Você está na página 1de 8

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE - UFAC

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS – CCET


BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL
PORTOS DE MAR, RIOS E CANAIS

Aluno (s): João Galileu Mendes Bezerra Matrícula: 20160230021

Aluno (s): Luiz Carlos Paza Junior Matrícula: 20160230047

Aluno (s): Marcelo Parini Rodrigues Matrícula: 20160230032

TRABALHO 01 – RELATÓRIO DE ANÁLISE TÉCNICA DO


ESCOAMENTO DE SOJA, TRECHO PARÁ E MARANHÃO –
HIDROVIA DO RIO TOCANTINS

1. Introdução

Os meios de transporte são essenciais para o desenvolvimento


econômico e geopolítico de qualquer região. Para o escoamento de produtos é
necessário a existência de uma hidrovia, pois esta é essencial para o
escoamento de mercadorias, especialmente de grandes volumes.

Sendo assim, o presente relatório trata da análise técnica do trecho de


escoamento da produção de soja através da hidrovia do Rio Tocantins, saindo
do Pará com destino ao Maranhão. A seguir serão apresentadas as principais
características da hidrovia e dos acessos escolhidos, assim como a indicação de
eventuais necessidades de melhoria nos portos e canais utilizados.

2. Dados de Produção

Este tópico irá tratar dos resultados de projeções de demanda e da


alocação total da carga de soja transportada na Hidrovia Araguaia Tocantins.

1
Estas projeções referem-se às cargas de soja movimentadas na área de
influência da hidrovia, em qualquer modal de transporte. Na tabela 1, estão
expostos os volumes exportados na hidrovia em 2010 e as suas projeções para
os anos de 2015, 2020, 2025 e 2030.

Tabela 1 – Projeção do volume de exportação de Soja 2010 - 2030 em


toneladas.
Produto 2010 2015 2020 2025 2030
Soja 2.707.632 4.323.378 6.432.484 8.250.502 10.080.135
Fonte: Plano Nacional de Integração Hidroviária (2013), Apud
OLIVEIRA, Caroline (2016).

3. Dados da Hidrovia

Segundo Brasil (2003a), a Hidrovia Tocantins-Araguaia está


inserida na Bacia do Tocantins-Araguaia, cuja área é de 967.059 km² (11%
do território nacional) abrangendo os Estados de Goiás, Mato Grosso, Pará,
Maranhão e Tocantins e o Distrito Federal, conforme ilustra a Figura 4.
Conforme AHITAR (1999), a Hidrovia Tocantins-Araguaia, em toda a sua
extensão, compreende áreas localizadas entre os paralelos 4° e 18° Sul e
meridianos 46 e 55° Oeste. Geograficamente, limita-se ao sul pelo Planalto
Central, a oeste pela Serra dos Carajás, a leste pela Serra Geral de Goiás e
ao norte pelo estuário do rio Amazonas.
A Hidrovia Tocantins-Araguaia projetada é constituída pelos rios
das Mortes, Araguaia e Tocantins. No rio das Mortes, ela abrange 551 km
entre Nova Xavantina (MT) e sua foz no rio Araguaia. No rio Araguaia, ela
compreende cerca de 1.230 km, entre Aruanã (GO) e Xambioá (TO). No rio
Tocantins, associam-se 420 km entre Palmas (TO) e Estreito (MA). Juntos,
esses trechos significam cerca de 2.200 km de um canal navegável que,
concluído, atenderá aos estados de Goiás, Tocantins, Pará e Maranhão.
Segundo Tocantins (2002), essa alternativa para o transporte de grãos do
cerrado oriental reduz cerca de 5.000 km da distância Brasil-Europa (Porto
de Roterdan) e Brasil-Japão (via Canal do Panamá).

2
Figura 1 - Bacia do Tocantins-Araguaia, Brasil

Fonte: Brasil (2003b).

