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17.6.2022
BOLSONARO
CÚMPLICE
11
SE AS DECLARAÇÕES
PAVOROSAS JÁ NÃO
HAVIAM SIDO SUFICIENTES,
O PRESIDENTE JAIR
BOLSONARO DARÁ MAIS
UMA DEMONSTRAÇÃO DE
QUE POUCO SE IMPORTOU
COM OS ASSASSINATOS DO
JORNALISTA DOM PHILLIPS
E DO INDIGENISTA BRUNO
PEREIRA NA AMAZÔNIA.
NO SÁBADO (18), ELE
PARTICIPA DE UMA
MOTOCIATA EM MANAUS.
/ Editorial
4 | O presidente que se diverte com a
morte de Dom e Bruno é o mesmo cujo
herói sempre foi Ustra, por Renato Rovai
/ Capa
BOLSONARO CÚMPLICE
edição #11
Cynara Menezes
18 | O caso de Bruno e Dom e o legado
de Pinochet a Bolsonaro, por Soraia Mendes
/ Eleições 2022
27 | Pré-programa do PT arquiva luta anti-
imperialista por Mauro Lopes
/ Política
34 | Lava Jato: o pixuleco de R$ 30
milhões, por Miguel do Rosario
/ Economia
38 | Novo aumento dos combustíveis
/ Meio ambiente
41 | A Amazônia não é só do Brasil, por
Leonardo Boff
/ Saúde
48 | STJ autoriza cultivo de maconha para
fins medicinais
/ Especial
52 | Série O futuro de Bolsonaro, parte 4:
Direitos Humanos, por Henrique Rodrigues
69 / Expediente
EDITORIAL
Renato Rovai
“Bolsonaro tem
responsabilidade
política”
O historiador Lucas Pedretti destacou que a
promoção da violência pelo projeto bolsonarista
se dá pelo incentivo de grupos criminosos e
pelo desmonte de órgãos de controle
por Lucas Rocha
E
m meio às discussões sobre o grau de
responsabilidade política que o governo
Jair Bolsonaro (PL) tem sobre as mortes
do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno
Pereira, destaca-se o desmonte promovido
pela atual gestão em matéria de fiscalização e
controle na região da Amazônia e os constantes
ataques do presidente a ativistas de direitos
humanos e do meio ambiente.
Bolsonaro chegou a dizer que Dom Phillips
era “malvisto” na região enquanto as buscas
ainda eram realizadas, demonstrando seu
desprezo pelo jornalista e pelo indigenista.
Do exterior essa responsabilidade parece
mais evidente. Em entrevista ao jornalista
Jamil Chade, do portal Uol, a eurodeputada
Anna Cavazzini, vice-presidenta da delegação
do Parlamento Europeu para o Brasil,
responsabilizou o presidente pelas mortes:
“Estes assassinatos são também uma
consequência da difamação dos ativistas
humanos e ambientais pelo presidente
Bolsonaro e do desmantelamento da legislação
ambiental e de direitos humanos”.
Para o historiador Lucas
Pedretti, pesquisador
do Núcleo de Memória
e Direitos Humanos do
Colégio Brasileiro de Altos
Estudos (CBAE/UFRJ),
não se pode negar que há
responsabilidade política
de Bolsonaro. “Independente do que vem
a ser comprovado sobre os mandantes do
duplo assassinato - e a gente precisa cobrar
até o final para que sejam revelados os
mandantes -, o fato é que a gente não pode
ignorar a responsabilidade política do governo
Bolsonaro”, apontou, em entrevista à Fórum.
Assassinato
de Dom e
Bruno confirma
“hondurização”
do Brasil
Diziam que com o PT o país ia “virar
Venezuela”, mas com Bolsonaro virou
Honduras: um dos lugares mais perigosos do
mundo para jornalistas e ativistas
por Cynara Menezes
D
iziam que o PT ia transformar o Brasil
“numa Venezuela”, mas o que está
acontecendo desde o golpe contra Dilma
Rousseff, em 2016, é o nosso país caminhando
velozmente para virar Honduras. O bárbaro
assassinato do jornalista britânico Dom Phillips
e do indigenista Bruno Pereira, esquartejados
e queimados, só confirma isso. O Brasil é
considerado hoje o segundo país mais perigoso
do mundo para jornalistas (só perde para o
México) e o quarto mais perigoso para ativistas
ambientais (já ultrapassou Honduras, aliás).
