, a embarcação deve ser retirada da água ou seu motor
deverá ser amarrado;
i) procurar sempre diminuir a velocidade, quando da aproximação de pescadores
ou outras embarcações; e
j) nunca engatar a ré com o motor destravado.
5.3.5 DESALAGAMENTO DE EMBARCAÇÕES
5.3.5.1 As embarcações do tipo voadeira são muito empregadas nas operações
no Pantanal, no entanto esse tipo de embarcação é vulnerável à instabilidade flu-
vial, seja por condições climáticas ou pelo seu emprego em velocidade, podendo
ocorrer o seu naufrágio. No entanto, o combatente do Pantanal deve estar apto
a realizar o seu resgate, desalagando-a e recuperando o motor para o prosse-
guimento da missão.
5.3.5.2 Por serem equipadas com material flutuante preenchendo os bancos,
em caso de naufrágio não ocorrerá a completa submersão, de forma que será
mais fácil realizar o resgate da embarcação. Uma vez alagada a embarcação,
o método mais fácil de realizar o seu resgate é conduzi-la para a margem mais
próxima, o que poderá ser feito pelo arrasto ou utilizando os próprios remos da
embarcação (Fig 81 e 82).
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5.3.5.4 Quando a embarcação estiver completamente desalagada, o tampão
deverá ser recolocado e o motor será recolocado em uma posição para facilitar
sua manutenção (Fig 85).
5.3.5.5 Caso o motor resgatado tenha submergido, o mesmo deverá, ao ser reti-
rado da água, ser recuperado no período de, no máximo três horas. Partindo do
princípio que o naufrágio ocorreu em água doce, não há a necessidade de lavar o
motor após o seu resgate, a não ser que tenha havido contato com terra ou areia.
O motor só deverá ser retirado da água quando for receber a manutenção, caso
contrário, sua exposição ao tempo iniciará um processo corrosivo.
5.3.5.6 Quanto à manutenção do motor submerso, existem duas situações
possíveis:
5.3.5.6.1 Se o motor não estava ligado, durante a submersão:
- Desconectar os cabos da bateria (na própria bateria);
- remover a tampa do motor de popa e enxaguar a cabeça de força com água
doce e limpa; remover os cabos das velas e as velas de ignição;
- retirar a mangueira de combustível do motor, drenar e limpar os dutos e o tanque
de combustível;
- colocar o motor de popa na posição horizontal (abertura das velas para baixo) e
girar o volante lentamente no sentido horário, para expelir toda água para fora da
cabeça de força (30 vezes aproximadamente). Todos os equipamentos elétricos
deverão ser desmontados, limpos, e completamente secados;
- então desconectar a mangueira de alimentação de óleo e a mangueira de retorno
de óleo do motor de popa;
- drenar e limpar todas as mangueiras de óleo e os conjuntos do tanque de óleo;
- injetar lubrificante para motor de popa dentro dos furos das velas de ignição; e
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- montar novamente o motor, dar arranque usando agora uma mistura própria para
amaciamento (25 litros de gasolina para um litro de óleo). Utilizar essa mistura no
período de três horas e voltar para a mistura normal (50 litros de gasolina para
um litro de óleo).
- É muito importante observar se o motor de popa mostra evidência de que areia
ou sedimentação possa ter entrado, caso positivo, não tentar dar partida no motor
de popa. Ele deverá ser desmontado e limpo.
5.3.5.6.2 Já caso o motor esteja ligado, durante a submersão:
- Seguir os mesmos procedimentos do motor que não estava ligado, durante a
submersão.
- Entretanto, se existir qualquer emperramento, quando o volante for rotacionado,
poderá indicar uma biela danificada e nenhuma tentativa deverá ser feita, a partir
de então, para iniciar o motor de popa. Portanto, a cabeça de força deverá ser
desmontada e reparada, imediatamente.
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devendo o sobrevivente dar um nó em cada perna. Em seguida erguer-se à su-
perfície da água, retornando a parte da cintura da calça com rapidez, permitindo
que entre ar e transforme-a em um meio de flutuação.
5.4.4 MEIOS IMPROVISADOS DE FLUTUAÇÃO
5.4.4.1 Cabo submerso
5.4.4.1.1 O melhor nadador do grupo atravessa o curso d’água e lança o cabo
sobre a superfície do corixo para a outra margem, a fim de que seja tencionada.
Usa-se uma corda de ½ pol para até 15 m de obstáculo e de ¾ pol para obstáculos
acima disso. Fixadas as extremidades, a transposição é realizada utilizando-se
a técnica do comando “craw” ou de maneira lateral, voltando as costas contra o
sentido da correnteza. Deve-se evitar utilizar esse meio em cursos d’água com
forte correnteza (Fig 86).
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5.4.4.3.2 Esse processo permite a utilização dos braços e pernas para a impulsão
no curso d’água. Pode ser utilizado de forma combinada com o cabo submerso,
em casos nos quais o sobrevivente não saiba nadar e apresente grande temor.
Nesse processo a colocação do equipamento deve cuidar para que o centro de
gravidade não force a cabeça do sobrevivente para dentro d’água. A desvantagem
é que o fardamento, equipamento e o armamento ficam molhados.
5.4.4.4 Boia improvisada de talo de buriti
5.4.4.4.1 Unir talos secos de buriti, ou outro tipo de madeira de fácil flutuação
de maneira que tome o formato de um colete, permitindo envolver o tórax do
combatente (Fig 90 e 91).
5.4.4.4.2 Esse processo permite a utilização dos braços e pernas para a impulsão
no curso d’água. Pode ser utilizado de forma combinada com o cabo submerso,
em casos nos quais o sobrevivente não saiba nadar e apresente grande temor.
No entanto, dependendo do tamanho dos talos, pode dificultar a mobilidade e
mudança de direção. A desvantagem é que o fardamento, equipamento e o ar-
mamento ficam molhados.
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5.4.4.5 Boia improvisada com gandola
5.4.4.5.1 Processo:
a) Abotoar todos os botões da gandola, colocando a gola para dentro;
b) em seguida, recomenda-se molhar a gandola;
c) para inflar, deve ser mantida sua parte inferior aberta e na sequência, saltar
sobre a água, de forma a criar um “bolsão” de ar na altura das escápulas;
d) fechar a parte inferior com uma das mãos, na altura da cintura, a fim de manter
o ar preso, o qual permitirá a flutuação (Fig 92);
e) caso haja o esvaziamento por ocasião da transposição, o combatente deverá
expirar entre o 2º e 3º botões; e
f) pode-se utilizar algum meio improvisado como canudo (Ex: talo de camalote),
a fim de facilitar a reposição do “bolsão” de ar.