A Hidrovia Tocantins está localizada no rio Tocantins, tendo sua


origem nos rios Almas e Maranhão, no interior do Distrito Federal, no Planalto
de Goiás. Da origem até a foz, na Baía de Marajó, próxima a Belém do Pará,
o Tocantins percorre cerca de 2.000 km. Suas altitudes variam de 1.000
metros, nas nascentes, a 100 metros na foz, predominando altitudes entre
500 e 200 metros, na maior parte de sua extensão.
A Hidrovia Araguaia está sobre o rio Araguaia cuja nascente
encontra-se na Serra dos Caiapós, na divisa de Goiás com Mato Grosso.
Esse rio, após percorrer 720 km, envolve a ilha do Bananal, numa extensão
de 375 km, e desemboca na margem esquerda do rio Tocantins, na divisa
dos estados do Tocantins, Pará e Maranhão, drenando uma área de 365 mil
km2, num percurso de 2.115 km. Nele, as altitudes variam, em média, de 850
metros, nas nascentes, até cerca de 100 metros, na sua foz, com uma
declividade de 570m até a ilha do Bananal. Essa Hidrovia tem um regime
hidrológico de águas baixas entre junho e novembro e de águas altas entre
dezembro e maio. Ela apresenta restrições à navegação pela existência de
pedrais e bancos de areia que restringem a navegação a comboios com 1,5
metro de calado.

3
A Bacia Hidrográfica Tocantins Araguaia possui um potencial
econômico significativo para a navegação interior no Brasil, porém o baixo
investimento em infraestrutura e manutenção faz com que, todo o
funcionamento deste potencial seja prejudicado. Um dos fatores
responsáveis pelo baixo investimento em hidrovias é a priorização pelo
transporte rodoviário, pois no Brasil, devido às grandes vias navegáveis se
situarem longe dos polos industriais, é dado à preferência pelo transporte
rodoviário, por ter uma maior velocidade, disponibilidade e frequência, mas
assim o país deixa de exercer seu potencial de transporte hidroviário de
grandes volumes de carga a um baixo custo unitário de transporte. Outro
fator está relacionado ao uso múltiplo da água, pois a mesma geralmente é
utilizada para a navegação interior e à geração de energia elétrica, sendo de
suma importância garantir condições de navegação dos comboios e a
transposição das barragens por meio de eclusas ou canais.

4. Existência de Porto e Suas Condições

Segundo a Administração Hidroviária do Tocantins e Araguaia -


AHITAR (2020), a hidrovia é constituída por portos operacionais do tipo
Instalações Portuárias Públicas de Pequeno Porte - IP4 e alguns Portos
Públicos.

As IP4 têm sua construção, manutenção e operação sob


responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes –
DNIT. Tais instalações tem como objetivo fornecer segurança nas operações de
embarque e desembarque de passageiros e insumos como medicamentos,
alimentos, vestuários, entre outros aos municípios localizados às margens dos
rios, que dependem exclusivamente do transporte hidroviário.

As seguintes IP4 fazem parte da Hidrovia Tocantins-Araguaia: Cametá,


Itupiranga, Limoeiro do Ajuru , Tucuruí e Marabá (PA).

4
Figura 2 - IP4 Cametá, Viseu (PA)

Fonte: DNIT (2020).

Figura 3 - IP4 Cametá, Viseu (PA)

Fonte: Agência Pará (2020).

Segundo o BNDES (2019), os Portos Públicos são compostos por


um canal de águas abrigadas e uma área (poligonal) delimitada pelo Governo
Federal, que formam as instalações portuárias e infraestrutura de proteção e
de acesso ao porto. Tais portos são geridos por uma autoridade portuária,
cuja responsabilidade é o gerenciamento do canal de navegação e a
exploração dos terrenos incluídos na poligonal.

5
Os Portos Públicos encontrados na Hidrovia Tocantins-Araguaia
são: Marabá, Imperatriz, Porto Franco e Carolina, Aguiarnópolis, Bom Jesus
do Tocantins, Miracema do Tocantins, Palmas e Porto Nacional.

Figura 4 - Porto Público de Porto Nacional (TO)

Fonte: G1 Tocantins (2021).