Desde que o país da América Central
inaugurou, em 2009, a sequência de “golpes
constitucionais” na América Latina (depois
viriam Paraguai em 2012, Brasil em 2016 e
Bolívia em 2019), nada melhorou por lá, pelo
contrário. Honduras é hoje, 13 anos após o
golpe que arrancou Manuel Zelaya do poder, um
país dominado pela violência e pela impunidade.
As estatísticas hondurenhas são alarmantes:
país campeão em homicídios, campeão em
assassinatos de ativistas ambientais, campeão
em feminicídios, campeão em migração para
os EUA... É inegável que o Brasil de Bolsonaro
segue o mesmo caminho.
Honduras continua a ostentar o triste título
de país mais letal da América Central e um dos
Honduras ostenta o título de país mais letal
da América Central e um dos mais violentos
do mundo, com 38,9 mortes violentas a
cada 100 mil habitantes
Foto Reprodução
O caso de Bruno
e Dom e o legado
de Pinochet a
Bolsonaro
E
m 16 de outubro de 1998, Augusto
Pinochet foi preso em Londres. Na época,
aos 82 anos de idade, o ex-ditador chileno
era senador vitalício e, nesta condição, gozava
de imunidade diplomática.
A detenção foi efetivada em uma clínica
onde ele se encontrava para a realização de
uma cirurgia na coluna. Tratava-se, portanto,
de uma viagem particular, da qual o governo
do Reino Unido sequer havia sido informado.
E foi com essa brecha que o então juiz
espanhol Baltazar Garzón emitiu um mandado
internacional solicitando a extradição de
Pinochet para a Espanha, a fim de que
respondesse criminalmente por sua participação
na chamada Operação Condor.
Pinochet permaneceu 503 dias sob
custódia. E, ao final, o Reino Unido não
autorizou a transferência do tirano para o
Estado espanhol. Mas a batalha jurídica travada
neste ínterim não foi em vão. O caso se tornou
um marco para o reconhecimento da justiça
universal com importantíssimas consequências.
Um dos frutos daquela ação corajosa
das vítimas e da firmeza do juiz Garzón veio
em maio de 2000, apenas dois meses após
Pinochet retornar ao Chile, com a aprovação
pela Corte de Apelações de Santiago de sua
destituição como senador vitalício. Abria-se
ali o caminho para que ele fosse investigado e
processado pela Justiça local por seus crimes.
Além desse, outro resultado positivo
foi em relação à doutrina internacional de
direitos humanos e o direito humanitário, até
ali ignorados pelos tribunais chilenos, e que
passaram a ser observados com seriedade para
a punição de crimes da mesma espécie dos
praticados pelo ex-ditador.
Por certo haverá quem diga que os tempos
são outros. Que os porões e as casas da morte
ficaram no passado. Ou que não se pode
mais imaginar a recapitulação de episódios
“clássicos” de supressão total da democracia
pela violência.
Penso que depende muito do que se
entende por democracia e do que se considera
um porão. Hoje até mesmo o porta-malas de
uma viatura policial é à luz do dia transformado
em câmara de gás. Enfim...
Pré-programa do
PT arquiva luta
anti-imperialista e
privilegia democracia
e inclusão
Campanha Lula/Alckmin tem como eixo
combate às políticas pós-golpe de Temer
e Bolsonaro; transição econômico-ecológica
é prioridade; na arena internacional,
o tema é a soberania de todos os povos e
reconstrução das relações
por Mauro Lopes
O
pré-programa da chapa Lula-Alckmin
com as diretrizes para o que será o
“Programa de Reconstrução do Brasil”
vazou à imprensa no último dia 6. É uma versão
de lavra petista que foi submetida e ajustada
com os demais integrantes da frente ampla que
está se constituindo ao redor da chapa.
Na terça (14), os sete partidos da
aliança PT, PCdoB, PV, PSB, PSOL, REDE
e SOLIDARIEDADE chegaram a um acordo
sobre as diretrizes, depois de analisar 124
emendas apresentadas por todos os partidos
ao texto-base original. A programação é que
ele seja lançado publicamente na próxima
semana em um evento com a presença de Lula,
Alckmin, presidentes de partidos, intelectuais,
representantes da sociedade civil, movimentos
sociais, centrais sindicais e ambientalistas.
