Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CURSO DE MESTRE
DE CABOTAGEM
11
1 INTRODUÇÃO
b) Navegação de Cabotagem
e) Navegação Interior
1
Lei nº 3.381/58, conhecida como a Lei do Fundo de Marinha Mercante (FMM).
18
3.1 A SUNAMAM
Fonte: ANTAQ
2
Resolução CMM nº 3.131/67.
3
Resolução CMM nº 2.995/67.
19
assim como da reserva de mercado para a marinha mercante brasileira, que tinha
preferência no transporte das cargas de importação e de cargas de empresas
estatais ou ainda cargas financiadas com recursos públicos 4. Como resultado dessa
política, observou-se a ampliação da participação dos navios com bandeira brasileira
(exportações e importações) de 34,6% em 1970 para 49,6% em 1980, maior
patamar alcançado no passado recente.
Com esse modelo de gestão, a SUNAMAM criou uma relação concreta entre
a marinha mercante, prestadora de serviços de transporte e de apoio, e construção
naval, produtora de bens industriais, grande geradora de empregos.
4
Decretos-Lei nº 666 e 687/69.
20
Fonte: UFRJ
5
Resolução SUNAMAM 8.364/84.
6
Portaria MT 07/91.
21
Fonte: MT
3.3 SÉCULO 21
7
Lei nº 9.478/97 “Lei do Petróleo”.
23
superior a US$ 100 o barril, atraíram mais e mais capital estrangeiro e provocaram o
governo a estabelecer novas condições de exploração dessa nova fronteira. A
Petrobras foi instada a expandir sua atividade exploratória carregando consigo um
sem número de empresas e diversas instituições com correspondente crescimento
de investimento, incluído aí a navegação de apoio marítimo e a construção naval.
C. Os novos incentivos
8
Lei nº 11.786/2008.
9
Valor aumentado pela MP 462/2009.
10
Notícia, NetMarinha, 08/12/2009 - por Sérgio Barreto Motta Brasil terá mais seis estaleiros –
“Eufórico com a liberação de recursos pelo Governo Lula, o presidente do Sindicato da Construção
Naval ( Sinaval), Ariovaldo Rocha, informa que, ainda este mês, possivelmente entre 14 e 18 de
dezembro, será realizada a mais importante reunião da história do Fundo de Marinha Mercante
(FMM). Nela, deverão ser aprovados processos para construção de seis estaleiros, 23 navios da
Transpetro e ainda diversos barcos de apoio, em valor aproximado de R$ 15 bilhões. Este ano, o
Conselho Diretor do FMM não fez sequer uma reunião, pois seu caixa estava zerado. No entanto, o
presidente Lula acaba de aprovar R$ 15 bilhões para o FMM - o que irá garantir emprego para seus
colegas metalúrgicos durante um bom tempo. Os novos estaleiros na bica, para serem aprovados,
são: Eisa-Alagoas; Odebrecht-Bahia e OAS-Setal-Bahia; W. Torre-Rio Grande do Sul; Promar-Ceará
e ampliação do Corema-Bahia...”
24
portos e terminais portuários. Após 20 anos, ela foi aperfeiçoada e substituída pela
Lei nº 12.815/13.
G. O PNLT e a multimodalidade
as empresas.
11
Criada pela Lei nº 10.233/2001, A Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ é
entidade integrante da Administração Federal indireta, submetida ao regime autárquico especial, com
personalidade jurídica de direito público, independência administrativa, autonomia financeira e
funcional, mandato fixo de seus dirigentes, vinculada ao Ministério dos Transportes, com sede e foro
no Distrito Federal, podendo instalar unidades administrativas regionais.
26
4 TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
12
Lei nº. 10.233/01 (com alterações posteriores), que dispõe sobre a reestruração dos transportes
aquaviário e terrestre.
28
Fonte: ANTAQ
13
Lei nº 9.432/97 (Regulamentada pelo Decreto nº 2.256/97), que dispõe sobre a ordenação do
transporte aquaviário.
14
O Armador é aquele que apresta a embarcação, seja ele o seu proprietário ou o seu afretador. Já a
Empresa Brasileira de Navegação (EBN) é necessariamente uma pessoa jurídica autorizada a operar
no transporte aquaviário pela ANTAQ. Em suma:
Armador versus Empresa de Navegação
29
15
Lei nº 9.432/97, que dispõe sobre a ordenação do transporte aquaviário.