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b) para inflar, levá-la pelo cós para trás da cabeça, mantendo a cintura aberta, de
maneira a permitir a entrada de ar nas pernas;
c) em um movimento rápido, chocá-la contra a água, de forma a criar um “bolsão”
de ar nas pernas e fechar a boca da calça com uma das mãos;
d) para utilizar, apoiar o corpo, na altura do abdome ou das axilas, entre as pernas
da calça inflada, mantendo-a fechada pela cintura com uma das mãos (Fig 93); e
e) para repor o ar do “bolsão”, expirar através da cintura.
5.4.4.6.2 Esse processo inviabiliza o uso de uma das mãos na transposição e
necessita de reposição de ar para recompor o “bolsão”. O processo é indicado
quando não é necessário transportar equipamento e armamento. Desse modo,
os cursos d’água a serem transpostos podem ter maior vulto, desde que o sobre-
vivente tenha habilidade mínima de nadar, pois exigirá grande esforço.
5.4.4.7 Pelota
5.4.4.7.1 Confeccionada com o equipamento individual de dois militares. Processo
de fácil confecção, coloca-se um poncho aberto com as mochilas e armamentos
por cima. Em seguida, fecha-se o poncho, amarrando seus ilhoses. Finalizada
essa primeira parte, abre-se o outro poncho, colocando o primeiro já finalizado de
maneira invertida. Fecha-se o segundo poncho, do mesmo modo que o primeiro
(Fig 94). Deve-se prender um cantil vazio, de maneira a servir de boia de sinaliza-
ção (com um cordel de até 5 m), para o caso de afundamento e posterior resgate.
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Fig 94 - Pelota
5.4.4.7.2 Esse mesmo processo pode ser adaptado para a confecção de boia
improvisada com folhas e ponchos (Fig 95 e 96).
- O material poderá ser transportado sobre essa boia de folhas e ponchos (de-
vidamente amarrado) ou colocado dentro do fardo de folhas. Recomenda-se a
primeira opção, por ser mais segura.
5.4.4.8 Jangada
5.4.4.8.1 Processo que depende da habilidade do combatente, da disponibilidade
de material adequado, do tempo disponível e das distâncias a serem percorridas.
5.4.4.8.2 Para sua construção, inicialmente deve ser feito o teste com os troncos a
serem utilizados. Para isso, pequenos pedaços devem ser lançados sobre a água,
de forma a identificar sua flutuabilidade. Ao ser identificado o tipo de tronco ideal,
esses devem ser cortados no tamanho adequado para o transporte do material
ou até mesmo pessoal. Devem ser unidos por cordas, cordas improvisadas com
envira ou cipós (Fig 97 e 98).
5-28
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5.4.4.8.3 Esse processo permite que o meio improvisado dure mais tempo e
transporte maior quantidade de material. Dependendo da flutuabilidade e tamanho
dos troncos, a jangada pode propiciar transporte para um grupo de homens por
uma boa quantidade de dias. Caso a jangada seja confeccionada apenas para
o transporte de material, apesar de servir como meio de apoio para a flutuação
dos sobreviventes, recomenda-se para aqueles que tiverem maior dificuldade de
nadar, sejam empregados outros meios improvisados para garantir sua segurança.
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e conhecimento do combatente.
5.5.3.2 Processos de Orientação
5.5.3.2.1 Orientação pelo Sol
- O sol nasce ao leste e se põe ao oeste. A perpendicular a essa direção indicará
o eixo norte-sul (Fig 99).
- Esse processo apenas apresenta uma direção geral, tendo variação em razão
da inclinação variável do globo terrestre.
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- A partir de então, o combatente saberá a correção que deverá realizar para cada
1000 m deslocados em vegetação semelhante.
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Fig 108 - Desvio de obstáculo pelo processo de compensação com passos e ângulos retos.
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5.5.4.10 Navegação Fluvial
5.5.4.10.1 A navegação fluvial no ambiente operacional do Pantanal possui al-
gumas peculiaridades em razão da influência das cheias e secas. Desse modo,
como já dito anteriormente, as cartas topográficas, por vezes, não representam
a realidade do terreno.
5.5.4.10.2 Os aspectos abordados para a navegação terrestre se aplicam à na-
vegação fluvial, devendo haver adaptações como por exemplo, o homem-passo
se transforma no homem-tempo.
5.5.4.10.3 Da mesma forma que o homem-passo deve aferir seu passo para uma
eficiente navegação, o homem-tempo assim também deve fazer. Para isso:
a) Deve ser medido o tempo de deslocamento, de acordo com a distância e
velocidade empreendida (seja a remo, seja a motor). Importante que o piloteiro
marque na manopla o limite a ser empreendido de velocidade;
b) a equipe que rema, marcar a quantidade de remadas por minuto, de maneira
que a velocidade não se altere durante a navegação noturna; e
c) essa aferição pode ser feita na margem de um rio ou corixo (100 m) e de acordo
com o resultado, o homem-tempo utilizará para a navegação em uma distância
maior.
- Exemplo: se em 100 m o tempo gasto foi de 30 segundos, para 1000 m serão
300 segundos (5 minutos).
5.5.4.10.4 Como esse processo não tem grande precisão, recomenda-se utilizar o
“off-set” fluvial (Fig 109), no qual estima-se o tempo para chegar ao objetivo, mas
desembarca-se com um tempo menor, de maneira que o processo de vasculha-
mento final seja terrestre (nos casos em que já se saiba o azimute e a distância,
mas o objetivo não seja de fácil identificação, afastado da margem).
- Caso o objetivo seja de fácil identificação e próximo à margem não há necessi-
dade de utilizar esse processo.
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5.5.5 SINALIZAÇÃO
5.5.5.1 Um dos objetivos de um sobrevivente ou grupo é ser encontrado, seja por
meio terrestre, fluvial ou aéreo. Para ser localizado existem processos simples
como silvos de apito, disparos com o armamento, sinais sonoros com a voz, fo-
gueiras, utilização de espelhos, painéis, entre outros. Contudo, esses processos
não permitem a visualização a grandes distâncias.
