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"Todo mundo se jogou no chão e, quando eu vi, a menina já estava baleada do meu lado, como se uma bala perdida tivesse pego
nela." Esse é o depoimento de uma das testemunhas que estava na lanchonete onde ocorreu uma briga entre policiais civil e
militar, na madrugada desta sexta-feira (6), na Vila da Penha, no subúrbio do Rio. A discussão entre os agentes resultou na morte
de Luana Junqueira, de 18 anos, e do policial civil Álvaro Cavalcanti de Souza, 48.
Ainda não se sabe o motivo da confusão. De acordo com a testemunha, houve uma briga corporal e, em seguida,
eles começaram a atirar.
"Com certeza teve uma discussão, só vi na hora que começaram a se embolar no chão, teve soco... aí depois um sacou a arma
para o outro e começou o tiroteio", disse o rapaz, que não quis se identificar.
Luana Junqueira foi baleada quando estava
numa lanchonete na Penha (Foto: Reprodução 'Ouvi muito tiro', conta testemunha
/ Orkut)
Segundo informações de vizinhos ao local, houve muitos disparos."Devia ser 4h quando ouvi muito tiro. Uns 30, mais ou menos",
disse uma moradora da região que não quis se identificar.
O PM, identificado como Diego Luciano de Almeida, de 30 anos, é tenente do 16º BPM (Olaria) e, de acordo com a
assessoria de imprensa da PM, foi atingido no pé, coxa e braço e está internado no Hospital Central da PM, no Estácio, e não corre risco de morrer.
Ele disse, na manhã desta sexta-feira (6), que chegou ao local acompanhado de duas amigas, e que estava desarmado. Ainda segundo o policial, ele chamou o garçom para
fazer um pedido, mas como não foi ouvido se levantou para chamar o funcionário de novo, e nessa hora ele teria sido abordado pelo policial civil que achou a atitude dele
grosseira. Houve uma discussão e o policial civil teria sacado uma arma, mas o PM consegui desarmá-lo. O policial, então, sacou outra arma e começou o tiroteio.
O delegado Luis Alberto Andrade da 38ª DP (Irajá) esteve na lanchonete e conversou com o gerente e funcionários. Ele também teve acesso às imagens do circuito interno, mas
informou que o vídeo não traz muitas novidades, só mostra o grupo de jovens com quem Luana estava se levantando da mesa e saindo. Foi pedido um exame de balística.
"Ela foi a primeira a cair baleada. As duas pistolas foram apreendidas e houve disparos das duas armas. O policial civil era assíduo do lugar, e os dois (agentes0 estavam de
folga. Vamos levantar se houve consumo de bebida alcoólica", informou Andrade.
O namorado de Luana e um amigo, que estavam com ela na hora do crime, já foram ouvidos pelo delegado.
O governador Sérgio Cabral criticou a atitude dos policiais durante evento do início das obras do PAC em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, nesta manhã.
"Foi um incidente de bar, de inconsequentes, irresponsáveis, e eu costumo dizer o seguinte, o sujeito que é, o sujeito que trabalha na segurança pública ele tem que ter uma
dupla preocupação com a segurança, mesmo à paisana, mesmo na hora em que está no bar", disse ele.
Em nota, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, lamentou "a morte de inocentes em um episódio banal" e disse lamentar ainda que "funcionários públicos, que
deveriam dar exemplo, tenham agido de forma irresponsável e despreparada".
Segundo a Secretaria, foi inaugurado nesta sexta-feira (6), um curso visando aperfeiçoamento em policiais que trabalham nas ruas. O órgão diz ainda que, de acordo com
informações preliminares da investigação o motivo da briga seria ciúmes, envolvendo uma terceira pessoa.
Em sua página no Orkut, o namorado de Luana, que presenciou o episódio, deixou um texto em sua homenagem. Numa fábula amorosa, ele se declara a ela: “Eu não quero
correr o perigo de um dia você me deixar. Escolhi você pra ser minha mulher”. Ao final, ele escreveu “Para meu amor: Luana".
No site, há outras declarações de amor como um álbum de 40 fotos só da namorada e comunidades como “Eu amo uma Luana” e “Eu conheço a Luana”. Amigos e até
desconhecidos deixaram mensagens para ele e a jovem em suas respectivas páginas.