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Assassinatos em série de políticos indicam uma 'colombização' no país ... https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/03/assassinatos-em-serie...

RIO DE JANEIRO (HTTPS://WWW1.FOLHA.UOL.COM.BR/COTIDIANO/RIODEJANEIRO/)

Assassinatos em série de políticos indicam uma


'colombização' no país
Autoridades políticas, candidatos e integrantes do Judiciário têm sido alvo

15.mar.2018 às 19h43
Atualizado: 15.mar.2018 às 19h48

EDIÇÃO IMPRESSA (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/fac-simile/2018/03/16/)

Fernanda Mena (https://www1.folha.uol.com.br/autores/fernanda-mena.shtml)

SÃO PAULO Sem estatísticas oficiais no Brasil, o assassinato de autoridades políticas,


judiciárias ou de candidatos a cargos nos poderes Executivo e Legislativo tem
apontado para um fenômeno tratado por especialistas como a “colombização” do
país. As suspeitas que recaem o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL)
(https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/03/vereadora-do-psol-e-morta-a-tiros-no-centro-do-rio.shtml) reforçariam

esta tese.

“O que ocorreu está fora do script da violência do Rio. Se as investigações


confirmarem os indícios, significa que inauguramos uma nova modalidade de
homicídio, aquele estritamente político”, afirma a pesquisadora Silvia Ramos,
coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da
Universidade Cândido Mendes e do Observatório da Intervenção no Rio.

“Isso nos coloca em um novo e desconhecido patamar de violência, que lembra o

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da Colômbia e do México”, completa. Uma combinação de corrupção das forças


de segurança e da presença de grupos armados e de organizações ligadas ao
tráfico de drogas levou nosso vizinho latino-americano a dezenas de assassinatos
de políticos.

Entre vereadores, prefeitos e parlamentares, foram mortos o ministro da Justiça


Rodrigo Lara Bonilla (1946-1984) e o presidenciável Luis Carlos Galán (1943-1989).

Informações coletadas pelo Centro de Justiça e Direito Internacional (Cejil) com


entidades daquele país apontam que 12 candidatos a vereador e suas famílias
foram assassinados na última campanha.

Nas últimas eleições brasileiras, entre junho e setembro de 2016, 45 políticos


brasileiros foram alvo de ataques a tiros. Desses, 28 morreram, 15 em plena
campanha. Na época, o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar
Mendes, classificou os crimes como “aparentemente” de motivações políticas.

O Rio concentrou cerca de metade desses homicídios. Na Baixada Fluminense,


repleta de territórios dominados por milícias e grupos ligados ao narcotráfico, 13
candidatos a vereador foram mortos durante o último pleito. (https://www1.folha.uol.com.br/
poder/eleicoes-2016/2016/09/1810543-na-baixada-fluminense-14-candidatos-e-politicos-foram-mortos-desde-2015.shtml)

No livro “Dos Barões ao Extermínio: Uma História da Violência Política na Baixada


Fluminense”, o sociólogo José Claudio Alves, professor da Universidade Federal
Rural do Rio, investiga a gênese do atual faroeste da região.

A lógica de violência, instaurada pelo deputado Tenório Cavalcanti nos anos 1950,
teria sido institucionalizada durante o regime militar, quando grupos formados
por policiais civis e militares se voltaram para a execução dos inimigos de seus
contratantes. As milícias seriam uma versão contemporânea desses grupos.

Foram ameaças de morte de supostos grupos milicianos que obrigaram o


deputado Marcelo Freixo (PSOL) a andar com escolta policial há seis anos.

Freixo, com quem Marielle trabalhou por dez anos antes de se tornar a quinta

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vereadora eleita com mais votos na capital fluminense, (https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/


liderou a CPI das milícias,
2018/03/feminista-negra-e-cria-da-mare-quem-foi-a-vereadora-marielle-franco.shtml)

que, em 2008, levou ao indiciamento de mais de 200 pessoas, entre políticos,


policiais militares e civis e bombeiros. O então deputado Natalino José Guimarães
e o vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, foram presos por chefiarem
milícias no Estado.

JUDICIÁRIO

O Rio de Janeiro também foi o cenário de um dos atentados mais emblemáticos


das forças policiais corruptas contra o Judiciário.

Em 12 de agosto de 2011, a juíza Patrícia (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/


ff2108201112.htm)Acioli (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2108201112.htm) foi morta com 21 tiros na

porta de sua casa. Naquele dia, ela havia expedido três mandados de prisão contra
os dois PMs, réus em um processo sobre a morte de um morador do Morro do
Salgueiro, em São Gonçalo.

As investigações levaram à denúncia de 11 PMs. Seis foram condenados pelo


assassinato.
Levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de 2013, o mais recente
disponível, informou que naquele momento existiam cerca de 200 juízes sob
proteção após terem sofrido ameaças de morte. A maioria deles (27) era do Rio de
Janeiro.

INTERVENÇÃO

Marielle Franco, 38, foi morta na noite de quarta, junto do motorista Anderson
Pedro Gomes, 39, quando voltavam de uma roda de conversa intitulada “Jovens
Negras Movendo Estruturas”. O carro em que estavam foi atingido por nove tiros.
A polícia trabalha com a hipótese de execução. Uma assessora, que estava no
banco de trás, sobreviveu.

O assassinato da vereadora ocorreu dois dias antes de a intervenção (https://

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