5.5.5.2 A fumaça é um meio que propicia a identificação a grandes distâncias, em
especial por meio aéreo. Contudo, no Pantanal, há de se observar os cuidados
com a não proliferação do fogo, pois pode atentar contra a segurança do próprio
sobrevivente.
5.5.5.3 Se a situação de sobrevivência foi gerada por um desastre aéreo, os
próprios destroços propiciam ferramentas para utilização como meios de sinali-
zação. Nesse caso, normalmente não se recomenda afastar da aeronave, salvo
para segurança contra explosões. Esse não afastamento se deve pelo motivo
de a aeronave ser um bom meio de ser encontrado, pois o rastro deixado pela
queda permite a identificação aérea. Além disso, muitas aeronaves possuem
transmissores de localização de emergência, os quais emitem sinais de alerta.
5.5.5.4 Código de Sinais Visuais Terra-Ar
5.5.5.4.1 Recomenda-se que todos os militares em missão operacional ou não,
conheçam ou portem o código de sinais visuais terra-ar (Fig 110). Esse é um mé-
todo de comunicação com as equipes de busca e salvamento aéreo, de maneira
que possa auxiliar na tomada de decisão quanto a qual procedimento tomar.
- Em alguns casos, a identificação de um grupo de sobreviventes não é segui-
da de imediato de seu resgate, portanto, saber comunicar as necessidades
pode contribuir para a sobrevivência até que ocorra o salvamento definitivo.
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CAPÍTULO VI
CONSERVAÇÃO DA SAÚDE E PRIMEIROS SOCORROS
6.1 GENERALIDADES
6.1.1 A capacidade de sobrevivência residirá, basicamente, numa atitude mental
adequada para enfrentar situações de emergência e na posse de estabilidade
emocional, a despeito de sofrimentos físicos decorrentes da fadiga, da fome, da
sede e de ferimentos, por vezes, graves.
6.1.2 Se o indivíduo ou o grupo de indivíduos não estiver preparado psicologica-
mente para vencer todos os obstáculos e aceitar os piores reveses, as possibili-
dades de sobreviver estarão sensivelmente reduzidas.
6.1.3 Em casos de operações militares, essa preparação avultará então de valor.
O conhecimento das técnicas e dos processos de sobrevivência constituirão em
requisitos essenciais na formação do indivíduo destinado a sobreviver no Pantanal,
quer em operações militares, quer por outra circunstância qualquer.
6.1.4 Conservar a saúde em bom estado será requisito de especial importância,
quando alguém se encontrar em situação de só poder contar consigo mesmo para
salvar-se ou para auxiliar um companheiro. Da saúde dependerão, fundamental-
mente, as condições físicas individuais e coletivas.
6.1.5 No Pantanal, saber defender-se contra o calor e o frio, saber encontrar água
e alimento, saber prestar os primeiros socorros, em proveito próprio ou alheio,
serão tarefas de grande importância para a preservação da saúde.
6-2
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a evacuação. Se consciente, o indivíduo deverá beber SRO (como nos casos
de exaustão ou câimbras); se inconsciente, idêntico procedimento deverá ser
observado, tão logo volte a si.
6.2.1.9 como citado antes, dos efeitos fisiológicos do calor, os mais comuns são a
exaustão e as câimbras, pois a insolação e a intermação, apesar de mais perigo-
sos, no Pantanal quase não se fazem sentir. O corpo, normal e constantemente,
estará submetido a um processo de refrigeração, quer pelo próprio suor, quer pela
água das chuvas, quer ainda pela água dos alagadiços, rios ou riachos. Será
normal, pois, e até mesmo agradável, o indivíduo permanecer, durante o dia,
com o corpo molhado. Para proteção contra quaisquer efeitos, algumas regras
deverão ser observadas, tais como:
6.2.1.9.1 Deve-se beber bastante água, mesmo que não se sinta sede. Uma vez
constatado o excesso de suor, deve-se beber água regularmente, para isto, o
cantil deve ser frequentemente recompletado.
6.2.1.9.2 A aclimatação é uma regra que não terá aplicação para o indivíduo que,
de uma hora para outra, por acidente, se encontrar numa região de Pantanal. Ha-
veria, nesse caso específico, uma aclimatação forçada, independente da vontade.
O processo de aclimatação possui quatro características principais:
a) Começa no 1º (primeiro) dia e poderá estar bem desenvolvido no 4º (quarto dia);
b) haverá um aumento na quantidade de suor, aumentando assim a perda de sal;
c) poderá ser acelerado com a realização de exercícios físicos; e
e) as condições de aclimatação poderão ser retidas por cerca de uma ou duas
semanas, após a saída da área afetada pelo calor.
6.2.1.9.3 Além de não se alimentar em excesso deve-se procurar vestir adequa-
damente. Essa última é uma regra difícil de ser seguida, pois se o tecido for leve,
estará sujeito a ser rasgado pela vegetação e, caso seja grosso, aumentará a
sudação, dificultará os movimentos e criará uma sensação de desconforto. Se
a vestimenta proteger em demasia, dos pés à cabeça, dificultará a ventilação e,
caso contrário, facilitará o ataque dos insetos (formigas, mosquitos, mutucas e
outros), e os arranhões pela vegetação. Como resumo, a vestimenta será, em
última instância, um problema a mais de adaptação.
6.2.1.9.4 Trabalhar à sombra e compreender o calor. Essas regras para a mente,
trarão benefícios psicológicos com reflexos imediatos ao corpo humano. O conhe-
cimento dos efeitos que o calor poderá produzir e dos processos para evitá-los
ou, no mínimo, atenuá-los, poderá salvar vidas e é de grande importância, em
particular, para o combatente do Pantanal.
6.2.2 EFEITOS FISIOLÓGICOS DO FRIO
6.2.2.1 O frio no Pantanal, por estranho que pareça, também se faz sentir. Não
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requer, entretanto, medidas especiais adotadas em regiões de clima frio. No
Pantanal há o fenômeno da friagem e das geadas que atingem algumas áreas e,
mesmo em outras, onde ele não ocorre, são comuns as quedas de temperatura
à noite. Uma manta de lã proporcionará suficiente proteção. Efeitos tais como “pé
de trincheira” e congelamento de partes do corpo são raros de ocorrer.
