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Racismo Estrutural

O racismo brasileiro se mantem por essas facetas cotidianamente


invisibilizadas pela grande imprensa, e naturalizadas nas relações sociais,
visto que não incomoda a sociedade vê jovens negros/as nos sinais de
trânsito das grandes cidades limpando retrovisores de carros por um
“trocado”. Os cidadãos quando os enxergam, baixam o vidro da janela do
carro e jogam-lhes uma moeda. Muitos, ignoram-nos e tratam-nos como se
fossem restos de gente, mantem fechado o vidro da janela do carro que os
separam do resto mundo, viram a cara para o outro lado, e segue o fluxo do
trânsito na cidade. 
O nosso racismo de cada dia também se evidencia nos comportamentos,
olhares e ações com que negros/as são tratados/as quando entram numa loja
de qualquer shopping center, e os seguranças olham-nos como suspeitos,
ou os vendedores/as fita-os de longe e nem sempre os atendem por
considerarem não consumidores em potencial, e quando acontece de os
atender oferecem-nos um produto diferente do que estavam a consultar
com a justificativa de que “esse aqui é baratinho, mas é bom”.

Democracia Racial

Como se sabe, o Brasil, assim como países de outros continentes, sofreu com
longos períodos de escravidão e racismo institucionalizado. Por obviedade, o
período de escravidão é quase que inerente ao que se entende por racismo, no
entanto, mesmo após promulgada a Lei Áurea de 13 de maio de 1888 que
exigiu a abolição da escravatura no Brasil, o preconceito e a discriminação por
cor continuaram pelo país.

De acordo com Petrônio Domingues em seu artigo “O mito da democracia


racial e a mestiçagem no Brasil (1889-1930)” publicado na revista Diálogos
Latino-americanos, democracia racial pode ser entendida como

“um sistema racial desprovido de qualquer barreira legal ou institucional para a


igualdade racial, e, em certa medida, um sistema racial desprovido de qualquer
manifestação de preconceito ou discriminação”.
Em outras palavras, em uma democracia racial temos um país sem racismo,
onde a democracia garante a igualdade e equidade de direitos para todos,
independentemente da cor da pele ou origem étnica.

George Floy

Conhecido pelos amigos como um homem grande, George


Floyd tinha 1,90 m e era descrito como alguém a favor da paz,
do esporte e voltado a Deus — apesar de ter tido alguns
problemas com a lei nos Estados Unidos. Hoje, seu nome virou
sinônimo da luta antirracismo e contra a violência policial em
todo o mundo.
Sufocado sob o joelho de um ex-policial branco por mais de 9
minutos, o ex-motorista e ex-segurança de bar de 46 anos foi
assassinado em maio do ano passado. "Não consigo respirar",
foi a frase que repetiu de novo e de novo nos seus últimos
momentos até dar seu último suspiro. A cena foi filmada por
quem ali passava, como uma jovem adolescente que tinha seu
celular nas mãos e o usou para fazer a denúncia.

Matheus Ribeiro

O professor de surfe Matheus Ribeiro, de 22 anos – abordado por um casal que teve uma
bicicleta furtada no Leblon, em junho – teve o processo por receptação da bike elétrica
arquivado na sexta-feira (10). Matheus, que é negro, afirmou pretende processar o casal
que o acusou de roubo.

Segundo Matheus, a bicicleta foi comprada legalmente em um site que faz a


intermediação de venda de produtos usados. Entretanto, a polícia identificou que a
bicicleta – mesmo tendo sido comprada legalmente por Matheus – tinha sido furtada.

O fato evolvendo Matheus e o casal ocorreu no dia 12 de junho desse ano. Matheus, que
é negro, conta que foi abordado pelo casal, que perguntou se ele teria roubado a
bicicleta.
Matheus disse que estava esperando pela namorada na frente do Shopping Leblon, na
Avenida Afrânio de Melo Franco e, de repente, o casal de jovens se aproximou dele e
perguntou:
"Você pegou essa bike, não foi? Essa bike é minha", teria dito Mariana.

Um vídeo postado por Matheus mostra ele e o namorado da jovem próximos um do


outro, com este último segurando o cadeado da bicicleta da namorada.

"É que acabou de roubar a bicicleta dela, é igualzinha, desculpa", disse o rapaz,
aparentemente tentando justificar a abordagem.

A partir daí, o professor de surfe e ele iniciam um diálogo. Matheus pergunta se eles
conseguiram destravar o cadeado da bike e a resposta é negativa. Matheus afirmou ter
sido vítima de racismo.

Dias depois, Igor Pinheiro, um jovem branco foi preso em flagrante pelo roubo de
bicicletas, ao sair de casa com um alicate na mão. Ele já havia sido preso outras 7 vezes.

Matheus afirma que não sabia que o item, comprado por ele de forma legal, havia sido
roubado.

João Alberto Silveira Freitas

João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi agredido por seguranças do


hipermercado, localizado no bairro Passo D'Areia, na Zona Norte de Porto
Alegre. O crime ocorreu na noite de 19 de novembro de 2020, na véspera do
Dia da Consciência Negra.
Nos dias seguintes ao ocorrido, manifestantes protestaram contra o
racismo em Porto Alegre e em outras cidades do Brasil.
A Polícia Civil concluiu o inquérito no dia 11 de dezembro de 2020, apontando
que houve exagero nas agressões impostas à vítima, sendo resultado da
fragilidade socioeconômica de João Alberto.
Além dos seguranças agressores, o inquérito aponta que os outros quatro
indiciados contribuíram para a morte por manterem os populares e a esposa da
vítima afastados, inviabilizando qualquer ajuda à vítima.
Ainda em 2020, no dia 17 de dezembro, o Ministério Público denunciou os seis
indiciados por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso
que dificultou a defesa da vítima) com dolo eventual. O MP incluiu ainda o racismo
como forma da qualificação por motivo torpe.
Em agosto de 2021, a polícia promoveu duas noites de reconstituição do caso na loja
do Carrefour onde ocorreu o crime. A primeira noite simulou as versões apresentadas
por oito das nove testemunhas do caso. Já a segunda reprodução se concentrou
nas versões dos réus.

Caso Genivaldo

Dois policiais rodoviários federais envolvidos na abordagem que provocou a morte de


Genivaldo Santos, na BR-101 em Umbaúbaprestaram depoimento na sede da Polícia
Federal, em Aracaju, nesta segunda-feira (6). Eles foram ouvidos separadamente, por
pouco mais de três horas cada um. O terceiro policial deve ser ouvido nesta terça (7).
Genivaldo morreu no dia 25 de maio, depois de ter sido trancado no porta-
malas de uma viatura da PRF e submetido a inalação de gás lacrimogêneo.
A causa da morte apontada pelo Instituto Médico Legal (IML) de Sergipe foi
asfixia e insuficiência respiratória.
Um boletim divulgado pela Polícia Rodoviária Federal no dia seguinte informou que os
agentes fizeram o uso de spray de pimenta e gás lacrimogêneo, após o abordado
apresentar resistência. O texto citou ainda que o desfecho da situação teria sido uma
fatalidade, desvinculada da ação policial.

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