Você está na página 1de 2

PERSEGUIÇÃO A PRESIDIÁRIO O Norte Online 28/09/04

TIROREIO E MORTE NO CRISTO DEPOIS DE FUGIR EM UMA MOTO


ROUBADA, TROCAR TIROS COM A POLÍCIA, INVADIR UMA CASA E FAZER
CRIANÇAS REFÉNS FUGITIVO ACABA MORTO. NENHUM MORADOR SAIU
FERIDO
Paulo Cosme Repórter cosme@jornalonorte.com.br
Os moradores do bairro do Cristo Redentor viveram momentos de tensão e
medo na tarde do último domingo. Em perseguição ao presidiário José Augusto de
Lima, 26 anos, os policiais militares envolvidos na ação precisaram de muita
cautela para evitar vítimas inocentes. Depois de tentar fugir em uma moto
roubada, trocar tiros com a polícia, invadir uma casa e fazer crianças reféns,
"Paraibinha", como era chamado José Augusto, acabou morto durante o confronto
com a PM.
Tudo começou quando a polícia foi informada de que José Augusto,
foragido do presídio de Canguaretama, no Rio Grande do Norte, se encontrava em
João Pessoa. Na tarde do último domingo policiais militares do Serviço de
Inteligência do Comando Geral, tendo a frente o tenente Nascimento, foram ao
bairro do Cristo, onde José Augusto estava morando, e montaram campana.
Ao chegarem na rua do Colégio José Lins do Rego, próximo a uma
churrascaria, os policiais viram o acusado que estava numa moto vermelha de
placas MMQ-5284 que tinha sido tomada do por assalto próximo a empresa
Schincariol. Mesmo à paisana e com o carro descaracterizado, José Augusto
reconheceu o veículo como sendo de um policial e foi logo sacando o revólver
calibre 3.57, a pistola 3.80 e atirando nos PMs. Foi pedido reforço ao 5º Batalhão
e uma viatura veio ao local.
Os policiais revidaram. A partir daí começou a perseguição e o tiroteio pelas
ruas do bairro Cristo. Os moradores ficaram apavorados sem saber o que estava
aconteceu e se trancaram dentro das residências para evitar serem atingidos
pelas balas. Na fuga, José Augusto jogou fora uma pochete vermelha onde se
encontrava 162 pedras de crack e munição, mas continuou correndo e atirando
nos policiais.
"Na hora da troca de tiros o nosso maior cuidado foi evitar que pessoas
inocentes fossem atingidas e por isso tivemos que agir com a maior cautela",
comentou o capitão Gutemberg. No tiroteio, cabo Marlin Cruz e Silva acabou
sendo atingido nas pernas e teve que ser socorrido para o Hospital de Emergência
e Trauma Senador Humberto Lucena, onde continua internado.
Acuado, José Augusto de Lima entrou numa residência onde funciona um
salão de Beleza. Dentro da casa, ele rendeu todas as pessoas e, para impedir que
a polícia continuasse atirando nele, usou crianças como escudo. Isso dificultou o
trabalho da a polícia, principalmente em revidar os tiros. Ele se escondeu no
banheiro e ficou agarrado com as crianças e pelo vitrô continuou atirando nos
policiais que tentavam negociar para que José Augusto se rendesse.
Na troca de tiros toda a fachada do salão de beleza, que é de vidro, foi
destruída e até uma agência do Multibank e o carro da dona da residência, um
Corsa vermelho, foram atingidos pelos disparos. Depois de esgotadas todas
negociações a PM aproveitou um momento de descuido de José Augusto e
efetuou três disparos nele. Mesmo sem chance de continuar o confronto, ele
insistia em não se entregar. Ao perceberem que o assaltante estava sem munição,
os policiais entraram na residência e encontraram o presidiário agonizando dentro
do banheiro. Ele ainda chegou a ser socorrido para o Hospital de Emergência e
Trauma, mas não resistiu a gravidade dos ferimentos e faleceu.

Histórico de um criminoso
O presidiário José Augusto de Lima traficava crack do Rio Grande do Norte
para a Paraíba. Ele, que na Capital potiguar era conhecido como "Paraibinha",
também foi responsável por vários assaltos e homicídios. De acordo com a polícia,
ele matou vários comparsas que se negavam a dividir os produtos dos roubos
praticados pela quadrilha.
De acordo com a polícia, José Augusto integrava uma gangue do Rio
Grande do Norte chefiada por Dacton Lima do Carmo, mais conhecido por
"Anderson". Parte desse grupo foi preso no dia 4 de setembro numa operação
comandada pelo capitão Gutemberg. O bando foi o responsável por uma série de
seqüestros relâmpagos e assaltos principalmente a granjas localizadas no Litoral
Sul de João Pessoa.
Segundo a polícia, José Augusto foi quem tomou por assalto a moto do
sargento Mariano, da Polícia Militar, e levou a pistola dele. O fato aconteceu há
cerca de um mês no conjunto Cidade Verde e a arma mesma arma do crime foi
usada por ele no domingo durante troca de tiros com os policiais. "Ele já serviu o
exército e sabia se esconder muito bem e muitas vezes fazia um giral com cerca
de 20 metros de altura e ficava em cima", comentou o capitão Gutemberg, ao
acrescentar que o esconderijo de José Augusto era a Mata do Buraquinho, no
Rangel.

Você também pode gostar