6.2.2.2 No entanto, a hipotermia tem maior probabilidade de ocorrência, pois é
causada pela exposição demasiada ao frio, com a diminuição da temperatura
corporal para abaixo de 30º. Caso esteja variando entre 26ºC e 28ºC, poderá
ocorrer a morte por falha cardíaca. A hipotermia poderá ser causada, também,
pela combinação de atividades extenuantes, clima frio e úmido, pouco agasalho,
má alimentação e má hidratação.
6.2.2.3 Entre os sintomas de hipotermia, destacam-se:
- Sensação de desorientação;
- fadiga forte;
- tremores;
- formigamento, pele pálida e dura, sonolência, alucinações, pupilas dilatadas e
parada cardiorrespiratória.
6.2.2.4 A ocorrência de quaisquer sintomas relacionados à hipotermia exige a
suspensão imediata da atividade por parte do afetado. Caso esses sinais não
sejam considerados, a exposição excessiva pode causar isquemia e resultar em
dano tecidual. Nos casos extremos, o dano é irreversível e o tecido deverá ser
removido cirurgicamente.
6.2.2.5 Entre as formas de tratamento há:
a) Aquecer o tronco de pessoas acometidas de lesão pelo frio, com banhos quentes
(37ºC) ou toalhas pré-aquecidas;
b) cobri-lo com cobertores de emergência ou outros meios fortuitos;
c) colocá-lo próximo a uma fogueira (atentando para não causar um acidente);
d) regular a ingestão simultânea de líquidos glicosados na temperatura do corpo; e
e) solicitar rapidamente a sua evacuação (quando possível).
6.2.3 CUIDADOS CONTRA DISTÚRBIOS MENTAIS
6.2.3.1 O Pantanal poderá constituir-se em um ambiente desafiador para indiví-
duos não preparados e um tanto perigoso para aqueles que não conhecem suas
características. A sensação de medo é normal em homens que se encontram
em situação de perigo. Entretanto, é bom lembrar que outros já sentiram medo
e, a despeito disso, conseguiram se sair bem, perante as dificuldades e perigos.
6.2.3.2 A fadiga e o esgotamento, resultantes de grandes privações, poderão mui-
6-4
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tas vezes, conduzir a distúrbios mentais, manifestados sob as formas de temores
graves, cuidados excessivos, depressão ou superexcitação.
- O melhor modo de evitá-los será procurando dormir e descansar o máximo
possível; todavia, algumas atividades deverão ser mantidas; e
- além disso, o bom humor será um tônico real, pois é contagiante.
6.2.3.3 Maiores atenções deverão ser dedicadas àqueles que se encontrarem
física ou fisiologicamente doentes, a fim de evitar o trauma emocional. Um mau
discernimento da situação, causado por distúrbio mental, poderá ser tão fatal
quanto um tiro do inimigo ou uma picada de serpente peçonhenta. Para quem quer
sobreviver, será fundamental evitar o pânico, e esse no Pantanal, representará
o pior inimigo a vencer.
6.2.4 OUTRAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
6.2.4.1 Cuidados com os Pés
6.2.4.1.1 No Pantanal, andar a pé é uma realidade comum. Longas caminhadas,
por terrenos permanentemente alagados, serão a regra geral. Logo a importância
dos cuidados com os pés, os quais deverão ser mantidos limpos, lavando-os e
secando-os com a frequência possível. Entretanto, andar no Pantanal com os
pés secos será praticamente impossível, pois o suor, a chuva e as águas dos
alagadiços, rios e corixos não o permitirão; por isso, tais cuidados deverão ser
observados, particularmente, durante as paradas para descanso prolongado.
6.2.4.1.2 As meias não deverão estar rasgadas nem remendadas e o calçado
deverá estar sendo constantemente examinado. O uso de meias finas de algo-
dão é recomendável, pois elas absorvem a umidade, permitem a evaporação,
apresentam pouca deformação após secarem e, assim, protegem melhor os pés
do que as meias grossas de algodão, de lã ou de náilon.
6.2.4.1.3 Os calos ou calosidades não deverão ser cortados, para evitar infecção.
Mantendo-se as unhas limpas e curtas, evita-se a unha encravada e a proliferação
de microrganismos entre elas e a pele. Caso haja atrito entre o calçado e a pele,
deverá ser aplicado esparadrapo na parte afetada. Se houver formação de bolhas,
essas deverão ser perfuradas na base, com o máximo de desinfecção possível,
porém sem arrancar a porção de pele que recobre a lesão e protegendo-se depois
o local com esparadrapo ou gaze.
6.2.4.2 Proteção dos Olhos e Ouvidos
6.2.4.2.1 Os olhos estarão permanentemente sujeitos à ação de pequenos insetos
e de partículas diversas. A proteção ideal seria com o uso de óculos de um tipo
especial; entretanto, a visibilidade efetiva seria um pouco afetada, o que não é
aconselhável no Pantanal, onde é fundamental saber enxergar. Além disso, isso
constituiria, por outro lado, em mais um incômodo e preocupação.
6-5
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6.2.4.2.2 Os ouvidos estarão, do mesmo modo, sujeitos àquela mesma ação e
uma boa proteção seria a colocação de algodão; mas, isto reduziria a capacidade
auditiva e, no Pantanal, também é fundamental saber ouvir. Em consequência,
para evitar que esses órgãos sejam afetados, o melhor será manter-se atento
e preventivo, por todo ambiente; constituindo em mais uma preocupação, que
compensará ao longo de toda jornada.
6.2.4.2.3 O emprego de mosquiteiros de cabeça permite a proteção dos olhos
e ouvidos quando em situações de sobrevivência ou nas demais apresentadas
durante as operações no Pantanal.
6.2.4.3 Precaução contra Infecções Cutâneas
- A epiderme constitui a primeira linha de defesa contra as infecções. Por isso,
qualquer arranhão, corte, picada de inseto ou queimadura, por menor e mais
inofensivo que pareça, merecerá cuidado; qualquer antisséptico deverá ser apli-
cado, preventivamente.
- As mãos não deverão tocar a parte afetada; será suficiente a aplicação do curativo
individual, se houver; caso não haja, o ferimento deverá ser mantido protegido da
melhor forma possível ou, em último caso, exposto mesmo ao ar livre.
