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TRANSPORTES NO BRASIL
Os sistemas de transporte e energia são partes
essenciais da infraestrutura de um país. Eles exigem
investimentos de alto custo e são vitais para o
desenvolvimento econômico e social. A eficiência
desses sistemas assegura a competitividade das
demais atividades econômicas, além de aumentos nos
investimentos, em produção e no emprego.
Nesta unidade você vai conhecer a estrutura
de transporte e energia no mundo e no Brasil. Vai
explorar os impactos socioambientais resultantes da
matriz energética e das modalidades de meios de
transporte, que afetam o modelo de desenvolvimento
e a qualidade de vida da população. Além disso,
vai analisar as concessões feitas à iniciativa privada
para alavancar investimentos em infraestrutura e as
deficiências apresentadas pelo Brasil nesse aspecto.
TRANSPORTES AO LOGO DA
HISTÓRIA
Século XV- Novas técnicas de navegação (Escolas de
Sagres) impulsionaram a Expansão Marítima Europeia.
Século XIX- Surgem as ferrovias que possibilitaram as
localização de fazendas e industrias longe dos
mercados consumidores e das matérias-primas.
Século XX- Surgem os ônibus, caminhões e automóveis
que reestruturaram a organização interna das cidades
e deram maior liberdade aos fluxos de pessoas e
mercadorias.
No Brasil, o circuito que liga as áreas de produção ao mercado externo foi
moldado por corredores de exportação.
A infraestrutura de armazenamento é destinada a produtos cuja
estocagem é feita em grandes volumes.
A logística de transporte dos corredores de exportação
está orientada principalmente para os portos das
regiões Sul e Sudeste e ainda pouco articulada a outras
áreas de importância econômica mais recentes e
afastadas do Atlântico,como aquelas situadas nas
regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil.
QUAL O OBJETIVO? Tem o objetivo de ampliar a
capacidade de escoamento da produção agrícola e
de outros recursos econômicos dirigidos ao mercado
asiático (China, Coreia do Sul e Japão).
o Brasil construiu junto com o Peru a Estrada do Pacífico,
também conhecida como Rodovia Interoceânica, um
eixo viário que se estende do estado de Rondônia,
passando pelo Acre e indo até o litoral do Peru,
desembocando nos portos de Ilo, Maratani e San Juan.
Veja as figuras 3 e 4 :
Outra conexão importante com o Pacífico é o Corredor Interoceânico Sul-
Americano, que une comercialmente os oceanos Atlântico e Pacífico na
América do Sul. Ele foi construído por Brasil, Bolívia e Chile, e conecta o
porto de Santos aos porto de Arica e Iquique, no Chile, por rodovias (figura
5).
As obras envolvendo a articulação de
infraestrutura entre os países sul-americanos
fazem parte da Iniciativa para a Integração da
Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA),
um amplo e audacioso plano de infraestrutura
viária e energética voltado à integração física
dos países da América do Sul
INTERMODALIDADE DOS MEIOS DE
TRANSPORTE
Até chegar ao local de destino, as mercadorias podem passar por
sucessivas etapas de carga e descarga.
No Brasil, apesar do grande volume de contêineres exportados, os
portos trabalham com baixa produtividade em relação à média
internacional, há atrasos no embarque e no desembarque de
navios e imensas filas
de caminhões do lado de fora do porto.
os grandes centros urbanos, também existem terminais
intermodais de passageiros que interligam meios
de transporte como bicicletas, ônibus e trens urbanos;
ônibus interurbanos e interestaduais; metro e outros.
Isso possibilita aos usuários passar de um tipo de condução a
outro num mesmo lugar e, muitas vezes, com
um único bilhete de passagem.
O sistema de transportes é vital para os comércios interno e externo,
pois o
custo do frete é um dos elementos – muitas vezes o principal – que
compõem o preço das mercadorias.
O alto custo para transportar mercadorias por rodovia das regiões
produtoras até os portos nacionais é um dos fatores que diminuem a
competitividade da produção nacional no mercado externo e, em
muitos casos, encarece o preço das mercadorias no mercado interno.
O setor de transportes no Brasil acumula problemas, que podem ser
explicados pela grande extensão do território e pelas políticas
governamentais adotadas no decorrer do século XX, que não levaram
em consideração a necessidade de diversificar as modalidades de
transporte no país.
Países de grande extensão territorial, como Rússia, Canadá, China e
Estados Unidos, utilizam de forma prioritária os transportes ferroviário e
aquaviário, diversamente do que ocorre no Brasil, onde as rodovias,
apesar da precária manutenção e da baixa densidade de
pavimentação quando comparada a esses países, ainda lideram o
transporte de cargas.
Evolução das rodovias no
Brasil
No Brasil, as rodovias1 são a base do
transporte de passageiros e por elas circulam
cerca de 61% das cargas transportadas no
país. A malha rodoviária brasileira é uma das
maiores do mundo: mais de 1 milhão e 560
mil quilômetros de estradas de rodagem,
mas apenas 210 mil pavimentados. Além
disso, 70% delas estão em más condições
de tráfego (figura 9).