16
Embarcação SOLAS (Safety of Life at Sea) é a que cumpre regras internacionais para a
salvaguarda da vida humana no mar.
17
Lei nº 9.432/97, Art. 5º A operação ou exploração do transporte de mercadorias na navegação de
longo curso é aberta aos armadores, às empresas de navegação e às embarcações de todos os
países, observados os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade.
18
Consulta http://www.antaq.gov.br/Portal/Frot a/ConsultarEmpresaAutorizada.aspx em 12/04/2015.
30
Fonte: ANTAQ
Na navegação de Longo Curso, é prescrito 19 às embarcações de bandeira
brasileira, operadas por empresas brasileiras de navegação, o transporte de
mercadorias importadas pela administração pública e aquelas que gozem de
financiamentos oficiais, ressalvada a reciprocidade. Caso não exista navio de
19
Decreto-lei nº 666/69, Institui a obrigatoriedade de transporte em navio de bandeira brasileira, Art.
2º Será feito, obrigatoriamente, em navios de bandeira brasileira, respeitado o princípio da
reciprocidade, o transporte de mercadorias importadas por qualquer órgão da administração pública
federal, estadual e municipal, direta ou indireta, inclusive empresas públicas e sociedades de
economia mista, bem como as importadas com quaisquer favores governamentais e, ainda, as
adquiridas com financiamento, total ou parcial, de estabelecimento oficial de crédito, assim tam bém
com financiamentos externos, concedidos a órgãos da administração pública federal, direta ou
indireta.
31
Como o Brasil não possui frota própria operando no longo curso em linhas
regulares (exceto para os países do MERCOSUL, que é um mercado protegido por
acordos bilaterais, e algum tráfego de produtos químicos), os donos das cargas
ficam suscetíveis ao serviço prestado por grandes empresas de navegação
transnacionais. Estas são fortemente influenciadas pelo mercado internacional, que
se caracteriza por ser sazonal, volátil, afetado por interesses outros.
A simples leitura das estatísticas da ANTAQ pode levar a uma interpretação
equivocada, pois aponta o registro de 67 embarcações aptas a operar no longo
curso, sendo 14 afretadas de empresas estrangeiras21. Isso se deve ao interesse
das empresas de manter junto à ANTAQ o registro de embarcações que podem ser
empregadas em operações para o MERCOSUL, bem como da TRANSPETRO, com
países do Caribe, sendo que as mesmas embarcações são, também, registradas
para a operação na Cabotagem, frequente e regular. Mas, observando a tabela a
seguir verifica-se que, mesmo no tráfego com países com os quais o Brasil tem
acordos bilaterais, os navios de bandeira brasileira respondem apenas com 5,1%
dos fretes.
Figura 6 – Tráfego de Cargas – Acordos Bilaterais
Fonte: ANTAQ
20
Resolução nº 2922 da ANTAQ.
21
Consulta em 12/04/2015 em http://www.antaq.gov.br/Portal/Frot a/ConsultarFrotaGeral.aspx.
32
Equivalent Unit”) pode ser verificado pelo número de contêineres transportados, que
ocorreu na proporção de 71,4% de cheios para 28,6% de vazios (ANTAQ - 2014).
Existe, ainda, um sem número de atividades de transporte de cabotagem,
empregando uma variedade de embarcações com porte menor para atender casos
específicos como, por exemplo:
Comboio empurrador-barcaça no transporte de cargas de projeto
Transporte de sal em Areia Branca – RN
Abastecimento de Fernando de Noronha
Dos exemplos acima, o primeiro é amplamente aplicado no transporte de
cargas especiais devido ao seu volume, peso e forma geométrica, características de
grandes peças industriais – geradores, vasos de pressão, partes de plataformas, etc.
– ou em casos bem específicos de linhas regulares dedicadas como o de transporte
de celulose e de bobinas de aço executados pela empresa Norsul. Os dois exemplos
seguintes são representativos de soluções específicas para questões regionais, um
de grande importância comercial e o outro com profundo impacto social.