6.2.4.4 Conservação do Corpo, Roupa e Local de Estacionamento
6.2.4.4.1 A limpeza do corpo é a principal defesa contra os germes infecciosos. As
unhas devem ser mantidas cortadas para evitar o desenvolvimento de parasitas
entre elas e a pele. Um banho diário, hábito fácil de adquirir-se no Pantanal, com
sabão, ou mesmo sem ele, dedicando especial atenção à higiene das partes
dobradas e dos órgãos genitais, será ideal. Se esse banho não for possível, a
limpeza na maior parte do corpo deverá ser mantida, particularmente das mãos,
rosto, axilas, virilha e pés (álcool em gel, pano umedecido, etc).
6.2.4.4.2 Após as refeições, dentes e boca deverão ser limpos (pode-se utilizar
meios de fortuna apresentados no Cap III). As peças do vestuário, mantidas
limpas, ajudarão a proteger contra infecções cutâneas e parasitas, e em caso
de dificuldade de lavá-las, deverão ser sacudidas e expostas ao ar livre. O uso
de cuecas justas deve ser evitado, pois, nas proximidades das virilhas e órgão
genitais, poderá provocar assaduras pela umidade acumulada, que favorecem a
ação de microrganismos. Esses procedimentos concorrerão para uma sensação
maior de conforto.
6.2.4.4.3 No caso de um grupo, será interessante que os homens se inspecionem
mutuamente, corpo e roupa. Um local de estacionamento no Pantanal deverá ser
naturalmente um lugar limpo, no qual não haja acúmulo das águas das chuvas ou
da presença de animais e insetos. A manutenção desse estado será simples, bas-
tando uma fossa para lixo e outra para dejetos, suficientemente afastadas, sempre
cobertas com terra após o uso e distantes da fonte de água, quando houver. Essa
fonte será, normalmente, um corixo e para sua boa utilização deverá ser dividida
6-6
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em seções: a montante, água para beber e cozinhar; a seguir, água para banho,
água para lavagem de roupa e, por fim, água para qualquer outro uso, a jusante.
6.2.5 DOENÇAS INTESTINAIS
6.2.5.1 Doenças intestinais normalmente são causadas por germes existentes
nas fezes, urina ou alimentos contaminados. Geralmente, são transmitidos por
alimentos e água contaminada que, por sua vez, são levados pelas mãos ou
utensílios de rancho. As principais doenças intestinais são: a diarreia (infecciosa
ou alimentar), a cólera, as intoxicações e infecções alimentares, as infestações
helmínticas (vermes) e as febres (tífica, paratífica e ondulante).
6.2.5.2 Visando a proteção da água, toda fonte de água deverá ser cuidadosamen-
te protegida da contaminação pelos detritos humanos ou animais, a qual poderá
ocorrer pela drenagem de superfície ou subsolo. As fossas ligadas às latrinas e
cozinhas deverão ser localizadas de modo que a infiltração e drenagem proces-
sem de forma afastada e sem perigo para as fontes de água. Normalmente, o
corixo será a fonte mais comum e, nesse caso, deverá ser dividida em seções,
conforme exposto anteriormente.
6.2.5.3 Quanto à purificação da água no Pantanal, raramente será feita como em
outras áreas, a não ser que o grupo esteja aparelhado com o material necessário e
vá permanecer por espaço de tempo relativamente longo em um estacionamento.
Sempre que possível, será purificada a água do cantil que for obtida no interior
do Pantanal, mesmo aquela colhida dos rios e corixos, pois esses, também são
fontes de água para os animais que podem contaminá-los com fezes e urina.
6.2.5.4 Além disso, vegetais em decomposição nas margens e no leito de cursos
de água e, ainda, o uso humano a montante desses podem também, contaminá-
-los. Ainda assim, caso se deseje purificar essa água ou mesmo a proveniente
de outras fontes, deverão ser usados os comprimidos para esse fim destinados,
como os de hipoclorito (halazone e outros a base de cloro), na dose de um ou
dois por cantil, com a espera de 30 min para, então, poder ser bebida.
6.2.5.5 Outro processo de purificação será com a fervura da água e depois a
aeração. Com um minuto de ebulição e a passagem de um recipiente a outro,
ao ar livre, será o suficiente. Não só a água para beber, mas também a utilizada
em bochechos e limpeza da boca (escovar os dentes), deverá ser purificada pela
fervura ou pelo comprimido de hipoclorito. Deve ser evitada a utilização de água
obtida em fontes paradas, pois esse é um ambiente propício ao desenvolvimento
de amebas de vida livre, as quais não são combatidas pelos purificadores de
hipoclorito distribuídos à tropa (para mais informações vide Cap IV).
6.2.5.6 Os cuidados de inspeção e proteção dos alimentos devem ser tomados.
Todo alimento deverá sofrer inspeção, no que diz respeito à sua aptidão para
consumo. Essa inspeção deverá ser feita também nos gêneros que, após terem
permanecido guardados, venham a ser novamente utilizados. Quando guardados,
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deverão ser protegidos convenientemente (os sacos plásticos servem muito bem
para esse fim). Será necessário sempre, muita atenção com aqueles passíveis
de perecimento.
6.2.5.7 Vários processos existem para se guardar alimentos, entre eles, pode-
-se destacar os processos em que os alimentos são: imersos em água corrente,
enterrados e pendurados em galhos de árvore. É importante destacar que essas
formas de proteção dependem do tipo do alimento, do tempo de permanência
no local, das condições de segurança contra animais e da quantidade ou volume
armazenado. Como será normal no Pantanal, cada homem deve preocupar-se
com sua alimentação. Ressaltando que essas medidas de inspeção e proteção
terão maior eficácia para o caso de grupos e quando houver permanência mais
duradoura nos locais de estacionamento.
6.2.5.8 Quanto à higiene do local de rancho, não será normal, em se tratando de
sobrevivência no Pantanal, a existência de instalações de rancho de campanha,
na acepção genérica do termo. Elas existirão quando do desenvolvimento de
operações militares no Pantanal e, nesse caso, todas as medidas de higiene pre-
conizadas pelos manuais serão aplicadas. Isto quer dizer que, em se tratando de
sobrevivência, não haverá rancho organizado, o que entretanto, não invalidará a
aplicação dessas medidas, sempre que possível, quando se tratar de alimentação.
6.2.5.9 Para a missão de preparo e distribuição da alimentação, não deverão ser
designados indivíduos portadores de moléstias transmissíveis, com inflamações
cutâneas, feridas ou quaisquer outras lesões. Esses indivíduos, se existirem no
grupo, deverão ser alvo de atenção e cuidados especiais. Os utensílios de rancho,
tais como marmitas, talheres e copos, tão logo tenham sido usados, deverão ser
limpos e lavados antes de guardados.