Dependência energética
Nas décadas de 1950 e 1960, o petróleo, matéria-prima utilizada na fabricação
do asfalto e na produção de combustíveis, era barato. Esse foi um grande
estímulo para que a indústria automobilística se desenvolvesse
e se tornasse a grande responsável pela modernização do parque industrial
brasileiro.
A elevação do preço do petróleo no mercado internacional, a partir da
década de 1970, representou um duro golpe no sistema de transporte
brasileiro.
Durante os governos militares (1964-1985), as rodovias passaram a ser a base da
ocupação espacial do país, tanto do ponto de vista econômico como do
ponto de vista geopolítico.
A ocupação do Centro-Oeste, da Amazônia e das extensas fronteiras
nacionais foi formulada pelo Programa de Integração Nacional (PIN). Baseava-
se na construção de grandes estradas e na concessão de terras em suas
margens para a colonização e o preenchimento do vazio populacional dessas
regiões com um duplo objetivo: aliviar os conflitos fundiários no país e expandir
a fronteira agrícola.
Privatização de rodovias
A concessão à exploração privada das
rodovias federais teve início com o Programa
de Concessão de Rodovias Federais
(Procofe), em 1995. A partir dele, a
exploração comercial das rodovias
estendeu-se às vias estaduais. As empresas
concessionárias, em troca de serviços de
manutenção e de melhorias, adquiriram o
direito de exploração por meio da cobrança
de pedágio e da cessão de espaço para
publicidade e para instalação de infovias
que acompanham o traçado das vias.
Em 2012, a concessão das rodovias federais entrou numa
nova etapa com o
Programa de Investimentos em Logística: Rodovias e
Ferrovias3. O programa4
focava, a médio prazo, a ampliação das rodovias federais,
a melhoria da qualidade das já existentes e previa a
construção de mais 7,5 mil quilômetros. As novas concessões
às empresas privadas foram definidas para a gestão por
período de 30 anos (renováveis) e garantidas por contratos
que asseguraram maior retorno e segurança aos
investidores.
Foram selecionados trechos em áreas estratégicas de
grande circulação de mercadorias, para serem implantados
em diversas etapas,com o objetivo de promover maior
articulação das rodovias do país entre si e com outros meios
de transporte. Observe no mapa (figura 10, na página
seguinte) os principais eixos rodoviários do Brasil.
TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Comparada à rodovia, a ferrovia é o melhor meio de
transporte para países de grande extensão territorial,
como o Brasil. Tem maior capacidade para transportar
cargas e passageiros, consome menos energia que o
caminhão em relação ao volume de carga
transportado e pode ser eletrificada, não dependendo
exclusivamente do petróleo como fonte de energia.
Apesar dessas vantagens, a extensão da linha
ferroviária brasileira, comparada à extensão da malha
ferroviária de outros países, é muito pequena. Observe
a tabela.
Evolução das ferrovias no
Brasil
ferrovia foi o principal meio de transporte de carga terrestre no Brasil até
meados do século XX.
A maioria das estações ferroviárias não tinha estrutura de comunicação
entre si nem com os trens. Eram muitos os riscos de acidentes. As ferrovias em
péssimo estado foram desativadas, mas sem a construção de novas.
As ferrovias que surgiram décadas mais tarde eram controladas por
empresas mineradoras e destinadas ao transporte de minérios.
Atualmente, a rede ferroviária brasileira é pouco extensa e possui bitolas
variadas, exigindo baldeação das mercadorias em determinados pontos de
ligação entre ferrovias.
Atualmente, as ferrovias absorvem pouco mais
de 20% da carga transportada no Brasil e os deslocamentos de passageiros,
à longa distância, representam quase 100 vezes menos do que as rodovias.
Veja a figura 11.
A privatização do setor ferroviário começou em 1996. A RFFSA foi
arrendada para grupos formados por empresas privadas. A
transferência para o setor privado representou uma pequena melhoria
nas ferrovias, limitada à recuperação de alguns trechos e à instalação
de alguns equipamentos mais modernos e à perspectiva de promover
a ampliação da malha.
Ocorreu, também, aumento do volume transportado e diversifica-
ção das cargas, com a utilização de novos tipos de vagões. A partir
de então, alimentos,bebidas, papel e automóveis passaram a ser
transportados também por trem no Brasil.
O plano de concessão à exploração das ferrovias por empresas
privadas do Programa de Investimentos em Logística, em vigor desde
2012, previa a expansão das linhas ferroviárias em 10 mil quilômetros
até 2020. Se a meta for cumprida, o Brasil poderá atingir pouco mais
de 40 mil quilômetros e obter preços mais competitivos no mercado
internacional.
TRANSPORTE MARÍTIMO E
HIDROVIÁRIO
HIDROVIAS BRASILEIRAS
A Hidrovia Tocantins-Araguaia tornou-se navegável de Barra do Garças (MT)
no Rio Araguaia até Barcarena (PA) no Rio Tocantins, após a construção da
Eclusa de Tucuruí. Hoje ela escoa parte da produção agrícola do Centro-
Oeste e, a partir do Porto de Barcarena, parte da bauxita e da alumina do
Pará.