A regulação do transporte de cabotagem permite, sob condições, o
afretamento de embarcações estrangeiras23 para viabilizar atender o crescimento e
os picos de demanda por frete. A obrigatoriedade de o afretamento ser realizado por
EBN garante o mercado para empresas brasileiras mas não evita ou reduz a
remessa de divisas ao exterior, onerando a conta serviços da balança de
pagamentos.
Picos de demanda, sazonais, são supridos por meio de “compra” de espaços
(afretamento) em navios estrangeiros que tocam o litoral brasileiro na operação de
longo curso, muitos deles operados por megaempresas de navegação
transnacionais, controladoras de EBN, as quais não necessariamente praticam frete
de valor do mercado interno mas, sim, valores regidos por questão de oportunidade.
Outras características da navegação de cabotagem são mostradas no
Apêndice C.
23
Lei nº 9.432/97 e Resolução nº 2920 – ANTAQ.
34
25
http://www.antaq.gov.br/Portal/Frota/ConsultarEmpresaInteriorAutorizada.aspx , consultado em
12/04/2015.
37
Fonte: ANTAQ
Como consequência imediata da migração da frota de longo curso para a
cabotagem, ocorreu a transferência de divisas para o exterior, correspondente ao
frete na importação/exportação, e o aumento dos custos de transporte na
cabotagem (figura 7).
Outra consequência foi a transferência do controle das empresas brasileiras
para o capital estrangeiro 26, uma vez que o clima de insegurança para a navegação
brasileira decorrente da desregulamentação não pode ser suportado pelo
empresário nacional, enquanto que os armadores estrangeiros que já operavam no
longo curso vislumbraram a possibilidade de entrar no mercado da cabotagem
brasileira com pouco investimento pois estavam absorvendo empresas altamente
endividadas (cabe lembrar que o custo de obtenção da frota dessas empresas ainda
estava sendo ressarcido ao governo pois os financiamentos da construção, à época,
eram de 15 anos).
O cenário de incerteza do mercado começou a se alterar com a Emenda
Constitucional n° 7, de 1995, que deu nova redação ao art. 178 da Constituição
26
A Emenda Constitucional n° 6, de 1995, eliminou o conceito de empresa brasileira de capital
nacional.
38
Idade
Regulamentos de segurança e antipoluição
Novos parâmetros de velocidade
Sistemas de propulsão mais eficientes
Capacidade de carga
Atendimento a exigências de autoridades nacionais e de outros países
Fonte: ANTAQ
Fonte: ANTAQ
Fonte: ANTAQ
41
5 A ORDENAÇÃO JURÍDICA27
27
Centro de Estudos, Pesquisa e Atualização em Direito, Curso de Direito Marítimo (2005) - Notas de
aula.
28
Mendes, A Constituição das fronteiras Marítimas Brasileiras: do “Mar Territorial” à “Amazônia Azul”
- Dissertação de Mestrado - ENCE (2006) - citando Penha, “Relações Brasil-África e Geopolítica do
Atlântico Sul” - Tese de doutoramento, IG UFRJ (1998).
29
Botelho, ”Indústria de Construção Naval: Uma Necessidade Estratégica de Desenvolvimento”,
Monografia apresentada à Escola de Guerra Naval (2007) – “No Brasil, as primeiras medidas por
parte do governo brasileiro, com o objetivo de regulamentar, de maneira sistemática, o setor marítimo
são anteriores à década de 50. Por meio do Decreto-Lei no 1.951 de 30 de dezembro de 1939, a
União assumiu a responsabilidade de explorar ou dar concessões autorizadas e licenças para a
exploração do transporte marítimo. Nesse Decreto-Lei, previa-se a criação de um órgão regulador do
setor que viria a ser efetivado, em 1941, por meio da Comissão de Marinha Mercante (CMM),cujas
principais atribuições eram: fixar os fretes, definindo as linhas de navegação para cada empresa;
subvencionar, mediante autorização do Presidente da República, serviços deficitários de Marinha
Mercante; autorizar a compra, venda e afretamento de embarcações no exterior, e estipular salários
43
setor era altamente regulado, sob rígido regime da SUNAMAM. Recentemente, essa
regulamentação se concretiza em uma série de Leis e Normas, mais flexíveis 30(ver
Apêndice E).
de estivadores e marítimos. A partir daí, houve uma sucessão de leis e decretos, associados à
criação e extinção de vários órgãos governamentais que visavam o estabelecimento de políticas e
formas de incentivar e administrar o desenvolvimento da indústria naval e Marinha Mercante
brasileiras.”