6.2.5.10 Os restos de alimentos deverão ter o destino geral dos detritos. E dar
o destino adequado aos detritos, quaisquer que sejam suas origens, é medida
fundamental, quando se tratar de um grupo em estacionamento mais ou menos
estável. No Pantanal, entretanto, não será normal a execução dessa medida, con-
forme as regras de higiene, pelo simples fato de que faltará o material necessário,
ainda mais em se tratando de sobrevivência. Será suficiente que os detritos sejam
enterrados, evitando que insetos e outros pequenos animais tornem-se veículos de
doenças intestinais. Os locais selecionados para enterro deverão ficar afastados
daqueles em que a presença do homem será normal.
6.2.5.11 Para o controle de vetores transmissores (moscas), considera-se que o
inseto, para sua reprodução, escolhe os locais de detritos, necessita de calor e
umidade e sente atração pelo cheiro. Dessa forma, é fácil concluir que o controle
será simples, planejando o destino conveniente aos detritos e protegendo os
alimentos que desprendam cheiro (principalmente carnes).
6.2.5.12 Com o intuito de evitar a contaminação generalizada do grupo sobrevi-
vente, torna-se muito relevante o controle do pessoal doente. Para isso, deve-
6-8
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-se atribuir especial cuidado a um companheiro que venha a sofrer de doenças
intestinais, principalmente os acometidos de diarreia. A rigorosa higiene será
necessária para evitar que outros possam ser contaminados, e para tanto, os
procedimentos a seguir serão suficientes:
- O ato de defecar deverá ser realizado em lugar apropriado e o mais longe pos-
sível do local de estacionamento e da fonte de água, cobrindo os dejetos com
terra para evitar a contaminação por insetos.
- Manutenção do asseio corporal em caráter rigoroso.
- Ingestão de bastante água, para evitar a desidratação utilizando SRO ou, em
caso de medidas extremas, fazer a mistura de sal, açúcar e água na proporção
de uma colher de açúcar e uma “pitada” de sal para cada cantil.
6.2.6 OUTRAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS
6.2.6.1 Além das doenças intestinais, merecem atenção especial aquelas trans-
mitidas por insetos e parasitas, as contagiosas e outras. Quanto às doenças
transmitidas por insetos e parasitas, pode-se afirmar que são aquelas em que um
inseto ou um parasita, que busca o contato com animais ou pessoas infectadas,
torna-se o agente transmissor (esse contato pode ser pelo simples fato de sugar
o sangue de suas vítimas).
6.2.6.2 Destacam-se entre as doenças transmissíveis
a) A malária, transmitida pelo mosquito “Anófele” e outros de várias espécies
(Fig 111);
b) a febre amarela urbana, pelo “Aedes aegypty” (Fig 112);
c) a febre amarela silvestre, pelo “Haemagogus”;
d) a dengue, pelos “Aedes aegypty” e “Aedes albopictus”;
e) a filariose, pelo “Culex”;
f) a tularemia, por moscas, percevejos, piolhos, pulgas e, também, pelo contato
com material contaminado;
g) a febre recorrente, por piolhos e percevejos;
h) o tifo, pelos piolhos do corpo e pulgas; e
i) a leishmaniose, pelo mosquito “Phlebotomus”.
6-9
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6-10
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ximidades dos núcleos populacionais e neles reside, pois os mosquitos não têm
capacidade de voo, além de 1.500 m, ou pouco mais, se ajudados pelo vento.
Tais apreciações, contudo, não deverão ser consideradas com segurança total
para quem está no Pantanal, porque o ser humano poderá ser apenas o porta-
dor da doença, abrigando-a e podendo transmiti-la, sem, entretanto, apresentar
os sintomas. Por outro lado, os animais silvestres poderão ser os hospedeiros
intermediários, no lugar do homem.
6.2.6.4 Medidas adotadas contra as Picadas de Insetos
6.2.6.4.1 O uso de mosquiteiros para dormir ou proteger as partes expostas
do corpo será útil, bem como, o de luvas e de repelentes. Estacionar em locais
altos, afastados principalmente de águas paradas. Dormir vestido, colocando as
extremidades das calças para dentro dos canos das meias ou bocas do calçado,
será mais um meio de evitar picadas.
6.2.6.4.2 Caso sejam utilizados tapiris, cabanas, choças ou palhoças, deverá ser
feita antes uma inspeção minuciosa nas frestas, onde costuma agasalhar-se o
“barbeiro”, transmissor da doença de Chagas. As picadas dos insetos provocarão
comichão e será preciso muito controle para não as coçar, o que é aconselhável
para evitar sangrar e, desse modo, dificultar a propagação dos germes.
6.2.6.4.3 É sabido, que os mosquitos atacam ao entardecer e durante a noite,
mas no Pantanal eles atuam também durante o dia. Sendo assim, as medidas de
proteção tendem naturalmente a ser relaxadas, se tiverem de ser cumpridas por
espaços de tempo muito longos. Entre outras dificuldades para a manutenção das
medidas de proteção, existe a necessidade de grande estoque de repelentes; os
mosquiteiros perturbam a visão e engancham na vegetação; as luvas diminuem
a refrigeração das mãos, tiram o tato e ficam gastas com facilidade; e o ato de
permanecer sempre vestido, protegendo ao máximo o corpo, concorre para o
aumento da sudação.
6.2.6.4.4 Todas essas nuances conduzirão o homem ora a observar rigorosamente
as medidas protetoras, ora a relaxá-las. O fato, entretanto, é que algumas delas
poderão e deverão ser seguidas com prioridade, tais como:
- Usar mosquiteiro para dormir;
- estacionar em local afastado de águas paradas, para passar a noite ou para
proporcionar descanso prolongado durante o dia; e
- examinar abrigos antes de ocupá-los.
6.2.6.4.5 Outras medidas de expediente poderão também ser seguidas, como
untar as partes expostas do corpo, como mãos, rosto e pescoço, com lama em
casos extremos, em substituição a repelentes e luvas; e acender fogueiras no
interior dos abrigos. Pode-se, inclusive, adotar os processos usados pelos ha-
bitantes da área, para proteção contra mosquitos, como a aplicação de óleo de
6-11
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hortelã-brava ou pitanga.