O texto elaborado originalmente pela
Fundação Perseu Abramo, do PT, dá
indicações claras do ponto de partida. E chega
a surpreender.
Apesar de segmentos da mídia
conservadora terem falado em “mesmice”, o
programa tem formulações originais em relação
ao passado e abre-se aos temas cruciais do
tempo presente-futuro.
Para desgosto de segmentos
Foto Mauro Pimentel/AFP
O eixo do texto é o combate às políticas pós-golpe de Temer
e Bolsonaro e não a luta contra os EUA
conservadores-tradicionalistas da esquerda,
o eixo do texto é o combate às políticas pós-
golpe de Temer e Bolsonaro e não a luta contra
os EUA. A bandeira da luta anti-imperialista
está arquivada. A prioridade é a democracia e
a inclusão e a transição econômico-ecológica.
Na arena internacional, o tema é a soberania
de todos os povos e a reconstrução das
relações internacionais.
As causas das maiorias são o centro do
projeto: pobres, pessoas negras, mulheres,
jovens, indígenas (uma maioria histórica),
gentes LGBTQI+ (pensando o rompimento
da heteronormatividade como jornada das
maiorias, ainda que submetida a intensa
repressão). As florestas compõem também
estas maiorias que são foco do programa.
A ideia de desenvolvimento econômico tal
como elaborada no século 20 e mantida mais
ou menos incólume nos dois primeiros governos
Lula está igualmente arquivada. “O Brasil
precisa construir sua trajetória de transição
ecológica”. A defesa da Petrobras não orienta
o documento para pensar o país tendo como
fonte exclusiva ou primordial os combustíveis
fósseis. O texto fala em “ampliação da oferta
de energia, aprofundando a diversificação da
matriz, com expansão de fontes renováveis a
preços compatíveis com a realidade brasileira.
Além disso, é necessário expandir a capacidade
de produção de derivados no Brasil,
aproveitando-se da grande riqueza do pré-sal
com preços que levem em conta os custos de
produção no Brasil”.
O texto afirma taxativamente uma visão
inovadora sobre a política industrial: “A principal
missão da política industrial será promover
o engajamento da indústria na transição
tecnológica, ambiental e social. Para isso,
a política industrial deve manter o foco nas
prioridades do país e se voltará para o fomento
à inovação. Será também estimulada pelo
poder de compra governamental em complexos
industriais estratégicos como saúde, energia,
alimentos e defesa”. A rigor, trata-se de uma
política praticamente pós-industrial.
O discurso bolsonarista sobre a Amazônia,
que encontra eco em segmentos da esquerda,
sobre uma oposição entre o “interesse nacional”
e o interesse do “globalismo” ou “imperialismo”
também não tem abrigo no texto: “É imperativo
defender a Amazônia da política de devastação
posta em prática pelo atual governo. Nos
nossos governos, reduzimos em quase 80%
o desmatamento da Amazônia, a maior
contribuição já realizada por um país para a
mitigação das mudanças climáticas entre 2004
e 2012. Já nos comprometemos com o futuro
do planeta, sem qualquer obrigação legal, e
faremos novamente.
Foto Divulgação
Bomba!
O pixuleco de R$ 30 milhões
para Carlos Fernando dos
Santos Lima
O TCU descobriu que a empresa criada por
Lima, a W Faria, recebeu R$ 28 milhões da
Eletrobras como pagamento de serviços de
compliance. Nada menos que 100% desses
valores, segundo o TCU, foram irregulares,
ou superfaturados
por Miguel do Rosario
OS PROCURADORES DESESTABILIZARAM
GRANDES EMPRESAS NACIONAIS, E
DEPOIS SE ORGANIZARAM PARA LUCRAR
COM OS DESPOJOS DE GUERRA,
VENDENDO “SERVIÇOS DE CONSULTORIA
EM COMPLIANCE” PARA AS MESMAS
COMPANHIAS OU PARA ESCRITÓRIOS DE
ADVOGADOS QUE AS REPRESENTAVAM.