30
Nóbrega, Consultoria Legislativa do Senado Federal, Coordenação de Estudos – Evolução e
Perspectivas de Desenvolvimento da Marinha Mercante Brasileira (2008) - “A liberalização do
comércio de bens e serviços é uma meta mundial, acertada e discutida no âmbito da Organização
Mundial do Comércio (OMC), e diversos setores tiveram novas regras estabelecidas ao amparo do
General Agreement on Tariffs and Trading (GATT). Outros, como a navegação marítima, estão com
suas negociações paralisadas devido à alta complexidade do seu mercado e das suas relações
comerciais e estratégicas.”
31
Lei nº. 10.233/2001 -Dispõe sobre a reestruturação dos transportes aquaviário e terrestre, cria ... a
Agência Nacional de Transportes Aquaviários ...; Art. 27, V - Cabe à ANTAQ, em sua esfera de
atuação, celebrar atos de outorga de permissão ou autorização de prestação de serviços de
transporte pelas empresas de navegação fluvial, lacustre, de travessia, de apoio marítimo, de apoio
portuário, de cabotagem e longo curso, observado o disposto nos arts. 13 e 14, gerindo os
respectivos contratos e demais instrumentos administrativos.
44
Mas, qual o modelo a seguir? Enquanto que, nos EUA em todo o último
século admitiu-se a prestação de serviços públicos com forte participação da
iniciativa privada, na América Latina/Europa o Estado optou por prestar ou explorar
diretamente a maior parte dos serviços públicos e atividades econômicas,
favorecendo que prevalecesse o interesse político sobre o interesse privado, muitas
vezes em prejuízo do interesse dos usuários.
Nos segmentos de prestação de serviços públicos onde tradicionalmente
participam empresas privadas (como o transporte aquaviário), a atuação do estado
interventor tinha uma vertente prejudicial. De fato, a intervenção estatal (por
exemplo, com o estabelecimento de uma política de preços) tendia a instabilizar
qualquer ação privada, quer por inviabilizar a prestação do serviço com um mínimo
de qualidade – preço abaixo do real de mercado – quer por desestímulo à melhoria
de produtividade – quando da política protecionista.
Na década de 90, o cenário brasileiro mudou radicalmente: a quebra de
monopólios do Estado, abertura de setores da economia à competição e o
movimento da desestatização, atrelados obrigatoriamente a uma busca de capital
para viabilizar as novas empresas concessionárias e seus planos de metas, obrigou
o Estado a adotar outra política regulatória.
Curiosamente, no hemisfério norte os EUA passavam por um momento
“desregulamentador”, com a extinção ou diminuição da regulação estatal em muitos
setores, que causou prejuízos tanto financeiros (por exemplo, por decorrência do
racionamento de energia elétrica no seu estado mais rico – a Califórnia) quanto
sociais (como o ocorrido na área de transportes para pequenas cidades e
propriedades rurais). Houve, por consequência, a necessária intervenção do Estado
– retorno à regulação - para possibilitar o restauro da situação de equilíbrio do
mercado.
O que constitui a essência do conceito das agências reguladoras, em
relação ao modelo tradicional da Administração Pública, é a independência em
relação ao Poder Executivo Central. Não por acaso, algumas Agências Reguladoras
adotam, em seu logotipo, a figura de um triângulo equilátero, símbolo do equilíbrio
que se pretende resguardar com sua atuação - equilíbrio entre o interesse político, o
interesse do usuário e o interesse privado – em suma, esse equilíbrio representa o
atendimento ao interesse público.
45
32
Lei nº. 10.233/2001 -Dispõe sobre a reestruturação dos transportes aquaviário e terrestre, cria ... a
Agência Nacional de Transportes Aquaviários ...; Art. 27, V - Cabe à ANTAQ, em sua esfera de
atuação, celebrar atos de outorga de permissão ou autorização de prestação de serviços de
transporte pelas empresas de navegação fluvial, lacustre, de travessia, de apoio marítimo, de apoio
portuário, de cabotagem e longo curso, observado o disposto nos arts. 13 e 14, gerindo os
respectivos contratos e demais instrumentos administrativos.