6.2.6.4.6 No caso da malária, atualmente não se aplica o uso de pastilhas quí-
micas à base de quinina, cloroquina, primaquina e mefloquina como tratamento
preventivo, devido aos efeitos colaterais para o organismo e pelo mascaramento,
durante o período de incubação, provocado pelo “Plasmodium”. Ressalta-se que,
para todos os efeitos, nenhum dos produtos acima possui eficiência comprovada.
6.2.6.4.7 O reconhecimento do mosquito transmissor da malária poderá ser feito,
observando-se que ele pousa com a parte posterior bastante mais elevada que
a anterior, formando com o plano de pouso um ângulo aproximado de 45º, e que
em suas asas existem manchas escuras. A doença é conhecida também com os
nomes de maleita, impaludismo e febre intermitente. Atualmente, recomenda-se
para a região a vacinação antiamarílica obrigatória, contra febre amarela silvestre.
6.2.6.5 Generalidades sobre as doenças transmitidas por parasitas
6.2.6.5.1 A tularemia, a febre recorrente e os vários tipos de tifo constituem um
grupo de doenças transmitidas pelos piolhos, pulgas, percevejos e carrapatos.
Diagnosticado o mal, o tratamento caberá ao médico. Preventivamente, o que se
poderá fazer, será procurar destruir esses vetores.
6.2.6.5.2 Assim, os piolhos que transmitem o tifo epidêmico (ou exantemático),
a febre das trincheiras e a febre recorrente, e que pertencem a três espécies:
piolho do corpo (principal responsável pelas doenças), piolho da cabeça e piolho
do púbis (chato), deverão ser evitados e destruídos, se for o caso, pela execução
de um conjunto simples de medidas.
6.2.6.5.3 Os militares devem tomar banho com sabão, frequentemente; quando
necessário, devem raspar os cabelos das várias partes do corpo; atentar para a
utilização de pós inseticidas; após o banho, procurar aplicar loções de permetrina
a 5% nas áreas afetadas por no máximo 3 dias; e os pentes finos devem ser,
constantemente passados na cabeça.
6.2.6.5.4 O pó inseticida também deverá ser usado nas roupas, particularmente
nas costuras e dobras. Quando não se dispuser desses materiais, o que será
normal em sobrevivência, as medidas preventivas terão de se reduzir ao banho
e às inspeções para a apanha do piolho, quer nos homens, quer nas roupas ou
equipamento.
6.2.6.5.5 As pulgas (vetores do tifo endêmico e da peste bubônica), têm por veícu-
los o rato e outros roedores de pequeno porte, e mesmo o cão e o gato. Portanto,
a primeira medida preventiva será a eliminação ou afastamento desses animais.
Caso algum desses últimos, seja considerado de estimação, deverá ser banhado
frequentemente com água e querosene em mistura a sabão. No caso dos ratos,
eles poderão ser apanhados por meio de armadilhas e devem ser eliminados.
6.2.6.5.6 Os carrapatos são responsáveis pelo chamado tifo de carrapato ou “tifo
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6.3.1.2 Algumas medidas não constam de manuais e outras poderão ser comple-
mentadas pela documentação específica. Essas medidas devem ser tratadas com
prioridade aos acidentados que apresentarem hemorragias e fraturas expostas.
6.3.2 EXAUSTÃO, CÂIMBRAS, INSOLAÇÃO E INTERMAÇÃO
6.3.2.1 Na falta de SRO, usar-se-á solução de soro caseiro (uma colher de sopa de
açúcar e uma pitada de sal). Poderá, também, ser obtido sal após cortar em tiras
as moelas das aves e colocá-las para ferver com água. Após a evaporação total
da água, retiram-se os pedaços da moela e no fundo do recipiente (normalmente
um caneco ou lata) existirá um sal grosseiro em condições de uso.
6.3.3 FERIMENTOS DE MODO GERAL
6.3.3.1 Os regionais recomendam o s tratamentos alternativos, que só devem
ser utilizados em situação de carência dos recursos mais adequados (vide Cap
III). Primeiramente, devemos lavar o ferimento com água corrente e sabão e
protegê-lo com atadura. A lavagem poderá ser feita com material nativo como:
acuri; água de coco (é um líquido estéril e com sais); cambará (seiva); embaúba
(chá do broto); erva-de-santa-luzia (líquido da flor, que é encontrada durante o
ano todo).
6.3.3.2 Após isso, aconselha-se aplicar: amora-do-mato ou mora ou taiúva (cas-
ca); angico (seiva ou fervido da casca); araçá (casca); aroeira (fervida da casca);
bálsamo (casca); barbatimão (fervido da casca); curte-seco (casca); embaúba
(fruto verde); erva-de-bicho (fervido da planta); ingá (casca); jacarepito (casca);
pau-santo (resina); pau-terra e pau-terra- macho (casca); piúva (seiva ou casca);
ou quina-do-cerrado (casca em pó).
6.3.4 QUEIMADURAS
6.3.4.1 Os regionais recomendam os tratamentos alternativos, que só devem ser
utilizados em situação de carência dos recursos mais adequados (vide Cap III).
Aplicar: angico; aroeira; barbatimão; vinhático (árvore do cerrado); almécega (re-
sina); cacto (suco); ou o raspado (limo da árvore). Após isso, cobrir com qualquer
gordura e colocar leite de bananeira.
6.3.5 FERIMENTOS INFECCIONADOS
6.3.5.1 Os regionais recomendam os tratamentos alternativos, que só devem ser
utilizados em situação de carência dos recursos mais adequados (vide Cap III).
Nesses casos, aplicar: açoita-cavalo (casca); algodãozinho-do-cerrado (casca,
em compressa); almécega (resina); figueirinha (leite); gordiana (folha); gravatei-
ro (fruto); guanandi (resina da casca); joá (fruto, aplicado externamente); lixeira
(casca); lixeirinha (casca ou folha); malva-branca (folha); picão (toda a planta);
piriquiteira (casca); roncador (folha); ou timbó-do-cerrado (semente).
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6.3.6 HEMORRAGIAS
6.3.6.1 Em um caso de hemorragia, deve-se colocar uma compressa esterilizada
diretamente sobre a ferida e comprimi-la com a mão ou por meio de ataduras
firmemente colocadas. Se a hemorragia não ceder, o membro ferido deverá ser
posto em posição mais elevada.