A
Federação Única dos Petroleiros (FUP)
criticou o novo aumento nos preços dos
combustíveis anunciado pela Petrobras
na sexta-feira (17). Para os petroleiros, o
anúncio expõe a contradição entre o discurso
eleitoreiro de Jair Bolsonaro (PL) e a política de
preços adotada pela companhia.
“O novo aumento
do diesel e da gasolina
é mais um descaso do
governo Bolsonaro com
o trabalhador brasileiro, a
maior vítima da disparada
dos preços dos derivados
e descontrole da inflação”,
disse Deyvid Bacelar,
coordenador-geral da FUP.
“Bolsonaro debocha dos brasileiros com
seu discurso eleitoreiro contra reajustes de
combustíveis, enquanto mantém a política de
preço de paridade de importação (PPI), com
aumentos baseados no preço internacional
do petróleo, variação cambial e custos
de importação, mesmo o Brasil sendo
autossuficiente em petróleo, com custos em
real. E, agora, a quatro meses das eleições,
Bolsonaro se diz contrário às altas dos
derivados, as quais deveria ter combatido
desde o início de seu governo”, completou.
Apesar de Bolsonaro ter criticado os
aumentos, o Ministério da Economia defende a
manutenção da PPI.
Com esses novos aumentos, no governo
Bolsonaro - entre janeiro de 2019 e 17
de junho de 2022 - o diesel nas refinarias
subiu 203%, a gasolina, 169,1%, e o GLP,
119,1%, segundo dados elaborados pelo
Aumento dos combustíveis nas
refinarias durante o governo Bolsonaro
(Jan/2019 a Jun/2022):
Diesel 203,0%
Gasolina 169,1%
GLP 119,1%,
Foto imazon.org.br/
A Amazônia não
é só do Brasil: é
um bem comum
da Terra e da
humanidade
T
odos estamos chorando o provável
assassinato do renomado indigenista
Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom
Phillips. Crimes semelhantes estão ocorrendo
com frequência na Amazônia, especialmente
contra lideranças indígenas, como decorrência
do total descaso com que o presidente trata
a questão ambiental. Estupidamente nega
os dados científicos mais sérios e ameaça
as reservas indígenas, entregando-as às
mineradoras nacionais e estrangeiras e ao
garimpo ilegal.
O desmonte feito pelo ex-ministro Ricardo
Salles, dos principais organismos de proteção
da floresta, das terras indígenas e da vigilância
do avanço descontrolado do agronegócio sobre
a mata virgem, agravou ainda mais a situação.
O próprio Papa Francisco advertiu no
Sínodo Querida Amazônia “que o futuro da
humanidade e da Terra está vinculado ao futuro
da Amazônia; pela primeira vez, se manifesta
com tanta claridade que desafios, conflitos e
oportunidades emergentes em um território,
são a expressão dramática do momento que
atravessa a sobrevivência do planeta Terra
e a convivência de toda a humanidade”. Na
encíclica Fratelli Tutti (2021) adverte: “estamos
no mesmo barco, ou nos salvamos todos ou
Fotos Reprodução
Na Amazônia vivem 390 povos indígenas, que falam 240 idiomas da rica matriz de
49 ramos linguísticos, um fenômeno inigualável na história da linguística mundial
Foto Reprodução
STJ autoriza cultivo
de maconha para
fins medicinais
A decisão inédita permite extração do óleo
canabidiol para uso próprio, sob prescrição
médica, no tratamento de ansiedade, estresse
pós-traumático e fobias sociais
por Lucas Vasques
P
or unanimidade, a Sexta Turma do
Superior Tribunal de Justiça (STJ)
concedeu, pela primeira vez na história,
na terça-feira (14), salvo-conduto para cultivo
artesanal de maconha (cannabis sativa) com
fins medicinais.
A autorização permite a extração do óleo
canabidiol para uso próprio, sob prescrição
médica, no tratamento de ansiedade, estresse
pós-traumático e fobias sociais.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) já autoriza a importação de produtos
derivados de maconha para tratamentos de
saúde. O plantio caseiro, no entanto, mais
acessível, ainda não foi regulamentado.
Os ministros analisaram recursos
de pacientes e familiares que utilizam
regularmente produtos à base de maconha.
Eles pediram autorização para o plantio
da cannabis sem correr o risco de serem
enquadrados na Lei das Drogas.