33
C. F. Art. 21 XI d) Compete à União explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou
permissão os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras
nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; “
46
6 A POLÍTICA ATUAL
34
Bandeira de conveniência – é o registro do navio em país que oferece facilidades aos seus
armadores que resultam em redução de custos de operação, tais como no pagamento de tributos,
taxas, custos de tripulação, segurança e manutenção.
35
CRETELLA NETO, José. Empresa Transnacional e Direito Internacional. Exame do Tema à luz
da Globalização. Rio de Janeiro: Forense, 2006. P.27.
49
De fato, a cada momento nos debatemos com perguntas tais como: Qual o
modelo de desenvolvimento adequado para o Brasil? Qual a política e estratégia
adotadas para o setor de transporte? Onde o transporte aquaviário se insere nesse
modelo?
52
por EBN no regime de afretamento. Aos poucos, esses estão sendo substituídos por
embarcações construídas no Brasil, mais modernas e de projeto melhor adequado à
navegação em mar aberto na nossa plataforma continental.
No longo curso não há reserva de mercado, exceto para petróleo e
derivados e em decorrência de acordos bilaterais no cone sul. O Balanço de
Pagamentos de 2014 foi de US$ 450 bilhões onde cerca de 95% dessa riqueza foi
transportada no longo curso (aproximadamente US$ 425 bilhões). Estima-se que o
frete pago nessa operação de transporte foi de US$ 13 bilhões, dependendo da
forma de cálculo (somente a PETROBRAS gasta US$ 2,5 bilhões/ano no
afretamento de embarcações de apoio marítimo e outro tanto no transporte de
petróleo e derivados).
36
Mercado “spot” é o de cunho imediato, não regular, onde o afretador freta um navio por viagem ou
por um curto período de tempo. Em geral, atende a demandas não previsíveis de frete decorrentes de
oportunidade, tais como necessidades emergenciais ou excesso de produção de safras.
56
Fonte: ANTAQ
Na situação atual, as empresas estrangeiras controlam as EBN e suprem
suas necessidades de mercado com o afretamento de navios oriundos de seus
pares no exterior, uma vez que o mercado interno de oferta de embarcações está
saturado e não há risco significativo de bloqueio de uma circularização. Por outro
lado, a facilidade de trazer navios do exterior por afretamento, mesmo com as
limitações regulatórias e o custo Brasil na construção naval, desestimulam a
renovação e modernização da frota nacional.
Uma solução que tem se mostrado eficaz é a adotada pela PETROBRAS
nos programas EBN e de contratação de serviços de apoio marítimo onde os
contratos de longa duração (de 4 a 8 anos) permitem às empresas contratadas a
iniciar a execução dos serviços com embarcações estrangeiras afretadas mas
determinam que essas sejam substituídas por outras nacionais, após um certo
prazo. Os contratos de longa duração tem sido eficientes como atrativo às empresas
que, dessa maneira, garantem uma receita que justifica a construção de novas
embarcações no Brasil. O governo pode adaptar tal solução para as licitações de
59
37
CASTRO, Wellington. Os Navios Mercantes Brasileiros com potencial de Apoio nas
Operações Navais. Monografia. Rio de Janeiro: Escola de Guerra Naval, 2007. P.3.
63
38
Maria Leonor Freire Costa - A Rota do Cabo e a As rotas do Brasil - Seminário “O mundo que o
Português criou”.
65
real criou, pouco a pouco, condições para sua futura emancipação política que, em
pouco tempo, tornou-se irreversível. De imediato, ocorreu a revogação do ato que
proibia a instalação de manufaturas e, em seguida, a abertura dos portos às nações
amigas (em 28 de janeiro de 1808) o quê, na prática, extinguiu o pacto colonial.
A navegação teve forte alento em uma época na qual os grandes
proprietários locais havia muito reivindicavam o livre comércio com as nações
estrangeiras. Deve-se lembrar que estavam obrigados a escoar suas mercadorias
através por Portos Portugueses, o que encarecia o produto final devido aos custos
adicionais de transporte, diminuindo sua competitividade e, com isso, os prazos para
entrega de mercadorias aos mercados consumidores aumentavam
consideravelmente. Por outro lado, os preços das mercadorias eram regulados pela
Coroa, que cobrava taxas nas operações de importação/exportação e essas não
revertiam, necessariamente, na melhoria das condições do comércio exterior
brasileiras.