Segundo o Ministério dos Transportes (2014), o Porto de Xambioá


foi desenvolvido com o objetivo de integrar o modal hidroviário e rodoviário.
O Porto está localizado na margem direita do rio Araguaia, distante 500 km
de Palmas (TO), sendo acessado pela rodovia BR-153 ou através do rio
Araguaia.
Possui ainda cais de acostamento com dolfin para um comboio de
120 m. Conta com armazém graneleiro, de uso temporário, com capacidade
de 3.000 t. O processo de carga e descarga é realizado das chatas para
caminhões de forma direta.
Para o manuseio dos grãos, o porto dispõe de sugador com
capacidade de 90 t/h. Sua área de influência abrange as regiões do norte do
Tocantins e leste do Pará, é considerado um importante ponto de
entroncamento intermodal.
O porto de Marabá tem seu acesso através dos rios Tocantins e
Itacaiunas, e, por terra, através da rodovia PA-70. O porto é destinado a

6
operar com pequenas embarcações, possui uma extensão em torno de 430
m e funciona com pouca movimentação de carga, devido principalmente a
sua localização de implantação e a presença de terminais privados nas
proximidades. O Porto possui dois armazéns de 14 m X 28 m, estação de
passageiros, residência e escritório da administração, casa de força e
pátios pavimentados com 3.300 m².

Figura 5 - Porto de Marabá

Fonte: Fernando Cunha (2018)

5. Sugestão de Solução de Problemas

Como mencionado anteriormente, um dos problemas relativos à hidrovia


é a existência de pedrais e bancos de areia, que impedem as embarcações de
navegarem com fluidez em seu percurso de período de baixa no rio. Este
empecilho pode ser solucionado com obras de derrocamento dos pedrais e
bancos de areia.

Outro problema, e inclusive é um dos maiores problemas para a efetiva


navegação comercial de grandes comboios pelo Tocantins, está relacionado
com a construção de barragens que, se por um lado afogam pontos críticos que
dificultavam ou até impediam a passagem das embarcações, por outro, sem a
implantação de eclusas, representam uma interrupção à hidrovia (Ahitar 2013).

7
Neste sentido, uma medida que ajuda a mitigar os efeitos causados pela
construção destas barragens é a execução de eclusas.

Para melhor escoamento das mercadorias transportadas por uma hidrovia


é necessário que haja portos fluviais que auxiliem a carga e descarga de
mercadorias, com uma maior qualidade, eficiência e segurança. Na Hidrovia
Araguaia Tocantins, os portos fluviais já implantados se encontram com pouca
utilização e existem alguns pontos em que é crucial a existência de um porto
para uma logística mais eficiente na hidrovia.

6. Bibliografia

ADMINISTRAÇÃO DAS HIDROVIAS DO TOCANTINS E ARAGUAIA (AHITAR).


Relatório de impacto sobre o meio ambiente na implantação da hidrovia
Tocantins-Araguaia. Belém: Companhia Docas do Pará/AHITAR, 1999.
http://www.ahitar.com.br/rima/rima.php (18 jun. 2003)

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Panorama dos recursos hídricos por


região hidrográfica. Brasília: Agência Nacional de Águas (ANA), 2003a.
http://www.ana.gov.br (28 mar. 2003)

BRASIL. Ministério dos Transportes. Corredores estratégicos de


desenvolvimento. Brasília: Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes
(GEIPOT), 2003c. http://www.transportes.gov.br/ bit/inestudos.htm (16 abr. 2003)

TOCANTINS. Secretaria de Estado do Planejamento e Meio Ambiente. Dados


básicos sobre o transporte no Tocantins. 2002. http://www.to.gov.br/seplan
(05 set. 2002)

Banco Nacional do Desenvolvimento - BNDES. Hub de Projetos- Perfis Setoriais


> Portos. 2020. https://hubdeprojetos.bndes.gov.br/pt/setores/Portos.

MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, Plano Hidroviário Estratégico (PHE).


2012.

Você também pode gostar