A decisão, a princípio, vale apenas para
os casos analisados. Porém, deve direcionar
julgamentos similares em instâncias inferiores,
de acordo com o Estadão.
Já o ministro Rogerio Schietti, relator de
um dos recursos, disse que o tema está
contaminado por um “discurso moralista,
baseado em dogmas e estigmas”.
“Ainda temos uma negativa do Estado
brasileiro, quer pela Anvisa quer pelo Ministério
da Saúde, em regulamentar essa questão. Nós
transcrevemos decisões da Anvisa transferindo
ao Ministério da Saúde essa responsabilidade
e o Ministério da Saúde eximindo-se dessa
responsabilidade, dizendo que é da Anvisa.
E, assim, milhares de famílias continuam à
Foto Reprodução
Autorização permite a extração do canabidiol para uso próprio, sob prescrição
médica, no tratamento de ansiedade, estresse pós-traumático e fobias sociais
Já somos
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SÉRIE
Especial O FUTURO DE BOLSONARO
“SE CONTRAPÕE
A TUDO QUE
SIGNIFICA DIREITOS
HUMANOS”
Na 4ª e última parte da série que procurou
prever como serão os dias do presidente
Jair Bolsonaro quando deixar o cargo,
especialistas em Direitos Humanos falaram
sobre o “legado” de horror que ficará na área
por Henrique Rodrigues
A
última parte da série “O Futuro de
Bolsonaro” tratará do “legado” que o
presidente ultrarreacionário deixará no
campo dos Direitos Humanos. Figura sinistra
e declaradamente entusiasta da tortura, pena
de morte, execuções extrajudiciais e todo
tipo de violação às garantias fundamentais
dos cidadãos, além de fã de ditadores cruéis,
genocidas e de carrascos com o coronel Carlos
Alberto Brilhante Ustra, sanguinário repressor
da Ditadura Militar (1964-1985), o atual
ocupante do Palácio do Planalto tem deixado
um rastro de devastação em assuntos da área,
protagonizando um governo que massacra seu
próprio povo.
Para tratar do tema, a reportagem da
Fórum foi ouvir três especialista que atuam na
defesa dos Direitos Humanos em importantes
órgãos do Brasil e do exterior. O advogado
Dimitri Sales, doutor em Direito Constitucional
pela PUC-SP e presidente do Condepe
(Conselho Estadual de Defesa dos Direitos
da Pessoa Humana de São Paulo), acredita
que Jair Bolsonaro será sempre lembrado e
mencionado como o mandatário que quebrou
as bases garantidoras da dignidade humana da
Constituição Federal de 1988.
“Sob o ponto de vista dos Direitos Humanos,
Bolsonaro será lembrado como aquele que
rompeu o ‘contrato social’ em defesa da
dignidade da pessoa humana instituído pela
Constituição Federal de 1988. Sua gestão
é marcada por desconsiderar as diferenças
humanas como elementos que constituem,
singularizam e valorizam as pessoas. São elas
que nos tornam singulares e indispensáveis
à construção de uma sociedade plural. No
entanto, o governo Bolsonaro esvaziou as
iniciativas estatais de promoção do respeito
à pessoa humana, abandonando políticas
públicas já estruturadas e eficientes, deixando
de desestimular atos de preconceito e,
ainda, descumprindo deveres de defesa de
iniciativas que combatam as desigualdades.
Como exemplo, temos o esvaziamento da
política para a promoção da cidadania LGBT,
no momento em que deveríamos consolidar
os poucos direitos conquistados, fazendo
avançar iniciativas que enfrentem, enquanto
política de Estado, e todas as formas de
manifestação de ódio e intolerância às
diferenças sexuais e de gênero. Pelo contrário,
Bolsonaro, na condição de chefe do poder
Executivo da União, verbalizou preconceitos
e intolerâncias, dando ares de oficialidade a
posturas violentas, estimulando atos de ódio
e discriminação. Destaca-se, ainda, a atuação
Dimitri Sales,
advogado,
presidente do
Foto Divulgação
Condepe
das Mulheres
(CLADEM)
Diretor de Redação
_ Renato Rovai
Editora executiva
_ Dri Delorenzo
Designer
_ Marcos Guinoza
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