6.3.6.2 O torniquete ou garrote, somente deverá ser usado quando se tratar de
membro gravemente ferido e quando a hemorragia não puder ser estancada
pela compressa de pressão. Procurar apalpar a artéria mais importante da região
ferida; se a localizar, comprimi-la com os dedos, com a mão aberta ou fechada,
conforme o caso, e o torniquete será de fácil colocação, podendo ser feito com o
auxílio de um pequeno coxim improvisado.
6.3.6.3 O fato de não localizar a artéria não deve constituir motivo sério de pre-
ocupação. O torniquete, quando aplicado em perna ou braço, na coxa ou no
antebraço, deverá ser colocado entre a ferida e o coração.
- Os torniquetes devem ser afrouxados de 15 em 15 min ou de 20 em 20 min.
- Se a extremidade do membro se tornar fria e de cor azulada, o torniquete deverá
ser afrouxado com frequência, ao mesmo tempo que os maiores esforços devem
ser focados para conservar a parte em tratamento tão quente e agasalhada quanto
possível, quando o frio for intenso.
- O afrouxamento deverá permitir correr o sangue durante alguns segundos.
6.3.7 FRATURAS
6.3.7.1 Os feridos com fraturas deverão ser tratados com imenso cuidado, a fim
de que o sofrimento não seja aumentado e suas lesões agravadas. Geralmente
não se deve remover a peça de roupa que cobre um membro fraturado. No en-
tanto, havendo ferimento aberto, deve-se cortar o uniforme, retirar a peça e tratar
a lesão (ou ferida), antes de colocar as talas.
6.3.7.2 A roupa desprende-se com mais facilidade nas costuras. As talas poderão
ser improvisadas de peças e partes do equipamento; de peças de roupas enroladas
e bem apertadas; ou ainda de galhos de árvores, bambus e outros acolchoados
com material macio. As talas deverão ser suficientemente longas, de modo a
abranger as juntas acima e abaixo da fratura.
6.3.7.3 O paciente deve ser mantido deitado, não movendo-o desnecessariamente.
Procurar manter a fratura bem imobilizada com as talas. Não tentar, em hipótese
alguma, forçar os ossos partidos para a posição que seria normal. Improvisar uma
maca para o transporte do ferido com duas blusas de instrução ou de combate e
duas varas, ou com duas varas e um cobertor; introduzir as varas pelas mangas
das blusas ou dobrar meio cobertor sobre as duas varas dispostas paralelamente,
deitar o paciente e recobri-lo com a outra metade do cobertor.
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6.3.8 TORÇÕES
6.3.8.1 Colocar as ataduras e manter em descanso a parte afetada. A aplicação
imediata de compressa fria, no lugar afetado, poderá evitar o inchaço. Após di-
minuir o inchaço (entre 6 ou 8 horas), a aplicação de calor aliviará a dor. Pôr a
extremidade machucada em nível mais alto. Se o uso do membro machucado
for de todo necessário, imobilizar a articulação afetada por meio de forte enfaixa-
mento. Não havendo ossos fraturados, poder-se-á fazer uso do membro afetado
até o limite permitido pela dor.
6.3.9 FERROADA DE ABELHA
6.3.9.1 Inseto extremamente comum e abundante no Pantanal, a abelha é res-
ponsável por grande parte dos acidentes com insetos (vide Cap III). Em geral,
quando a ferroada (picada) é única ou se forem poucas, apenas ocorrerão dores
e inflamação local. Após sofrer múltiplas picadas, a pessoa pode apresentar mau
funcionamento cardíaco. Em pessoas alérgicas, a picada desse inseto pode ser
gravíssima, colocando a vida em risco
6.3.9.2 A reação anafilática é uma reação aguda e grave, que compromete todo o
organismo e que é caracterizada por coceira, urticária generalizada, convulsões,
vômitos, diarreia, cólicas abdominais e o evento mais grave, edema de glote.
- Em caso de ferroada, deve-se proceder retirando o ferrão do inseto, raspando
a pele com uma lâmina, com muito cuidado.
6.3.9.3 Nunca usar uma pinça ou mesmo as mãos, porque isso pode injetar a
toxina residual das bolsas presas aos ferrões, o ideal é que se pressione o feri-
mento, para extrair a toxina. Dessa forma, deve-se aplicar sobre a ferroada uma
lâmina levemente aquecida (pois o calor desnatura a proteína da toxina da abelha,
diminuindo seu poder de toxicidade). Deve-se fazer compressa de água fria ou
aplique gelo. Usar analgésico para aliviar a dor e procurar evacuar imediatamente
quem apresentar os sintomas descritos: coceira intensa, vermelhidão no corpo,
inchaço e falta de ar.
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CAPÍTULO VII
POVOS INDÍGENAS DO PANTANAL
7.1 GENERALIDADES
7.1.1 O conhecimento dos povos indígenas do Pantanal e dos procedimentos para
o trato com os silvícolas é uma habilidade a qual deve ser evidenciada pelo sobre-
vivente. Ao passo que o contato com esses povos pode apresentar oportunidade
para expandir os meios de sobrevivência, bem como indicar a possibilidade de
resgate, também pode representar um momento de tensão, caso determinadas
regras de conduta não sejam seguidas.
7.1.2 A Região Centro-Oeste é a terceira com maior concentração de indígenas
no Brasil, sendo que o Estado do Mato Grosso do Sul concentra cerca de 56% da
população na região. Em resumo em cada estado as tribos indígenas existentes
são:
7.1.2.1 No Estado do Mato Grosso (Fig 114), Apiaká, Apurinã, Arara do Rio Branco,
Aweti, Bakairi, Bororo, Chiquitano, Cinta Larga, Enawenê-nawê, Guató, Ikpeng, Iny
Karajá, Iranxe Manoki, Kalapalo, Kawaiwete, Kamaiurá, Kisêdjê, Krenak, Kuikuro,
Matipu, Mehinako, Nahukuá, Xavante, entre outros.
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7.2.6 TRIBO TERENA
- Organização social: cada aldeia possui autonomia política própria, sobre lide-
rança do cacique e do conselho tribal. A aldeia é composta por um conjunto de
residências.
- Habitação: as casas de grupos de irmãos localizam-se próximas umas das outras,
havendo cooperação econômica e partilha de alimentos entre as casas. A regra
geral na sociedade Terena para a residência pós-matrimônio é a patrilocalidade
(esposa indo morar na casa do sogro).
- Atividades produtivas: agricultura, pecuária, caça, pesca e coleta.
- Rituais: destacam-se as festas de invocação dos “espíritos guia”.
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