O quadro a seguir, que descreve o movimento de navios no Rio de Janeiro
entre 1805 e 1820, retrata uma nova posição da economia da colônia após as
medidas adotadas pela Coroa, com significativo crescimento a partir de 1808:39
Ano\navios Portugueses Estrangeiros
1805 810 -
1806 642 -
1807 777 1
1808 765 90
1809 822 83
1810-1815 (média/ano) 1214 422
1819 1313 350
1820 1311 354
Período Brasil Império
1822 - o Brasil se tornou independente de Portugal - o “status” de Reino se
manteve e, quanto à navegação marítima, o tráfego permaneceu aberto a outras
nações. O primeiro e principal esforço de D. Pedro I foi de manter a integridade
39
Paulo Roberto de Almeida, coletânea “A Abertura dos Portos”, pp 264, citando R. Simonsen.
67
40
Laurentino Gomes – 1822 – Depois de 13 anos de permanência no Rio de Janeiro, o Rei D. João
VI havia raspado os cofres nacionais. O novo país nascia falido. Faltavam dinheiro, soldados, navios,
armas e munição para sustentar a guerra contra os portugueses, que se prenunciava longa e
sangrenta. As perspectivas de fracasso, portanto, pareciam bem maiores que as de sucesso. ..
“Quando se olha para trás, 1822 parece um milagre. É inacreditável como uma parte da elite
brasileira conseguiu envolver o príncipe regente nos seus planos, separar-se de Portugal e,
principalmente, manter o país unido quando tudo indicava que o caminho mais provável seria a
guerra civil e a fragmentação territorial.” (citando o VA(RRm-EN) Armando de Senna Bittencourt).
68
41
O Brasil e o mar no século XXI, Cembra, Pp xx-4 (www.cembra.org.br). Pode-se assinalar o ano de
1826 como o do primeiro conflito de interesses entre Brasil e Estados Unidos quanto ao Rio
Amazonas. Naquele ano, o navio americano a vapor Amazon obteve autorização para descarregar no
Pará e navegar a frete entre as povoações das margens do rio. Chegando ao destino, o vapor
pretendeu seguir rio acima com carga própria destinada a países estrangeiros, o que não lhe foi
autorizado, uma vez que o rio era fechado à navegação, desde o tempo de Brasil Colônia. Tal foi o
marco de amplo movimento político, orientado pelos Estados Unidos, tendente à abertura do Rio-Mar
à livre navegação, procurando envolver interesses preexistentes não só dos países ribeirinhos
superiores (Peru, Equador, Venezuela, Nova Granada e Bolívia) como da Inglaterra e da França.
Várias ações sucederam-se até a solução do assunto, em 1867 (mais de 40 anos após seu início,
portanto), quando decidiu o Brasil, por decreto, abrir o Rio Amazonas à navegação internacional, até
Tabatinga; o Rio Madeira, até São Borja; o Rio Negro, até São João da Barra; e o Rio Tapajós, até
Santarém.
69
42
Carlos Alberto Campello Ribeiro - Rio de Janeiro: UFRJ/IFCS, 2007 - Henrique Lage e a
Companhia Nacional de Navegação Costeira: a história da empresa e sua inserção social (1891 -
1942) - “..., no início da República, aproveitando as facilidades previstas na primeira Constituição
republicana, que estabelece o monopólio da cabotagem nacional por navios brasileiros, e nas
medidas econômicas adotadas pelo então ministro da Fazenda Rui Barbosa, que facilitam a formação
de sociedades anônimas, Antonio Martins Lage Filho, neto do primeiro Antonio Lage, funda, em 7 de
fevereiro de 1891, a Companhia Nacional de Navegação Costeira, empresa gerada a partir do capital
familiar dos Lages, acumulado, principalmente, pela comercialização do carvão importado. Assim, é
dado início ao conjunto de aproximadamente 30 empresas formado, mais tarde, por Henrique Lage.”
43
Lei nº 3.454/1918.
44
Decreto nº 13.700/1919.
70