Hidrovia do Rio Madeira, com 1.060 km de extensão, é navegável de Porto
Velho (RO) a Itacoatira (AM) no encontro do Rio Amazonas. De lá a carga
segue o seu destino pelo Rio Amazonas. É a principal hidrovia de escoamento
da soja da Região Centro-Oeste, além de uma pauta variada de produtos
como milho, combustível e outros.
A Hidrovia do São Francisco transporta um volume pequeno de mercadorias,
embora esse rio seja um importante meio de integração entre as
comunidades ribeirinhas.
No Sudeste e no Sul, onde o volume de cargas
transportadas é maior, foi necessária a instalação de
diversas eclusas (elevadores hidráulicos) para vencer os
frequentes desníveis dos canais, a instalação de portos e o
alargamento de trechos dos rios.
A implantação de hidrovias na região nas últimas décadas,
apesar dos altos
investimentos, atendeu a uma demanda elevada de
produtos agropecuários e
industriais e reduziu o custo do frete. As duas principais
hidrovias atendem o
transporte do maior volume de cargas por via fluvial dessas
regiões e estão parcialmente integradas à rede de
transporte dos países do Mercosul: as hidrovias, Paraná-
Paraguai e Tietê-Paraná.
Portos brasileiros
Há vários portos instalados no imenso litoral brasileiro
para a navegação
marítima de cabotagem e de importação e
exportação.
No entanto, muitos acumulam problemas relacionados
à baixa utilização de contêineres.
Os portos trabalham com baixa produtividade em
relação à média internacional, há atrasos no
atendimento dos navios e imensas filas de caminhões
para o embarque e o desembarque de mercadorias.
TRANSPORTE AÉREO
O crescente número de voos domésticos na última década relaciona-se à
inclusão
de novos consumidores, beneficiados pelo crescimento econômico e pela
ascensão social na primeira década deste século.
O aumento da oferta, por sua vez, contribuiu para o barateamento das
passagens aéreas, tornando-se o modal aeroviário o mais utilizado no Brasil
para transporte de passageiros nos primeiros anos da atual década.
MOBILIDADE NO MEIO URBANO NO
BRASIL
Os meios de transporte de passageiros nas cidades podem ser coletivos, como
ônibus, trens, metrô, bondes, balsas e VLT (Veículo leve sobre trilhos), ou
individuais,como automóveis, motocicletas e bicicletas.
Com a maior parte da população brasileira vivendo nos centros urbanos, o transporte,
sobretudo nas grandes cidades (com mais de 500 mil habitantes), é serviço essencial,
devendo ser tratado pelos governos municipal, estadual e federal como prioridade.
A deficiência do transporte coletivo urbano no Brasil – fruto de estratégias de
planejamento urbano de governos que não visavam ao interesse coletivo – acaba
por estimular a utilização do transporte individual, elevando substancialmente o
número de veículos que transitam diariamente nas grandes cidades.
Além de apresentarem elevado custo (com combustível, manutenção e aquisição
de veículos em quantidade), os ônibus, juntamente com os automóveis e os
caminhões, provocam problemas de congestionamento nas grandes cidades
brasileiras e
agravam a poluição atmosférica nos centros urbanos. Cada veículo emite, em média,
4 toneladas de partículas e gases poluentes por ano.
MODALIDADES DE TRANSPORTE
COLETIVO
Os ônibus podem operar num sistema conhecido
como Transporte Rápido por ônibus (BRT, na sigla
em inglês de Bus Rapid Transit.). Os ônibus longos e
articulados do sistema BRT operam em um
corredor exclusivo com plataformas de embarque
e desembarque niveladas à porta de entrada do
veículo para facilitar o acesso do passageiro e
tornar as paradas mais rápidas. A cobrança da
tarifa ocorre fora do veículo.
Apesar do elevado custo de construção, o metrô
apresenta inúmeras vantagens em relação aos
demais meios de transporte coletivo urbano: é
eletrificado e, portanto, não poluente; transporta
elevado número de passageiros contribuindo para
a redução de automóveis nas ruas; trafega em
alta velocidade com elevado padrão de
segurança; e contribui para a diminuição do
tempo de deslocamento nas grandes cidades.
Outra modalidade de transporte coletivo urbano
em crescimento no Brasil é o
Veículo Leve sobre Trilhos (VLT)
Bicicleta
O uso da bicicleta como meio de transporte urbano
expressivo é uma realidade em diversas áreas urbanas
do mundo há muito tempo.
Ela envolve também a existência de bicicletários
(estacionamentos) próximos às estações de ônibus,
metrô, trens, VLT e BRT para viabilizar a intermobilidade
com outros meios de transporte disponíveis.
Acrescenta-se ainda a instalação de serviços públicos
de empréstimo ou aluguel de bicicleta – em algumas
cidades ela é fornecida gratuitamente, em outras
cobra-se um valor apenas para cobrir o custo
envolvido no sistema.